sábado, 29 de fevereiro de 2020

SONHAR E LUTAR.


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 Convidamos a todos a sonharem juntos, embora haja quem permaneça entrincheirado nas resistências. Alguns fazem parte da Igreja, sem se dar conta da viragem civilizatória que está ocorrendo em todo o mundo. Dentro dessas transformações em curso uma situação é preocupante: o fenômeno de um cristianismo torto, que se expande e se mistura com projetos políticos de poder, numa perigosa simbiose de interesses político-partidários, que envolve discursos e práticas mais ligados às manipulações do que à espiritualidade capaz de gerar mudanças a partir dos valores do evangelho. Todo esse fenômeno religioso-cultural, no Brasil, é emoldurado e alimentado pela condição viciada da política, suas instituições enfraquecidas, suas lideranças incapazes de sinalizar e encontrar novos rumos. Nesse descompasso se inscreve a pouca maturidade político-civilizatória da sociedade brasileira que, facilmente, trata líderes políticos como se fossem ídolos do mundo do esporte.

O convite é um remédio – jamais uma alienação e menos ainda uma iconoclastia, na contramão de princípios irrenunciáveis da rica tradição  que tem marcado mundo afora, de modo positivo, há mais de dois mil anos, diferentes culturas, a partir de um diálogo que merece reverências e reconhecimentos. São incontestáveis a força e a riqueza da tradição cristã na confecção do tecido cultural brasileiro. Tecido que sofre, na contemporaneidade, com a perda de suas raízes e, consequentemente, corre o risco de um colapso, provocado por efervescências religiosas que parecem portar a bandeira do cristianismo, mas se misturam com projeto de poder político. Uma realidade que requer posicionamentos assertivos, incidentes. E o convite a sonhar, na sua exortação depois do Sínodo da Amazônia, “Querida Amazônia”, é indicação sábia e luminosa desse caminho que precisa ser percorrido. Sem trilhá-lo, poderá se chegar a uma situação irreversível de prejuízos, manipulações e tortuosidade religiosa.

Não é, absolutamente, hora de praticar resistências demolidoras internas figadais, injustas e comprovadamente por interpretações de fatos e atos a partir de critérios distanciados do evangelho, para promover a vida – dom frequentemente negociado por quem desconsidera o seu real valor - e pela consciente tarefa de não deixar a nação sucumbir-se na mistura entre religiosidade e política, interesses de poder em contraposição ao bem comum.

A sociedade brasileira está enterrada numa intrincada complexidade, agravada pelas colisões, pelo esvaziamento de uma diplomacia assentada em valores humanísticos. Isso atrasa e inviabiliza o encontro de respostas para os problemas atuais. Assiste-se a uma ameaçadora adesão aos interesses que colidem com o sonho social, o que retarda mais o surgimento de uma economia capaz de combater exclusões sociais perversas, eliminar dinâmicas consumistas e imediatistas que esfacelam as raízes culturais. 

Vencer resistências à aprendizagem das lições da ecologia integral é o único caminho para se conquistar a justiça. De maneira profética, é possível contribuir para livrar a sociedade brasileira de maiores e deletérios fracassos políticos, para conduzir o país rumo à novidade que todos almejam, com a luminosidade do que é antigo, mas, ao mesmo tempo, sempre novo: a fé. Em lugar das resistências, desdobradas em ataques, todos devem sonhar, remédio para curar, transformar e edificar uma sociedade justa e solidária - buscar um genuíno compromisso com o anúncio do reino de Deus.


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

ACABOU A BRINCADEIRA


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Jair Bolsonaro está convocando o povo, ou, pelo menos, a parcela da população que ainda o apoia, para uma manifestação cujo objetivo é fechar o Congresso nacional. Talvez, se o presidente de qualquer outro país mais sério do que o nosso fizesse o mesmo, já estaria, no mínimo, respondendo a um processo por atentar contra as instituições democráticas do país. Porém, não sei porque cargas d’água ele ainda não está sob um processo de Impeachment. Motivos não faltam. E foram dados por ele mesmo.
Às vezes fica difícil escrever sobre o atual presidente, porque inevitavelmente estaremos sendo repetitivos. Tudo o que tinha de ser dito sobre Bolsonaro, já foi escrito. Assim como tudo o que precisávamos saber sobre ele, também já é de conhecimento da maioria. Então, o que fazer? Agir, meus caros! Com o mesmo empenho e vigor, que ele age para instaurar uma ditadura no país. O sonho de ter os seus opositores, sob um governo totalitarista onde ele estará acima de tudo e de todos, está quase se materializando. Iremos permitir?

Chega de textos, memes, paródias, esquetes, para criticar ou satirizar a suprema ignorância e autêntica estupidez, de um adorador de torturadores sanguinários. Bolsonaro deve ser defenestrado do cargo, e ter a sua carreira política encerrada para o bem geral da humanidade. Como diz Carlos Cereto do Sportv: “Acabou a brincadeira” Chega! É inadmissível que Congresso, STF, a esquerda e parte da sociedade brasileira que ainda raciocina, admitam que um chefe de estado use a máquina administrativa, para legitimar um poder paralelo criado por ele e gerido por sua milícia de robôs, apoiadores e de integrantes do seu governo.

