sábado, 23 de fevereiro de 2013

QUANDO PARAR?

Faz algum tempo que um jornalista famoso de um diário da capital gaúcha escreveu um artigo de repercussão: “Saber parar na hora certa”. Referindo-se a todo tipo de pessoa com responsabilidades na linha de frente, o escritor falava que o saber parar é um atestado de sabedoria e grandeza. O problema é saber qual é hora certa. Onde estariam os critérios para a justa hora de saber parar?
Na realidade dos humanos há quem para cedo demais e há quem teima em não parar nunca e atrapalha os que poderiam garantir um futuro dinâmico e transformador. Existem os que mal começam exercer uma missão e dizem “terminei o gás!” Encerrar uma tarefa e começar outra, tentando acertar melhor, faz parte da normalidade da vida. Parar por entreguismo e acomodação, antes da hora, sem lançar-se para uma nova tentativa, é uma decisão prejudicial para a pessoa e para quem necessita de sua contribuição. Qual é a justa hora de parar? E quem para, quando e em que deve parar?
Nem antes, nem depois, parece ser um critério óbvio. Porém, quando se trata de realização humana e liberdade, de consciência do bem comum e de responsabilidade, não parece ser assim tão fácil decidir-se. Para quem se sente envolvido como sujeito de uma história e investiu a vida em determinada causa, a hora de saber parar não é uma brincadeira. 
Nessa questão também há um problema muito comum que acontece com pessoas que são forçadas a parar. Às vezes, é por causa da idade, outras vezes é por doença, ou até mesmo por incompetência no exercício de uma importante tarefa. Geralmente, não deixa de ser traumático o convite para que alguém pare uma atividade, ou o exercício de uma função, ou passe a outro o seu cargo que lhe merece um título de destaque.
Fico impressionado quando pais de família, que são também micro ou macro empresários, vão preparando os filhos para assumirem o que eles começaram e levaram adiante com garra, dedicação e competência. De outra parte, é muito desagradável quando há proprietários ou líderes de instituições que passam adiante seu empreendimento quando este está falido. Em lugar de ser a hora certa de parar, vira o momento da fuga e irresponsabilidade.
Creio que deverá permanecer por muito tempo na mente de todos o dia 11 de fevereiro de 2013, quando o Papa Bento XVI anunciou sua renúncia. O fato surpreendeu o mundo! Porém, o pontífice foi coerente com o que havia afirmado no livro-
entrevista “Luz do mundo”, sobre a hipótese de renunciar. Num primeiro momento disse ao jornalista: “Este não é o momento de renunciar, mas de enfrentar”. Mas na segunda pergunta do mesmo livro o Papa respondeu que é possível renunciar quando não é mais possível continuar.

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