sexta-feira, 7 de agosto de 2015

SARTORI PROPAGA CAOS PARA PROPOR PRiVATIZAÇÕES.


O presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), Everton Gimenis, não tem mais dúvida que o governo José Ivo Sartori (PMDB) está alimentando um clima de caos no Estado para justificar a privatização de empresas públicas. "Para nós, está claro que o governo Sartori tem um projeto de entrega do patrimônio público. Essa política do caos, criada pelo próprio governo desde janeiro, dizendo que não tem dinheiro para saúde, segurança e educação, e que culminou agora com o atraso no salário dos servidores, é deliberada e tem o objetivo justamente de criar uma sensação de caos na sociedade para justificar o que eles querem: a entrega das estatais", diz Gimenis.

"A direita gaúcha", acrescenta, "não conseguiu fazer todo o serviço durante o governo Britto, não conseguiu vender nem o Banrisul, nem a Corsan, e só conseguiu vender a metade da CEEE. Agora estão criando essa situação de caos tanto para justificar as privatizações como o aumento de impostos".

Gimenis lembra que o próprio Secretário da Fazenda, Giovani Feltes, confirmou que o pacote do governo deve ter essa combinação de aumento de impostos com privatização de empresas públicas. "Eles só não sabem ainda se têm maioria na Assembleia para derrubar a PEC que prevê a realização de plebiscito para a venda de empresas públicas ou se terão que ir para o plebiscito e comprar o desgaste do debate público sobre a venda das estatais", assinala o dirigente do SindBancários.

O governo Sartori, aponta ainda Gimenis, tem um grande aliado midiático na construção dessa agenda das privatizações: "a RBS é o grande canal de comunicação do governo, que fica repetindo diariamente que o Estado está completamente falido e que é preciso arrumar dinheiro de qualquer jeito, inclusive vendendo patrimônio público. Se nós não fizermos uma grande campanha em defesa do patrimônio público e do serviço público no Rio Grande do Sul, podemos ser derrotados neste plebiscito".

Com base neste diagnóstico, o Sindicato dos Bancários decidiu participar ativamente da frente dos servidores públicos. “Quando ficamos sabendo da confirmação do parcelamento e da reação dos policiais civis e militares, decidimos ingressar com aquela liminar pedindo o fechamento das agências bancárias caso não houvesse policiamento nas ruas”, relata ainda Gimenis. Nem todas as agências cumpriram a ordem judicial. O Banco do Brasil e o HSBC decidiram pelo fechamento das agências. O Santander e outros bancos fizeram um fechamento parcial, enquanto Bradesco e Banrisul mantiveram todas as agências abertas. O departamento jurídico do SindBancários denunciou esses bancos por descumprimento da ordem judicial.

Além do apoio à mobilização dos servidores públicos estaduais, o SindBancários, junto com outros sindicatos, está articulando a formação de uma frente em defesa das estatais. “Queremos mostrar à população por que é importante manter o Banrisul e o Badesul públicos, por que é importante manter a CEEE e a Corsan públicas, e o que está por trás desse discurso de caos do governo Sartori. Isso já aconteceu no governo Britto e a receita das privatizações não trouxe uma solução para os problemas financeiros do Estado. O governo Britto entregou todo o patrimônio que entregou e o Estado continuou com os mesmos problemas. Manter públicas empresas como o Banrisul e o Badesul faz parte da solução dos problemas do Rio Grande do Sul”, defende Gimenis.

O dirigente sindical considera como real a ameaça de privatização de empresas como o Banrisul, o Badesul e a Corsan pelo governo Sartori. “O atual discurso propagador do caos leva a isso. Se o governo quer vender ativos para fazer frente à crise, as joias da coroa são as grandes empresas. Não será a venda de pequenas empresas que fornecerá dinheiro para resolver os problemas financeiros do governo. No fundo, o governo não fala abertamente sobre isso porque sabe que essas empresas maiores são uma marca. Daí a dúvida em realizar o plebiscito ou não. O Banrisul é o banco dos gaúchos, apesar de o atual governo estar se esforçando para que os gaúchos não gostem mais do banco. Sartori está fazendo a mesma coisa que o Britto fez. Está incentivando aposentadorias e diminuindo o número de caixas nas agências, ou seja, está precarizando o atendimento à população e construindo um ambiente favorável à privatização. Já estão falando abertamente em vender a seguradora e a Banrisul Cartões, que são dois filés, que dão muito dinheiro”.



Sartori, lembra ainda Gimenis, era líder do PMDB durante o governo Britto, quando extinguiram a Caixa Econômica Estadual e o Badesul, venderam a Companhia União de Seguros, metade da CEEE e estavam preparando o Banrisul para privatização. “Hoje, eles não têm maioria, junto à população e junto à própria base, para repetir essa receita. O PDT já disse que não aceita a privatização da CEEE. Por isso estão buscando construir as condições para tanto por meio da disseminação do discurso do caos. Nós vamos fazer esse debate com a população e desmascarar as reais intenções desse governo. Acreditamos que a solução para o problema da crise passa pelo combate à sonegação, pela renegociação da dívida e pela retomada do crescimento, usando empresas como o Banrisul e o Badesul como agentes fomentadores de desenvolvimento. O que está em curso no Rio Grande do Sul é uma política de Estado mínimo e de desmonte do serviço público”.

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