sábado, 30 de novembro de 2019

PEQUENO, BELO E RADIANTE PLANETA.


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Há o risco real de que a família humana seja bifurcada, entre aqueles que se beneficiam dos avanços tecnológicos, da biotecnologia e nanotecnologia e dispõem de todos os meios possíveis de vida e de bem-estar, cerca de 1,6 bilhões de pessoas, podendo prolongar a vida até aos 120 anos que corresponde à idade possível das células. E a outra humanidade, os restantes mais de 5,4 bilhões, barbarizados, entregues à sua sorte, podendo viver, se tanto, até os 60-70 anos com as tecnologias convencionais num quadro perverso de pobreza, miséria e exclusão.

Esse fosso deriva do horror econômico que tomou a cena histórica sob a dominação do capital globalizado especialmente do especulativo sob a regência cruel do neoliberalismo radical. Considerando-se triunfante face ao socialismo real cuja derrocada se deu no final dos anos 80, exacerbou seus princípios como a competição,o individualismo, a privatização e a difamação de todo tipo de política e satanização do Estado, reduzido ao mínimo. Cerca de 200 megacorporações, cujo poder econômico equivale a 182 países, conduzem junto com os organismos da ordem capitalista como o FMI, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio a economia mundial sob o princípio da competição sem qualquer sentido de cooperação e de respeito ecológico da natureza. Tudo é feito mercadoria, do sexo à religião, numa volúpia de acumulação desenfreada de riquezas e serviços à custa da devastação da natureza e da precarização ilimitada dos postos de trabalho.

O risco consiste em que os muito ricos criem um mundo só para si, que rebaixem os direitos humanos a uma necessidade humana que deve ser atendida pelos mecanismos do mercado (portanto só tem direitos quem paga e não quem é simplesmente pessoa humana), que façam dos diferentes desiguais e dos desiguais dissemelhantes, aos quais se nega praticamente a pertença à espécie humana. São outra coisa, óleo gasto,zeros econômicos.

No Ocidente que hegemoniza o processo de globalização, a ideia de igualdade politicamente nunca triunfou. Ela ficou limitada ao discurso religioso-cristão, de conteúdo idealístico. Esse déficit de uma cultura igualitária impediria a bifurcação da família humana. Pode triunfar uma idade das trevas mundial que se abateria sobre toda a humanidade. Seria a volta da barbárie.

O desafio a ser enfrentado é fazer tudo para manter a unidade da família humana, habitando a mesma Casa Comum. Todos são Terra, filhos e filhas da Terra, para os cristãos, criados à imagem e semelhança do Criador, feitos irmãos e irmãs de Cristo e templos do Espírito. Todos têm direito de serem incluídos nesta Casa Comum e de participarem de seus dons.

Para dar corpo a este desafio precisamos de uma outra ética humanitária que implica resgatar os valores ligados à solidariedade, à empatia e à compaixão. Importa recordar que foi a solidariedade/cooperação que permitiu a nossos ancestrais, há alguns milhões de anos, darem o salto da animalidade à humanidade. Ao saírem para coletar alimentos, não os comiam individualmente como o fazem os animais. Antes, reuniam os frutos e a caça e os levavam para o grupo de co-iguais e os repartiam solidariamente entre todos. Deste gesto primordial nasceu a socialidade, a linguagem e a singularidade humana. Será hoje ainda a solidariedade irrestrita, a partir de baixo, a compaixão que se sensibiliza diante do sofrimento do outro e da Mãe Terra, que garantirão o caráter humano de nossa identidade e de nossas práticas. Foi o que vergonhosamente faltou aos grandes credores internacionais que face à tragédia do tsunami do sudeste da Ásia não perdoaram os 26 bilhões de dívidas daqueles países flagelados, Apenas protelaram por um ano, o seu pagamento.

Importa conscientizarmo-nos de nossa responsabilidade, sabendo que nenhuma preocupação é mais fundamental do que cuidar da única Casa Comum que temos e de alcançar que toda a família humana, superando as contradições sempre existentes, possa viver unida dentro dela com um mínimo de cuidado, de solidariedade, de irmandade, de compaixão e de reverência que produzem a discreta felicidade pelo curto tempo que nos é concedido passar por esse pequeno, belo e radiante Planeta.

Uma utopia? Sim, mas necessária se quisermos sobreviver.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

PARA A TEMPESTADE NÃO VIRAR DILUVIO


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Tudo muda. E a sociedade, agora, muda em surpreendente velocidade. Outrora, as instituições tinham molduras definidas, como Estado, religião, escola e família. Isso imprimia ao cidadão sensação de solidez. O complexo institucional parecia tão bem entrelaçado que qualquer tentativa de “correr por fora” ressoava como imprevisível aventura ou desrespeito aos pilares da democracia.

Desde os tempos tribais as instituições são arcabouços coletivos ou comunitários que asseguram os parâmetros que regem a nossa convivência social. E o poder consistia em ter em mãos as rédeas institucionais e a capacidade de determinar os rumos do ordenamento jurídico e da política econômica.

Esse edifício implodiu nesse mundo unilateral hegemonizado pelo neoliberalismo. Temos agora chefes de Estado que atropelam ditames constitucionais e se comunicam com a nação, não por pronunciamentos revestidos de solenidade protocolar, mas por redes digitais, como Instagram, Twitter ou Facebook. É o caso do presidente do Brasil. Enquanto a opinião pública manifesta sua indignação diante do não esclarecimento dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, da escalada do desemprego, do sucateamento da assistência à saúde e dos cortes na educação, o presidente adota um discurso raivoso contra os direitos indígenas, a preservação ambiental, e profere uma anacrônica diatribe anticomunista. Quixote às avessas, o mandatário se mostra indiferente aos problemas reais da nação e abre fogo contra os moinhos de vento do “globalismo” e do “climatismo”.

Isso se repete na desinstitucionalização de outros territórios, como a mídia. Hoje, cada usuário de rede digital tem as suas próprias fontes de informação e o seu público receptor de notícias, ainda que sejam predominantemente fake news. O fato não importa, importa a versão do fato. E não se divulga para informar, e sim para desmerecer, com ofensas e ameaças, qualquer opinião contrária.

Isso impacta, pois a psicologia ensina que guardamos no peito muito mais as ofensas recebidas do que os elogios. A emoção se sobrepõe à razão. Não queremos convencer, queremos vencer. A verdade é o que afirmo, o resto é ideologia.

