quarta-feira, 27 de outubro de 2021

O DIREITO A VIDA.

 

Cada vez mais, no Brasil, se manifesta um modo de fazer política que consiste em fomentar ódio e violência e em nome de princípios sociais e religiosos. Basta um bispo explicar que “pátria amada” não pode ser “pátria armada” e, logo, um deputado o insulta publicamente e destila o seu ódio à conferência dos bispos católicos e ao papa Francisco. Grandes meios de comunicação colaboram para que o próprio exercício da política caia em descrédito geral. Enquanto isso, a ONU celebra o 76º aniversário de sua fundação (24 de outubro de 1965), com atividades contra o armamentismo e em favor da justiça ecossocial e da paz.

A ONU cumpre a importante missão de zelar para que a sociedade internacional seja impregnada de valores fundamentais como o respeito à dignidade de todos os seres humanos, a supremacia da justiça, a consciência ecológica e a abertura à transcendência. Grande parte da humanidade, mais consciente da realidade internacional, sonha com um organismo mundial que abranja não somente governos, mas também uma representação legítima da sociedade civil internacional.

Só uma organização internacional que reúna Estados e também representantes das organizações civis terá força para exigir do governo das grandes potências respeito pelas leis e decisões internacionais. Somente um organismo assim poderá ajudar a humanidade a recuperar a consciência de que somos todos e todas uma só família humana.

Que as vacinas contra todas as doenças sejam consideradas bens comuns da humanidade e não devam ser vendidas. É preciso deter a crueldade do governo dos Estados Unidos que, em meio à pandemia, impede que países como Cuba e Venezuela recebam insumos e matérias primas para medicamentos essenciais para a saúde do povo.

Nos últimos séculos, o controle cada vez maior, exercido pela economia sobre a política tem sido uma catástrofe para o mundo. A Terra tem quase 8 bilhões de habitantes. Menos de 1 bilhão consome sozinho mais de 83% dos recursos disponíveis na terra. Metade da humanidade, mais de 3 bilhões de pessoas, devem viver com menos de US$ 2 por dia. A cada ano, mais de 60 milhões de pessoas morrem de fome. Mais de 1 bilhão de crianças vive abaixo da pobreza.

Conforme cálculos do Banco Mundial, com US$ 40 bilhões, se poderia resolver todo o problema da fome e da saúde dos pobres no mundo. Ora somente, em um ano, os Estados Unidos gastam bilhões de dólares em armas para as guerras que mantêm no mundo. Ao mesmo tempo, a sociedade dominante fecha suas fronteiras aos migrantes que tentam sobreviver ao extermínio.

A sociedade civil não aceita mais essa iníqua organização do mundo. O papa Francisco pede que superemos “a cultura da indiferença”. É urgente estimular uma nova cultura contra a insensibilidade vigente com o que se passa com milhões de seres humanos.

A crise atual aponta para a necessidade de uma nova política econômica e social a serviço da construção de uma sociedade internacional e dos Estados. É preciso unir todas as pessoas de boa vontade e grupos articulados da sociedade civil para “democratizar a democracia”, ou seja, elaborar um novo estilo modelo de política, efetivamente, centrado no bem comum. Dom Oscar Romero, arcebispo de El Salvador, martirizado em 1980, propunha um retorno ao que ele chamava de “grande política”.

Nestes próximos dias, a ONU organiza duas conferências mundiais, uma sobre biodiversidade e outra sobre mudanças climáticas. O papa Francisco e 40 líderes de diversas religiões publicaram um apelo pela sustentabilidade do planeta e pelo cuidado com a vida. É importante que em nossos países reforcemos as políticas que garantam esse direito da vida.

sábado, 23 de outubro de 2021

QUE A PALAVRA SEJA...

 

Como faz bem ter por perto pessoas bem-humoradas. Elas transformam ambientes e corações. Não sei de onde tiram tantas histórias, nem como incrementam com detalhes que tornam o que é muito simples por demais engraçado. Não sei contar piadas. Acabo rindo o tempo todo. Em algumas situações, acaba-se rindo mais de quem está contando a piada do que da própria piada. É um conjunto que rouba intermitentes gargalhadas: a tonalidade da voz, o jeito de narrar, o envolvimento com o fato, a atenção dos ouvintes.

Num dia desses, por acaso, participei de uma ‘rodada’ de engraçadas anedotas. Algumas me fizeram rir ao ponto de provocar lágrimas. Faz bem para a alma chorar de tanto rir. Uma certa leveza toma conta do ser, quando rimos bastante. Enquanto alguns ainda riam, de forma um tanto suave alguém disse algo que poderia ser motivo de riso, mas que acabou provocando um silêncio reflexivo: foi comentada a morte de uma pessoa. Um do grupo perguntou: “morreu de que?”. O outro respondeu: “sufocou-se com as palavras que nunca disse”. O silêncio falou alto, os olhares se cruzaram, a consciência foi abordada.

