segunda-feira, 27 de julho de 2009

DEMOCRACIA LIBERAL I

A descoberta de que o Senado brasileiro é um antro de nepotismo, corrupção, tráfico de influências, e mordomias aviltantes - embora haja senadores e funcionários éticos, de competente dedicação ao serviço público - traz à tona uma questão mais profunda: o fim de uma era política em que as instituições de poder pairavam acima de qualquere suspeita. A imunidade é irmã gêmea da impunidade. Eleitos desprovidos de caráter e valores morais se valem dos labirínticos canais do poder público para, em nome do povo, promover benefício próprio. Para isso lançam mão de decretos secretos, artimanhas casuísticas, nepotismo implícito, estendendo uma malha burocrática integrada por funcionários coniventes, cúmplices da desfaçatez, desprovidos de ética e amor à coisa pública por força de proventos e prendas abusivas. Nas sociedades capitalistas predominam as relações desiguais de poder. Uma das características do parlamento burguês é legislar em causa própria sobre tudo no que concerne a salários, ajudas de custo, propinas e salvaguardas. Eleger-se vereador, deputado ou senador torna-se para muitos, uma ambição pessoal sem qualquer motivação de serviço ao bem comum. A eleição vira uma loteria. O premiado decola para a esfera blindada pela aura da autoridade, isento do risco de a sociedade investigá-lo e, eventualmente puní-lo. Este só pode ser julgado por seus pares e instâncias superiores, quase sempre marcados pela conivência.

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