Esse esgarçamento das instituições é progressivo. Como se em um jogo de futebol cada jogador perdesse a noção de time e buscasse se apropriar da bola como se a vitória dependesse tão-somente de seu desempenho. Por que passar a bola ao parceiro se o mérito é de quem faz o gol? Cada um quer fazer o seu gol. A noção de cooperação se esvai. As regras do jogo democrático são burladas. A realidade é vista como um vasto videogame no qual o desafio é exterminar os adversários e vencer a guerra. Trata-se de uma conjuntura apocalíptica. Todos esses avatares estão convencidos de que travam a batalha final e haverão de se perpetuar no poder.

Como reagir a tal conjuntura? Como atuar dentro dos parâmetros democráticos se há quem, no poder, não nutre o menor respeito por eles? Aqui reside o perigo.

Se os descontentes com essa emergência autocrática, que corrói a democracia por dentro, decidirem agir com as mesmas armas, será o caos. Implodidas as regras da democracia, restam a anarquia e a Lei de Talião. Como, aliás, já transparece, de forma virtual, nas redes digitais.

Daí a importância de denunciar esse jogo desregrado e reforçar as instituições democráticas, aprimorá-las, de modo a serem, efetivamente, redes de proteção da cidadania e de ampliação da democracia. Fora disso, a tempestade se fará dilúvio.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

AGUARDANDO O ADVENTO

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Introdução

Cenário:

Acirramento dos conflitos e confrontos, recrudescimento da intolerância, da virulência, em especial nas Redes Sociais, manipulação dos nossos piores sentimentos por aqueles a quem interessa criar e alimentar inimigos e inimizades...

Tudo isso não é uma boa perspectiva para a vivência de um tempo chamado Advento.

Num clima assim, o que nascerá daqui algumas dias?

Teimosia:

Com a proximidade do Advento, não me atrevo a elaborar um roteiro de Natal. Há muitos, excelentes, por aí. No entanto, ouvindo a voz do meu coração, com muita humildade, quero compartilhar alguns ‘passos’ de oração e reflexão que podem ajudar na caminhada para Belém acontecer em nós, entre nós...

Mergulho:

O momento exige que sejamos pessoas humanas, no sentido mais profundo. E o humano só se realiza em profundidade quando lembramos que somos imagem e semelhança de um Deus que é Amor. Tanto amor que se encarnou em nossa História, humanizando sua divindade e santificando nossa humanidade.

Só compreende isso quem tem vida interior, que é justamente o oposto do que vemos na linguagem superficial, rasteira, reativa, virulenta e agressiva das redes sociais.

Nelas, o que vemos, é o anti-amor, o egoísmo, que leva ao contrário do amor, que não é o ódio, mas a solidão.

Pistas:

Para aprender a amar, viver e ser amor nos caminhos do cotidiano, a chave, creio, é a Espiritualidade. Olhar para dentro de si e encontrar Deus que se revela amor e convite a amar. E nós, cristãos, podemos até ter o mapa da mina, mas não somos donos do tesouro. Essa riqueza se faz presente na essência do melhor de todas as Religiões Históricas.

Namastê, diz a saudação hindu que significa: "O Deus que habita em mim, saúda o Deus que habita em você”;

Nam-myoho-renge-kyo, é o mantra budista que leva a experimentar a alegria de que somos capazes de nos libertar do sofrimento no nível mais fundamental;

Shalom, "A paz esteja com você", desejam os judeus;

Salam Halayk, "a paz esteja contigo", respondem os muçulmanos;

Ama a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo, conclui o cristão.

Luz:

Nessa Espiritualidade encarnada na vida cotidiana podemos estabelecer conexão direta entre nosso coração, nossas palavras e nossos gestos, coerência entre fé e vida, resposta para a paz, a alegria e a felicidade que buscamos.

Dentre as muitas correntes espirituais vou compartilhar com vocês algumas das minhas vivências com as espiritualidades, meus berços e respostas mais eloquentes para a realidade onde vivo e convivo, num tempo que continua sendo de contradições, conflitos, profundas injustiças e, sempre, esperança.

Entre essas vivências, destaco o que a Espiritualidade nos oferece para ‘ler’ a realidade com olhos amorosos, a Oração Contemplativa.

A Oração Contemplativa ensina a ver com os olhos de Deus, ouvir com seus ouvidos, enfim, sentir com seus sentidos. É o Espírito se movendo em nós.

Aproveitando a linguagem de hoje, seria como uma experiência de Realidade Virtual Espiritual. Nela, somos convidados a mergulhar, por exemplo, numa cena bíblica, usando a imaginação, e nos deixarmos ‘tocar’ pelas personagens, os diálogos, os acontecimentos ali descritos.

Com-Partilhando:

Nos últimos anos tenho mergulhado intensamente neste exercício espiritual. Tem feito muito bem ao meu coração e à minha vida.

Nesses “passos” vou convidar vocês a virem comigo numa caminhada entre Jerusalém e Jericó, prestando muita atenção ao que podemos VER, SENTIR e FAZER ao longo desse caminho.

Que a vida que renasce com Aquele que é Vida nos inunde e transborde em todos, para todos.

Ama a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

PODEREMOS MUDAR SIM!


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É necessária a entrada em cena de um novo ator, que indique a saída. Caso contrário, no lugar de novela brasileira, teremos um filme de Tarantino no qual todos se matam.

Durante os últimos dois anos, os brasileiros acompanham, embasbacados, uma novela que parece não mudar de rumo. Mocinhos pertencentes ao Poder Judiciário, ao Ministério Público e à Polícia Federal desmascaram políticos e empresários corruptos, usando todos os instrumentos da lei, e até por momentos extrapolando seus limites. Isso não diminui o justo entusiasmo dos espectadores com os mocinhos, pois estão revoltados e nauseados com os bandidos que roubaram o dinheiro do povo.

Acontece que a trama se complicou. Os mocinhos fizeram um serviço aplaudido por todos, mas no caminho foram destruindo possíveis saídas para a trama, pois não possuem os instrumentos para solucionar o imbróglio. Tampouco ajudam os meios de comunicação, que alimentam o público com os últimos lances do dia, sem parar para discutir para onde se dirige o desfecho.

Se faz necessária a entrada em cena de um novo ator, que indique a saída do labirinto. Caso contrário, no lugar de uma telenovela brasileira, teremos um filme de Tarantino no qual todos os personagens se aniquilam entre si.

Fim da metáfora.

