segunda-feira, 27 de julho de 2009

DIA DO COLONO.

Morre lentamente o lavrador que ara a terra e semeia o grão sagrado. Quem colhe o trigo bendito e vive do seu sutento. Quem pisa o chão, ora quente, ora frio, para dele colher o alimento para si e para seus irmãos, próximos e distantes. Morre lentamente quem planta, cuida, protege e colhe o feijão preto, branco, colorido. O milho dourado e a lentilha de grãos delgados. Quem cultiva a soja nas planices e nas colinas para além dos horizontes. Quem cultiva o amendoim revigorante e o girassol feito jardim em flor alegre e dourado. Morre lentamente quem represa as águas nas planices e várzeas e nelas cultiva o arroz de cada dia de cada um. Quem cultiva a batata de mil sabores e a mandioca da farinha branca. Morre lentamente quem cria aves e porcos confinados, quem cria galinhas caipira. Quem cria porcos presos ou soltos, limpos ou exporcalhados. Quem cria vacas e dela extrai o leite de tantas vidas, sabores e delícias. Quem planta, aduba, molha e colhe as mil e uma espécies de árvores frutíferas e seus frutos sucolentos e de múltiplas vitaminas, de belezas extasiantes e exóticas. Morre lentamente quem planta e colhe hortaliças que alimentam corpos belos e saudáveis. Morre lentamente quem habita no campo e vive dos frutos da terra. Morre silenciosamente quem alimenta o vasto mundo sem ser valorizado, reconhecido, respeitado por todos que dependemos dele para viver. O eterno humilhado, explorado e calado produtor dos campos. (paráfrase do poema atribuido a Pablo Neruda).

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