sexta-feira, 8 de março de 2013

EXPLORAÇÃO DE CRIANÇAS CONTINUA


O estudo “Trabalho infantil na pecuária”, divulgado na semana passada pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO), lança novos dados sobre este tema. Um deles é de que 60% das crianças que trabalham são empregadas em empreendimentos agrícolas do mundo.
A agricultura é um setor que sempre contou com mão de obra infantil – no Brasil e em todo o planeta. A questão, pelo menos no plano local, ganha um viés polêmico na medida em que pequenas propriedades dependem, até para a sobrevivência, do labor de todos integrantes da família – do avô ao netinho. Em geral, a julgar pelas propriedades da Serra gaúcha, trata-se de atividade moderada específica e no turno inverso ao da escola.
O condenável é quando meninos e meninas, alguns com cinco anos de idade, são usados em longas e cansativas jornadas. Mais grave ainda, como constatou a FAO, é o tráfico dessas crianças para regiões dentro do próprio país ou para o exterior. Obrigados a trabalhos forçados, esses menores perdem a infância, comprometendo, de maneira incisiva e cruel, até a vida.
No final do século passado, a discussão desse assunto ganhou um componente novo. O nível de extrema pobreza em algumas regiões impõe o envolvimento de crianças no sustento da família. Essa participação pode se dar com o trabalho infantil. A outra opção é a prostituição. Diante disso, até mesmo especialistas da ONU recuaram em relação a cobranças e exigências contra governo e pais.
É preciso separar bem as situações. Cada país tem sua realidade e cada família, suas necessidades. Mas jamais as crianças devem ser submetidas ao trabalho escravo ou abuso sexual. No dia em que os governantes – e a sociedade como um todo - decidirem atacar de fato a origem desses problemas, com ações voltadas ao social, que combatam a miséria, a subnutrição, a exploração desumana e sacrifícios degradantes, milhões de crianças, e de vidas, serão salvas.

quarta-feira, 6 de março de 2013

NASCE HUGO CHÁVEZ, O MITO.


Gostaria de acreditar que enquanto a maioria absoluta dos venezuelanos chora copiosamente a “morte” de Hugo Rafael Chávez Frías não existe quem a esteja comemorando. Entretanto, não me iludo. Apesar de ser um homem de paz que nunca revidou com violência a violência que sofreu nos idos de abril de 2002, Chávez era odiado com fervor por uma minoria.
Seus inimigos não o combateram por seus defeitos, que, como qualquer ser humano, deveria ter muitos. Não, não. Ele foi combatido por suas qualidades, porque sua obra – que ultrapassou as fronteiras de seu país – tornou o mundo mais justo e a vida dos compatriotas desvalidos menos penosa.
Foi chamado de “ditador”, mas nenhum governante das três Américas jamais se apresentou tantas vezes ao voto popular limpo e inquestionável quanto ele. De 1999 até o ano passado, incontáveis foram as eleições que venceu sem que nunca um só questionamento à lisura dos processos eleitorais que lhe deram as vitórias tenha sido sequer levado a sério.
Chávez logrou fazer da Venezuela a campeã das Américas em redução da pobreza e da desigualdade social. Sua obra social, como não podia ser atacada por conta de êxitos como o de tornar o seu país o segundo da América Latina, ao lado de Cuba, a extirpar a chaga do analfabetismo, foi ignorada pela mídia internacional e até pela venezuelana.
Mas a obra de Chávez extrapolou as fronteiras de seu país natal. A revolução bolivariana se espalhou pela América Latina. Sua influência mais forte tem sido sentida na Argentina, na Bolívia e no Equador, com um modelo revolucionário que reformou constituições e democratizou a comunicação de massas.
Perto da redução da pobreza, da miséria e da desigualdade que Chávez promoveu, a que conseguimos no Brasil, em comparação proporcional, não lhe chega nem aos pés. Isso porque, com risco da própria vida e sacrificando a paz pessoal, ele comprou brigas com poderes imensuráveis que, se não tivesse comprado, teria tido uma vida mais fácil no poder.
Dolorosamente, a morte física de Chávez será explorada de forma nauseabunda por multibilionários das mídias de ultradireita que infestam esta parte do mundo. Tentarão culpa-lo pela própria morte. Em lugar de destacarem sua obra, destacarão o processo sucessório na Venezuela.
A esses, digo que se antes tinham poucas chances de derrotar esse herói latino-americano, esse verdadeiro patrimônio da humanidade, agora suas chances são nulas, morreram fisicamente com ele, que acaba de renascer. Hugo Rafael Chávez Frias renasceu, chacais da miséria humana. Tornou-se um mito que os assombrará até o fim dos tempos.
Morto fisicamente, Chávez adquiriu poderes que nem todos os editoriais, colunas, telejornais ou reportagens mal-acabadas da Terra conseguirão equiparar. Sua verdadeira história só agora começará a ser contada às gerações futuras, mostrando que quando um homem devota sua vida ao bem comum como ele fez, torna-se imortal.
Descanse em paz, Hugo.

