quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O AMOR...NOVAMENTE O AMOR.

Um líder africano implantou muitos benefícios para seu povo. Ao regressar de uma viagem comunicaram-lhe que sua esposa morrera. Depois de passar algum tempo na mais absoluta desolação, começou a preocupar-se em preservar sua memória. O que ele poderia fazer de grandioso para que sua esposa jamais fosse esquecida? O primeiro pensamento foi o de erguer um grande monumento fúnebre, que conservasse a memória da pessoa a quem ele mais amara em vida. Mas um mestre, carregado de anos e de sabedoria, aconselhou: construa um poço no deserto, assim todas as caravanas que passarem por ele lembrarão sua esposa. E darão graças a Deus por ela ter existido.
Na vida, tudo transcorre com rapidez e a morte estabelece a cortina do esquecimento sobre todos. O dinheiro, a glória, as realizações são logo esquecidos. Os próprios monumentos envelhecem e de uma vida cheia de acontecimentos sobra o registro de poucas linhas. Tudo passa, só o amor permanece. A história guarda poucos nomes e privilegia os que fizeram de suas vidas um poema de amor. Ainda lembramos Alexandre da Macedônia, César, Napoleão, mas amamos Francisco de Assis, João XXIII, Luther King, Gabriela Mistral, Teresa de Calcutá. Eles e elas, cada um do seu jeito, semearam amor.
A vida não é aquela que sonhamos, mas a que efetivamente temos. As perdas se acumulam ao longo dos anos. Pessoas queridas partiram quando menos esperávamos. De nada adiantaria morrer afogado nas próprias lágrimas. É muito mais inteligente abrir um poço de água para os outros. É o poço da gratuidade, de quem nada espera para si. É uma árvore que plantamos, sem a pretensão de colher os frutos. E se pudermos colhê-los, façamos isso sem euforia e com um sentimento de gratidão. São Francisco de Assis lembrava que era muito melhor amar do que ser amado.
Nosso tempo está cheio de desertos, repletos de pessoas, que carregam uma sede profunda. Sede de reconhecimento, sede de amor, sede de fé. E todos temos o incrível privilégio de poder abrir fontes límpidas. E isso jamais passará. Pablo Neruda desejava que em seu túmulo colocassem a legenda: aqui jaz um amante da liberdade. Feliz daquele que, em seu túmulo, alguém escrever: ele abriu muitos poços no deserto.
O apóstolo Paulo fala das possíveis realizações da pessoa e exemplifica: o dom da profecia, a eloquência, transportar montanhas, repartir a fortuna, entregar o corpo para ser queimado... E proclama: se não tiver caridade, isso nada me adiantará e conclui: tudo terá fim, mas o amor jamais acabará (1Cor 13). Deus nos fez à sua imagem e semelhança. E Deus é amor.

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