sexta-feira, 1 de junho de 2018

CONDIÇÃO HUMANA


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Platão imortalizou, no mito da caverna, a ideia que o conhecimento liberta e a ignorância escraviza e que, portanto, não se deve temer a verdade, pois a verdade nos libertará, dirá mais tarde um outro filósofo, da galileia. Os filósofos parecem falar com autoridade, confirmada no olhar sério e ar de gravidade de sua fala. Mas quem os leva a sério? A realidade parece não se importar com a verdade e com os filósofos...

É fato que estamos vivendo tempos de retorno à caverna e alguns, inclusive, não se intimidam e não se envergonham da própria ignorância, fazendo dela uma forma de apostolado, atraindo para o seu círculo, ou bolha, os iguais, numa rede de mentiras, notícias falsas, apologia ao autoritário e a intolerâncias, flertando, inclusive, com a maior das escuridões, a ditadura. A esses, bom, a esses não há nada que possa ser dito, pois não aprenderão com palavras aquilo que a história não conseguiu ensinar. Melhor deixá-los à própria sorte e evitá-los, para não sermos abduzidos por contágio...

Mas, talvez, a metáfora que melhor explique a condição humana não seja a da sombra e da luz, da ignorância e do saber. Talvez Platão seja a primeira infância da filosofia e a fase adulta seja antiplatônica, aos moldes de Schopenhauer que diz que a razão é um anão sentado na cabeça de um gigante chamado “vontade”. Se Shopenhauer, e sua metáfora, diz mais e melhor da condição humana do que Platão, então, a dialética não se dá entre ciência e ignorância, no âmbito do conhecimento, mas entre razão e vontade e, então, a arena do debate se desloca para o âmbito dos desejos. Ah, os desejos! O que dizer dos desejos?

A razão diz A, mas a vontade desejante quer B. A razão aponta para o lado esquerdo, mas os desejos teimam em virar para a direita. A razão nos diz que iremos morrer e que nada é para sempre, mas os desejos se agarram à ilusão do acumular, acumular, acumular, como se na posse de bens o futuro fosse garantido e eterno...

Ilusão. Vaidade, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade! Tudo é correr atrás do vento! Os desejos desejam o desejo, inclusive do outro, mais do que o objeto do desejo. E, por isso, se o outro, a sociedade, a cultura, diz que é para o Eu acumular, apropriar-se, ter poder para ser, então, que seja assim, num espiral sem fim entre desejo, posse e descarte, frustração, tédio, depressão e sofrimento sem redenção e ressurreição, a não ser dentro da mesma roda, retornando ao começo, ao desejo novamente, num jogo sem fim...

Mas, quem sabe, Buda e Jesus venham em socorro do homem e o resgate e salve de si mesmo.

Se a condição humana é um eterno sofrimento causado pelos desejos, que cessem os desejos, que não tenham combustível, que se instaure uma greve permanente contra eles! Não alimente a causa do sofrer e o sofrimento cessará e a paz e a harmonia reinará. Para que alimentar e dar combustível aos desejos se eles são infinitos e insaciáveis, seu besta, dirá Buda?

Jesus, por sua vez, não especula, não teoriza sobre o homem e nem oferece uma metáfora sintetizadora da condição humana, pelo menos não me ocorre alguma que se habilite a tal função, mas não deixa de ser ele mesmo a metáfora viva da condição humana que sofre, sofre com o outro, morre e ressurge, constantemente, lá onde a vida pulsa.

Paixão, compaixão e ressurreição! Ser humano é isso, sofrer, sofrer com o outro e morrer por amor. E, sobretudo, confiar e esperar ativamente, pois Deus fará renascer a vida das cinzas de qualquer processo que golpeie a vida, pois o Senhor da vida quer vida e vida em abundância! A solução é não Temer!

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