segunda-feira, 20 de novembro de 2017

UM POUCO, QUASE NADA.

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Os dias estão repletos de ações de bondade. A mídia nem sempre concede um espaço justo às boas notícias. Alguns relatos são até comoventes. Num dia desses, um jovem contou que havia doado uma cama, tempos atrás, para um imigrante que chegara em sua cidade, proveniente de outro país. Aquele gesto havia alegrado quem buscava um leito e também a ele, que teve a oportunidade de ajudar alguém, num momento de extrema necessidade. Como seu sonho era fazer a cidadania italiana, viajou para a distante e anônima Itália. Enquanto tinha condições, permaneceu em albergues. Como o custo era elevado, foi obrigado a encontrar outras alternativas. Por coincidência, um outro estrangeiro que também era imigrante na Itália lhe ofereceu uma cama. De imediato recordou da cama que ele mesmo havia doado para aquele peregrino, em sua cidade. Quem dividiu o pouco que possuía, não fora uma pessoa bem estabelecida e com maiores condições, mas alguém que tinha pouco ou quase nada.

Normalmente as pessoas mais humildes ou que já foram provadas pela pobreza, são aquelas que se tornam mais sensíveis, diante do sofrimento alheio. Dar da própria pobreza é um gesto repleto de amor e de generosidade. Repartir o pouco é confirmar que ninguém é tão pobre que não tenha nada para repartir. Sempre há alguma coisa que pode servir aos outros. Além disso, a caridade é muito maior do que a doação material. Saber acolher, disponibilizar um tempo para a escuta, estender a mão numa necessidade, secar as lágrimas, permanecer próximo: são infinitos os gestos que aliviam a dor daqueles que sofrem. Estar em terras distantes da própria pátria, por vezes, é ainda mais exigente.

Receber a ajuda de quem menos se espera é uma surpresa agradável e inesquecível. O relato do jovem brasileiro vivendo em terras italianas, por sinal já bem colocado, me fez lembrar da oração dedicada a São Francisco de Assis: ‘Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz...’ Mais adiante a prece enfatiza: ‘pois é dando que se recebe.’ Como faz bem recordar a ajuda dada e, acima de tudo, as ajudas recebidas. O amor permite trocas incríveis, que acabam sendo eternizadas. Quem faz o bem até pode esquecer o que fez. Mas quem recebe o bem, quem foi socorrido num momento de necessidade, jamais esquece. Uma convicção me acompanha há tempo: faz bem fazer o bem.

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