sábado, 9 de fevereiro de 2013

DÍZIMO DA RETORNO AO PAGADOR?

A humilde senhora  perguntou: Se, ao dar o dízimo, ela conseguiria a tão sonhada casa própria, responderam que não poderia lhe dar tal garantia. Se um pregador de sua Igreja disse isso na televisão a responsabilidade é toda dele, porque Jesus não fez esta promessa.
Quem põe sua esperança em Cristo porque ele dará sucesso financeiro e as soluções de todos os problemas, tem uma religião de resultados. Nela o pregador fala como quem tem certeza e não como quem tem esperança. A fé não dá essas garantias. O justo vive da fé e não de falsas certezas de quem é capaz de dar até hora e local para o milagre, como se Deus dependesse do relógio deles. A nós cabe esperar humildemente que as coisas aconteçam para o nosso bem, mas do jeito de Deus e não do nosso.
Para nós,  não há fé sem esperança, nem esperança sem fé. Para nós, a esperança é a vela, a fé é a chama. A vela não funciona sem a chama, a chama não dura sem a vela com o seu pavio. Sem o fio interior, nem vela é… Se a fé se apaga, a esperança não ilumina. Se a esperança se agita demais ou não fornece o pavio, a fé não arde.
Mais bonito ainda é saber que sem a fé e a esperança também a caridade não sobrevive, posto que amar é crer e esperar em alguém, até mesmo quando a pessoa amada não corresponde. Os pais, por exemplo, esperam no filho que não dá nenhuma esperança de mudar, mas há neles esperança suficiente para apostarem na força do seu amor por este filho e na graça de Deus que leva tudo a bom termo.
Devemos ser como Paulo, que sabia em quem acreditava e por isso esperou e sua esperança não foi em vão. Paulo tinha esperança porque acreditava e acreditava porque tinha esperança. Ele sabia que uma era a extensão da outra! Nós também! Certezas? Temos algumas. 
Mas isso de afirmar que Deus dá casas e apartamentos para quem paga o dízimo é confundir esperança com certeza. Espere ter a sua casinha, mas não aposte que ela virá do dízimo. Sei de muita gente que pagou o dízimo e morreu em casa alugada e de muitos que nunca deram um centavo para a religião e moram em palácios. Alguém precisa lembrar ao povo que Jesus não veio ao mundo aumentar a conta dos seus discípulos no banco. Nem distribuir iates e carros para quem lhe for fiel. Isso não está na Bíblia. Se o pregador quiser prometer, prometa, mas diga que é opinião pessoal!

DOAÇÃO DE PELE. COMO É USADA NO PACIENTE



A tragédia de Santa Maria também lança luz sobre um tipo pouco conhecido de doação, o de pele. O Ministério da Saúde acionou os bancos de pele do país e de nações vizinhas para garantir o material necessário à recuperação das vítimas com queimaduras graves. As doações vieram dos Estados brasileiros de São Paulo e Pernambuco e do Chile, Uruguai e Argentina. 
O enfermeiro Alexandre Lumertz, do Banco de Pele do Rio Grande do Sul, explica que a coleta é feita por meio de uma microrraspagem nas costas e na coxa posterior, retirando apenas a primeira camada da pele, com cerca de 1,5 milímetro de espessura. Logo após, os tecidos são processados, passando por vários exames e tratamentos, e então armazenados de 30 a 40 dias.
Quando alguém necessita de um transplante de pele, uma série de exames é realizada para avaliar o tamanho e o tipo do tecido necessário. A pele doada não substitui definitivamente a pele do paciente, como muitos imaginam. O transplante de pele tem caráter provisório.
O material funciona como um curativo biológico, que evita a perda de líquidos e auxilia na recuperação natural do corpo. O curativo dura em torno de uma semana e vai sendo substituído. Em média, a vítima de uma queimadura grave precisa de três doações de pele diferentes. Após três ou quatro semanas de curativo biológico, se faz um autotransplante (enxerto), que consiste em remover um pedaço de pele de uma área do próprio corpo, por exemplo, das costas, e transferir para outra.
A Sociedade Brasileira de Queimaduras estima que ocorra um milhão de casos de queimaduras a cada ano no país. Desse total, aproximadamente 5.000 poderiam se beneficiar dos bancos de pele. Somente no Rio Grande do Sul ocorre um caso de queimadura grave por dia. Quando não há estoque suficiente de pele nos bancos, os médicos podem recorrer a peles sintéticas, de celulose.
Quase todo indivíduo entre 12 e 70 anos pode ser doador de pele, após a confirmação de morte encefálica ou por parada cardiorrespiratória. Mas a coleta precisa ser autorizada pela família, como nos demais casos de doação de órgãos e tecidos.
Algumas doenças de pele e infectocontagiosas (como hepatites e Aids) inviabilizam a doação. Após a retirada, são necessários até 40 dias para tratar as camadas de pele retiradas do doador, para que o material fique estéril e não haja risco de contaminação para o receptor.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o ideal é que cada cidade com mais de 500 mil habitantes conte com um banco de pele. Não é o que acontece no Brasil. O país possui apenas três bancos: um em São Paulo, um em Porto Alegre e outro, o mais novo, em Recife. 