As palavras que nunca foram ditas podem sufocar, sim. Não se trata de um incidente repentino. Tem algo a ver com o jeito de ser, postura diante da vida, desconhecimento da própria personalidade. Palavras e sentimentos buscam uma contínua fusão. O que cada pessoa sente, aguarda por expressão. A palavra traz à realidade o que é pensado e sentido. Falar o próprio sentimento, alegre ou dolorido, é uma forma de harmonizar o que vai no íntimo. O ato de desabafar tem um efeito saudável, pois alivia o que, com o passar dos dias, se tornou um peso. A dificuldade em expressar os sentimentos impacta diretamente na qualidade de vida.

A influência cultural, o formato educacional e as objeções com que cada um vai construindo sua história, exercem um papel quase determinante no modo como cada um interage com o mundo. Há pessoas silenciosas, resguardadas em sua própria intimidade. As mais falantes, nem sempre transbordam o essencial. Cada qual com seu jeito, todas com a necessidade de uma ajuda para a utilização adequada da palavra, como expressão do que vai nas profundezas do ser. Os tempos são outros. Ninguém precisa sufocar-se com o que não disse. Que a palavra seja porta-voz dos sentimentos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

PEDIR E CONCEDER.

Assunto de reflexão crescente, há tempos penso sobre os limites e a ausência dos mesmos em situações que envolvem concessão, ou melhor, quando se torna uma prática tóxica transigir com o que não se deve, por razões de respeito próprio, autoestima e prevenção de equívocos futuros.

Fundamental para a construção e consolidação de relações sadias, do ponto de vista afetivo e/ou profissional, é balizar o interlocutor, parceiro, contratante, colega, amigo ou quem quer que seja, na via da reciprocidade, do cuidado mútuo, do compartilhamento dos resultados e dos bons frutos.

Infelizmente, cada vez mais recorrente, sobretudo no universo do trabalho, a esperteza, a subtração, o desequilíbrio e o desnível das relações e dos ganhos auferidos.

Importante não temer, não tergiversar sobre aquilo que lhe é de direito, que lhe cabe, que lhe deve ser oferecido, negociado ou partilhado de modo justo e equânime.

Negócio bom, só se for para todos os envolvidos. No entanto, o que se constata é o princípio vigente da mão única, do interesse do outro, do usufruto do outro, da apropriação da boa fé, do trabalho, da amizade, muitas vezes tirando partido da ingenuidade, da puerilidade de um dos lados.

Posicionar-se, deixar claro, delinear o território, profissionalmente, torna-se essencial para autopreservação, poupando sofrimento e frustração de expectativa.

Aliás, “domar” as expectativas, fonte inesgotável de decepções e desapontamentos, é tarefa diária, diuturna e nada trivial.

Colocar as coisas em perspectiva, entender o movimento, o balanço, ponderar e perceber, preventivamente, que ir pelo caminho da concessão, embora, aparentemente, possa evitar obstáculos iniciais, pode significar, posteriormente, problemas mais graves em termos de perdas e prejuízos.

Ainda mais, se essa atitude significa concessão em relação à nossa própria verdade. Dependendo do tipo de concessão, o saldo é a decepção, com o gosto amargo de trava, na tentativa de acomodar o que não deve ser acomodado.

A clareza vale ouro nesse cenário, uma coisa é encontrar com o outro a meio do caminho, compreender pontos de vista diferentes e atuar para harmonizar forças contrárias, outra é render-se à pressão contrária à nossa própria verdade.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

O SILÊNCIO DO BANDONEON

 


Saindo dos prostíbulos para os salões de festa, o tango alcançou sua máxima popularização com o estrondoso sucesso do cantor Carlos Gardel. Sendo conhecido como um dos mais famosos cantores de tango, Gardel mostrou sua música nos palcos e internacionalizou sua arte com a gravação do filme “El Dia Que Me Quieras”. Ainda hoje, o tango é uma das expressões artísticas mais conhecidas na Argentina e seus espetáculos atraem turistas de todo o mundo.

Horizontina não ficou fora desta influência. Alguns bons músicos, sob a batuta de Bruno Bender, formaram uma orquestra, “Jaz e típica Quitandinha” que por anos fez grande sucesso em salões da região e na província de Missiones na Argentina.

Os bailes começavam com Aquarela do Brasil, e na sequencia os mais diversos ritmos e músicas da época, a exemplo das grandes orquestras de fama e sucesso internacional.