A crise brasileira é uma crise política. Os partidos perderam sua legitimidade, pois todos eles embarcaram em manobras de conjuntura, olhando para as nuvens, e não para o céu, para os ganhos e perdas deles, e não do pais, Como se Bolsonaro
 ficar ou sair fosse um programa político para o futuro do Brasil. Estamos presos a bolhas que nos apequenam.

Chegou a hora de a sociedade civil exigir dos políticos comprometidos com o bem público a se disporem a trabalhar juntos, pensando no futuro, e não em candidatos. Devem fazer avançar uma frente política, suprapartidária, que coloque como prioridade no Congresso Nacional a reforma política.

Só uma reforma política que diminua o número dos partidos, permita ao eleitor ter maior informação e controle sobre seus representantes e reduza o custo e regule o financiamento das campanhas, poderá permitir que o próximo Congresso não seja uma versão do atual, que inviabiliza a governabilidade.

Uma frente parlamentar, de políticos dos mais diversos partidos, que inclusive possa gerar a base de uma nova agrupação eleitoral, com um programa mínimo de reformas básicas que tirem o pais do atoleiro.

Um programa que acompanhe os sentimentos amplamente difundidos na cidadania: em favor de um Estado que se concentre em oferecer serviços públicos de qualidade e apoie os setores mais desfavorecidos, e de uma economia com menos amarras burocráticas e carga tributária.

Uma frente que lute por uma reforma  que elimine primeiro os privilégios mais gritantes usufruídos por políticos e setores de funcionários públicos, para logo ter a legitimidade necessária para fazer avançar outras medidas mais amplas.

Uma frente que possa ser o embrião de um partido político que se assuma como um centro radical, sensível tanto às necessidades sociais como às demandas empresariais legitimas, que modernize o Estado, avesso ao corporativismo e com um sólido código de ética, aberto às transformações de valores promovidos por grupos identitários e às exigências de respeito ao meio ambiente.

Poderemos assim mudar de rumo, salvar a democracia e recuperar a esperança.

sábado, 23 de novembro de 2019

DIA DE JULGAR OU PERDOAR?

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A passagem do tempo, apesar do que ele nos traz de perdas e sofrimento, nos abre a possibilidade de aprender coisas novas e expandir nossos sentimentos, essencial para suportar nossas limitações e criar um mundo melhor para nós mesmos e para os outros.

Somos privilegiados por vivermos uma situação sem penúria materiais que nos possibilita múltiplas formas de enriquecer nossa percepção do universo: viajando, lendo, amando, comendo coisas gostosas, conhecendo pessoas, ouvindo musica ou olhando uma obra de arte. Mas todas elas são extremamente limitadas se permanecemos fechados dentro de marcos estreitos de julgamento de nós mesmos e dos outros.

Pois quem julga de forma estreita mal enxerga a si mesmo, pensa que possui a verdade e exclui a possibilidade de outras formas de percepção da realidade.

Reparação e reconciliação somente são possíveis se deixamos de julgar.

Pois nada é mais opressivo do que depender do julgamento do outro.
E nada nos produz mais sofrimento que o julgamento sobre nós mesmos.
Julgar é sempre uma forma de querer que o outro seja igual a nos, e que nos atinjamos um ideal irrealizável.

Julgar sem antes compreender é a forma mais grave de ignorância, pois, ao ignorar o outro, ficamos fechados no nosso pequeno mundo.

Julgar sem antes refletir é medo de que outro nos mostre aspectos que nos deixam inseguros em relação a nos mesmos.
O dia do descanso é o dia  que lembramos que muitas vezes julgamos não em função de valores de justiça, mas porque nos desagrada que o outro seja diferente a nos.

É o dia em que jejuar significa desintoxicar-se de nossos julgamentos apressados.
É o dia em que não precisamos perdoar, pois deixamos de julgar.
É o dia em que não há expiação, pois não há culpa.
É o dia em que não nos deixamos oprimir pela obsessão de dividir entre o certo e o errado e procuramos compreender.
É o dia em que deixamos de culpar e nos culpar para termos mais compaixão conosco e com os que são diferentes a nós.
É o dia em que não nos fechamos em sistemas rígidos que são sempre narcisistas e reconhecemos que vivemos numa zona cinza, porque nossos sentimentos são complexos e o ser humano é finito.
É o dia em que aceitamos que não somos onipotentes e devemos fazer escolhas frágeis entre valores, interesses e afetos conflitantes.
É o dia em que não há atos certos ou errados, mas só afirmação de melhorar nossa vida e a dos outros.
É o dia em que podemos perdoar e nos perdoar porque paramos de julgar.

Porque a passagem do tempo nos permite amar e aprender, e ambos são o maior dom da vida, agradecemos:

Que vivemos, que existimos, que chegamos, a este momento.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

SER MAIS PLENAMENTE NÓS MESMOS


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Façamos algumas constatações: consolidou-se a aldeia global; ocupamos praticamente todo o espaço terrestre e exploramos o capital natural até os confins da matéria e da vida com a automação, robotização e inteligência artificial. Verificamos um ascenso atemorizador da extrema direita, bem expressa pelo ultra neoliberalismo radical e pelo fundamentalismo político e religioso. Estamos imersos numa angustiante crise civilizatória que ganha corpo nas várias crises (climática, alimentaria, energética, econômico-financeira, ética e espiritual). Inauguramos, segundo alguns, uma nova era geológica, o antropoceno, na qual o ser humano comparece como o Satã da Terra. Em contraposição, está surgindo uma outra era geológica, o ecocêno na qual a vida e não o crescimento ilimitado possui centralidade.

A pergunta que se coloca agora é: o que virá após o conservadorismo atroz da direita? Será mais do mesmo? Mas isso é muito muito perigoso, pois podemos ir ao encontro de um armargedom ecológico-social pondo em risco o futuro comum da Terra e da Humanidade. Tal tragédia pode ocorrer a qualquer momento se a Inteligência Artificial Autônoma, por algoritmos ensandecidos, deslanchar uma guerra letal, sem que os seres humanos se deem conta e possam previamente impedi-la.

Estamos sem saída, rumando para um destino sem retorno? No limite, quando nos dermos conta de que poderemos desaparecer aí temos que mudar: quem sabe, a saída possível será passar do capital material para o capital humano-espiritual. Aquele tem limites e se exaure. Este último é infinito e inexaurível. Não há limites para aquilo que são seus os conteúdos: a solidariedade, a cooperação, o amor, a compaixão, o cuidado, o espírito humanitário, valores em si infinitos, pois sua realização pode crescer sem cessar. O espiritual foi parcamente vivenciado por nós. Mas o medo de desaparecer e dada a acumulação imensa de energias positivas, ele pode irromper como a grande alternativa que nos poderá salvar.

