sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

UM MOTIVO DE PREOCUPAÇÃO.


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Hoje eu gostaria de abordar um tema, que tem me chamado bastante a atenção e me causado espanto. O feminicídio. Segundo uma matéria publicada no G1, a cada duas horas, uma mulher foi assassinada no Brasil, no ano de 2016. E esses números foram superados nos anos seguintes. Segundo levantamento feito pelo ACNUDH (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos), o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial do feminicídio. Isso deveria nos preocupar.

Por mais que tentemos, não há como desvincular tradições e costumes de ontem, de ideologias políticas de hoje. O conservadorismo, que hoje ressurge no país sob a máscara de uma nova era, é o responsável pela origem, e também pela manutenção de tamanha monstruosidade. No período colonial, por exemplo, éramos regidos por leis que permitiam esse tipo de crime contra a mulher, sob a égide da legítima defesa da honra. Se o marido fosse traído por sua esposa, e a encontrasse em flagrante com outro homem, o mesmo teria o "direito" de puni-la com a morte.

Até meados do século 20, a nossa justiça foi branda com esses crimes, cuja motivação poderia ser o "amor" ou uma "forte paixão", que induzia o réu a sair de si e eliminar a vítima de seu descontrole emocional. Qualquer semelhança com a licença para a Polícia matar, recentemente apresentada pelo ministro da Justiça, não é mera coincidência. Em 2015, o Código Penal Brasileiro foi alterado e o crime de feminicídio tipificado como assassinato, em função do gênero da vítima. E foi justamente, a partir dessa mudança na lei, que a violência contra a mulher começou a ficar mais evidente no país.

Seria mais do que natural também, que esse "Basta!" não fosse bem digerido pelos defensores dos costumes e da moral distorcida. Por eles, ainda estaríamos chicoteando pretos rebeldes e punindo mulheres independentes. Não à toa, eles insistem em relativizar a dor do outro. Seja sofrida através do feminicídio, do racismo, do preconceito social ou da homofobia. É preciso manter a tradição. E ela sempre tratou esses assuntos com a maior naturalidade possível. Nunca representaram um problema para a sociedade de outrora, muito menos representarão agora, para os defensores da mesma.

Os saudosistas do tempo em que, lugar de mulher era na cozinha, de preto era na senzala e que pobre não podia "atravessar o túnel", reuniram-se por aqui para resgatar tais origens e costumes. E eles estão dispostos a tudo, para manterem acesa a chama da ignorância e da estupidez, que seus antepassados acenderam na terra de santa cruz. A avidez em portar uma arma, e a sangria desatada para que se libere indiscriminadamente o seu uso, pode ser um agravante nos índices de violência doméstica, conjugal e social do país.

Nós Homens, também precisamos contribuir no combate ao feminicídio. Brancos, também precisam ajudar a combater o racismo. Membros da elite, também precisam combater o preconceito e a desigualdade social. Quando não o fazem, estão cultivando costumes e tradições nefastas, que são os responsáveis pela construção de uma sociedade injusta, preconceituosa, desequilibrada e doente, que estabeleceu o descaso com as minorias representativas, como uma das normas do seu regimento interno.

Eu sou pai de uma menina, e eu não gostaria que ela fosse vítima de feminicídio ou de qualquer outra agressão motivada pelo seu gênero. Você pode não ser preto, mas deve ter algum parente, amigo, conhecido ou colega de trabalho, que convivam com você no dia a dia, que não deve sentir-se confortável sendo vítima de racismo. Você é rico, mas, aquele seu funcionário leal, aquela babá que cuida dos seus filhos, aquele cara que lava o seu carro com todo capricho, são pobres e também merecem ser tratados de forma digna.

O termo "Conservador", na minha opinião, é nocivo ao bem estar coletivo, pois remete a tempos sombrios, nos quais a humanidade cometeu as maiores injustiças já vistas sob o sol da hipocrisia reinante. Quando pessoas pouco humanizadas, identificam-se com tal característica, elas podem tornar-se violentas, assassinas, ou, no mínimo, "terrivelmente cristãs". O que já é uma grande perigo. Em nome de algumas tradições e costumes, foram promovidas verdadeiras demonizações a determinados grupos, que sevem de estímulo, relativizam ou, até mesmo, legitimam a violência praticada contra eles até hoje.

Atenção!

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