quarta-feira, 29 de agosto de 2018

SOMOS ANJOS & DEMÔNIOS

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Já disse aqui da minha perplexidade diante das brutalidades que são exibidas com alarde e destaque no noticiário do Rádio, da TV, dos Jornais, da grande mídia em geral, garantindo a audiência dos Datenas da vida, elegendo políticos oportunistas e injetando a dose diária de violência nas veias da plateia dependente, sedenta de sangue.
Sempre me pergunto sobre a origem dessa nossa curiosidade mórbida em torno do mal. No noticiário da TV, por exemplo, desde os programas mundo cão, tipo Brasil Urgente, da Band, ou o Linha Direta, da Record, até os mais comportados, como o Jornal Nacional, da Globo, o que vemos é um desfile diário de acidentes, tragédias, assassinatos, corrupção, balas perdidas, corpos encontrados, câmeras escondidas captando gravando e colocando dentro da nossa casa, dentro da nossa alma, o que de pior a espécie humana é capaz de cometer e produzir.
Seremos isso, um lixo civilizatório, um fracasso da evolução, um equívoco de Deus?

O ser humano é uma equação ainda não resolvida: cloaca de perversidade para usar uma expressão de Pascal e ao mesmo tempo irradiação de bondade de uma Irmã Dulce na Bahia que aliviava os padecimentos dos mais miseráveis. Ambas as realidades cabem dentro desse ser misterioso – o ser humano – que sem deixar de ser humano ainda pode ser desumano.
Temos que completar ainda o salto da barbárie para a plena humanidade. A situação violenta do mundo atual, também contra a Mãe Terra, nos deixa apreensivos sobre a possibilidade de um desfecho feliz deste salto. Só mesmo um Deus nos poderá humanizar. Ele até tentou, mas acabou na cruz. Mas um dos significados da ressurreição é nos dar a esperança que ainda é possível.
Mas para isso precisamos crer e esperar”.

Lúcido e brilhante, sensível e real, Leonardo Boff em seus textos acalma, um pouco, os nossos medos, mas alerta; há, dentro de cada um de nós, um anjo e um demônio. E temos liberdade para escolher. Lembram da fábula oriental? “O mestre diz ao discípulo: dentro de nós há dois cães em permanente luta. Um é dócil, bondoso, amoroso. O outro é violento, cruel, raivoso. E o discípulo pergunta: qual deles vai ganhar a batalha? E o mestre responde: aquele a quem eu alimentar...”.
Podemos ser anjos uns para os outros. Para isso fomos criados. Mas, no exercício da nossa liberdade, podemos trilhar o caminho oposto, Somos convidados e consagrados ao cuidado do irmão, a começar dos mais necessitados, os preferidos de Deus. É o que há de mais divino e angelical em nós: a capacidade, o desejo de amar e ser amado. Mas o egoísmo é possibilidade real, onipresente, sedutora.
Buscar o Bem, exercitar a bondade em nós e transbordá-la à nossa volta. A ação se encontrando com a vocação, ‘contaminando’ de amor um cotidiano marcado pelas cicatrizes deixadas pelo Mal.
Em nós mora o desejo do outro, da relação, do encontro amoroso, fraternal, que resgata a dignidade humana e nos aproxima do divino. Somos anjos humanos e nossas asas são este desejo de felicidade, paz, justiça. Desejo que nos faz abandonar o solo, onde rasteja a nossa desumanidade, e nos possibilita, ao amar, voar..

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