A centralidade do capital espiritual reside na vida em toda a sua diversidade, na conectividade de todos com todos e, por isso, as relações são inclusivas, no amor incondicional, na compaixão, no cuidado de nossa Casa Comum e na abertura à Transcendência.

Não significa que tenhamos que dispensar a razão instrumental e sua expressão na tecnociência. Sem elas não atenderíamos as complexas demandas humanas. Mas elas não teriam a exclusiva centralidade nem seriam mais destrutiva. Nestas, a razão instrumental-analítica constituía seu motor, no capital espiritual, a razão cordial e sensível. A partir dela organizar-se-iam a vida social e a produção. Na razão cordial se hospeda o mundo dos valores; dela se alimentam a vida espiritual a ética e os grandes sonhos e produz as obras do espírito, acima referidas.

Imaginemos o seguinte cenário: se no tempo do desaparecimento dos dinossauros, há cerca de 67 milhões de anos, houvesse um observador hipotético que se perguntasse: o que virá depois deles? Provavelmente diria: o aparecimento de espécies de dinos ainda maiores e mais vorazes. Ele estaria enganado. Sequer imaginaria que de um pequeno mamífero,nosso ancestral, vivendo na copa das árvores mais altas, alimentando-se de flores e de brotos e tremendo de medo de ser devorado por algum dinossauro mais alto, iria irromper, milhões de anos depois, algo absolutamente impensado: um ser de consciência e de inteligência – o ser humano – totalmente diferente dos dinossauros. Não foi mais do mesmo. Foi um salto qualitativo novo.

Semelhantemente cremos que agora poderá surgir um novo estado de consciência, imbuído do inexaurível capital espiritual. Agora é o mundo do ser mais que do ter, da cooperação mais do que da competição, do bem-viver-e-conviver mais do que do viver bem.

O próximo passo, então, seria descobrir o que está oculto em nós: o capital espiritual. Sob sua regência, poderemos começar a organizar a sociedade, a produção e o cotidiano. Então a economia estaria a serviço da vida e a vida penetrada pelos valores da auto-realização, da amorização e da alegria de viver.

Mas isso não ocorre automaticamente. Podemos acolher o capital espiritual ou também recusá-lo. Mas mesmo recusado, ele se oferece como uma possibilidade sempre presente a ser abrigada. O espiritual não se identifica com nenhuma religião. Ele é algo anterior, antropológico, que emerge das virtualidades de nossa profundidade arquetípica.Mas a religião pode alimentá-lo e fortalecê-lo, pois se originou dele.

Estimo que a atual crise nos abra a possibilidade de dar um centro axial ao capital espiritual. Dizem por aí que Buda, Jesus, Francisco de Assis, Gandhi, irmã Dulce e tantos outros mestres, o teriam antecipado historicamente.

Eles são os alimentadores de nosso princípio-esperança, de sairmos da crise global que nos assola. Seremos mais humanos, integrando nossas sombras, reconciliados conosco mesmos, com a Mãe Terra e com a Última Realidade.

Então seremos mais plenamente nós mesmos, entrelaçados por redes de relações ternas e fraternas com todos os seres e entre todos nós, co-iguais.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

O PODER É O CORAÇÃO DA DEMOCRACIA.

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No tempo de Jesus, a questão da democracia já estava posta, porém apenas em uma região distante da Palestina: a Grécia. Dominada pelo Império Romano, a Palestina era governada por homens nomeados ou consentidos por Roma – o rei Herodes, os governadores Pôncio Pilatos, Herodes Antipas, Arquelau e Felipe, e o sumo sacerdote Caifás.

O que aparece de novo em Jesus é a velha questão à qual ele dá um enfoque radicalmente diferente de seus contemporâneos: o poder, já objeto de reflexão dos filósofos gregos desde Sócrates. Ao tema, Platão dedicou o livro "República" e Aristóteles a obra "Política".

No Primeiro Testamento, o poder é mais do que dádiva divina. É a maneira de participar do poder de Javé. É através de seus profetas que Javé escolhe e legitima os poderosos. Todavia, nenhum deles, ao contrário do que ocorria no Egito e em Roma, era divinizado pelo fato de ocupar o poder. Ainda que escolhido por Deus, o poderoso permanecia falível e vulnerável ao pecado, como foram os casos de Davi e Salomão. Não se autodivinizavam como os faraós egípcios e os césares romanos.

Até na Grécia, Alexandre Magno, em desespero por manter centrada em si a unidade de suas conquistas, tratou de autodivinizar-se, exigindo que seus soldados o adorassem.

Jesus imprimiu outra ótica ao poder. Para ele, não se trata de função de mando, e sim de serviço. É o que afirma em Lucas 22, 24-27: "Os reis das nações as dominam e os que as tiranizam são chamados Benfeitores. Quanto a vós, não deverá ser assim; pelo contrário, o maior dentre vós torne-se como o mais jovem, e o que governa como aquele que serve. (...) Eu, porém, estou no meio de vós como aquele que serve!" Jesus deu o exemplo ao afirmar que "o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir" (Mc 10, 41-45) e ajoelhou-se para lavar os pés dos discípulos.

O que levou Jesus a inverter a ótica do poder foi a pergunta: a quem deve servir o poder em uma sociedade desigual e injusta? À libertação dos pobres, respondeu ele, à cura dos doentes, ao acolhimento dos excluídos. Este o serviço por excelência dos poderosos: libertar o oprimido, e fazer com que ele também tenha poder.

O poder é uma prerrogativa divina para o serviço do próximo e da coletividade. Tomado em si, perverte. A pessoa tende a trocar a sua identidade pessoal pela identidade funcional. O cargo que ocupa passa a ter mais importância do que a sua individualidade. Por isso, muitos se apegam ao poder, pois torna o desejável possível. Imanta o poderoso de modo a atrair veneração e inveja, submissão e aplausos.