Onde estarão os congressistas de esquerda e todos os parlamentares opositores do governo, no dia 15 de março? No Twitter, no Insta ou no Face, atuando como digital influencer, diante da manifestação antidemocrática que Bolsonaro e seus Generais organizam. Assim eque vocês estão defendendo o povo, que lhes confiou o voto e lhes deu autoridade para lutarem contra o fascismo e o absolutismo lunático do seu Jair? Até a retroescavadeira do Cid Gomes foi mais útil até agora. A não ser que esse bundamolismo seja estratégico.

A oposição virou uma blogueira caçadora de likes e de seguidores nas mídias sociais. Não age, de fato, como deveria agir diante do que o atual governo vem fazendo e planejando fazer. Só está jogando pra galera. Por isso, Bolsonaro está deitando e rolando. Até o Congresso ele quer fechar. Duvida que ele consegue? Fica nessa aí, postando meme, notinha de repúdio, passando maquiagem e moldando o topete para entrar na live com os fãs, que vocês vão ver. Essa esquerda Manuelica e Molonica não representa o povo não.

O coro está comendo e os companheiros nos quais ainda depositamos alguma confiança, estão limitando-se ao papel de comentaristas do caos nas redes sociais. Isso o José Simão já faz e bem melhor. Temos agora uma esquerda Nelson Rubens, que se resume a fazer fofocas sobre os bastidores do governo. Cadê aquela esquerda raiz que tínhamos aqui? O gato comeu? O povão não tem prerrogativa de foro e nem imunidade parlamentar. Cabe a vocês, que dizem estar ao nosso lado, nos acompanharem nas ruas.

Agora é a hora de fazer e de mostrar a diferença. Esquerda, mostra a tua cara! Ou então, “Foda-se” junto com eles.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

A HORA É AGORA


"Há momentos na vida de um país que exigem a imediata tomada de posição dos responsáveis pela institucionalidade para evitar o pior", escreve o jornalista Ricardo Kotscho. "Está em jogo a sobrevida da nossa democracia".


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"Voltamos a viver dias muito semelhante aos que antecederam o golpe cívico-militar de 1964, que afundou o país em duas década de ditadura.

Com uma grande diferença: naquela época, o objetivo era derrubar o governo do civil João Goulart e colocar os militares no poder, para “combater a subversão comunista e a corrupção”.

Para isso, movimentos civis e militares organizaram a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, por ironia liderada pelo notório governador de São Paulo, Adhemar de Barros, que era conhecido como o “rouba mas faz”.

Agora, trata-se de salvar um governo militarizado, já no poder, liderado por um ex-capitão cercado de generais, que subverte a Constituição, e convoca o povo a ir às ruas contra o Congresso e o STF.

Por isso mesmo, só vejo uma saída pacífica para evitar o novo golpe que já tem até data marcada: 15 de março.

Está nas mãos do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal deter esta tragédia anunciada.

Assim como em março de 1964, não há povo mobilizado para impedir a marcha do autogolpe, mas as instituições ainda podem evitar o pior.

Urge que o Legislativo e o Judiciário se reúnam ainda hoje para responder à ofensiva desencadeada por Bolsonaro na noite da terça-feira de Carnaval ao afrontar a democracia e o Estado de Direito.

Lideranças políticas, de FHC a Lula, já se manifestaram pelas mesmas redes sociais, logo após a divulgação do vídeo golpista, pela repórter Vera Magalhães, do Estadão.

Mas só isso não basta para se contrapor à blitzkrieg de estética nazista desfechada pelo vídeo, muito bem produzido para botar terror na população.

Em 1964, o STF e o Congresso se acoelharam e garantiram a “eleição” do marechal Castello Branco, o primeiro do ciclo de militares que só se encerrou em 1985.

E havia naquela época grandes líderes civis de oposição ao golpe, coisa que hoje não acontece, com os partidos esfacelados pela Lava Jato e o movimento sindical destroçado pela reforma trabalhista.

É nesses momentos graves da nacionalidade que podem surgir novas lideranças democráticas nos tribunais, no parlamento e na sociedade para dar um basta à escalada golpista agora escancarada.

Não era fake news o vídeo de Bolsonaro que apelou à mais debochada demagogia dos regimes fascistas.

Com o cinismo de costume, o ex-capitão voltou hoje às redes sociais para assumir a paternidade do vídeo e afirmar que se tratava apenas de um Whatsapp de “cunho pessoal” e que “qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”.

Como assim? O presidente da República assina uma convocação feita por movimentos de extrema direita para protestar contra os outros poderes, e ele acha que vai ficar tudo por isso mesmo?

Bolsonaro não faz qualquer menção ao vídeo de “cunho pessoal” produzido com esmero por profissionais do marketing, ao som do Hino Nacional, como se o país estivesse em guerra.

Até o momento em que comecei a escrever esta coluna, os presidentes da Câmara, do Senado e do STF ainda não haviam se manifestado, mas não pode passar desta Quarta-Feira de Cinzas uma tomada de posição conjunta, em defesa do que resta de democracia em nosso país.

O único ministro do Supremo que se manifestou até agora foi o decano Celso de Mello, que enviou texto à Folha no qual denuncia a gravidade do desafio lançado por Bolsonaro;

“O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das leis da República”.

A pena prevista nesses casos é o impeachment, o afastamento do presidente da República para que seja julgado por crime de responsabilidade.