terça-feira, 5 de março de 2013

ECONOMIA DA SINAIS DE RECUPERAÇÃO.




graos Economia dá os primeiros sinais de recuperação



Mal deu tempo para a oposição tripudiar sobre o "pibinho" de 0,9% anunciado na semana passada, e a economia brasileira já começa a dar os primeiros sinais de recuperação neste início de ano.
Os últimos números são animadores. Por exemplo: depois de quatro trimestres seguidos de queda, os investimentos registraram um crescimento de 0,5% nos últimos três meses de 2012, o que o governo atribui aos cortes nas taxas de juros.
Outros indicadores importantes: com os cortes nas tarifas, o consumo de energia cresceu 4% em janeiro e, o de papel ondulado, 10%. A venda de caminhões e máquinas disparou no momento em que o País começa a colher a maior safra de grãos da sua história.
No mercado de trabalho, a renda aumentou e a taxa de desemprego, em 2012, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), ficou em 5,5%, a menor média anual dos últimos dez anos.
A inflação anual continua girando em torno de 6% ao ano, é verdade, bem acima da meta de 4,5%, mas vai registrar uma desaceleração de janeiro, quando chegou a 0,86%, para 0,4%,em fevereiro.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou animado com a receptividade que encontrou na viagem aos Estados Unidos, na semana passada, em que deu início ao "road-show" programado pelo governo para atrair investidores estrangeiros, em especial para a área de infraestrutura. E já pensa em agendar encontros também na Ásia.
Na contramão do noticiário negativo sobre as perspectivas da economia brasileira, que alimentam os discursos da oposição de olho nas eleições presidenciais, a Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais (Sobeet) divulgou nesta segunda-feira um estudo mostrando o acelerado aumento de investimentos estrangeiros diretos (IED) no país entre 2003 e 2012.
Nestes dez anos, o Brasil pulou do 15º pra o 4º lugar entre os países que mais atraíram investimentos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, da China e de Hong-Kong. Segundo a Agência Estado, a participação brasileira nos fluxos de investimento foi a que mais cresceu no mundo neste período, passando de 1,7%, em 2003, para 5%, em 2012.
Sempre que o caro leitor sentir o desânimo bater, depois de ler a opinião dos analistas econômicos e especialistas em geral na grande imprensa, vale a pena dar uma ligada para o Ministério da Fazenda e checar como andam as coisas.
Serve, pelo menos, para não perder as esperanças e começar a semana mais animado