Para que o poderoso não se deixe embriagar pelo cargo que ocupa, Jesus propõe que ele ouse submeter-se à critica de seus subalternos. Quem de nós é capaz disso? Qual o pároco que indaga de seus paroquianos o que pensam dele? Qual o dirigente de movimento popular que solicita de seus dirigidos avaliação de seu desempenho no cargo? Qual político pede a seus eleitores que o critiquem? No entanto, Jesus não temeu indagar dos discípulos o que pensavam a respeito dele e, como se não bastasse, perguntou também o que o povo pensava dele (Mt 16, 13-20).

A questão do poder é o coração da democracia. Esta significa, etimologicamente, governo do povo, para o povo. No entanto, ainda permanece, na maioria dos países, no estágio meramente representativo. Para se tornar participativa, a democracia deverá ser expressão do fortalecimento dos movimentos populares. Um poder – o do Estado ou da classe dominante – só admite limites e evita abusos na medida em que se defronta com outro poder: o do povo organizado. Essa a condição para que a democracia baseie a liberdade individual e os direitos humanos na justiça social e na equidade econômica. É falsa a democracia que concede a todos liberdade virtual e exclui a maioria de bens econômicos essenciais, como o acesso à alimentação, à saúde, à educação, à moradia, ao trabalho, à cultura e ao lazer.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

OUSAR LUTAR E OUSAR VENCER.


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Vivemos, meus amigos, grandes conflitos e turbulências em nossa Pátria Latina, com golpes em forma da pachorra “guerra híbrida” na Guatemala, no Paraguai, no Brasil e na Bolívia.

No Chile o povo se levanta, cansado com a ditadura neoliberal, fascista e terrorista pinochista, admirada e idolatrada pelos milicianos golpistas e corruptos que ajudam a assaltar nosso País, consegue emparedar os assassinos e ladrões daquela pátria.

Agora a Bolívia sofre com novo e mais terrorista golpe sanguinário.

O que acontece no País do indígena Evo Morales causa em todos nós nojo, revolta, indignação e esperança.

O que nos enoja e revolta se impacta em nossa consciência e emoções pelas semelhanças no que tange às raízes de onde nascem os golpes com características exacerbadas e indisfarsavelmente desumanas.

Gases de pimentas, armadilhas das forças armadas e da polícia miliciana para barrar o povo que luta para retomar o governo, tiros de borracha que já mataram sete pessoas do povo, incêndios das residências do MAS; fabricação de uma falsa presidenta, fazendo dirigente do país uma desclassificada relacionada com marginais de lá e internacionais, uma mulher truculenta e subinteligente; assalto aos bens da pátria e do povo etc, em aliança com a máfia gospel fundamentalista e com o episcopado católico romano, protetor da bestialidade dos grandes proprietários em rede nos outros países latino americanos e Brasil, são linhas que nos ligam à Bolívia, em dois sentidos.

No primeiro vê-se que o capitalismo em sua crise orgânica, neoliberal e insuportável, depõe pessoas do povo que governam, tentando negociar com a burguesia nacional e internacional programas mínimos de distribuição de renda, que se materializam em direitos sociais, mesmo com minguados frutos dignificadores, são depostos com agenda e tudo e substituídos por canalhas, bandidos, milicianos, incultos, moralmente desprezíveis e traidores da pátria. São verdadeiros parasitas criminosos a serviço dos serviços sujos que a burguesia mais atrasada, hipócrita e abjeta não faz diretamente.

Os capitalistas atuais não são outra coisa senão os descendentes dos assassinos, estupradores, torturadores, “engenheiros” dos troncos e correntes com os quais sufocaram a liberdade de nossos irmãos africanos e os humilharam na escravidão desalmada.

Os ídolos dessa crosta econômica e social, que infesta os sindicatos, federações e confederações de todo o tipo, que os patrões organizam como pelotões secretos de artilharia contra a liberdade e os direitos dos trabalhadores, são os mais cruéis bandidos bandeirantes, por exemplo.

Um dos exemplos inspiradores é a maléfica figura bandeirante de Bartolomeu Bueno da Silva, o indigitado Anhanguera (diabo velho, como o apelidaram os indígenas Goyazes).

Anhanguera se destacou como ladrão de ouro e prata em Minas, São Paulo e Centro Oeste (Mato Grosso e Goiás). O nome que a historiografia dos bandidos vencedores deram às atividades assassinas, invasoras e estupradoras do católico diabo velho foi a de “descobridor de ouro e de prata”.

Não é por outra razão que cidades têm esse cruel, ladrão e bandido estátuas gigantescas como símbolos do empreendedorismo bandeirante, verdadeiros bandos de marginais e invasores.

A sombra de Anhanguera se espalha por avenidas, centros universitários, faculdades, universidades, institutos e até no nome de igreja evangélica em Goiás.

Efetivamente, os sanguinários que dominaram nossa república durante a ditadura imperialista-militar, furiosos dos porões de torturas, prisões e assassinatos se vinculam simbolicamente ao que representou o diabo velho.

Mas não somente na linha de frente agem os mais delinquentes que a “elite” dominante usa como testas de ferro, incapazes, subinteligentes, truculentos, grosseiros, mentirosos e toscos, mas nos bastidores, às sobras. Lá estão os piores que sustentam os atores e fantoches que usam como diversionistas nos campos econômico e político.

São esses “sombras” apodrecidos eticamente, concentradores das riquezas roubadas, usando pistoleiros massacradores culturais como o assassino Anhanguera fazia com suas “aventuras” e “descobertas”, até cobrando impostos dos próprios indígenas para lhes permitir navegar pelos rios que eram deles, que golpeiam furiosamente o Brasil e a Bolívia.

Basta olharmos os elogios milicianos a torturadores, às ditaduras e a atos que mataram a liberdade e a democracia para percebermos o que esses sombras assaltantes têm a oferecer para o país, aqui e na Bolívia.

No segundo sentido, em luta campal, aberta, honesta e coletiva o povo que se levanta na Bolívia e no Brasil.

Ao falar da necessidade da luta do povo, sem intermediários e negociadores nos balcões dos poderosos neoliberais, os sombras golpistas, o chamamento foi taxativo: “… empreender uma marcha “imparável” na direção da soberania, dignidade e verdadeira liberdade de nosso povo. De por fim à opressão e à exploração, às humilhações, ao massacre de nossa juventude e do povo trabalhador. De fato, essa necessidade e essa marcha não nasce, pois sempre existiu desde a primeira flecha que o primeiro índio atirou contra um invasor. Desde este dia distante essa marcha teve início, ela é irrefreável e, hoje, todos os revolucionários e revolucionárias, todos os homens e mulheres sérios (as) e comprometidos (as), honestos (as) e que desejam um país justo e livre, que se encontram nos mais diferentes recantos deste país, damos seguimento a esta luta”.

