domingo, 25 de junho de 2017

A EMPATIA SALVA VIDAS

Os animais não humanos são incapazes de manifestar sentimentos morais (culpa, vergonha e indignação), mas são capazes de empatia. Há exemplos e exemplos de cachorros e cavalos que sofrem a morte dos seus tutores. Os mamíferos, em geral, sentem e sofrem a separação do filhote, como é o caso paradigmático da vaca separada do bezerro nas granjas produtoras de leite. Não raro um animal ajuda o outro nas suas dificuldades. Eu já presenciei uma galinha se transformar em choca para ajudar no cuidado dos pintinhos de uma outra choca (não ria!) A lição da natureza é farta e surpreendente nesse campo, tão seco e devastado pela inflação do eu nas relações humanas.

Quando se pensa na falta de empatia, pensa-se, de imediato, nos psicopatas e corruptos contumazes, que se colocam como umbigo do mundo, instrumentalizando deus e o mundo para o seu fim. Não dá para negar que psicopatas e corruptos sejam bons exemplos da incapacidade de sair de si e de se colocar no lugar do outro. Talvez, um estudo neurológico, comprove que eles são reféns de disfunções cerebrais, mas talvez eles simplesmente sejam reféns da ausência de limites no processo de educação. O debate entre as duas tendências explicativas ainda está em aberto. O que parece não estar em aberto é que a empatia nos humaniza como nenhum outro sentimento, pois ela é a mãe de todo bom sentimento. Até o amor é disparado pelo gatilho da empatia. No princípio era a empatia...

A empatia é a capacidade de se deixar afetar pelo outro, compreendendo e sentindo o seu mundo e estado de vida. Não só seu mundo de sofrimento, pois aí o sentimento disparado em nós seria a compaixão, mas em qualquer estado do seu mundo. Isso é tão verdadeiro que seria oportuno pensarmos o quão difícil é mantermos a empatia quando o outro manifesta suas vitórias e sucessos. Nesse caso, geralmente, somos surpreendidos pela inveja, mais do que pela empatia. Quando alguém nos relata uma vitória e um sucesso, de imediato, nos surpreendemos simpáticos, afáveis, mas, não raro, com um certo ar de hipocrisia e com um contido descontentamento. O bom seria demostrar verdadeiramente empatia também quando o outro se mostra forte, radiante e belo, mas quem nunca se surpreendeu desconfortável diante das conquistas do outro? Se você não, então seria o caso de se habilitar e seofertar para estudos neurológicos como modelo de cérebros propensos somente para o bem....

A questão que incomoda nisso tudo é a relação entre as normas morais, com caráter de universalidade e racionalidade e os sentimentos, como é o caso da empatia. O que dispara quem? Será a razão que me diz que devo considerar o outro tanto quanto a mim e não devo lhe fazer o mal, pois não quero que me faça o mal e devo lhe fazer o bem, pois espero que me faça o bem, ou será a empatia que, de antemão, não me autoriza fazer o mal pois, em fazendo, conseguiríamos dormir em paz, pois corporalmente afetados?

Essa parece ser uma daquelas questões espinhosas e, talvez, sem solução. Na prática, o que importa mesmo é educar e formar tanto o pensamento e a capacidade de raciocínio, quanto educar os sentimentos. Sim, é preciso crer na educação do sentimento. E sobretudo, não ridicularizar, ironizar e desprezar os que ainda são capazes de pequenas e grandes coisas pois se colocam no lugar do outro. Quem de nós não conhece alguém que fica furioso e dispara uma ira santa quando vê alguém maltratar um animal? Eu conheço.

Nas pequenas ou grande atitudes ocorre uma conjugação de sentimento e razão que são o que poderá nos salvar da cultura da indiferença que teima em nos engolir a todos. Não demos demasiado ouvidos aos cínicos e céticos, eles não merecem nossa empatia...!

Nenhum comentário:

Postar um comentário