Que os demais ministros do STF e os parlamentares se guiem pelas palavras de Celso de Mello e assumam as suas próprias responsabilidades para que não se consume um novo golpe dentro do golpe, como aconteceu com o AI-5 em 1968.

Ao revelar “a face sombria de um presidente da República”, escreve o decano, “que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de Poderes, que demonstra visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do principio democrático!!!”

Os três pontos de exclamação de Celso de Mello indicam o caminho a ser tomado, antes que os golpistas fechem o STF com um jipe, um cabo e dois soldados, como já ameaçou Eduardo Bolsonaro, que nesse momento, não por acaso, está nos Estados Unidos.

Há momentos na vida de um país que exigem a imediata tomada de posição dos responsáveis pela institucionalidade para evitar o pior.

Com a palavra, Dias Toffoli, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre.

Eles têm que decidir agora como pretendem entrar na História, ou terão que se calar para sempre.

Está em jogo a sobrevida da nossa democracia."

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

O DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS PODE SER MAIOR DO QUE O DOBRO ESTIMADO


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A reportagem é publicada por Wageningen University and Research e reproduzida por EcoDebate, 14-02-2020. A tradução e edição são de Henrique Cortez.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estimou que, em 2005, um terço de todos os alimentos disponíveis para consumo humano foram desperdiçados – alimentos adequados ao consumo humano, mas não consumidos. Esse número continua a servir como referência para a extensão do desperdício global de alimentos ao longo da cadeia de suprimento de alimentos. Usando a estimativa da FAO de um terço, a literatura existente calculou um número correspondente em calorias – 24% das calorias foram desperdiçadas e oito dos 24% foram desperdiçados apenas pelos consumidores.

Como a riqueza pode afetar o desperdício de alimentos

No entanto, a metodologia da FAO e, portanto, a estimativa de desperdício de calorias com base nela, não leva em consideração o comportamento do consumidor em relação ao desperdício de alimentos; somente o suprimento de alimentos determina a extensão do desperdício de alimentos. Este estudo é o primeiro a investigar se e como a riqueza do consumidor pode afetar o desperdício de alimentos. Usando um modelo de metabolismo humano e dados da FAO, do Banco Mundial e da Organização Mundial da Saúde, Van den Bos Verma e colegas quantificaram a relação entre desperdício de alimentos e riqueza do consumidor. Usando esse modelo, eles criaram um conjunto de dados internacional que fornece estimativas de desperdícios de alimentos globais e específicos de cada país.

Seus resultados sugerem que o número de oito por cento é muito baixo e os consumidores podem ser responsáveis por até dezenove por cento. Os autores também descobriram que quando a riqueza do consumidor atinge um limite de gastos de aproximadamente US $ 6,70 por pessoa por dia, o desperdício de alimentos começa a aumentar – aumentando rapidamente com o aumento da riqueza no início e, em seguida, a taxas muito mais lentas em níveis mais altos de riqueza. Isso sugere que, mesmo na categoria de renda média-baixa, os países do extremo mais alto do espectro já enfrentam o risco de um rápido aumento no desperdício de alimentos. Portanto, para alcançar baixo desperdício global de alimentos, precisamos reduzir o desperdício de alimentos em países de alta renda e também impedir que ele suba rapidamente nos países que atingem o limiar.

Outros atributos e motivos

Este trabalho baseia-se nos dados do balanço alimentar da FAO, que têm limitações em relação à sua precisão. Além disso, existem muitos outros atributos e motivos do consumidor além da riqueza, que afetam o desperdício de alimentos do consumidor. No entanto, Van den Bos Verma e colegas acreditam que o método por trás de seu trabalho pode ser usado como base para introduzir a elasticidade da riqueza de resíduos como um novo conceito em modelos de consumo empíricos, para entender e avaliar melhor as magnitudes atuais do desperdício de alimentos e para ajudar medir o progresso global na redução do desperdício de alimentos (ODS 12.3).



Wageningen University and Research, EcoDebate

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

EL CID

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Por uns minutos tive Cid como um herói, quem diria. Ou anti herói. Na verdade ele me pareceu um chapolin colorado, aquele que aparece na hora exata e faz o que ninguém recomendaria.

Dizem que os irmãos Gomes são cabras machos, o que já é uma tremenda fuleiragem, porque cabra macho é bode, a não ser que se trate de uma cabra trans.

Antônio Carlos Magalhães e Fernando Collor de Melo (vai em minúsculas mesmo) também tinham fama de serem bode trans.

E são abjetas criaturas. Macheza sempre foi sinônimo de prepotência.

Essa caricatura de macho dos Gomes, que na verdade é destempero e arrogância, gerou um fato inusitado.

Alvejaram El Cid, e o cabra sangrou, o que o coloca em uma categoria humana distinta daquele seu colega de política que por enquanto nos preside.

Este num sangra com facada, com tiro e nem com estaca de madeira no peito.

Levemos a coisa a sério: é inacreditável que policiais armados estejam em motim, usando familiares como escudo e a sociedade como alvo, levando o terror à população sobre o pretexto de pedirem aumento salarial.

Sim, eles ganham mal, mas nem por isso têm o direito de barbarizar o Estado.

quando a greve do trabalhador civil, desarmado, é considerada abusiva ou ilegal, a polícia, armada e fardada, vai lá e senta a cacetada em pais e mães de família.

