terça-feira, 6 de junho de 2017

O ESTOMAGO E O BOLSO, É ISSO QUE IMPORTA.

Foi na Conferência de Estocolmo, em 1972, que a ONU instituiu o dia 05 de junho como dia mundial do meio ambiente. Tal como outras tantas datas comemorativas, por exemplo, dia do trabalhador, dia da mulher, dia da consciência negra, essa data também é ambivalente, isto é, tanto se presta para comemorar as conquistas quanto para chorar e lamentar as violências e desrespeitos que ainda persistem. Em relação ao meio ambiente temos muito pouco a comemorar e muito a pensar qual rumo a humanidade está tomando numa tríplice relação: meio ambiente, animais e humanos.

Em relação ao meio ambiente, parece que já decidimos que não nos interessam as gerações futuras e que não abriremos mão dos lucros e bem-estar atuais e imediatos, em nome de sentimentalismos com as “almas” que ainda não estão sequer projetadas na mente e nos corpos dos homens e mulheres que por ora circulam sobre a terra. Ponto. Continuaremos queimando energias fósseis (carvão, gás e petróleo) até que se esgotem, não importando o que dizem os cientistas sobre o uso dessas energias como uma das principais causas do aquecimento global, além das poluições conectadas ao uso dessas fontes de energias. Não estamos nem aí para o que diz a ciência. Decidimos que o que manda em nós não é a razão, mas o estômago e o bolso.

Continuaremos desmatando e destruindo a biodiversidade, poluindo as águas, sobrecarregando a terra com pesticidas, fertilizantes e nutrientes químicos para produzir mais do que a terra naturalmente consegue, para depois desperdiçar 40% dos alimentos. Continuaremos produzindo lixo e mais lixo e jogando nos córregos, nos rios, no mar e que se lixe a natureza. Decidimos que o que importa é o estômago e o bolso.

Quanto aos animais, que não são meio ambiente, não são recursos naturais como alguns insistem em afirmar, mas são seres vivos com os mesmos interesses dos humanos (viverem livres, com saúde e não morrer), continuaremos tratando-os como coisas e como recursos naturais, criando-os com requinte tecnológico de crueldade, e matando-os aos bilhões todos os anos (7 bilhões por ano no Brasil e 70 bilhões por ano no mundo) sem cair no “sentimentalismo” dos defensores dos animais. Não importa se a administração tecnológica do sofrimento e da morte na indústria do leite, ovos e carne (eufemisticamente nomeados pelos industriais de proteína animal) seja a principal causa do desmatamento, da perda da biodiversidade, da poluição do solo e das águas e da emissão de gases de efeito estufa. O que nos importa é o estômago e o bolso.

Em relação aos humanos, o que nos interessa nos humanos é que eles continuem o que sempre foram: consumidores. E os que não estão incluídos no consumo (os pobres) e os que retardam a destruição das florestas vivendo felizes nela (os índios), nós daremos um jeito para que aos poucos e rapidamente se encontrem com o Pai eterno no outro lado da vida. Sem dó e piedade continuaremos a adorar o deus mercado e quem se atrever a não prestar culto em seus templos e a seus sacerdotes, que saibam que não estamos para brincadeira!

Se por acaso você for alguém muito preocupado com a natureza, com animais, com os pobres e condenados da terra, então, nesse dia 05 de junho, junta-se aos que também se preocupam e reze, chore juntos, ou acenda uma vela de esperança para que amanhã a soma das fagulhas de luz se tornem um clarão...

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