terça-feira, 4 de setembro de 2018

QUE VENHAM AS FÉRIAS.

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Fico implicado quando topo com a expressão “dias úteis”, como se houvesse dia inútil. A coisa fica ainda mais esquisita quando se sabe que o comércio, as repartições, as empresas em geral consideram úteis os dias que vão de segunda a sexta, o que leva à absurda conclusão de que são inúteis os sábados, domingos e feriados. E as férias, então, quer inutilidade maior? Pois já estou sonhando com elas...
O fim do ano vai chegando, o cansaço acumulado pesa, o corpo e a mente começam a viver a expectativa do merecido e ansiado descanso...
E como aprendi que tudo que pode ser pensado e sonhado, pode também ser rezado, fui buscar no evangelho de Marcos um trecho sobre o assunto.
A narrativa parece reproduzir o cotidiano de Jesus. É um sufoco! Jesus, sempre em movimento, gente que vai e que vem, chega e sai, doentes em busca de alívio, pessoas sedentas de palavras de sabedoria ou consolo, curiosos querendo ver milagres.
Em meio a tudo isso, Jesus e seus discípulos, envolvidos por essas multidões, atarefados, cansados, em alguns momentos, aparentemente perdidos.
Num dado momento Marcos diz:
“Os apóstolos se encontraram com Jesus, e lhe contaram tudo, tanto o que tinham feito como o que tinham ensinado.
Então ele lhes disse: Venham, vamos a um lugar deserto para descansar um pouco. Porque havia tanta gente ao redor deles que não tinham tempo nem para comer.
Eles foram então, de barco, para um lugar deserto. Mas a multidão os viu partir, e muitos perceberam Jesus com eles e para onde iam; e correram para lá, a pé, de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles, e aproximavam-se dele.
Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e teve compaixão, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas”.
Em Jesus, Deus se faz humano para melhor ser Deus e estar no meio de nós. E, estando entre nós, sem pressa, percebe nossas fragilidades e necessidades. Inclusive de fazer uma pausa... e descansar.
A pausa é natural e necessária. Nosso corpo precisa de pausas, a natureza também. O dia, a noite, as estações, a semente que dorme sob a terra, antes de germinar, tudo respeita o necessário tempo de descanso.
Mas é preciso sabedoria até para descansar...

Descansar é dedicar tempo ao repouso, ocupação séria e sagrada, pois nela também revelamos nossa semelhança com Deus que, como último detalhe na obra da Criação, criou o sábado, o tempo de descansar...

Na nossa sociedade estruturada dentro da lógica capitalista, é comum medir as pessoas pela sua capacidade de trabalhar, produzir. Tem gente que até “vende as férias...!” para poder mais trabalhar e produzir e ganhar. Eu mesmo já fiz isso, numa determinada época.
Pouca gente consegue definir as pessoas pela sua capacidade de descansar. E descansar é uma arte, pois nos torna capazes de relativizar o tempo e preenchê-lo com aquilo que vale realmente a pena e a prenda.

Só quem aprendeu a arte de descansar consegue, no trabalho, relacionar-se com o outro de forma serena, humana, leve e tranquila.
Olhando à nossa volta, no nosso ambiente de trabalho, podemos perceber as pessoas no seu ritmo cotidiano e rever o ditado: “Diz-me como descansas e eu te direi quem és”.

Descansar é ter a sabedoria da simplicidade. É perceber que a pressa não é inimiga só da perfeição. Ela compromete também nossa capacidade de ver que o tempo é o mesmo, para todos. Para mim, para o Bil Gates, o Usain Bolt, o Sebastian Vetel e o Ivanildo, meu amigo flanelinha que fica ali na esquina, relaxado, todos temos as mesmas 24 horas por dia, a cada dia. A diferença está no que fazemos com elas...
Não é por acaso que a Bíblia, logo no princípio, no Gênesis, nos apresenta Deus a descansar dos trabalhos da Criação. Descansar é uma sabedoria que tem a marca do próprio Criador.

Que venham as férias!

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