Passada a primeira hora de música internacional, o crooner anunciava: E agora para os casais enamorados apresentamos a Orquestra típica Quitandinha. Aos primeiros acordes do Bandoneon de Vitório Rizzi, o público aplaudia de pé. O salão era tomado pelos casais bailarinos e os mais belos Tangos, boleros, milongas, valsas e chamamé a meia luz, eram executados para o deleite dos presentes.

Todos os músicos eram de grande competência e qualidade: Dois violinos, um rabecão, uma bateria, mas a nossa homenagem hoje é para Vitorio Rizzi, considerado o melhor bandonista do Rio Grande do Sul ou quiçá do Brasil. Na argentina, terra do tango, Vitório Rizzi era convidado para apresentações mesmo depois da extinção do Quitandinha. La conheceu o maestro: Buri -Mestre de Bandoneon e música argentina e o pianista: Solano e fizeram dezenas de apresentações na Argentina e Brasil.

Vitório Rizzi era barbeiro de profissão, mas não deixava de ensaiar todos os dias. Aposentado, passou a exercer a profissão em casa, só para os amigos e clientes mais íntimos. Quando ia lá para cortar o cabelo, não deixava a gente sair antes de executar algumas músicas. Já na terceira idade, a habilidade de suas mãos mágicas, corriam pelo teclado com a mesma habilidade de sempre. Um dia, num acidente, bate a cabeça e sua vida mudou de rumo. Perdeu o domínio das mãos, tentou, voltou a tentar ninguém sabe quantas vezes e o bandoneom foi para o estojo e nunca mais saiu de lá. “FOI O SILÊNCIO DO BANDONEON” Que hoje volta a tocar em outra dimensão para a alegria dos que o antecederam, pois pelo que se sabe Deus gosta de música e o céu deve ter ficado ainda mais alegre e Vitório Rizzi, novamente feliz.

Escrito por  Rui Eloi Arend a Vitório Rizzi a pedido de Wilson Nascimento.

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

O DIREITO A VIDA.

O reconhecimento do direito à vida, considerando todas as suas etapas, é o alicerce seguro que sustenta a convivência humana e a comunidade política. Cresce, pois, a urgência de os cristãos – e dos que a eles se aliam por partilharem convicções, princípios e valores – anunciarem o Evangelho da vida. As muitas crises na sociedade brasileira – sanitária, econômica, política, ética, cultural – devem interpelar os discípulos de Jesus, homens e mulheres de boa vontade, para desarmar as armadilhas arquitetadas pela ganância e pelo lucro – com suas manipulações e inverdades que enjaulam cidadãos e cidadãs em lógicas prejudiciais ao desabrochar da vida plena, atrasando, sempre mais, o sonho de uma sociedade impulsionada pela fraternidade universal.

Os cristãos não ignorem a realidade desafiadora da contemporaneidade, hibernando em “zonas de conforto”. Ao invés disso, é urgente crescer na veneração e no compromisso com a vida do outro, especialmente do pobre e indefeso, por uma sociedade solidária e fraterna. A doutrina do Evangelho da vida só é vivida e testemunhada quando inspira a busca por rumos novos, capazes de afastar a sociedade dos cenários vergonhosos da desigualdade social e de outros atentados contra a vida, dom inviolável. É hora de novas lógicas, gerando renovadas narrativas com força libertadora. Lembra bem o Papa Francisco: ninguém se salva sozinho. Todos no mesmo barco. Valha, de verdade, o Evangelho da vida.

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

DIÁLOGO (2)

 

Uma postura dialógica é um serviço de paz. Educar uma sociedade para o diálogo é, entre outras coisas, impedir o autoritarismo, o domínio violento (não apenas provocado por armas) dos agentes em posição de poder, o negacionismo que nos coloca a todos e todas em risco, como temos visto atualmente, na maior crise de nosso século. Dialogar, a partir de diferentes fontes de saber, torna possível o amadurecimento de nossas relações sociais, a compreensão situacional pela qual passa nossa cultura, a descobertas de caminhos possíveis para a evolução da história. Foi pensando também nisso, que três importantes instituições de ensino – Dom Helder Escola de Direito; Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia; e Escola de Engenharia de Minas Gerais -, localizadas em Belo Horizonte, fizeram a proposta de um seminário, cujo tema foi: Diálogos para a paz: solução de conflitos, construção de caminhos, no qual foram reunidos representantes da Filosofia, do Direito, da Teologia e da Engenharia para leituras dialógicas do tempo presente.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

DIÁLOGO

 

Sem diálogo não há desenvolvimento possível de nossa humanidade. O acirramento nas relações sociais, que temos visto cada vez mais marcadas pela violência, revela uma das consequências de nos fecharmos em nossa própria estrutura de pensamento, apegando-nos a ela com uma noção de verdade em que não há chances mínimas de ser questionada. Fora da escuta de outras compreensões e de visões de mundo, esclerosamo-nos. Escutar, apenas, quem discursa aquilo que é o que nós pensamos, coloca-nos numa posição bastante complicada: acabamos por acreditar que temos razão indiscutível em nossa verdade, sendo que esta verdade é apenas um traço da absurdamente complexa realidade que nos cerca.