TÓXICOS AGRIDEM O PULMÃO

O mais comum é que uma pneumonia seja desencadeada por bactérias que se instalam nos pulmões, mas a doença também pode ser provocada por vírus, fungos e até substâncias tóxicas inaladas. O incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (RS), matou em minutos mais de 230 pessoas asfixiadas pela inalação da fumaça. Entre os sobreviventes, além das queimaduras, uma das principais ameaças é justamente a pneumonia química. Apesar de terem conseguido deixar o local do incêndio com vida, inalaram muita fumaça, carregada de gás carbônico e outros tóxicos resultantes da queima de materiais diversos.
Os sintomas da pneumonia química podem começar a aparecer até cinco dias depois da exposição aos tóxicos, conforme alertou o Ministro da Saúde Alexandre Padilha. Por causa da lesão provocada pelo ar quente no aparelho respiratório, o pulmão perde a capacidade de expelir as substâncias danosas. “Os primeiros sinais de que é preciso buscar ajuda médica são: tosse, falta de ar, irritação na garganta, secreção ligeiramente rosada”, esclarece. 
A fumaça que fica nos pulmões inflama os alvéolos, as estruturas que fazem o transporte do oxigênio para o sangue. No começo, eles ficam vermelhos, depois incham e descamam. O corpo reage e envia células de defesa, mas nesse processo parte do sangue acaba entrando nos alvéolos, ocupando o lugar do ar, o que causa insuficiência respiratória. 
O tratamento consiste em desintoxicar o corpo, por meio de respiradores artificiais que levam oxigênio a todo o organismo. Se não for tratada corretamente, a pneumonia química pode levar o paciente à morte. Daí a necessidade de procurar atendimento médico imediato diante de qualquer suspeita.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 20 pessoas envolvidas com o incêndio em Santa Maria procuraram os serviços de saúde depois do ocorrido apresentando cansaço e falta de ar. Pelo menos cinco foram internadas, sem dano físico, mas com quadro de pneumonia química. 

MÔNICA COMPLETA 50 ANOS


Mônica, a menina brava e corajosa que jamais abandona seu coelhinho de estimação, faz 50 anos em março. A personagem, criada por Mauricio de Sousa em homenagem à filha, virou referência para as crianças que hoje são adultas e tentam transmitir a filhos e netos a simpatia que tinham pela menina dentuça, gordinha e de vestido vermelho. A equipe de Mauricio de Sousa decidiu que 2013 será de comemorações do aniversário da Mônica.
A personagem nasceu em 3 de março de 1963, nas tiras do Cebolinha, publicadas pelo jornal Folha de São Paulo. Em seguida, Mauricio de Sousa, também inspirado nas filhas, criou Magali, apaixonada por melancias e gulosa, e Maria Cebolinha, que assim como o Cebolinha, trocava as letras ao falar. Foi a Mônica que fez sucesso de imediato; e sucesso não se planeja, acontece; o público leitor elege”, declarou o criador à Agência Brasil.
A Mônica da vida real é atualmente diretora da área comercial da empresa Mauricio de Sousa Produções. Ela tinha três anos quando o pai a transformou em personagem de suas histórias em quadrinhos. “Quando algumas pessoas me encontram e sabem que eu sou a Mônica, ficam emocionadas. Para mim, isso é emocionante também”, declarou. Ela conta que só quando foi para a escola e as pessoas perguntavam do seu pai é que ficou mais claro para ela o fato de ter inspirado um personagem. Mônica disse que viu o pai começar a carreira na sala de casa e que observar o processo de criação de personagens passou a ser normal para ela. “É como se os personagens fossem a nossa família”, comparou.
Hoje, já existe a Mônica jovem. Segundo Maurício de Sousa, ao fazer a turminha crescer de sete para 15 anos, ele desejava atender ao público adolescente, que começava a deixar as revistas infantis e partia para as publicações dos mangás japoneses. Deu certo! Depois do sucesso da Turma da Mônica Jovem e do recorde de vendas com o casamento da Mônica com o Cebola, o autor não descarta também criar a Turma da Mônica Adulta, em um futuro próximo. Mas, por enquanto, ainda é a Mônica criança que mais encanta leitores de todas as idades.
Haverá comemorações dos 50 anos da Mônica em várias cidades do país, a partir do carnaval de Salvador, na Bahia. Em março, será encenada a peça Romeu e Julieta, com a Turma da Mônica, em várias cidades. Haverá ainda lançamentos de brinquedos, livros e revistas com histórias sobre os 50 anos

