quarta-feira, 24 de junho de 2009

A DIFERENÇA ENTRE MORRER DE AVIÃO OU DE AUTOMÓVEL.

Moramos num país em que até a forma de morrer pode dar status. Por mais que nos sensibilizamos com a tragédia do avião da Air France que caiu, vitimando 228 pessoas, não da para não se horrorizar com a diferença de tratamento que se dispensa aos mortos neste país. Desejo ensejar uma reflexão sobre o simplório tratamento que receberam milhares de mortos em acidentes não aéreos, comparados com a devotação que hoje merecem esses 57 brasileiros vitimados no caso do airbus que perdeu as rédeas no espaço. Os parentes das vítimas do voo 477, além de bem acomodados em luxuosos hotéis, às expensas sabe lá de quem, participam de atos religiosos promovidos na França e no Brasil, com pompa e circunstância. Para os milhares de mortos no trânsito do Brasil, às vezes, raras vezes, acontece uma missa de sétimo dia encomendada pela família. Nada de pomposos atos ecumênicos em luxuosas catedrais, com direito a estofadas poltronas para Jobim ou Zarkosy, e altas patentes da marinha, finamente uniformizados. Mesmo depois de mortos deveriamos continuar sendo todos iguais perante a lei.

OBS. A aeronave em questão era francesa. Havia mais franceses no avião do que qualquer outro país, mas a França mandou apenas um avião e um navio "para dar uma olhada." O Brasil, parecendo o país mais rico do Planeta, esbaldou-se com uma frota descomunal. É inimaginável o dinheiro que custará esza operação empreendida pelos mares do Atlântico, tanta pela marinha como pela aeronáutica procurando pedaços da fusilagem. Mas saibam: É muito dinheiro.

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