Na nota do Congresso por ocasião do golpe na Bolívia e a tentativa fascista de invadir a Embaixada da Venezuela a clareza de que é preciso aprofundar a luta já enfrentada pelos indígenas nas primeiras flechadas, antes de serem “batizados” pelo “sacramento” branco e colonizador, que achincalha, humilha e incultura os lutadores.

Então, meus amigos , nossas tarefas na organização do povo, na formação dos mais apaixonados e competentes quadros se intensifica.

Será nessa perspectiva a vitória contra as constantes saídas dos túmulos de assassinos, ladrões e milicianos cruéis, espalhados por todos os aparelhos do Estado, verdadeiras mãos e dedos da oligarquia econômica em frangalhos, mas perversa e sanguinária.

Ousar lutar e ousar vencer são marcas do povo em marcha. Venceremos!

domingo, 17 de novembro de 2019

SEJA FELIZ.



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Aí um dia você toma um avião para Paris, a lazer ou a trabalho, em um vôo da Air France, em que a comida e a bebida têm a obrigação de oferecer a melhor experiência gastronômica de bordo do mundo, e o avião mergulha para a morte no meio do Oceano Atlântico. Sem que você perceba, ou possa fazer qualquer coisa a respeito, sua vida acabou. Numa bola de fogo ou nos 4 000 metros de água congelante abaixo de você naquele mar sem fim. Você que tinha acabado de conseguir dormir na poltrona ou de colocar os fones de ouvido para assistir ao primeiro filme da noite ou de saborear uma segunda taça de vinho tinto com o cobertorzinho do avião sobre os joelhos. 


Talvez você tenha tido tempo de ter a consciência do fim, de que tudo terminava ali. Talvez você nem tenha tido a chance de se dar conta disso. Fim. Tudo que ia pela sua cabeça desaparece do mundo sem deixar vestígios. Como se jamais tivesse existido. 

Seus planos de trocar de emprego ou de expandir os negócios. Seu amor imenso pelos filhos e sua tremenda incapacidade de expressar esse amor. Seu medo da velhice, suas preocupações em relação à aposentadoria. Sua insegurança em relação ao seu real talento, às chances de sobrevivência de suas competências nesse mundo que troca de regras a cada seis meses. Seu receio de que sua mulher, de cuja afeição você depende mais do que imagina, um dia lhe deixe. Ou pior: que permaneça com você infeliz, tendo deixado de amá-lo. Seus sonhos de trocar de casa, sua torcida para que seu time faça uma boa temporada, o tesão que você sente pela ascensorista com ar triste. Suas noites de insônia, essa sinusite que você está desenvolvendo, suas saudades do cigarro. Os planos de voltar à academia, a grande contabilidade (nem sempre com saldo positivo) dos amores e dos ódios que você angariou e destilou pela vida, as dezenas de pequenos problemas cotidianos que você tinha anotado na agenda para resolver assim que tivesse tempo. Bastou um segundo para que tudo isso fosse desligado. Para que todo esse universo pessoal que tantas vezes lhe pesou toneladas tenha se apagado. Como uma lâmpada que acaba e não volta a acender mais. Fim. 


Então, aproveite bem o seu dia. Extraia dele todos os bons sentimentos possíveis. Não deixe nada para depois. Diga o que tem para dizer. Demonstre. Seja você mesmo. Não guarde lixo dentro de casa. Não cultive amarguras e sofrimentos. Prefira o sorriso. Dê risada de tudo, de si mesmo. Não adie alegrias nem contentamentos nem sabores bons. Seja feliz. Hoje. Amanhã é uma ilusão. Ontem é uma lembrança. No fundo, só existe o hoje. 

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

COMO SE DEU A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA


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A Proclamação da República é resultado de um processo político que se estendeu desde a década de 1870. A insatisfação com a monarquia ganhou força ao final da 
Guerra do Paraguai, tanto nos meios militares quantos nos civis. Essa insatisfação só foi crescendo, e o surgimento de partidos republicanos contribuiu para isso.

O grande grupo insatisfeito, porém, era o Exército brasileiro. As Forças Armadas consideravam-se pouco reconhecidas depois de terem conduzido todo o esforço da Guerra do Paraguai. Os militares estavam insatisfeitos com suas remunerações, queriam melhorias no sistema de promoção de carreira e a permissão para opinar suas posições políticas, algo proibido na época.

Isso contribuiu para que o republicanismo fosse ventilado no seu interior. Não obstante, a insatisfação com a monarquia não era uma exclusividade dos militares, os cafeicultores paulistas e a Igreja Católica também estavam insatisfeitos.

Ainda, o enfraquecimento do regime monárquico no Brasil está diretamente relacionado com o avanço da pauta abolicionista. A relação era proporcional e inversa: na mesma medida em que o abolicionismo ganhava força, o monarquismo perdia influência no país. Politicamente os debates foram acirrando-se ao longo da década de 1880, tanto na questão da abolição quanto na do republicanismo. A situação do Brasil era de crise crônica na década de 1880, e a polarização só contribuiu para reforçar esse quadro.

Com a perda do apoio da Igreja e dos escravocratas, a monarquia ficou sem os grandes grupos que lhe davam apoio, sobretudo o segundo. Assim, a sua sustentação tornou-se extremamente difícil, uma vez que o movimento republicano estava muito forte no final da década de 1880. Na medida em que o republicanismo avançava, uma nova pauta era ventilada: o federalismo.

Essa pauta inspirava-se no federalismo que existia nos Estados Unidos e defendia maior descentralização do governo, isto é, os partidos republicanos agruparam-se regionalmente e passaram a defender maior autonomia para os estados. Em determinado momento, pensou-se que a monarquia aplicaria uma certa descentralização, mas isso não aconteceu.

Outro fator de insatisfação com a monarquia dava-se em relação à economia. Depois da Guerra do Paraguai, a economia brasileira enfraqueceu-se, afinal o país gastou muito mais do que poderia para vencer os paraguaios. Ainda há de considerar-se os impactos da crise mundial do capitalismo de 1873, que impactou pouco o Brasil, mas teve no país seus reflexos.

O último fator é a questão da sucessão, pois, até entre os monarquistas, havia um certo incômodo com o fato de que os sucessores do trono eram a princesa Isabel e seu marido, o Conde D’Eu.