sexta-feira, 1 de março de 2013

ENTRE O SONHO E A REALIDADE

Numa pequena aldeia, ao pé da montanha, vivia um senhor muito sereno. Ele amava seu sítio, o pequeno riacho, as árvores e as flores. Amava sobretudo um cavalo branco. Recusou muitas propostas por ele. Não o venderia por preço algum. Um dia o cavalo foi roubado ou fugiu e os vizinhos foram solidarizar-se com ele e comentavam: é muito azar! Azar ou sorte, dizia ele, não sei. Passou-se algum tempo e o cavalo retornou acompanhado de seis belos cavalos selvagens. Que sorte, exclamavam os vizinhos. E lá vinha a sentença: sorte ou azar, não sei.
O tempo foi passando e os cavalos selvagens iam sendo domados. Foi nessa tarefa que ele caiu e fraturou uma perna. Que azar, voltaram a repetir os vizinhos. Se foi ruim ou bom eu não sei, explicou ele. Semanas depois, rompeu uma guerra e todos os jovens do povoado tiveram de se alistar, menos ele com a perna quebrada. Foi sorte, comentavam em coro os vizinhos. Eu ainda não sei se foi sorte ou azar. Se foi ruim ou bom só o tempo dirá.
A vida é feita de sonhos, mas nem todos os sonhos se tornam realidade. E o destino prepara muitas surpresas. Num primeiro momento podemos passar da euforia para o desânimo. Inteligente é esperar. A situação muda a cada instante. E contra os fatos pouco adianta reclamar. Devemos dar tempo ao tempo e assimilar a nova situação. Não importa o que a vida fez de nós, mas o que nós fazemos com aquilo que a vida fez de nós. O que nos parece sorte pode transformar-se em azar. O que parece ruim pode trazer frutos bons.
Foi uma doença que ajudou Francisco de Assis escolher seu luminoso caminho. Foi um ferimento e uma batalha perdida que abriram os olhos de Inácio de Loyola. Foi uma tragédia familiar que levou Ângela de Foligno a modificar sua escala de valores. Eles souberam trabalhar esses acontecimentos. Na linguagem do mar, ajustaram suas velas diante da tempestade.
Para aquele que tem fé, que acredita em Deus, todos os acontecimentos, a partir dos mais negativos, têm alguma sinalização luminosa. Já o profeta Isaias fazia um chamamento à esperança: “Criai ânimo, não tenhais medo, nosso Deus vem para nos salvar!”. Nossa situação pode mudar de um momento para outro, mas Deus não muda. Tudo passa, mas Deus não passa. 
O poeta austro-germânico, Rainer Maria Rilke, escreveu em seu livro Histórias do Bom Deus: “Nunca diga que Deus não está num poema; Ele pode ser a última palavra”.

MEU LADO MULHER...

Meu lado mulher incomoda-se de receber homenagens num único dia do ano - 8 de março -, enquanto meu lado homem se farta com 364 dias. Talvez se faça necessária esta efeméride, dor recente de uma cicatriz antiga. Porque se vive numa sociedade machista: matrimônio - o cuidado do lar; patrimônio - o domínio dos bens.

O marido possui a casa, o carro e a mulher, que incorpora ao nome o da família dele. A casa, ele exige que se limpe todo dia. O carro, envia à oficina ao menor defeito. À mulher, ser polivalente, cabe o dever de cuidar da casa, dos filhos, das compras e do bom-humor do marido, que nem sempre se lembra de cuidar dela. 

Meu lado mulher nunca viu o marido gritar com o carro, ameaçá-lo ou agredi-lo. Nem sempre, entretanto, ela é tratada com o mesmo respeito. Ele esquece que marido e mulher não são parentes, são amantes. Ou deveriam ser. 

Na Igreja Católica, os homens têm acesso aos sete sacramentos. Podem até ser ordenados padres e, mais tarde, obter dispensa do ministério e contrair matrimônio. Toda a hierarquia da mais antiga instituição do mundo é de homens. O que seria dela e deles se não fossem as mulheres? 

As mulheres, consideradas pela teologia vaticana um ser naturalmente inferior, só têm acesso a seis sacramentos. Não podem receber a ordenação sacerdotal, embora tenham merecido de Jesus o útero que o gerou; o seguimento de Joana, de Susana e da mãe dos filhos de Zebedeu; a defesa da mulher adúltera; o perdão à samaritana; a amizade de Madalena, primeira testemunha de sua ressurreição. 

Meu lado mulher tem pavor da violência doméstica; do imbecil que diz bobagens quando a garota passa; do pai que assedia a filha, jogando-a nas garras da prostituição; do patrão que exige préstimos sexuais da funcionária; do marido que ergue a mão para profanar o ser que deu à luz seus filhos. 

Diante da TV ou de uma banca de revistas, meu lado mulher estremece: cala a boca, Magda! Ela é a burra, a idiota que rebola no fundo do palco, mergulha na banheira do Gugu, expõe-se na casa dos brothers, associa-se à publicidade de cervejas e carros, como um adereço a mais de consumo. 

Meu lado mulher tenta resistir ao implacável jogo da desconstrução do feminino: tortura do corpo em academias de ginástica; anorexia para manter-se esbelta; vergonha das gorduras, das rugas e da velhice; entrega ao bisturi que amolda a carne segundo o gosto da clientela do açougue virtual; o silicone a estufar protuberâncias. E manter a boca fechada, até que haja no mercado um chip transmissor automático de cultura e inteligência, a ser enxertado no cérebro. E engolir antidepressivos para tentar encobrir o buraco no espírito, vazio de sentido, ideais e utopia. 

