sábado, 23 de fevereiro de 2013

HIPERATIVIDADE NÃO É MA EDUCAÇÃO

Em época de volta às aulas, ganha visibilidade um problema que aflige pais, filhos e professores, mas ainda não é muito bem entendido pela sociedade: o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou, simplesmente, Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA). Há quem diga que hiperatividade é desculpa para a má educação e falta de limites de algumas crianças e adolescentes, mas o distúrbio é reconhecido como doença pela Organização Mundial da Saúde. Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, presidente da Associação dos Estudos do Déficit de Atenção, o descrédito da sociedade ocorre porque os três principais sintomas do transtorno, que são distração, impulsividade e hiperatividade, são típicos da infância. “O que diferencia uma criança um pouco mais ativa daquela que de fato apresenta o DDA é a intensidade, a frequência e a constância dos três sintomas principais”, afirma. “Tudo na criança com DDA parece estar presente em demasia”, esclarece a psiquiatra. 
"Existem doenças que você tem ou não, detectadas por exames, como Aids, câncer, hepatite. Há outras que você tem quando passa de um certo grau, como diabetes, DDA”, observa o também psiquiatra Paulo Mattos, autor do livro No Mundo da Lua. “Sendo assim, todos apresentamos um ou outro sintoma de DDA, eu ficaria preocupado se encontrasse alguém sem qualquer sinal de distração, impulsividade e hiperatividade”, completa. 
Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o transtorno ocorre em 3 a 5% das crianças. A herança genética é o principal fator determinante para o DDA, que não tem cura, mas tem tratamento. Ao contrário do que muitos imaginam, o traço principal dessa doença são as alterações na atenção, e não a hiperatividade, alerta Ana Beatriz. A inquietação física e a impulsividade podem aparecer ou não nos portadores do problema. O comportamento hiperativo é mais comum nos meninos. Normalmente, essas crianças são rotuladas de “avoadas”, esquecidas, pestinhas, burras. Sem um diagnóstico e um bom tratamento, essa pecha vai acompanhar a vítima pela vida toda, prejudicando a autoestima e gerando insegurança. Estudos atestam que esses pacientes têm mais tendência a desenvolver ansiedade, depressão, transtorno do pânico, dependência de drogas. 
Conforme a ABDA, o transtorno não é um problema de aprendizado, mas a dificuldade em manter a atenção, a desorganização e a inquietude atrapalham o rendimento escolar. É preciso orientar professores e alunos, com técnicas que ajudam minimizar as dificuldades. 
Os especialistas explicam que o diagnóstico é feito pela observação e histórico do paciente. O tratamento inclui remédios que estimulam as substâncias em desequilíbrio no cérebro. A psicoterapia (cognitivo-comoprtamental) também é fundamental. Se os pais suspeitarem do problema, devem procurar ajuda e orientação. “Há meios de melhorar a convivência e estimular bons comportamentos", afirma a psiquiatra Ana Beatriz.

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