E quando o ilegal é o cabra de farda? e agora quem poderá nos proteger?

É nessas horas que a gente precisa de um sujeito que saiba pilotar uma retroescavadeira.

E Cid parece ter frequentado a autoescola, porque o fez com maestria.

Agora eu te pergunto, de onde diabos saiu aquele veículo?

Cid veio pilotando o estranho carango de casa e o deixou estacionado numa esquina esperando o momento adequado para entrar em cena? por se acaso, como se diz em español.

Aí seria premeditação.

Ou será que o trator passava pelo caminho e El Cid, movido por forte emoção e senso de urgência, arrancou o motorista da boléia e assumiu o comando, como um super-homem do sertão?

Acho mais provável essa.

Não nos esqueçamos que o fato se deu em Sobral, terra natal de Didi Mocó. e a coisa toda cheirou-me a um filme dos Trapalhões.

Se o veículo pertencia ao município e estava a serviço, o desvio de percurso foi, também, um desvio de finalidade, o que pode gerar um processo administrativo.

Cid, é bom que se diga, tentou o diálogo, queria resolver tudo na saliva e na garganta.

Não lhe deram ouvidos.

Então, ele voltou, megafone em punho, e falou grosso: ligou o cronômetro e deu cinco minutos para os amotinados se desamotinarem.

Deram-lhe uma banana.

Mas Cid não é de levar desaforo pra casa; por isso, o inusitado aconteceu.

Você sabe, meu caro folião, quando um irmão se chama Ciro e o outro Cid, você já percebe o tamanho da humildade da moçada, eles não vieram ao mundo a passeio.

E quando passeiam é montado numa patrola.

Há imagens de um sujeito atirando no senador cearense, o atirador tinha o rosto oculto. mas há de ser desmascarado e pagar pelo crime que cometeu.

Legítima defesa?

Ah, cara, Cid tava blefando. claro que ele não sairia esmagando as pessoas como um doido varrido.

Sobral é terra de Didi, mas também é berço de Belchior e já recebeu a inusitada visita de Albert Einstein, cabelo arrepiado e língua de fora.

Há razão na loucura!

Sinto muito pelo o que ocorreu com Cid, o seu agressor é um covarde e tem que ser punido com os rigores da lei.

Sinto muito que El Cid tenha que ter chegado a essa situação limite.

Torço pela sua recuperação e a sua volta à refrega política, e que da próxima vez que for de retro use um colete à prova de bala e um capacete blindado; todo super-herói tem uma carapaça, amigo.

Ir de peito aberto contra uns caras que já tinham se mostrado dispostos a tudo, e já estavam a delinquir pela cidade, de balaclavas, barbarizando a vida dos cidadãos, é suicídio, man!

Finalizo assim: agora, ferido, Cid é um ser humano e merece toda a minha solidariedade; porém, uma vez curado, volta a ser um machão arrogante e mascarado, um coroné das típicas oligarquias que há muito entram de peito aberto a mostrar os dentes e a exibir poder; no gogó, um tipo de retroescavadeira verbal.

Dessa vez tamo junto, o inimigo do meu inimigo é meu amigo.

Mas há ressalvas: em cima daquela retroescavadeira, El Cid foi um herói pra mim; no chão, não.

Comigo ele não dança xaxado, porque fico vexado só de escutar chiado do chinelo dele.

Palavra da salvação.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

CARNAVAL: UM POUCO DE HISTÓRIA.


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Segundo a historiadora Valéria G. Reiter "Kronias, Saturnais, foram festividades gregas e romanas respectivamente onde os escravos ocupavam o nicho de seus senhores, se travestindo com a alegria carnavalesca da celebração.

Bem, a palavra carnaval vem do latim carnem levare, que significa: “se livrar da carne”– e na pele de entrudo; que significa princípio, início, começo; a festa com o mesmo nome ocorria durante três dias antes do inicio da Quaresma, e foi introduzido no Brasil pelos portugueses no século XVI.

Será que estas criaturas sempre desejaram “sua libertação de todo tipo de repressão” e por isto teriam que idolatrar a um deus (só seu) e particularmente mais justo que o apregoado pelo mundo religioso. E foi ansiando por uma condição mais digna que homens e mulheres pulavam e atiravam água uns nos outros, ou mesmo urina, para esquecer das injustiças seculares.

O sagrado e o profano (apêndices necessários) a um Sistema Instituído ( sempre teve sede de controle) sobre as vidas incautas de um turbilhão de seres (organizados quimicamente) para a reprodução quase (compulsória) em suas humildes vidas irrisórias, e que precisam oscilar entre: gargalhar nos Entrudos, e labutar como (pecadores) após a Quaresma...

A tradição de comemorar com alegria o tempo que antecede a Quaresma foi dividida em Familiar e Popular, e grandes bonecos comemorativos chamados de entrudos feitos de madeira e tecido transitavam entre os foliões brasileiros; porém no século XIX, os governantes iniciaram a caça aos carnavalescos do Entrudo que já vinha sendo perseguido desde que começou no Brasil – e no de 1854 foi praticamente proibido.

Toda a perseguição sofrida pela festa popular adveio principalmente do fato de esta ocorrer entre os escravos coloniais, que mantinham a tradição portuguesa acesa – o fazer de conta para esta camada oprimida e relegada da população mascarava a dor cruel da escravidão com a fantástica animação.

