sábado, 20 de abril de 2019

UM POUCO DO DOMINGO DE PÁSCOA

Resultado de imagem para tesouro

A Páscoa é a principal festa das Igrejas cristãs: celebra a ressurreição de Jesus. Em sua origem, a grande festa judaica comemora a libertação dos hebreus da escravidão no Egito, em 1250 a.C., sob o reinado do faraó Ramsés II. Curioso é que, ao contrário das religiões persas e mesopotâmicas, babilônicas e gregas, o judaísmo e o cristianismo não celebram mitos, e sim fatos históricos.
Malgrado as obras de Feuerbach e Renan e, posteriormente, o rasteiro ateísmo stalinista, hoje nenhum historiador de respeito nega a existência histórica de Jesus, atestada por historiadores não cristãos que lhe foram contemporâneos, como Flávio Josefo e Tácito.
Aliás, há mais documentos científicos sobre a existência de Jesus que de Sócrates, que só conhecemos via Platão. O que ultrapassa a historiografia é a crença em sua ressurreição, que pertence à esfera da fé.
Os evangelhos registram a presença de Jesus em Jerusalém por ocasião das festas pascais. Foi numa delas, a do ano 30, que ele, preso por blasfêmia e subversão, recebeu a pena capital e morreu crucificado. Tinha 36 ou 37 anos de idade, pois hoje sabemos que o monge Dionísio, o Pequeno, se equivocou, no século VI, ao calcular o início de nossa era. Dionísio não conhecia o zero e está comprovado que Jesus já havia nascido quando Herodes morreu, no ano 4 antes de nossa era.
A visão do tempo como processo histórico marca profundamente a nossa cultura. A Bíblia herdou-a dos persas e, assim, quebrou a circularidade grega. Três grandes pilares de nossos atuais paradigmas o demonstram: Jesus, Marx e Freud. Todos três judeus. Para Jesus, a nossa felicidade (salvação) decide-se por nossa capacidade de amar no terreno da história. O Reino de Deus não é algo “lá em cima”, mas sim lá na frente, no futuro onde a história atinge a sua plenitude, em um mundo livre de opressões, e também o seu limite, pela irrupção da presença divina entre nós.
Um dos efeitos mais nefastos do neoliberalismo está condensado no famoso vaticínio de Fukuyama: “A história acabou”. É claro que o nipo-americano sabe muito bem que as empresas transnacionais não pensam em deter seu ganancioso processo de acumulação do capital e, portanto, sua história de cobiça e espoliação. O que ele pretende sugerir é que nós, pobres mortais, devemos, como diria Dante hoje, abandonar à porta do mercado toda esperança.
A Páscoa cristã sinaliza que, malgrado tanta miséria e desesperança, em Cristo temos a certeza da vitória da justiça sobre a injustiça e da vida sobre a morte. Aceitar que “a história acabou” é cair no engodo da eternização do presente: a malhação que nos promete eterna juventude; o apego aos bens como se fôssemos imortais; a acumulação como se levássemos terras e tesouros para o além-túmulo; as drogas como sucedâneo diabólico de uma geração que não aprendeu a sonhar com Jesus, Gandhi, Luther King e Mandela.
É isto que a Igreja celebra hoje: Cristo vive e sua vitória sobre os poderes deste mundo é a garantia de que os sonhos brotados do coração e da fé são sementes de “um novo céu e uma nova Terra”, como prenuncia o Apocalipse. E, como diz a canção, um sonho que muitos sonham se faz realidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário