terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

BENTO XVI: CRISE E EXAUSTÃO CONSERVADORA



Dinheiro, poder, sabotagem. Corrupção, espionagem, escândalos sexuais.A presença ostensiva desses ingredientes de filme B no noticiário do Vaticano ganhou notável regularidade nos últimos tempos.A frequência e a intensidade anunciavam algo nem sempre inteligível ao mundo exterior: o acirramento da disputa sucessória de Bento XVI nos bastidores da Santa Sé. Desta vez, literalmente, a fumaça que anunciará o 'habemus papam' deve refletir o desfecho de uma fritura política de vida ou morte entre grupos radicais de direita na alta burocracia católica. Mais que razões de saúde, existiriam razões de Estado que teriam levado Bento XVI a anunciar a renúncia nesta 2ª feira: na prática, desistiu de um poder do qual já não dispunha -- e para o qual sua dimensão intelectual já não tinha mais utilidade. Ratzinger recebeu o Anel do Pescador em 2005, no apogeu do ciclo conservador de que foi uma estrela militante.Termina seu percurso deixando um catolicismo apequenado; um imenso poder autodestrutivo embutido no canibalismo das falanges adversárias dentro da direita católica. E uma legião de almas penadas a migrar de um catolicismo etéreo para outras profissões de fé não menos conservadoras Mas legitimadas em seu pragmatismo pela eutanásia da espiritualidade social que ele ajudou a consumar.

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