sexta-feira, 16 de outubro de 2020

FUGA DE CAPITAIS E OUTROS PROBLEMAS


No Brasil não há controle de entrada e saída de capitais externos (quarentena ou um tipo de pedágio para o capital que entra no país). O que é típico de país atrasado. Aqui na América Latina o Chile tem, na Ásia, a Malásia dispõe. Seria fundamental realizar controle de capitais, para preservar as economias da voracidade dos capitais especulativos, o chamado capital de motel. Esse tipo de capital, que não passa de um mecanismo de dominação e controle dos capitais sobre economias submissas, obviamente teria que ser muito bem controlado.

Tem sido as reservas acumuladas nos governos Lula e Dilma, que impediram (até aqui) que as contas externas do país entrassem em colapso. São as reservas internacionais - de US$ 343 bilhões em agosto (R$ 1,9 trilhão) - que dão uma certa tranquilidade para o acesso a moeda estrangeira, o que é fundamental nestas horas, já que o Real não é uma moeda de aceitação internacional. Os acumulados em 12 meses das contas de capital passaram a registrar resultado negativo, a partir do terceiro trimestre de 2019. As reservas, por sua vez, que fecharam 2018 no nível de US$ 375 bilhões, em fins de agosto somavam US$ 343,5. Ou seja, as reservas vêm sendo lentamente desgastadas em face da perda líquida de capitais por parte do Brasil.

É evidente que todo e qualquer tipo de reserva é justamente para se usar nas horas de aperto. As reservas só têm sentido se forem usadas numa hora dessas, de aperto financeiro internacional. A questão é que o Brasil está tendo problemas no Balanço de Pagamentos por uma política econômica entreguista e antinacional, que levou a economia para uma situação quase sem saída. Paulo Guedes, Bolsonaro e companhia não tem visão nacional, as políticas são sempre no sentido de favorecer o sistema financeiro internacional, a quem eles servem.

O Brasil pós-golpe é extremamente instável e polarizado. A fuga de capitais se soma a um conjunto de instabilidades. Uma síntese dessa situação é o fato de que a fome epidêmica voltou a assombrar o Brasil, depois do golpe de 2016, com 41% da população brasileira sofrendo algum nível de insegurança alimentar (85 milhões de brasileiros), segundo o IBGE. Com a dívida pública se aproximando de 100% do PIB e a dívida de curto prazo arriscando a alcançar R$ 1 trilhão o Estado brasileiro pode cair em uma situação falimentar. Não há precedente histórico de que destruição em massa de direitos, enfraquecimento dos sindicatos, entrega de patrimônio, aumento do desemprego e da fome, tenha terminado com a polarização política e dado um rumo para o país. Como não será agora que isso acontecerá, há várias possibilidades em aberto.

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