sexta-feira, 10 de agosto de 2018

ANDAR NA GARUPA DO PAI.

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Tem cenas e imagens que não precisam de legenda e muito menos de explicação, pois falam por si mesmas. Num dia desses, enquanto estava caminhando com o pensamento um pouco mais solto, distante da pressão dos compromissos, visualizei um pai carregando seu filhinho apoiado nos ombros. Literalmente o menino estava na garupa do pai. Instantaneamente me reportei, em pensamento, para a minha humilde, mas intensa infância. Andar na garupa era um verdadeiro divertimento, que rendia saudáveis gargalhadas, acompanhadas de movimentos bruscos, mas cheios de segurança. Alguns pais não tinham tempo ou não se permitiam tais brincadeiras. Mas os irmãos mais velhos quebravam o galho e a diversão era vibrante. Olhando para trás, fica a impressão de que os problemas eram leves ou inexistentes. A vida fluía com maior naturalidade, o respeito determinava os respectivos espaços, a honestidade servia de carteira de identidade. É bom ter saudade da infância, do divertido entretenimento, do contato com a natureza, da modéstia que reinava, dentro e fora de casa.

Meu olhar continuou voltado para aquele pai que carregava seu filho na garupa. A intimidade entre ambos era nítida, pois sorrisos e gargalhadas se intercalavam. Sim, a educação só é plena quando o amor permite uma larga e criativa espontaneidade. O segredo para construir a personalidade dos filhos é a presença, o afeto, o vigor e o exemplo. O desenvolvimento intelectual conta com o apoio formal da escola, em seus diversos níveis. Porém, a educação é uma exclusividade da família. A mãe tem o privilégio de gerar e, consequentemente, ficar mais próxima dos filhos, em todos os sentidos. Mas a presença do pai é de extrema importância. A prova disso se evidencia, quando os filhos alcançam a idade adulta. Se na infância, a ausência do pai foi acentuada, sem dúvida as lacunas se manifestarão de muitas maneiras. Quantos adultos inseguros, sem iniciativa, dependentes afetivamente e até sem esperança, por causa da pouca interação com o pai.

Aquele pai continuou caminhando com o filho na garupa, as risadas eram intercaladas com expressões de ternura. Em seguida, ele dobrou a quadra e eu continuei meu caminho. Recordei da importância da vida em família, mas pensei também no dia dos pais, que é uma data muito importante, mas que quase sempre se apresenta com excessivo apelo comercial. O consumismo não pode roubar a melhor parte da festividade familiar. Nem todos podem dar presentes, mas todos podem marcar presença. Um regalo, como dizem os italianos, é muito significativo. Mas o presente que rende incríveis registros é o tempo que um pai dedica ao filho. As coisas materiais não podem substituir o afeto, as trocas diárias e a criatividade do amor. Além disso, ser pai é juntar as mãozinhas do filho para elevar aos céus uma prece. A espiritualidade é fonte de muita paz e de significativas realizações. Todos precisam da garupa do pai, para não desanimar diante dos tropeços da vida.

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