domingo, 28 de abril de 2019

O DIREITO DE SONHAR

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Há mais de dez anos, Riccardo Petrella, pensador e sociólogo italiano, escreveu: “O direito de sonhar” (2004). Nesse livro, ele propunha “as opções econômicas e políticas possíveis para uma sociedade justa”. Denunciava a forma iníqua como, com a conivência dos meios de comunicação de massa e de muitos governos, a maior parte da humanidade se tornou prisioneira e refém dos bancos e dos banqueiros. Para mais de um bilhão de pessoas humanas, os grandes conglomerados financeiros internacionais agem como verdadeiros “ladrões de sonhos”. Organizam o mundo de forma que impede a maioria das pessoas de viver dignamente. Mesmo em países ainda considerados ricos como Alemanha e França, jovens com mais de 30 anos não podem casar, porque não têm emprego fixo e não conseguem sustentar uma casa. A maioria da população deve aceitar passivamente manter-se nos limites arriscados da mera sobrevivência, para que uma pequena elite se torne cada vez mais rica. Uma pesquisa recente mostrou: Na Itália, de cada três jovens, um está desempregado e sem esperança de conseguir emprego. Enquanto isso, apenas dez pessoas possuem atualmente uma renda equivalente a três milhões de italianos. Essa é a mesma lógica que faz com que, conforme dados da ONU, o Brasil seja o terceiro país no mundo em desigualdade social. Apenas cinco brasileiros detêm uma renda equivalente à metade da população brasileira.

O direito de sonhar implica na decisão de organizar uma sociedade mais justa e igualitária. Para isso, são necessárias opções econômicas e políticas diferentes e novas. Isso tem como base uma confiança que vem do coração humano e está ligada à fé. Para muitos, se trata de fé na vida, confiança na bondade fundamental do ser humano e alegria de ver que existem sinais de uma nova consciência de paz e comunhão de toda a humanidade e entre os seres humanos e a natureza.

A Bíblia diz que isso é o projeto divino para o mundo. É o Espírito quem move a humanidade nessa direção. Transforma o futuro em caminho real de um mundo novo de justiça e paz. Assim, o direito de sonhar não é apenas projeção dos desejos inconscientes. É missão de todas as pessoas famintas e sedentas de justiça. Ao lutar pacificamente para realizar esse sonho coletivo de paz e justiça, não estamos sozinhos. Conosco está Alguém que se manifesta em todo ato de amor e nos dá a força de tornar real a utopia de uma vida verdadeiramente realizada e feliz. Para sonhar e lutar por seu sonho, ninguém precisa ser Dom Quixote ou entoar a clássica canção da peça “O homem de la Mancha”, imortalizada no Brasil pela voz de Maria Bethânia: “Sonhar mais um sonho impossível; lutar, quando é fácil ceder; vencer o inimigo invencível, negar, quando a regra é vender...” Em Chiapas no México, há mais de 20 anos, as comunidades indígenas se rebelaram contra o Estado e proclamaram sua autonomia social e política. Os seus comandantes afirmavam: “Somos um exército de sonhadores. Por isso, somos invencíveis”.

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