A festa da mudança onde os papéis se invertem na sociedade, sempre fez parte da vida das pessoas – e faça chuva, faça sol; sob chicote, ou através dos olhares repletos de animosidade dos falsos evangélicos: o povo brasileiro em 2020 continua a reverenciar os deuses da felicidade e da liberdade carnavalesca da tradição popular.

O governo brasileiro chama o povo do nordeste de “cabeças-grandes”, debocha e ri destes geniais nordestinos, povo suprassumo de resistência em um país que nos deu um dos mais eminentes representantes: Luís Inácio Lula da Silva. E caso não tivéssemos o carnaval, resistir a este fascismo verde e amarelo seria quase que impossível."

#CARNAVALDARESISTÊNCIAÉPRECISO

sábado, 22 de fevereiro de 2020

O CRESCIMENTO DIGITAL E SEUS PROBLEMAS III

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Continuamente a toda velocidade

No entanto, tanto os operadores de rede, como os provedores de acesso à internet, a exemplo da Orange, Bouygues ou SFR (Sociedade Francesa de Radiotelefonia), ou mesmo esses gestores de centros de dados que são os provedores de conteúdo como Netflix, Google ou Facebook, todos procuram a todo custo combater “o risco de latência” para o usuário. Isto é, o tempo que os dados levam para carregar e, portanto, a página da web ou o vídeo a ser exibido em nossos terminais. Para conseguir isso e poder responder a qualquer momento a uma demanda muito alta, eles inflam exageradamente a sua infraestrutura. “As infraestruturas são muito grandes, seja pelo número de servidores nos centros de dados ou pela largura da banda das redes de comunicação”, resume Laurent Lefèvre, do Inria.

Em consequência, muitas dessas máquinas funcionam continuamente a toda velocidade mesmo quando são pouco ou nada utilizadas. “Porque, mesmo que um servidor não seja usado, ele consumirá em energia o equivalente a 50% de seu consumo no momento de pico de atividade, observa Laurent Lefèvre. Além disso, alguns equipamentos de rede têm uma carga elétrica constante, independentemente de seu uso”.

O modem é um exemplo perfeito. Pelo fato de muitos deles não serem equipados com um simples botão liga/desliga, eles operam 24 horas por dia, mesmo quando são usados apenas uma parte do dia. Essa hiperdisponibilidade dos equipamentos também se reflete na falta de adaptação da rede aos ciclos de consumo, “embora possa haver uma sazonalidade em certos usos digitais, entre o dia e a noite, a semana e o final de semana”, acrescenta Laurent Lefèvre.

Uma economia sem limites

De fato, o digital foi construído com o desejo de oferecer um serviço cada vez mais eficiente e rápido, mas com muito pouca ou nenhuma consideração de seu peso energético e ambiental. “Do lado dos fornecedores, ninguém realmente agiu sobre a necessidade de projetar limites físicos para a economia digital”, disse Hugues Ferrebœuf, gerente de projetos digitais do The Shift Project. Ao mesmo tempo, o setor tem sido alimentado por ganhos constantes em eficiência energética. E para uma mesma ação, é preciso hoje uma quantidade de energia bem menor do que ontem.

Ou seja, dá para baixar o consumo de energia? Não, porque você precisa confiar no poder dos “efeitos rebote”, que são muito importantes no universo digital. De fato, assim que se torna mais barato energética e economicamente realizar uma determinada ação, a lógica seria que o consumo de energia diminua. Porém, acontece o contrário: por ser mais barato, intensificamos os usos! “Entre 2014 e 2018, para um mesmo dado transportado na rede móvel, conseguimos mobilizar cinco vezes menos energia, mas ao mesmo tempo transportamos sete vezes mais dados”, explica Marc Blanchet, diretor técnico e do sistema de informação da Orange. Fazer um uso mais eficiente em termos de energia não leva automaticamente a menos consumo, mas o contrário.

O reino da obsolescência

A implantação próxima do 5G mostra isso. A rede móvel de quinta geração, que deve entrar em operação nos próximos anos, é o resultado de uma inovação tecnológica, mas promete aumentar ainda mais o consumo de dados. “Uma velocidade multiplicada por dez e um tempo de transmissão dividido por outro tanto”, afirmam seus promotores. Se os contornos dessa tecnologia ainda não estão completamente definidos, nem as consequências ambientais conhecidas, é certo que isso vai gerar uma intensificação de usos. Mas também vai acelerar a troca da internet fixa pela internet móvel. No entanto, a rede móvel consome muito mais energia do que a rede fixa, pois é necessário transmitir um sinal de uma antena que deve passar através de paredes espessas e não trazê-lo através de cabos para um modem. O regulador francês de telecomunicações, a Arcep, diz que, comparada à fibra ótica, a rede móvel consome cerca de dez vezes mais energia para a mesma quantidade de dados transportados.

