terça-feira, 4 de agosto de 2015

JOSÉ DIRCEU E O LEÃO CECIL.


José Dirceu sempre exerceu um fascínio sobre a velha mídia brasileira. Fascínio que aumentou sobremaneira depois que se tornou o principal articulador político-partidário do processo que culminou na chegada de Luis Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, em 2003.

No exercício do cargo de ministro da Casa Civil, Dirceu foi paparicado e atacado num só tempo. Aliás, vários dos seus algozes de hoje foram bajuladores dos tempos que o petista era o "homem forte" da Republica.

A verdade é que a cabeça de José Dirceu sempre esteve a prêmio. O militante político e social espapou fedendo de ser abatido pela ditadura militar, mas, por ironia do destino, foi no regime democrático, pelo o qual tanto lutou e defendeu a vida inteira, que sua cabeça foi apresentada como troféu por cassadores de recompensa midiática. E política!

José Dirceu cometeu erros? Certamente sim! E talvez um dos maiores tenha sido deixar-se seduzir pelo canto enfeitiçador do poder, que, entre coisas, cega e ensurdece as pessoas pela vaidade e pela arrogância.

Contudo, custa-se acreditar que o ex-ministro tenha errado por dinheiro, para se tornar um ricaço. Até porque, do que adiantaria ser um multimilionário sem poder usufruir de iates, jatinhos, fazendas, mansões, viagens por paraísos no mundo inteiro, enfim, curtir a vida adoidado? Só se os milhões de Zé Dirceu serviriam apenas como artigo de contemplação. Não faz sentido.

De qualquer forma é triste ver um homem inteligente, lutador, aguerrido, um quadro político da envergadura de José Dirceu enfrentar uma situação dessa. Ainda mais quando se sabe o que está por trás da Lava Jato, operação movimentada por pedaladas jurídicas das mais flagrantes.

Abateram o Zé Dirceu.

Nesse sentido, ele está para o leão Cecil como o juiz Sérgio Moro está para o caçador Walter Palmer.









Robert Lobatto

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