quarta-feira, 18 de março de 2015

AMANDO ATÉ O INIMIGO.

A data de 25 de novembro de 1944, nos anais da guerra, será lembrada por um nome e uma atitude. Pilotos japoneses (kamikazes) iniciaram ataques suicidas contra navios de guerra dos Estados Unidos. Os porta-aviões Essex e Independence foram os primeiros navios atingidos.
Pilotos, decididos a morrer, lançavam seus pequenos aviões, verdadeiros torpedos humanos, contra os navios. No final da guerra foram contabilizados 2.525 pilotos japoneses mortos em ataques suicidas. No lado norte-americano, as perdas somaram 4.900 soldados mortos, 34 barcos afundados e 368 danificados. A palavra kamikaze significa o Vento de Deus e recorda uma tempestade que, em 1281, salvou o país do ataque de Kublai Khan, o grande conquistador mongol.
O modelo japonês inspirou o ataque às torres gêmeas de Nova York a 11 de setembro de 2001. O mesmo esquema é usado pelos homens-bomba do mundo islâmico. Homens e mulheres, na idade madura ou na adolescência, carregam uma bomba colada ao corpo e a detonam no meio de grupos. Isto faz parte da Guerra Santa dos muçulmanos. Quem morre nesse tipo de ação, diz o Corão, vai diretamente ao paraíso de Alá. Os mortos, sem nome, desconhecidos, que estão no lugar errado, no momento errado, na lógica do terror, vão para o inferno.
Na história da humanidade, muitas vezes aparece o nome de Deus como patrocinador de guerras. Até o Antigo Testamento colabora: “A bandeira de Javé em mãos! Javé está em guerra contra Amalec de geração em geração” . Na história da Igreja são recordadas as Cruzadas – Deus o quer! – embora existissem outros interesses envolvidos.
O ódio, as guerras, as perseguições continuam hoje. Com um agravante: tudo isso é atribuído a um Deus que é comum às denominações cristãs. Em nome de Deus se odeia, se exclui e se faz a guerra; em nome de Deus se amaldiçoa e se inventam mentiras e calúnias.
Não podemos legitimar tudo, dizendo que Deus é um só. E nessa lógica, todas as religiões, todas as práticas, todas as atitudes morais parecem justificadas. Deus é um só, mas as imagens que fazemos de Deus são muitas. Com ironia, Voltaire dizia: assim como Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, o homem vinga-se criando um deus à própria imagem e semelhança. Certas “teologias” que se dizem de Deus, só podem partir do demônio. Uma religião que odeia e mata só pode ser demoníaca.
Jesus de Nazaré é a nossa referência. Jamais pregou a guerra, o ódio, nem mesmo contra os dominadores romanos. Ele acolheu a todos, inclusive pecadores públicos, prostitutas e toda categoria de excluídos. Nunca excluiu ninguém. Pediu que perdoássemos “setenta vezes sete vezes” . Mas nem isso é suficiente. Só é discípulo de Jesus aquele que se propõe a seguir a Lei do Amor de maneira absoluta, amando até o inimigo.

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