Meu lado mulher esforça-se por livrar-se do modelo emancipatório que adota, como paradigma, meu lado homem. Serei ela se ousar não querer ser como ele. Sereia em mares nunca dantes navegados, rumo ao continente feminino, onde as relações de gênero serão de alteridade, porque o diferente não se fará divergente. Aquilo que é só alcançará plenitude em interação com o seu contrário. Como ocorre em todo verdadeiro amor.


O HOMEM E A MULHER


O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono.
Para a mulher, um altar.
O trono exalta.
  O altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz; o coração produz Amor.
A luz fecunda.
O Amor ressuscita.
O homem é forte pela razão.
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence.
As lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos.
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece.
O martírio sublima.
O homem tem a supremacia.
A mulher, a preferência.
A supremacia significa a força.
A preferência representa o direito.
O homem é um gênio; a mulher, um anjo.
O gênio é imensurável; o anjo, indefinível.
Contempla-se o infinito.
Admira-se o inefável.
A aspiração do homem é a suprema glória.
A aspiração da mulher é a virtude extrema.
A glória faz tudo grande.
A virtude faz tudo divino.
O homem é um código.
A mulher, um evangelho.
O código corrige.
O evangelho aperfeiçoa.
O homem pensa.
A mulher sonha.
Pensar é ter no crânio uma larva.
Sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é um oceano.
  A mulher um lago.
O oceano tem a pérola que adorna.
O lago, a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa.
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço.
Cantar é conquistar a alma.
O homem é um templo.
A mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos.
Ante o sacrário nos ajoelhamos.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra.
  E a mulher onde começa o céu.

                                  Victor Hugo

A QUARESMA COM UM BOM LIVRO

Faz um tempo longo. 
Aos 20 anos o mundo me parecia infinito. E minha vida, infinda. Para mim, o passado não existia, o presente impregnava-se de fé, o futuro se abria no par de portas destrancadas por todo o idealismo que me consumia a subjetividade.
Num dia, junto ao jardim, recolhi-me em companhia dos versos de T. S. Eliot em Quarta-Feira de Cinzas. Porque eu também não espero voltar (e isso vale ainda hoje). Sobretudo agora que pertenço ao grupo etário da eterna idade – os que superamos mais de seis décadas de existência e, portanto, estamos mais próximos do fim de todos os mistérios.
“Não mais me empenho no empenho de tais coisas”. O verso de Eliot me soou como interrogação. A vida me ensinou que renúncias exigem convicções arraigadas. O jejum da quarta-feira de cinzas é muito mais do que abster-se de carne. É esperar não conhecer “a vacilante glória da hora positiva”.
Como são desafiadoras as virtudes! “Ensinai-nos a estar postos em sossego”. O jejum da quarta-feira de cinzas ou, como outrora, exigido durante toda a Quaresma e como faço, é a coragem de dizer não a tudo isso que nos esgarça, retalha, fragmenta, como se múltiplos seres se atritassem no oco de nosso ser, confundindo-nos quanto ao rumo adequado a seguir.
“Alegro-me de serem as coisas o que são”. Ser do tamanho que se é. “E rogo a Deus porque desejo esquecer estas coisas que comigo por demais discuto, por demais explico”. Não seria o racionalismo exacerbado o principal inimigo do amor?
Ignoro se Eliot, atraído pela fé  alcançou tamanha graça. Eu não. As múltiplas vozes seguem ressoando dentro de mim. Apenas me socorro no enigma intranscendente da fé e na embriaguês mística das leituras.
Penso agora nos quase 250 jovens calcinados na boate Kiss, em Santa Maria. O que faziam ali tantos jovens? Buscavam o essencial: liturgia. 
A vida é insuportavelmente atrelada ao reino da necessidade. E anseia pela gratuidade. Não se vai a uma danceteria apenas em busca de música, dança, bebida e paquera. Tudo isso pode ser mais confortavelmente desfrutado na intimidade. O que move centenas de pessoas à festa – na danceteria e na roça, no baile a rigor e no carnaval - é a imprescindível liturgia que nos faz transcender do reino da necessidade à esfera lúdica, onírica, mistérica, da gratuidade. A celebração intensa, coletiva, comunitária, a alegre confraternização que permite o descanso da razão (“senhora dos silêncios”, escreveu Eliot) e o alvorecer da emoção: “Fala sem palavra e palavra sem fala”. 
Naquele jardim , em companhia do poeta, intuí a importância de jejuar de tudo aquilo que não alimenta o espírito. E deixar que este se liberte no ímpeto glutão de tudo isso que ressoa no esplendor do coração, como o sentimento de pertença à natureza, à família humana, a Deus – matérias-primas da oração.
Por que então  me isolei no jardim com Eliot? Não recomendou Jesus evitarmos multiplicar palavras ao orar? “Se a palavra perdida se perdeu, se a palavra gasta se gastou, se a palavra inaudita e inexpressa permanece, então, inexpressa a palavra, ainda perdura o inaudito Verbo (...) o silente Verbo”.
É o que convém buscar na Quaresma e que as vítimas de Santa Maria já alcançaram: o silêncio no Verbo. Eis o paradoxo da fé e o sentido desse tempo litúrgico que precede a Páscoa.

