sábado, 4 de agosto de 2018

O VULGO

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Um dos maiores talentos do brasileiro é, indiscutivelmente, a capacidade de colocar apelidos precisos nas pessoas.

Hoje não pode mais, é bullying, mas no meu tempo era geral. Todo mundo tinha apelido. E se não gostasse, aí é que a alcunha pegava mesmo, pru resto da vida.

O nosso time de pelada era formado por Faixa Branca, Toninho Picolé, Tonhão, Sissi e Toninho Sorvete. Saci, Geú e João Fritas. Volks, Nélio Botão e Geraldo Pau Podre.

E essa é apenas a escalação do primeiro quadro. Havia várias, fora o banco de reservas. Alguns me reservo o cuidado de não citar aqui, pois seus proprietários ainda estão por aí e posso causar constrangimentos, por exemplo, ao Belas Coxas.

A prática não é de hoje. Dizem que o marujo que gritou “terra a vista”, na caravela do Cabral, nasceu Manoel D’Almeida e morreu “Eu vi primeiro”. Nada mais óbvio.

A página policial dos jornais de antigamente era um desfile de histórias escabrosas contidas no termo ‘vulgo’ - “O meliante José da Silva, vulgo Sócio do Coveiro, foi detido, suspeito de ter assassinado um indivíduo conhecido como Marcha a Ré, a mando do contraventor Deu no Milhar -

Pronto. Nem precisava explicar a notícia. As alcunhas já entregavam toda a história.

A recente divulgação de uma lista de delatados na Lava Jato é um exemplo perfeito de que continuamos afiados na prática. Senão, vejamos o 4-3-3 da Odebrecht:



Caju. Missa, Gripado, Primo e Angorá. Cerrado, Campari e Caranguejo, Samto, Misericórdia, Boca Mole e Todo Feio.

É, o bullying que me perdoe, mas continuamos imbatíveis...



Eduardo Machado

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