EM MEMÓRIA DOLORIDA E ESPERANÇOSA.


Os antigos já diziam: “Vivere navigare est”. Quer dizer, “viver é fazer uma navegação”, curta para alguns, longa para outros. Toda navegação comporta riscos, temores e esperanças. Mas o barco é sempre atraído por um porto que o espera lá no outro lado.
Parte o barco mar adentro. Os familiares e amigos da praia acenam e o acompanham. Alguns deixam cair furtivas lágrimas, porque nunca se sabe o que pode acontecer. E ele vai lentamente se distanciando. No começo é bem visível. Mas na medida em que segue seu rumo parece, aos olhos, cada vez menor. No fim é apenas um ponto. Um pouco mais, e mais um pouco, desaparece no horizonte. Todos dizem: Pronto! Partiu!
Não foi tragado pelo mar. Ele está lá, embora não seja mais visível. É como a estrela que continua a brilhar, mesmo que a nuvem a tenha encoberto. E o barco segue seu rumo.
O barco não foi feito para ficar ancorado e seguro na praia. Mas para navegar, enfrentar ondas, vencê-las e chegar ao destino.
O importante é saber que do outro lado há um porto seguro.
Os que ficaram na praia não rezam: Senhor, livra-os das ondas perigosas. Mas dê-lhes, Senhor, coragem para enfrentá-las e serem mais fortes que elas.
O importante é saber que do outro lado há um porto seguro. Ele está sendo esperado. O barco está se aproximando. No começo é apenas um ponto no horizonte. Na medida em que se aproxima é visto cada vez maior. E quando chega, é admirado em toda a sua dimensão.
Os do porto dizem: Pronto! Chegou! E vão ao encontro do passageiro, o abraçam e o beijam. E se alegram porque fez uma travessia feliz. Não perguntam pelos temores que teve nem pelos riscos que quase o afogaram. O importante é que chegou, apesar de todas as aflições. Chegou ao porto feliz.
Assim é com todos os que morrem. Às vezes é desesperador saber sob que condições partiram e saíram deste mar da vida. Mas o decisivo mesmo é estar seguros que chegaram, sim, que de fato chegaram ao porto feliz. E quando chegam, caem, bem-aventurados, nos braços de Deus-Pai-e-Mãe de infinita bondade para o abraço infinito da paz. Ele os esperava com saudades, pois são seus filhos e filhas queridos navegando fora de casa.
Tudo passou. Já não precisam mais navegar, enfrentar ondas e vencê-las. Alegram-se por estarem em casa, no Reino da vida sem fim. E assim viverão para sempre pelos séculos dos séculos. 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

ALÉM DE EMBURRECER, TEVE PREJUDICA O ESPERMA


Que a televisão emburrece o homem, já se sabia. Agora, cientistas da área de Saúde Pública da Universidade Harvard descobriram que a tevê baixa a qualidade do esperma. Segundo um estudo que será publicado esta semana, homens que gastam mais de 20 horas por semana em frente da tevê têm uma concentração de espermatozoides 44% menor do que a dos demais.