QUEDA ASSUSTA A TERRA

A queda de um corpo celeste que deixou cerca de 1.200 pessoas feridas na Rússia e a passagem de um asteroide de 45 metros de diâmetro, no mesmo dia, a apenas 27.000 quilômetros da Terra, a maior aproximação registrada de um objeto cósmico perigoso ao planeta, gerou insegurança. Há outros corpos celestes ameaçando o planeta? É possível desviá-los? 
A queda de um meteorito impressiona, mas o fenômeno não é raro, embora seja quase impossível prever quando e onde vai ocorrer. Segundo o astrônomo Gustavo Rojas, meteoritos caem na Terra pelo menos uma vez por ano, o que não é comum é atingir áreas povoadas. Como mais de 70% da superfície da Terra é coberta por água, a probabilidade de que esses objetos caiam em áreas com população é pequena.
Apesar de os meteoritos que atingem o planeta terem grandes dimensões na nossa concepção, para a astronomia são pequenos, daí a dificuldade de rastreá-los, pois não há tecnologia para isso. Estimativas da Nasa apontam pelo menos 500 mil asteroides com mais de 40 metros “próximos” à Terra. No entanto, apenas 1% deles foram identificados.

Putinga (RS) - O município ficou famoso devido aos meteoritos que lá caíram em 1937. O maior deles, com 45 kg, está no Museu de Mineralogia da UFRGS. O museu municipal guarda um fragmento de 1,5 kg.

NO ESPAÇO
Cometa - É uma grande bola de gelo - formada pela junção de vários gases - que vaga pelo espaço. O cometa é uma espécie de “sobra” do processo de formação dos grandes planetas gasosos do sistema solar, como Júpiter e Saturno. 

Asteroide - O asteroide é uma grande pedra espacial. Também é uma “sobra” do sistema solar, mas uma sobra do processo de formação dos planetas rochosos, como Terra e Marte. Com formato irregular, a maioria dos asteroides tem cerca de um quilômetro de diâmetro, mas alguns podem chegar a centenas de quilômetros.

Meteoroide - É um asteroide pequeno. Não há um limite exato, mas a partir de um quilômetro de diâmetro, aproximadamente, as pedras espaciais costumam ser chamadas de asteroides. A maior parte dos meteoroides equivale a grãos de areia, são quase imperceptíveis: toneladas se dirigem à atmosfera da Terra todos os dias.

NA TERRA
Quando entram na nossa atmosfera, 
pedras espaciais ganham outros nomes 

Meteoro - Um meteoroide que entra na atmosfera da Terra passa a ser chamado de meteoro. 
Com uma velocidade de 70 km/s, essas pedras queimam em contato com os gases do ar, 
formando um rastro de luz - as populares 
estrelas cadentes. 

Meteorito - São os meteoros que não se 
desintegram totalmente no choque com a 
atmosfera. Portanto, são pedras espaciais que 
de fato caem na superfície do planeta. 
O desgaste da passagem pelas várias camadas 
da atmosfera faz um meteoro de quatro metros 
virar um meteorito com cerca de um metro de diâmetro. Em outras palavras, meteoritos 
são fragmentos de um meteoro.

