quinta-feira, 22 de novembro de 2018

A HISTÓRIA SE REPETE.

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As Rãs Que Pediram Um Rei.

A tradução é de 1941, da lavra de Nicolau Firmino, conhecido filólogo e latinista português. “As rãs, divagando pelas livres lagoas, pediram a Júpiter um rei com grande gritaria, rei que reprimisse pela força os costumes dissolutos. O pai dos deuses riu-se e deu-lhes um pequeno madeiro, que atirado subitamente às águas aterrou a raça medrosa com o movimento e com o barulho.

Como este madeiro jazesse por muito tempo mergulhado no limo, uma rã, por acaso, levanta tacitamente a cabeça para fora da lagoa e, examinado o rei, chama todas as rãs. Aquelas, deposto o temor, aproximam-se nadando ao desafio e a turba insolente salta para cima do madeiro.

Como o tivessem infamado com toda a espécie de insultos, enviaram a Júpiter rãs pedindo outro rei, porque era inútil o que tinha sido dado. Então, Júpiter enviou-lhes uma cobra-d’água, que começou a agarrá-las e comê-las uma a uma com dente cruel.

As rãs fracas, sem arte, impotentes, em vão fogem à morte, o medo fecha-lhes a voz. Por isso, secretamente dão recados a Mercúrio para Júpiter, a fim de que socorra as aflitas. Então o deus, em resposta, diz: “Porque não quisestes suportar o vosso bom rei, aguentai o mau”.

Na Terra Brasilis, a coisa anda mal, porque os homens-massa são insistentemente convocados pelos senhores do dinheiro, da informação e do poder a colocar seus sentimentos (e, digamos, impulsos) pessoais acima das regras da convivência civilizada.

Essa prática de sempre teve seus efeitos potencializados pela utilização das engrenagens tecnológicas das redes sociais, espaços utilizados para a opressão arbitrária e desatinada de um indivíduo sobre o outro.

A violência desabrida termina por solapar a vida civilizada, lançando a sociedade no desamparo e na violência sem quartel. A “solução final” imaginada pelos totalitários é a confirmação do destino que aguarda os virtuosos individualistas e antissociais: a infâmia e a barbárie.

A experiência histórica demonstra cabalmente que o totalitarismo não tem limites. Os tiranos de todas as eras e ocasiões concentraram em seus egos avantajados os desvarios das forças sociais que odiavam as Liberdades e Diversidades. Odiavam os Outros.

Nesses momentos de exaltação, os indivíduos que se proclamam “livres e excelentes” procuram desesperadamente o aprisionamento nas cadeias de manipulação e de controle. Adaptados, conformados, até mesmo confortados e felizes, são incapazes de compreender que sua individualidade é uma maçaroca sufocada nas aluviões de massas, vagalhões coletivos que promovem o aniquilamento pessoal.

Os inumanos agentes do novo totalitarismo são os funcionários da estupidez que pretendem decidir e controlar o destino do outro. O totalitarismo do terceiro milênio não usa coturnos nem câmaras de gás. Usa a informação que não pensa a si mesma.

A frase preferida do candidato Jair Bolsonaro expõe a natureza e a qualidade dos significados que informam suas relações com os eleitores: “Vamos acabar com tudo isso aí”.

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