“Além disso, cada salto tecnológico acelera a obsolescência de equipamentos e o 5G não vai fugir disso”, acrescenta Frédéric Bordage. Uma das razões para a crescente pegada ecológica da tecnologia digital é a rápida renovação de equipamentos. Os franceses mudam de smartphone em média a cada dois anos, enquanto em 88% dos casos eles ainda funcionam. O motivo? “Os serviços digitais estão ficando mais pesados e os aparelhos estão tendo dificuldades para rodá-los. Portanto, eles ficam mais lentos ou não podem se atualizar”, resume Liliane Dedryver, gerente de projetos digitais da France Stratégie. Isso é chamado de fenômeno da “obésiciel” – uma contração de obesidade e programa. “O número de recursos para um mesmo serviço está aumentando constantemente, acrescenta Laurent Lefèvre, e acima de tudo com recursos não modulares, que não podem ser desativados”. A simples reserva de um bilhete pode ser acompanhada pela geolocalização do cliente, a memorização do histórico de suas buscas e de suas compras...

Os terminais devem ser cada vez mais poderosos para acompanhar esse ritmo frenético. Apesar das melhorias para potencializar o desempenho dos modelos mais antigos, os fabricantes estão lançando continuamente novos produtos com uma pegada de carbono mais alta que as versões anteriores. Entre o iPhone 4, lançado em 2010, e o iPhone X, comercializado em 2017, a pegada de carbono aumentou 75%, passando de 45 g para 79 g de CO2.

Baixa reciclagem

Com essa renovação, nossos armários estão cheios de smartphones e computadores antigos. Porque no final da vida útil, esses resíduos nem sempre acabam na lixeira apropriada. A taxa de coleta de celulares é de apenas 49% na França, em comparação com 95% para computadores. O balanço global é ainda mais fraco, pois apenas 20% do lixo eletrônico de todos os aparelhos é coletado. Além disso, coletar não significa necessariamente reciclar.

Desde a produção até a morte, o digital é tudo menos um serviço imaterial e renovável. “Ao levar muito pouco em conta seus limites ambientais, parte da inovação atual não é compatível com o mundo de amanhã”, estima Jean-François Marchandise, diretor de pesquisa e previsão da Fundação Internet Nova Geração (Fing). Uma ironia para um setor que quer transformar nossas vidas.

Publicado anteriormente por Justin Delépine.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

O CRESCIMENTO DIGITAL E SEUS PROBLEMAS II

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Continuação...

Produção muito gulosa


No entanto, só a produção de todos esses equipamentos (computadores, smartphones, etc.), chamados terminais por estarem posicionados na extremidade da rede, é ao mesmo tempo altamente poluente e cara em termos de energia, antes mesmo de falar sobre seu uso. De fato, eles contêm metais preciosos e raros, cuja extração requer, por um lado, um consumo em larga escala de água e produtos químicos, poluindo o solo e as águas subterrâneas e, por outro lado, energia, desta vez produzida principalmente a partir de hidrocarbonetos, que emitem muito CO2. Essa produção, responsável por 45% do balanço total de energia digital, é distribuída entre smartphones (11%), computadores (17%) e televisores (11%). E sua gula é tamanha que 0,2% do consumo global de água doce é atribuível às tecnologias digitais, de acordo com a Green IT. Esse número pode parecer baixo, mas, na realidade, “a tecnologia digital acrescenta tensão a esse recurso, que já é constante e generalizado”, indica Frédéric Bordage.

Durante o ciclo de vida de um smartphone, sua produção representa 90% de sua pegada energética e sua fonte de alimentação (recarga de baterias) 10%. Mas a isso deve ser adicionado o funcionamento da rede que usa. De fato, qualquer ação na internet, como consultar um sítio, é equivalente a carregar dados no seu terminal. Dados que são armazenados em um servidor localizado em um centro de dados, os famosos data centers. Para chegar ao nosso terminal, os dados tomam as rodovias digitais que formam a rede, composta de cabos que cruzam o mundo, modems, antenas, etc. Em média, um dado digital percorre 15 mil quilômetros, diz a Agência Francesa de Meio Ambiente e Gestão de Energia (Ademe).

Muito calor

Toda essa infraestrutura está sob constante tensão elétrica. Ela é, portanto, gulosa na corrida. Na França, por exemplo, o digital representa 10% do consumo nacional de eletricidade, ou 40 tWh. A rede e os centros de dados respondem por 70% desse consumo, o equivalente a pouco mais de dois terços do consumo dos aquecedores elétricos domésticos. Os centros de dados são particularmente energívoros, porque os servidores não apenas consomem eletricidade para a sua operação, mas também e, acima de tudo, emitem calor. O usuário de um laptop simples, percebendo o calor emitido por sua máquina após algumas horas, pode facilmente imaginar como a temperatura aumenta nesses grandes hangares, onde dezenas de milhares de servidores operam continuamente. Para evitar o superaquecimento, os centros de dados são, portanto, constantemente resfriados, em parte por ventilação, mas também por ar condicionado. Uma fonte adicional de consumo de energia.

Tudo isso explica por que em nível mundial 55% da conta de energia digital vem do seu uso. Esse consumo associado ao uso é dividido igualmente entre os centros de dados (19%), a rede (16%) e o carregamento dos próprios terminais (20%), sejam smartphones, computadores ou televisores conectados.

Continua amanhã.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

O CRESCIMENTO DO DIGITAL E SEUS PROBLEMAS

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O digital está crescendo exponencialmente e sua pegada ecológica também. Com a proliferação de equipamentos e usos, isso não está prestes a parar.