Dialogar é mais que expor opiniões. O diálogo é condição necessária para o alargamento do mundo e para a ampliação de nossos horizontes. Além disso, é preciso que consideremos que nem tudo é opinião, quando, por exemplo, fatos certificados na realidade são questionados ou pessoas são desrespeitadas e indignificadas. Dialogando, temos a possibilidade de avaliarmos melhor nosso próprio lugar no mundo, nossa identidade, aquilo que nos constitui, ao passo em que temos a oportunidade de conhecer um pouco o mundo do outro, conhecer sua experiência na leitura da realidade, descobrir nossas compreensões e verdades.
(Continua...)

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

CONTRADIÇÕES.

 

São contradições irracionais, a exemplo da constatação de recordes de safras obtidos pelo agronegócio e destinadas à exportação, quando mais da metade da população se encontra em situação de miséria e fome. Não se pode considerar como consequência qualquer a gravíssima crise hídrica, a pior dos últimos 90 anos. A crise ambiental pesa sobre a sociedade brasileira, aprofundada por claras manipulações de decisões e escolhas pela hegemonia pecaminosa da força do dinheiro. Há grave crise no âmbito dos direitos humanos – entidades de defesa dos direitos humanos, organizações indígenas e de trabalhadores, no campo e na cidade, suas lideranças e seus técnicos estão submetidos a pressões e ações criminosas. Preocupante é a evidente corrosão democrática, com ameaças aos pilares da democracia. A vigente crise político-social, que afeta o equilíbrio e o desenvolvimento integral e pacífico da sociedade brasileira, precisa ser entendida pelo cidadão, de modo a identificar seus agentes danosos, condição para se elaborar novos critérios de juízos. E de escolhas por uma proposta que resulte em mudanças de lideranças, comandos e funcionamentos pautados pela prioridade do bem comum. A escola da conscientização precisa contar com o conjunto da sociedade – iniciando um grande número de matriculados no “beabá” que poderá salvar todos dos enquadramentos nocivos, juízos equivocados e obscurantistas.

domingo, 3 de outubro de 2021

EVITAR DESCARRILAMENTOS.

 


As “bitolas” da conscientização e da experiência contêm diferentes lições e indicam a necessidade de muitos exercícios. Sua desarticulação produz descarrilamentos e descompassos que incidem prejudicialmente sobre a vida de todos. Por isso, é fundamental a qualificação da cidadania, considerada o conjunto equilibrado e articulado da participação esperada de cada indivíduo, o que requer clareza a respeito de processos sociopolíticos e econômicos e a profundidade do viver como dom. A sociedade brasileira está exigindo resposta nova que haverá de ser resultado do envolvimento de todos na compreensão do que está ocorrendo. Criar, assim, a lucidez que permite identificar onde está o descompasso para que não se defenda o indefensável. O cidadão precisa compreender e se preocupar – considerando novas respostas e novas escolhas – saber que o Brasil vive uma conjunção de crises alimentadas por muitas tensões, alavancadas por indivíduos, segmentos e até instituições desprovidos da necessária qualidade de balizamento em parâmetros éticos e morais. É preciso, sem paixões partidárias e entrincheiramentos em torno de nomes, reconhecer que o Brasil está mergulhado numa conjunção de crises sem precedentes.

sábado, 2 de outubro de 2021

VIVER MELHOR

 

O viver melhor remete a questões cruciais e pesadas da realidade. Considerável e preocupante é o número daqueles que não estão dando conta de sustentar o próprio viver. Reside aí importante alerta: providências precisam ser empregadas nos ambientes familiares, nos círculos de trabalho, nas relações interpessoais e naquelas estabelecidas no interno das instituições religiosas, artísticas e tantas outras. Há um combate ferrenho a ser travado, porque as estatísticas dos que desistem de viver é alarmante. Crescente é o trabalho para salvar vidas, com embasamento científico, procedimentos terapêuticos e relacionais qualificados, apontando para o sentido amplo da responsabilidade sobre a própria vida e a do outro, com dedicação, atenção e ajuda. Há uma ciência própria a aprender na capacitação do entendimento da alma humana, avançando na autocompreensão para fecundar a competência do próprio viver. O luto ampliado no horizonte da sociedade, amalgamando, tristemente, números altos de vítimas da Covid-19 e dos que tiram ou tentam dar fim à própria vida, com outros indicadores relevantes dos cenários vergonhosos da desigualdade social, aponta para a necessária condição de aprendizes de um autêntico viver melhor.