Acesse também: Guerra do Paraguai: as causas de um importante conflito da história brasileira
Como foi a Proclamação da República?

A Proclamação da República foi mais feita na base do improviso do que, de fato, na base do planejamento. No entanto, o historiador Boris Fausto sugere que, desde 1887, havia encontros que debatiam as possibilidades de derrubar a monarquia no Brasil. Em 1889, existia um grupo formado por grandes nomes da época, como Aristides Lobo, Sólon Ribeiro, Quintino Bocaiúva, entre outros, que tinha debates avançados sobre a derrubada do regime.

Em novembro de 1889, a crise política estava avançada, principalmente porque já existia uma percepção de que o visconde de Ouro Preto não resolveria as grandes demandas daquele momento. Sendo assim, grandes nomes do republicanismo da época reuniram-se secretamente com o marechal Deodoro da Fonseca, um militar bastante influente na época, para que ele aderisse ao movimento.

Depois de ser convencido, Deodoro da Fonseca liderou um levante militar, em 15 de novembro, que cercou o Gabinete Ministerial, destituiu o visconde de Ouro Preto do cargo e prendeu-o. Ao longo daquele dia, uma série de acontecimentos levaram à Proclamação da República, oficialmente, após anúncio feito por José do Patrocínio, um vereador do Rio de Janeiro.

Conde D’Eu tentou liderar uma resistência no dia 15, e o imperador tentou formar um novo gabinete, mas as ações não tiveram sucesso. A monarquia estava efetivamente derrubada, d. Pedro II deixou de ser imperador do Brasil, e um governo provisório republicano foi instaurado. No dia 17 de 1889, a família real fugia do Brasil e partia rumo à Europa.
15 de novembro é feriado nacional?

Todo ano o 15 de novembro é considerado feriado nacional por determinação da legislação brasileira. Em 14 de janeiro de 1890, foi emitida a primeira lei reconhecendo o dia como feriado. Essa lei foi o Decreto nº 155-B, que determinou o feriado como um dia para celebrar a “pátria brasileira”.

Essa ação, no entanto, foi uma de muitas para garantir legitimidade à recém-instaurada república no Brasil e garantir que o dia e o republicanismo ficassem impregnados no imaginário popular. Outras leis que reforçaram o 15 de novembro como feriado foram decretadas durante a Era Vargas e a Quarta República.

Atualmente, o dia em questão é considerado feriado por força de uma lei recente. Em 19 de dezembro de 2002, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, foi aprovada a Lei nº 10.607, que cita todos os feriados nacionais do Brasil, sendo o 15 de novembro um deles.

Acesse também: Os principais detalhes da vida da princesa Isabel!
Republicanismo no Brasil atual

Primeiramente, o status do Brasil é assegurado pela Constituição de 1988, que assegura o nosso país como uma “república federativa”. Além disso, na promulgação da Constituição foi estipulada uma disposição constitucional transitória a respeito de um plebiscito que deveria ser realizado em 7 de setembro de 1993 (e de fato foi realizado, mas em 21 de abril de 1993).

Esse plebiscito questionou a população a respeito da forma e sistema de governo que seriam adotados no Brasil. A população brasileira foi questionada sobre se o país seria uma república ou uma monarquia, e a escolha popular (com 66% dos votos) determinou que o país seria uma república.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

LEVANTA BRASIL!


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O importante na vida não é o começo, não é o fim; não é o nascimento, não é a morte. É o desafio de cada dia e, dependendo disso, nós respondermos 
ao desafio, dos menores ao maior. A profissão que escolhemos, a mu­lher ou o homem que elegemos, o município onde vivemos, o trabalho que exerci­tamos, se cumprimos a nossa palavra ou não. A travessia, a dura travessia da vida, com todos os desafios que a cada momento se oferecem para ter­mos critérios morais, liberdade e justiça ou o contrário, é isso que constitui a grande dificuldade, a substância da vida humana.

É uma travessia o que acontece aqui no Brasil. Nós vamos atravessar este deserto, com o povo à frente, unido, porque assim jamais seremos venci­dos, para sairmos desse deserto de descuidos, de vergonhas e de humilha­ções em direção a um oásis, não um paraíso, porque seria demagógico pro­meter. Mas no Brasil, com a sua geografia, com a sua população, com as suas potencialidades, nós podemos ter um país em que os benefícios do trabalho e da civilização sejam partilhados, através do bem-estar, com to­dos os brasileiros.

Nós te convocamos para juntos sairmos do deserto e trilhar o melhor caminho rumo a um Brasil melhor, onde cada um de nós possa novamente se orgulhar em ser desta terra, que está entregando nossas riquezas aos estrangeiros, onde nosso filho terá que sair na busca de uma vida melhor e antes que tenhamos que sair também. Quem deixou sair um pedaço, não tem competência para segurar o resto.


Levanta Brasil!!!

terça-feira, 12 de novembro de 2019

AS PERSPECTIVAS SÃO AS PIORES POSSÍVEIS.


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Após o Supremo Tribunal Federal reconhecer que a Constituição é constitucional, a esperança foi colocada novamente em liberdade. Qualquer palavra ou espaço se torna pequeno diante da dimensão que é a liberdade de um líder de projeção mundial, como é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Imediatamente à soltura, Lula foi convidado para posse do presidente da Argentina, Alberto Fernández, para ser homenageado em Paris, de quem recebeu o título de cidadão honorário e convidado a conceder entrevista a um sem número de noticiosos nacionais e internacionais. Lula foi posto em liberdade em respeito à Constituição, apenas isso.

Foi colocada em liberdade a força política capaz de organizar a sociedade na luta contra a agenda ultraliberal, imposta pelo mercado financeiro, por meio de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. O Brasil, assim como alguns países da América Latina, vive uma efervescência provocada pelas políticas econômica e social adotadas por governos ultraliberais, desde o golpe de 2016, nefastas para o conjunto da sociedade. Desde a reforma da Previdência às reformas trabalhistas, chegando à PECs emergenciais, apresentadas na última semana, o objetivo do mercado financeiro, por meio do governo, é o de implantar um impossível Estado Mínimo, que só existe nos delírios do ultraliberal Guedes, que não terá mais o Estado para induzir o desenvolvimento com investimentos em obras de infraestrutura.