RINDO DE QUEM?


agencia estado Estão rindo de quê? Só pode ser da nossa cara
Na primeira reunião com os líderes dos partidos, em que foi adiada a votação do Orçamento para depois do Carnaval, na terça-feira, os novos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB, aparecem à cabeceira da grande mesa felizes da vida, dando risada, mas não se sabe os motivos da alegria.
Estão rindo de quê? Só pode ser da nossa cara, os eleitores, que mandaram para o Senado e para a Câmara os parlamentares que deram a vitória a Renan e Alves. Parece que, mais cedo do que se pensava, os novos manda-chuvas estão costeando o perigoso terreno da galhofa.
Quase com as mesmas palavras, os dois saíram da reunião responsabilizando a oposição pelo adiamento, achando a coisa mais normal do mundo deixar para depois do Carnaval a decisão sobre tema de tamanha importância para o País, que já deveria ter sido votado no ano passado
"A saída é nós votarmos o Orçamento depois do Carnaval. O acordo era necessário agora, precisamos de consenso", justificou o presidente do Senado.
"A oposição ficou contra. Uma matéria dessa dimensão tem que ser votada por consenso", repetiu o presidente da Câmara.
Esqueceram-se ambos de duas coisas: ainda havia três dias úteis na semana antes do Carnaval para votar a matéria e que a fragilizada oposição não tem votos para derrubar a proposta orçamentária do governo.
Essa história de consenso é balela. A oposição alegou que quer votar antes os 3.000 vetos presidenciais, como se isso fosse possível, e o País possa ficar por tempo indeterminado sem votar o Orçamento da União.
Quem resolveu deixar tudo para depois do Carnaval foi a própria base aliada que está insatisfeita com a presidente Dilma, por não liberar recursos para as emendas parlamentares.
Renan e Alves estrearam no cargo querendo dar uma demonstração de autonomia do Legislativo, como prometeram em suas campanhas.
O Palácio do Planalto não passou recibo pela derrota, confiando na promessa de Renan Calheiros de votar o Orçamento logo após o Carnaval. Esse primeiro sinal dado pela dupla, que com os novos presidentes da Câmara e do Senado, o governo Dilma vai ter bem mais trabalho no Congresso.
Só me resta desejar a todos um bom Carnaval, posto que para os nobres parlamentares a folia já começou.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

PARA MEDITAR: GANHOS E PERDAS...

Um rato da roça convidou um seu amigo, que morava na cidade, a 
visitá-lo em sua tranquila toca em campo aberto. O rato da cidade não se sentiu muito à vontade para um jantar muito fraco: somente alguns grãos envelhecidos e algumas raízes sem muito gosto. Venha para a cidade, sugeriu o visitante: aquilo lá que é vida! Lá temos um grande estoque de comidas. Aqui você sofre muito!
Dias depois estava o rato da roça em sua nova vida. O amigo não mentira. Havia uma despensa muito grande, repleta de queijos, pão de cevada, amendoim, biscoito, bombons e outros produtos que o rato do interior não conhecia, mas que deviam ser apetitosos. E a festa começou. Mal havia 
descascado o primeiro amendoim, alguém abriu a porta e os ratos tiveram de fugir em louca disparada para a toca.
Quando o silêncio retornou, os ratos voltaram para o banquete. O queijo parecia o prato mais apetitoso. Mal roída a casca, a porta voltou a se abrir e nova e desesperada corrida. Mais tarde, ouviram-se os aterradores miados de um gato... O rato não quis saber de mais nada. Agradeceu o convite e explicou: sua vida é um luxo, mas muito perigosa. Vou para minha casa, onde posso comer minha comidinha em paz.
Esta história é muito antiga e traz a marca 
de Esopo, um fabulista grego que viveu cerca de 600 anos antes de Cristo. No entanto a lição continua atual. Ela nos convida a avaliar as atitudes, o custo benefício de cada coisa. Na vida, temos ganhos e perdas. Quase sempre um ganho supõe uma perda, e uma perda pode gerar um ganho. Para ficar no universo dos ratos, nos damos conta que a vida nos apresenta muitas armadilhas, por vezes mortais.
Vivemos hoje um tempo de abundância e de consumo. Mas como o rato da fábula, nos sentimos cercados de perigos. O medo é nosso companheiro. Temos medo de tudo e de todos. É o preço que pagamos pela ganância, pelo acúmulo de bens, pelas necessidades criadas e pelas conquistas que nos escravizam. Imaginamos possuir coisas, mas são elas que mandam em nós. O que fazemos pelo dinheiro está longe daquilo que o dinheiro faz por nós. O pouco é suficiente, mas queremos sempre mais.
Jesus, ao ensinar o Pai-Nosso, nos deu um projeto de vida. É inteligente que peçamos ao Pai um pedaço de pão necessário e suficiente para um dia. Nós preferimos um celeiro. O Evangelho fala de um rico que não tem celeiros suficientes para a grande colheita e aí planeja construir mais, como reserva para muitos anos. Ele diz a si mesmo: repousa, come e bebe, regala-te. E Jesus avalia: “Insensato, nesta noite morrerás. E as coisas que acumulaste, de quem serão?” 
É possível que o rato da roça tenha razão. Teresa de Calcutá, Mahatma Gandhi e São Francisco pensaram assim. Avaliaram ganhos e perdas e escolheram muito bem. Não escolheram os bens materiais, mas os irmãos 
e, com a fraternidade, a paz. 

