terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

SÓ DEUS PODE NOS SALVAR.

Há ninguém passa pela cabeça que a situação mundial seja boa. O que assistimos pela mídia digital/social são cenas de guerra, crianças inocentes sendo assassinadas pela fúria dos ataques contra o Hamas, sacrificando ilegitimamente todo um povo de palestinos da Faixa de Gaza, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia que dura já três anos e outros 18 lugares de violência e crimes de guerra na África e alhures.

Segundo a famosa ONG Oxfam, em 2024, se considerarmos a fortuna pessoal dos 36 indivíduos mais ricos do mundo,  ela equivale  à renda de mais da metade da humanidade, concretamente, dos 4,7 bilhões de pessoas. No Brasil os 3.390 mais ricos (0.0016%) detêm 16% de toda a riqueza do país, mais do que 182 milhões de brasileiros (85% da população).

 A mesma fonte nos afirma que a cada cinco segundos, uma criança com menos de dez anos morre de fome ou de suas consequências  mais imediatas. Quem não se comove, em sua humanidade mínima, com tais cenas dramáticas, verdadeiras tragédias humanas? Parece que tocamos nos limites do final dos tempos. São cenas que poderiam estar no livro do Apocalipse.

Para entender a crise atual, devemos retroceder ao século XVII/XVIII com o advento do paradigma da modernidade os pais fundadores, Francis Bacon e especialmente René Descartes e outros romperam com uma larga tradição da humanidade. Esta entendia a natureza, a Terra e o próprio cosmos como algo vivo  e carregado de propósito.

. A Terra e a natureza só tem algum sentido na medida em que se ordenam ao ser humano que as trata ao seu bel-prazer. Essa concepção materialista do mundo não humano abriu espaço para todo tipo de uso e abuso e da própria  investigação científica, sem qualquer preocupação ética das consequências que daí se poderiam derivar.

Face à voracidade do sistema mundial de exploração/devastação da natureza, a Terra viva reagiu de várias formas: com eventos extremos, com a liberação de vírus, alguns misteriosos, o vírus X, dez vezes mais letais que o Coronavírus, cobrindo toda o planeta. Tornou obsoletos os limites entre as nações e afetou perigosamente a  inteira humanidade.

Ultimamente a mudança climática parece ter alcançado um ponto irreversível. A Terra mudou devido às práticas irresponsáveis (antropoceno) dos que detém as decisões políticas, controlam o curso mundial dos capitais e das finanças e persistem na devastação da natureza. Seria injusto atribuir simplesmente essa mudança climática à atividade das grandes maiorias empobrecidas que, comparadas com as citadas, pouco contribuem. Estamos mundialmente assistindo os efeitos deletérios dessas mudanças: os eventos extremos. A ciência e a técnica não poderão mais reverter esta mutação, apenas advertir da chegada dos eventos ameaçadores (enchentes, vendavais, tsunamis, estiagens prolongadas e aterradoras nevascas) e minorar seus efeitos danosos.

Agora podemos responder: por que chegamos aonde chegamos? Porque já há três séculos, os países dominantes,  situados no Norte Global, decidiram habitar desta forma perigosa e devastadora a única Casa Comum que temos. Impuseram a todo mundo seu modo de viver, de produzir, de concorrer e de consumir. Não somos vistos como cidadãos mas com clientes e consumidores.

Agora chegamos ao momento em que, devido ao acúmulo de crises planetárias e à nossa capacidade de nos autodestruir com armas atômicas atingimos um ponto em que o retorno se torna praticamente impossível. A seguir o caminho inaugurado há séculos, estamos a caminho de nossa própria sepultura.

Concordo com o velho Martin Heidegger: “Só um Deus nos poderá salvar”.


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