Em relação às últimas medidas apresentadas, as perspectivas são as piores possíveis para um país cujo PIB passou de R$ 1,5 trilhão, em 2003, para R$ 5,5 trilhões, em 2015. Um país cuja reserva internacional, em 2003, foi de US$ 10 bilhões e, em 2015, foi de R$ 380 bilhões. O Brasil é um dos 10 maiores PIBs do mundo, apesar de ser o nono país mais desigual. Há, no País, cerca de 14 milhões de pessoas na extrema pobreza, que vivem com R$ 8,00 por dia e, metade da população, ou 110 milhões, vive com R$ 415 reais por mês. Como nada está tão ruim que não possa piorar, eis que Bolsonaro e Guedes foram ao Congresso Nacional apresentar três propostas de emenda à Constituição (PECs) que, junto com a reforma da Previdência, sacramenta o fim do Estado como indutor do desenvolvimento. Haverá redução e relativização de despesas obrigatórias, como o pagamento de salários. O BNDES, que financia o Seguro Desemprego e o Abono Salarial, vai perder 40% do Fundo de Amparo ao Trabalhador.

Não haverá reajuste salarial, das aposentadorias, das pensões e nem dos benefícios. Qualquer valor arrecadado acima do deficit fiscal, de R$ 340 bilhões, não será destinado para saúde ou educação, senão para o pagamento de serviços da dívida, ou seja, dinheiro para banqueiros. Os vencimentos dos servidores serão reduzidos em 25%. Quase todos os fundos públicos serão extintos e isso significa um retrocesso incomensurável. O financiamento da ciência e da tecnologia pode desaparecer para Bolsonaro entregar ao mercado financeiro mais de R$ 200 bilhões. Nesse sentido, tem tanto significado a soltura de Lula quanto a vociferação de seus algozes, que criaram uma mentira da qual nunca puderam se desvencilhar, que não conseguiram provar e que, agora, é desmascarada pela série de reportagens da Vaza Jato. O pronunciamento de Lula , nos braços do povo que o aguardava às portas da masmorra onde foi mantido ilegalmente preso, não dá margem a equívocos e tergiversações. Sabemos quem são os inimigos do Brasil. Unamo-nos ao chamado do líder para formar as fileiras que produzirão a necessária ruptura com um sistema que tem o objetivo único de transformar o Brasil em uma grande fazenda a serviço do desenvolvimento de outras nações. O personagem político que pode inverter essa lógica perversa de Estado, a pessoa que mais contribuiu para tirar o Brasil do Mapa da Fome, está livre e nos chamando à organização. Às ruas.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

O MAIOR CASTIGO


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Fiquei muito feliz com a soltura do Lula, porque todos nós precisamos ver um pingo de justiça sendo feita. Nunca defenderia um corrupto. O que o bolsonarista não entende, dentro do seu ódio obcecado, é que nunca foram ofertadas provas materiais de crime dele, nem utilizou-se o devido processo legal sem invenções e contorções jurídico-midiáticas par atingir o sonhado fim de tê-lo fora da vida política do país.

No fundo, o Bolsonarismo respira aliviado pela soltura de Lula, embora divulgue peças de WhatsApp anunciando o fim dos tempos e atacando (mais uma vez) as instituições. Minando a democracia, como sempre faz. O Bolsonarismo precisa do inimigo como a noite precisa do dia. Porque ele não tem nada realmente bom a dizer ao povo.

Governar é muito difícil e desgastante. Fazer guerrinha de WhatsApp é a maneira ideal de desviar o foco. O Bolsonarismo respira aliviado porque, como sempre, fará de Lula um alvo permanente para disfarçar suas próprias limitações, contradições, idiotices, insuficiências e crimes. É um populismo barato, apoiado na parte mais imbecil do senso comum. É o reino das frases feitas, das lógicas superficiais e apoia-se apenas no medo e preconceito dos homens fracos comuns.

O governinho já ia muito mal. Sua mais comemorada "vitória" até aqui foi retirar a aposentadoria do povo. No mais foram meses de confusões, baixo crescimento, desastre na Amazônia e desastre no mar. O governinho fraco que lambeu as botas dos americanos e recebeu um molhado golden shower como pagamento, ao sequer entrar para a tão sonhada OCDE.

De Queiroz em Queiroz, a milícia enche o papo. E o saco do povo que ainda pensa. O Governinho dos cortes da educação, liderado por um Rasputin youtuber, que flerta com idéias de terra plana e que, fracassado intelectualmente, persegue a ciência e a academia onde para ele seria impossível prosperar. Governinho dos Ministros vários, respondendo por atos ilícitos. Das brigas partidárias envolvendo ator pornô, caixa dois nas eleições e arroubos de AI-5. Governinho que se desculpa pelo que diz e alega ser mal interpretado, dia sim, dia não. Hesitante, fraco e sem projeto de país. Sem rumo.

O governinho do leão acuado do vídeo, botando a culpa em todo mundo, menos em si próprio. Incapaz de aderir ao seu próprio pensamento liberal, que diz que só tem méritos quem os merece por competência. Fazendo-se de forte, mas é fraco. Falando grosso, mas é só um saco de colostomia ideológica. Tem medo da arte, da liberdade e até das meninas que vestem azul.

O Bolsonarismo já estava apostando na radicalização para esconder suas próprias vergonhas. É por isso que eles já anunciam e já preveem grandes manifestações. Preparam suas milícias virtuais, desejam a radicalização e trabalham por ela. E assim, a liberdade de Lula é um alívio, embora mantenha-se desde sempre um tormento. É um espantalho, um alvo, uma chance preciosa de mudar de assunto e recolher indignação leniente aos seus próprios crimes.

A liberdade de Lula é a grande chance. É a melhor aposta para quem trabalha na radicalização. Pra quem depende dela para ter algo a dizer. O Bolsonarismo também precisa de Lula Livre. Senão ele tem que governar.

Não se preocupem, nós não deixaremos de relembrar ao povo de suas responsabilidades. Ganharam a eleição (mesmo que com base em Fake News), portanto vocês devem governar. Nós não somos golpistas, não se preocupem. Respeitamos as instituições porque estamos a defender a democracia.

Lula livre sim, e nós estamos felizes. Muita gente do povo brasileiro está. Mas, por favor, não se façam de rogados ou indignados: o aumento da miséria, o desemprego crônico e a retirada de direitos continuam sendo o nosso tema principal e nossa cobrança. Embora tenhamos muita dó do nosso povo, é importante dizer: não se animem tanto porque afinal, para o Bolsonarismo, governar já é por si só o maior castigo.