Raramente uma tecnologia também oculta sua infraestrutura física. Para muitos de nós, o ato de tirar uma fotografia de uma linda paisagem com o smartphone e enviá-la às pessoas queridas por meio do grupo familiar do WhatsApp não tem consequências ambientais. Além disso, o smartphone nem perdeu 1% da carga da bateria. No entanto, qualquer ação realizada na internet mobiliza uma gigantesca infraestrutura e que consome energia.

Para chegar aos aparelhos dos seus entes queridos, o arquivo digital imaterial que transporta a bela paisagem atravessa milhares de quilômetros, através de cabos subterrâneos e submarinos que estão conectados à rede elétrica. E se você o mantiver na nuvem, o arquivo é armazenado em um centro de dados conectado e com ar-condicionado 24 horas por dia. Por fim, para alcançar outros smartphones, o arquivo deve ser enviado por uma antena de retransmissão. Tudo isso requer energia. A pegada ecológica digital é realmente significativa.

É difícil mensurá-la com toda precisão em seu conjunto (produção dos equipamentos e uso) especialmente devido à sua natureza global. “Uma simples busca pode ser executada em vários países”, especifica Laurent Lefèvre, pesquisador em informática do Inria (Instituto Nacional de Pesquisa em Informática e Automação), também vice-diretor do grupo de pesquisa do CNRS-EcoInfo. Se nos ativermos apenas à parte energética desse balanço ambiental, estima-se que o digital representa 10% do consumo global de eletricidade (ao qual devem ser adicionadas outras fontes, como hidrocarbonetos, para a fabricação de materiais). Um balanço energético que é distribuído mais ou menos igualmente entre a produção de equipamentos (45%) e seu uso (55%).

No entanto, o mix global de eletricidade ainda funciona amplamente com energias fósseis (carvão 38% e gás 23%) e, portanto, emite grandes quantidades de CO2, o principal responsável pelo aquecimento global. O resultado: as tecnologias digitais são responsáveis por 3,7% das emissões globais de gases de efeito estufa. Isso significa que esse setor emite uma quantidade de gases de efeito estufa semelhante à da aviação ou de um país como a Rússia. Mais preocupante ainda: “Nenhum setor de atividade tem crescimento equivalente ao digital”, observa Frédéric Bordage, fundador da comunidade Green IT (Tecnologia da Informação Verde).

De fato, de acordo com cálculos da associação The Shift Project, as emissões de gases de efeito estufa dadas à produção e uso da tecnologia digital estão aumentando 8% ao ano, de modo que a participação da tecnologia digital nas emissões global poderia atingir 8% em 2025. Essa participação depende obviamente da evolução do mix de eletricidade, mais ou menos carbonizado, e das emissões de outros setores. Porém, uma coisa é certa: ela está crescendo e é alimentada por todos os lados.

Porque as tecnologias digitais ainda têm seções inteiras da humanidade para conquistar e equipar. Em 2016, apenas 49% dos habitantes do mundo eram usuários da internet, mas o crescimento é exponencial; em 2010, eram apenas 28%. São principalmente os países em desenvolvimento que aumentarão enormemente as fileiras de usuários da internet. De acordo com o Banco Mundial, 1 bilhão de indianos ainda não tinham acesso à internet em 2016, por exemplo, e 755 milhões de chineses. O reservatório de novos usuários continua grande.

Mas esse crescimento também vem dos países do Norte. Se a grande maioria da população já está conectada (89% na França, 80% dos quais se conectam diariamente), nossos aparelhos digitais e nosso consumo de dados estão em constante crescimento. Smartphones, tablets, computadores, alto-falantes e televisores conectados, consoles de jogos, impressoras conectadas, etc.: o número médio de dispositivos conectados por pessoa foi de cinco em 2016 na Europa Ocidental e oito na América do Norte. Em 2022, esses números podem aumentar respectivamente para 9 e 13. Anualmente, são vendidos 1,5 bilhão de smartphones em todo o mundo, elevando para mais de 10 bilhões o número desses aparelhos que foram vendidos desde o seu surgimento, há uma década.

Continua amanhã.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

BEBEDOUROS PARA EVITAR AS GARRAFAS PLÁSTICAS


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Não há mais dúvidas de que a guerra ao plástico foi declarada. Depois de várias iniciativas internacionais, na semana passada, a União Europeia revelou um plano para “limpar” o continente do plástico de um uso só – como garrafas PETs, canudos, colheres de café, talheres e embalagens -, até 2030. A Bélgica será o primeiro país da comunidade a taxar o uso deste tipo de produto.

Esta semana foi a vez do prefeito de Londres, Sadiq Khan, anunciar a instalação de bebedouros e fontes de água em diversos pontos da capital inglesa para combater a utilização de garrafas plásticas de um uso só e estimular a população e os turistas a carregar suas próprias garrafas.

Estima-se que um milhão de garrafas plásticas são vendidas por minuto no planeta, ou seja, 20 mil são compradas a cada segundo no mundo. Os números são da pesquisa Global Packaging Trends Report da consultoria Euromonitor International.

Apenas em 2016, foram comercializadas 480 bilhões de garrafas feitas com plástico. E se este consumo, já não fosse suficientemente alarmante, deve crescer mais 20% até 2021, chegando a 583 bilhões de unidades.

