quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A VIDA É FEITA DE ESCOLHAS.

Na encosta de uma montanha, cheia de silêncio e de luz, um monge estabeleceu sua morada. Construiu uma tosca cabana, sem portas. Alimentava-se com vegetais, raízes e frutas abundantes no local. Um pequeno e límpido riacho fornecia-lhe água para beber. A ordem, o canto dos pássaros e as flores lembravam um pequeno paraíso. Havia espaço, clima e tempo para uma vida feliz e inteiramente voltada para Deus.
Na paisagem destacavam-se muitas nogueiras e o monge colheu certa quantidade de nozes e guardou na cabana, uma vez que o inverno costumava ser rigoroso. Mas um pequeno rato descobriu as nozes e isso representou um perigo para a frugal alimentação do eremita. Aproveitando uma ida ao povoado, distante alguns quilômetros, trouxe um gato e pensou: o problema está resolvido. Mas o gato precisava, todos os dias, de um pires com leite e por isso foi necessário conseguir uma ovelha. Aí surgiu a necessidade de uma cerca para guardar a ovelha e um pequeno pasto para alimentá-la. O perigo, nesta altura, vinha do lobo, que poderia devorar a ovelha. O passo seguinte foi comprar um cachorro. A ovelha deu cria e foi necessário contratar um empregado, que exigiu uma arma para sua defesa.
Passaram-se anos e um discípulo foi visitar o velho mestre. Em vez de uma cabana, encontrou próspera fazenda, cercada de muros, com dezenas de empregados. Diante do espanto do discípulo, o mestre esclareceu: trata-se de uma longa história..., mas tudo começou com algumas nozes.
A vida é feita de escolhas. Nem todas parecem importantes, mas, quase sempre, todas indicam uma direção. E elas têm ligação entre si, como elos de uma corrente. Uma pequena escolha parece sem importância, mas pode iniciar um processo, que nos leve longe, bem longe, do objetivo proposto. Todos somos atraídos por valores, mas eles apresentam ambiguidades. Uma coisa é o valor ideal, outra coisa é o valor real. Valor é aquele que, na prática, vale para nós. E assim vamos formando nossa escala de valores, que ao longo da vida pode mudar. E podemos acabar bem longe do objetivo inicial. Linhas paralelas caminham até o infinito sem se afastar ou aproximar. Mas um pequeno desvio inicial acaba alterando significativamente o rumo.
Todo o viajante, algumas vezes, precisa parar e olhar o horizonte, para ver se está no caminho certo. Toda a pessoa, algumas vezes, precisa parar e analisar as próprias escolhas e ver se elas o estão levando para o seu objetivo. E ninguém pode dizer: fui longe demais, agora é tarde. Hoje é o primeiro dia do resto da vida. E se uma coisa é importante, não podemos deixar para amanhã. O tempo de Deus é hoje. A (in)fidelidade de hoje prepara a fidelidade de amanhã. Em seu leito de morte, Francisco de Assis aconselhou a si e aos seus frades: comecemos hoje

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