terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

UM FUTURO SUSTENTÁVEL JUNTO A MÃE TERRA.

     


Depende de nós, se queremos mudar ou prosseguir no mesmo caminho. Chegou um momento em que não temos outra alternativa senão crer, confiar e esperar em nós mesmos. Temos que beber de nosso próprio poço. Nele estão os princípios e valores que, ativados nos poderão salvar.     Elenco alguns principais.

Em primeiro lugar  o cuidado. Sabemos pela reflexão antiga (mito do cuidado de Higino) e  pela moderna (Heidegger) que a essência do ser humano reside no cuidado, condição para viver e sobreviver. Se todos os elementos da evolução não tivessem entre si um cuidado sutil, não irromperia o ser humano. Como não possui nenhum órgão especializado, precisa do cuidado para viver e sobrevier. Da mesma forma a natureza se não for cuidada definha.

Em seguida, como os biólogos (Watson/Krick) mostraram o amor pertence ao DNA humano. Amar significa estabelecer uma relação de comunhão, de reciprocidade, com todas as coisas e implica criar um laço afetivo com elas.

Fundamental é o valor a solidariedade. A bioantropologia mostrou que a busca dos alimentos,  consumidos comunitariamente  permitiu o salto da animalidade para a humanidade O que foi verdadeiro outrora,  vale muito mais ainda nos sombrios dias atuais.

Somos também seres de compaixão: podemos nos colocar no lugar do outro, chorar com ele, partilhar suas angústias e nunca deixá-lo só. É uma das virtudes mais ausentes nos dias de hoje.

Ainda somos seres de criação: continuamente estamos inventando coisas para resolver nossos problemas. Hoje mais do que nunca a inovação é urgente se não queremos chegar atrasados na salvaguarda da vida e da natureza.

Somos, desde a mais alta ancestralidade, quando emergiu o cérebro límbico há 200 milhões de anos, seres de coração, de afeto e de sensibilidade. No coração sensível reside o enternecimento, a espiritualidade e a ética. Hoje mais do que nunca devemos unir mente e coração, racionalidade e sensibilidade, pois todo o edifício científico se construiu colocando sob suspeita a afetividade. Hoje é pela sensibilidade humanitária que condenamos o perverso genocídio, feito a céu aberto, na Faixa de Gaza de mais de 13 mil crianças inocentes e de mais de 60 mil civis.

Somos, no mais profundo de nossa humanidade, seres espirituais. A espiritualidade pertence à natureza humana, com o mesmo direito de cidadania que a inteligência, a vontade e a libido. Ela deve ser distinguida da religiosidade, embora possam se potenciar. Mas não necessariamente. A espiritualidade natural é mais originária. Ela é fontal. A religiosidade supõe e se alimenta da espiritualidade. A espiritualidade vive do amor incondicional, da solidariedade, da compaixão, do cuidado com os mais frágeis e  com a natureza. Mais ainda, como seres espirituais somos capazes de identificar aquela Energia vigorosa e amorosa que sustenta todas as coisas e o inteiro universo, com qual podemos reverentemente nos abrir. Ou integramos a espiritualidade natural, vivendo como irmãos e irmãs junto com a natureza ou então  nos condenamos a repetirmos o passado com todos os riscos que hoje ameaçam nossa existência.

Uma eco-civilização, fundada sobre tais valores e princípios, pode garantir a sustentabilidade da Casa Comum. Dentro dela se encontram os vários mundos culturais que podem e devem conviver pacificamente. Uma utopia? Sim, mas uma utopia necessária se ainda quisermos ter um futuro sustentável junto com a Mãe Terra.