DÉFICIT DE MÉDICOS NO SETOR PÚBLICO É ENORME

A pesquisa do CFM expõe outro quadro preocupante. Ao todo, no Brasil, 55% dos médicos têm vínculo com o setor público, mas esse contingente é insuficiente para atender os 150 milhões de pessoas que dependem exclusivamente do SUS. A proporção é de apenas 1,1 médico da rede pública por 1.000 habitantes, praticamente a metade da média nacional. Alguns Estados ficam bem abaixo até dessa proporção – o Pará tem apenas 0,5 médico no setor público por 1.000 pessoas; o Maranhão, 0,52; Minas, 0,75.“É um absurdo o setor privado ter mais médicos do que o SUS, uma vez que a rede pública trata 150 milhões de pacientes, enquanto a iniciativa privada, entre 40 e 50 milhões”, diz D’Ávila.
Embora 48,6 milhões de brasileiros tenham acesso a planos de assistência médico-hospitalar (ANS, 2012), o SUS atende constitucionalmente toda a população, inclusive nas ações de promoção, vigilância, assistência farmacêutica, urgência, emergência e alta complexidade.

ÁGUA: MAIS DE 12 MILHÕES SEM ACESSO.



A escassez de água ronda o Brasil. Um estudo da Agência Nacional de Águas (ANA) mostra que 472 municípios de 16 maiores aglomerados urbanos já buscam novas fontes de água. “Tivemos forte urbanização onde não havia água”, resume Dante Ragaz-
zini, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.
No país, as condições de acesso não são equânimes. A região hidrográfica amazônica equivale a 45% do território nacional e detém 81% da disponibilidade hídrica. As regiões litorâneas, que respondem por apenas 3% da oferta nacional, abrigam 45% da população. Ou seja, os brasileiros se concentram cada vez mais em áreas onde a oferta de água é desfavorável.
O problema também é social. Calcula-se que 12,1 milhões de brasileiros não têm acesso adequado ao abastecimento de água. As moradias “sem torneira” somam 4,2 milhões. O consumo é bastante desigual. Enquanto um cidadão do Rio de Janeiro usa 236 litros de água por dia, o consumo per capita em Alagoas é de 91 litros.
A escassez não é o único dilema. O consumo humano exige que ela seja limpa e tratada. No Brasil, 73% dos municípios são abastecidos com águas superficiais, sujeitas a todo tipo de poluentes.

PELOS DIREITOS DA MULHER

Mulheres do campo voltaram a ocupar ruas e gabinetes de Brasília, na semana passada. Desta vez, foram cerca de três mil integrantes do Movimento da Mulher Camponesa. Poderiam ter sido de outras entidades, como ocorre, por exemplo, com a Marcha das Margaridas. O importante é que mais uma vez mulheres que vivem e trabalham no meio rural são obrigadas a ir até a capital federal para lutar por direitos que já deveriam ter sido garantidos há muito tempo.
A pauta da mobilização envolveu questões políticas - como reforma agrária e titulação de terras -, econômicas – financiamentos subsidiados para construir um modelo de produção agroecológica – e sociais – licença-maternidade de seis meses. O tema principal, porém, foi a violência contra a mulher.
É lamentável que em pleno século XXI as mulheres tenham que apelar aos governantes para que não sejam agredidas ou assassinadas. Parece algo fora dos padrões de uma vida normal, até de difícil compreensão. Mas as estatísticas mostram uma realidade injusta, cruel e, não raras vezes, trágica. Há anos que relatórios sobre conflitos agrários relacionam as mulheres entre as vítimas. Infelizmente, vítimas femininas há também em todas as cidades. Uma das diferenças é que nos centros urbanos já existe uma estrutura de atendimento e proteção às mulheres que sofrem violência. Na zona rural, não. A mulher fica mais indefesa e, por isso mesmo, mais exposta.
No próximo 8 de março o mundo comemora o Dia Internacional da Mulher. Como seria bom que antes o governo brasileiro, ou mesmo de outros países, anunciasse medidas de proteção à mulher – enérgicas, com punição exemplar e, principalmente, com esquema de fiscalização para o pleno cumprimento delas. Isso, na verdade, é o mínimo que se espera. Para o bem feminino e da própria sociedade, afinal, se a vida da mulher do campo não é valorizada, muito menos o será o trabalho dela.