quinta-feira, 5 de outubro de 2017

A CAIXA DE PANDORA.

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Não sei a você, 
mas a mim, às vezes, dá a impressão que algum anjo maligno passou por aqui e se divertiu em espalhar males aos quatro cantos. Ou, no mínimo, um alinhamento de planetas pode ter liberado alguma poeira cósmica do mal que veio se instalar na terra. Ou será que estamos dentro do apocalipse e não estamos nos dando conta? “O tempora, o mores”!

Aos golpes e as corrupções diárias a que somos obrigados a assistir e sofrer, somam-se as violações dos direitos humanos mais elementares, os movimentos de extrema direita sem a menor racionalidade, mas muito boa no grito, varrendo, tal tsunami, as esperanças de uma sociedade racional e equilibrada, as forças da natureza descontroladas e forças humanas flertando com os instintos de morte, violências e mais violências causando terror etc. Tudo isso tem assustado em demasia. Vivemos sob o signo do medo e do horror.

O mal, contudo, não é privilégio nosso. A história da humanidade é a história da luta contra o mal. Para alguns, inclusive, como é o caso do historiador Yuval Noah Harari, nunca vivemos tempos tão bons e pacíficos quanto agora. Segundo esse autor, as guerras, as pestes e a fome estão sob controle e estamos aptos a sonhar com um mundo em que até o maior inimigo poderá ser vencido: a morte.

Cá com meus botões, sempre que um historiador faz projeções otimistas, fico para lá de desconfiado. Não sei se é o meu lado cético e pessimista que não me deixa ver as coisas como são, mas me parece exagero pensar que estamos abertos a um futuro promissor.

Tudo isso me faz recordar a mitologia grega, particularmente o mito de Prometeu e de Pandora.

Prometeu era um semideus, filho de um deus com uma mulher e, como tal, tinha um pé no céu e outro na terra. Por circular nos dois mundos, ele bem sabia que os deuses eram poderosos, inteligentes e felizes por um motivo muito simples, dominavam a arte do fogo, símbolo das ciências. Os homens, por sua vez, careciam de tal conhecimento e isso os tornavam frágeis, carentes, desafortunados e infelizes. Prometeu, então, dá uma de herói do bem e rouba o fogo dos deuses e o entrega aos humanos. Zeus descobre e castiga Prometeu, amarando-o a um penhasco, e uma ave de rapina lhe come o fígado, de dia, e de noite o fígado se refaz para novamente ser devorado no dia seguinte. Isso por toda a eternidade...

Mas não somente Prometeu foi castigado. A humanidade também foi. E o castigo veio através de uma mulher. Zeus trama o castigo criando uma mulher prá lá de perfeita, pois fruto da soma da participação de cada um dos deuses que lhe confere um dom especial. Imagine uma mulher perfeita, essa era Pandora!

Pandora recebe de Zeus a incumbência de levar uma caixa até os humanos, com a proibição de abri-la. Deveria entregá-la aos humanos e imediatamente voltar para os céus, sem olhar para trás. Ao entregar a caixa aos humanos, contudo, Pandora não se conteve. Bem que ela tentou recuar e se afastar da caixa, mas, num ímpeto de curiosidade, abriu-a e, de dentro, saíram todos os males. Quando ela se apercebeu do ocorrido, imediatamente fechou-a, mas já era tarde. Só sobrou uma coisa guardada na caixa: a esperança.

A esperança, ou a expectativa, de que os males sejam vencidos, é o que resta para não jogarmos a toalha em tempos temerários como são os nossos. Que tempos são esses que vivemos? “O tempora, o mores”! Ó Tempo, ó costumes. Deve ser desse mito que vem o dito popular: a esperança é a última que morre!

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