Inicialmente, o projeto piloto de Londres irá instalar 20 novas fontes no próximo verão. Mas a partir do mês que vem, outra parte da iniciativa já será iniciada em cinco regiões da cidade. Restaurantes, bares e lojas irão disponibilizar bebedouros para que as pessoas possam encher suas garrafas de água gratuitamente também nestes lugares.

Se bem-sucedido, o projeto será expandido para mais locais. A prefeitura de Londres conta com a parceria da Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, na sigla em inglês) , que fornecerá as fontes e bebedouros e monitorará se há uma redução no descarte de garrafas plásticas.

No ano passado, o Borough Market, o mais famoso mercado municipal de Londres, visitado por milhões de turistas anualmente, anunciou também a instalação de bebedouros para proibir a venda de garrafas de água. O objetivo é que o mercado se torne uma “zona livre de plástico”.

A iniciativa lançada por Sadiq Kahn faz parte de um plano mais amplo para diminuir o descarte de resíduos. O prefeito planeja que, até 2026, nenhum resíduo biodegradável ou reciclável seja jogado em aterros sanitários. Na prefeitura, já está proibido o uso de copos, talheres e garrafas feitos de plástico. Alô Prefeitos, Vereadores e Comunidade: Que tal projetos neste sentido em nossas cidades?

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

RECOMEÇAR...


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O olhar sobre a sociedade e seus muitos territórios específicos precisa, neste momento, ser iluminado pela luz da audácia de recomeçar. As devastadoras chuvas desse janeiro de 2020, causando mortes e perdas materiais, enlutando precocemente as famílias, comprometendo infraestruturas, são consequências de uma natureza enfurecida pelo tratamento impiedoso recebido daqueles que deveriam ser os guardiões da Casa Comum. As vidas perdidas são o clamor surdo e interpelante dirigidos especialmente aos que governam: é preciso ser audacioso e recomeçar.

No horizonte interpelante delineado e indicado pela Ecologia Integral, a audácia do recomeço requer a iluminação de que o primeiro passo deve ser a aceitação e a humildade para reconhecer as evidentes lições a serem aprendidas. Não bastam ações paliativas. É indispensável ser audacioso nas concepções, nos gestos, e ter competência para discernir a respeito de prioridades e investimentos.

O tamanho do desafio é imensurável e a oportunidade de se inaugurar um novo tempo é única. Requer magnanimidade, almas distanciadas dos moldes apequenados que se evidenciam nos gestos, nos pronunciamentos e nas soluções propostas ante as dificuldades e atrasos que se arrastam nas muitas realidades da sociedade brasileira, em que os pobres pagam a maior parte da conta. Enquanto isso, a penúria é justificada pela falta de recursos que, de fato, tornam-se minguados também pela incompetência na gestão e estreitezas na escolha de prioridades.

O ponto de partida para quem vive uma cidadania qualificada precisa ser a vergonha de tudo o que se refere às condições inumanas e perigosas impostas aos mais pobres. As catástrofes e as perdas precisam agora do antídoto, que deve brotar célere e incidente na audácia do indispensável recomeço. Não cabem paliativos. Requer-se abertura à iluminação advinda das interpelações da Ecologia Integral, que reclama ordem e dinâmicas econômicas diferentes das atuais, responsáveis pelo descompasso na igualdade, que é direito de todo cidadão.

Uma nova inteligência na gestão, particularmente governamental, exige a consideração articulada entre compreensão ecológica e infraestrutura: é preciso considerar o conjunto dos elementos envolvendo as pessoas, as condições e circunstâncias da Casa Comum, ou seja, tudo o que diz respeito aos funcionamentos da sociedade. A responsabilidade primeira dos governos não pode ser exercida exclusivamente pelo norte do viés político, menos ainda, partidário. Aponta-se na direção de fóruns permanentes, em que tomam assento arquitetos, urbanistas, economistas, para uma nova ordem justa e solidária, no horizonte da Economia de Francisco. Ambientalistas e detentores de uma compreensão sobre a “escada de humanismo” se mobilizam para formatar projetos e ações com força para interferir favoravelmente na realidade, com mudanças radicais, a partir da implantação de novas estruturas com arrojadas e corajosas propostas - evidências com práticas consolidadas em outras nações.

A audácia de recomeçar - como resultado de lições aprendidas, considerados os crimes e descompassos ambientais - não perdoará governantes e construtores da sociedade que não se empenharem na escuta dos especialistas para encontrar novos modos de sustentabilidade, a partir de intervenções urbanísticas adequadas, particularmente nos âmbitos da política habitacional, da recuperação dos rios.

Sem a compreensão dos recursos e das dinâmicas no horizonte da ecologia integral, em que todos, sem exceção, são aprendizes, aliados da visão técnica de urbanistas e arquitetos, as cidades caminharão resvalando na direção do caos, arriscando-se ao esgotamento das possibilidades de solução. A urgência deste momento singular aponta para a importância dos conhecimentos técnicos. Não aqueles engessados pela burocracia ou pela ignorância de exercer o poder, atrasando processos, mas o que constrói equipamentos sustentáveis, com rapidez inusitada para instalar novo tempo como, agora, é requerido. Do cidadão ao governante mais responsabilizado, o que se exige, sob pena de se arcar com um prejuízo ainda maior, é a tarefa insubstituível de adotar novas propostas, novos hábitos e práticas, novas estruturas - a comprovada audácia de recomeçar.