sábado, 19 de maio de 2018

O PÓ DO TEMPO;

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Enquanto o fogo ardia no chão da fazenda, os barrotes queimavam e eu, ali, observava e me embalava nesse queimar. Fogo que incinera, que transforma em pó tudo de que cuidei ou de que não consegui cuidar. Fogo que transforma verdades em sabe-se lá o quê.

Queimando o inimaginável, o não visto, o nunca pronunciado e inclusive o perceptível. Incinerando tudo que dentro de nós precisa acabar, se acalmar ou se deslocar.

Não era fogueira de S. João, mas mostrava que tudo um dia se transforma em pó: nossa rigidez, conceitos e preconceitos herdados, o que mudamos e o que não conseguimos alterar.

Dores sentidas, amores do passado, sentimentos confusos, tudo vai para a infinita caixa de pandora para ser guardado num tempo que não nos pertence mais. Tempo de outrora a se deslocar.

Em brasa ficam até que consigamos serenar e o pó da mudança da vida venha nos aconchegar.

Contradições de cores, de nuances que vêm mostrar que quando é brasa, ela queima, dói dentro de nós, mas que é preciso resgatar esse fogo interno, para que um dia ele possa se acalmar e no pó do tempo venha transformar existências, construindo novas verdades e maneiras de ser.

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