DEIXEM AS CRIANÇAS SENTIREM-SE UM SER AMADO.

No Infância, nossas tarefas consistiam em sonhar, imaginar, colorir, desenhar, moldar em argila estranhas figuras, empilhar cubos de madeira que, sobrepostos, se transformavam em casas, pontes, prédios e castelos. Dispostos em linha reta, viravam ferrovias, carruagens, estradas. Em círculos, arenas circenses, represas ou lagos. 
Esse entrelaçar de tato, visão e imaginação organizava meu mundo interior. Bastavam poucos apetrechos para meus sentimentos encontrarem expressão nos objetos manipulados ou nas linhas de meus desenhos. Ao fazê-lo, adquiria uma certa distância relacional: os pássaros falam linguagens que só eles entendem; dragões, bruxas e duendes, que povoavam o meu imaginário, não eram pessoas como meus pais, nem coisas como os paralelepípedos que calçavam as ruas, e sim entidades espirituais, como Deus e anjos, com as quais mantinha relações de temor, reverência e fascínio. 
O melhor da infância é o mistério. Povoa a criança com uma força imponderável, superior a todas as realidades sensíveis. O mistério seduz e, tecido em encantos, assusta ou atrai ao não mostrar o rosto nem pronunciar o próprio nome. Habita aquela zona da imaginação infantil tão indevassável quanto impronunciável. Nela, as conexões rompem limites e barreiras, o inconsciente transborda sobre o consciente, o sobrenatural confunde-se com o natural, o divino permeia o humano, e o insólito, como dragões e piratas, é de uma concretude que só a cegueira dos adultos é incapaz de enxergar. 
Os adultos devem manter-se a distância quando a criança se encontra mergulhada em seu universo onírico. Ela sabe que carrega em si um tesouro de percepções que os olhos alheios não podem perscrutar. Recolhida a um canto, deitada em sua cama ou brincando em companhia de seus pares, deixa fluir os seres virtuais que habitam o seu espírito e com quem estabelece um diálogo íntimo, livre das amarras de tempo e espaço. Tudo flutua dentro dela, graças à ausência de gravidade que a caracteriza. 
Se um adulto interfere, quebra-se o encanto. Tudo se torna pesadamente aritmético, como se a ave, aprisionada no chão, ficasse impedida até mesmo de sonhar com o voo, reduzida aos movimentos contidos de seus passos.
Por tanta familiaridade com o mistério, as crianças são naturalmente religiosas, como se a natureza suprisse quem se encontra biologicamente mais próximo da fonte da vida de percepções holísticas contidas na vitalidade das células, na mecânica das moléculas, na identidade quântica dos átomos, onde matéria e energia são apenas faces de uma mesma realidade. 
Privar a criança do mergulho no mistério é amputá-la da infância. É mutilar o ser, abortando a criança para apressar, de modo cruel, a irrupção irreversível do adulto. 
Ao sorriso sucede o travo amargo de quem já não logra mirar a vida como maravilha - dentro e fora de si. A insegurança aflora, denunciando carências e tornando-as vulneráveis aos sonhos químicos das drogas, já que o melhor da infância foi sonegado – sentir-se um ser amado.

