Em tempos remotos, sentia a vida e os acontecimentos com uma forte sensibilidade. Tudo era intenso, limitador, devastador... Sentimentos me invadiam, atormentavam, num sufocamento de emoções.
Era muita confusão para administrar. Experimentava fortemente o que me diziam, o que eu via, como o outro se sentia... Tudo era absorvido por mim.
Precisava aprender a lidar com os fortes sentimentos que se faziam presentes. Reeducar-me para sentir a vida mais leve, construindo-me mais forte e protegida interiormente.
Ser sensível é bom, importante, mas a sensibilidade exagerada nos coloca num abismo de contradições com as quais não conseguimos lidar, e para as quais não encontramos saídas. Tudo é intenso e corrosivo.
Absorver energias e humores em função da grande sensibilidade faz parte de um passado; acolher o que é do outro querendo cuidar dele e das suas contradições, não significa que preciso manter seus conflitos em mim. Ajudá-lo é estar com ele na travessia de suas angústias, mas quem dita o destino é ele, a mim cabe somente estender-lhe a mão, apontar caminhos que o levem a novas formas de ver e viver a vida.
Sensibilidade educada é o equilíbrio, é redirecionar-se com mais segurança e propriedade para os acontecimentos da vida. É o que nos ajuda a construirmo-nos reforçados. Representa sentir a vida e seus acontecimentos, sabendo como lidar com eles. E isso, demanda cuidar-se, permitindo-se deixar-se cuidar.
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