UMA TENTAÇÃO DO NOSSO TEMPO: CHEGAR AO TOPO SEM ESFORÇO

Começo narrando um fato ocorrido, num sábado à tarde, numa igreja: A configuração do templo, planejado há mais de noventa anos na França, projetou uma torre alta em sua frente. Por estar no morro , garante uma visibilidade singular, tanto para quem olha a partir dela, como para quem a olha de lugares distantes e diversos da cidade. 
Para subir ao alto da torre há 172 degraus em forma de espiral. Antes da missa da tarde uma senhora octogenária disse ao religioso:  
"estou percebendo que minha vida vai chegando ao fim. Desde jovem cultivo o sonho de poder subir a escada da torre e, de lá, contemplar a cidade ”. No mesmo instante o religioso disse a ela: “Vamos agora! Eu a acompanho!” Muito disposta, ela decidiu realizar o sonho. Quem ficou com receio de sua impossibilidade foi o religioso. Mas, afinal, sem atropelos, começaram a subir a longa escada, degrau por degrau, até o topo.
Ao chegarem no terraço, aquela santa mulher se emocionou e, após contemplar a cidade, disse: “Agora que eu realizei o meu sonho, posso morrer em paz!” Nesta hora lembrei- me do velho Simeão que sonhava ver a chegada 
do Salvador e também exclamou que poderia morrer em paz. Evidentemente, não há comparação entre os objetivos alcançados por um e por outro. Mas é muito forte a alegria de quem aguarda, dia a dia, a realização do seu sonho e se dispõe a subir, degrau por degrau, o caminho do encontro.
Diante da mesma escadaria, com seus numerosos degraus, aconteceu com um jovem uma experiência contrária. Convidado pelos colegas de grupo a subir, disse que não iria, por ser difícil demais. Ficaria esperando o dia que houvesse um elevador. Pior acontece quando alguém, que se vê diante de uma escada, fica em baixo cuspindo raiva contra aqueles que a fizeram. Sem colocar o pé no primeiro degrau, imagina chegar e nunca chega.
Os degraus são feitos para subir e não se chega ao alto sem fazê-los um a um. Uma das grandes tentações do nosso tempo é querer chegar ao topo da felicidade sem fazer o esforço de subir os degraus do processo de maturidade e conversão. Educar a vontade para conquistar, degrau por degrau, a verdadeira qualidade de vida parece ser uma das mais urgentes necessidades. 
Estamos enrolados na cultura do nivelamento por baixo, onde as escadas da vida parecem ser uma afronta à liberdade e aos direitos de ser feliz aqui e agora. Ter sonhos bons é provocar o desejo para subir, degrau por degrau, as escadas mais altas e difíceis de uma vida rica de sentido. Na medida que se vai concretizando os bons sonhos com realismo e coragem, determinação e boa vontade, podemos ir nos preparando para morrer em paz, por termos vivido uma vida em constante ascensão.
“Quem semeia entre lágrimas colherá com alegria. Quando vai, vai chorando, levando a semente para plantar; mas quando volta, volta alegre, trazendo seus feixes” 

COMO É DEUS?

A noção de Deus nunca é perfeita ou completa. Somos capazes de conhecê-lo, mas sofremos de um grande limite: não somos capazes de conhecê-lo como Ele é. Crer na sua existência é uma coisa, mas ainda não é saber como Ele é. De crer que Ele existe e age, sim, somos capazes. Ele dá sinais. De descrevê-lo e defini-lo não somos capazes.
Um balde pode encher-se de água do oceano, mas não pode conter o oceano! O pouco de mar que ele tem é suficiente para enchê-lo até à borda, mas é tão pouco que na verdade não chega a 0,0000000001% daquelas águas. 
Sobre Deus o pouco que podemos saber já é muito. Há baldes que não seguram nenhuma água: são furados. Há outros que seguram quase nada: são pequenos demais, como os baldes de plástico das crianças. Há outros maiores que levam 30 a 40 litros. E há os barris que levam 100 a 500 litros. Mas balde ou barril algum, por mais cheio que esteja, é tão sólido e firme que não perca alguma água pelo caminho.
Somos estes baldes. A água vem do mar, mas é quase nada comparada ao mar de águas à nossa frente. Façamos bom uso do pouco que podemos saber sobre Deus.