segunda-feira, 18 de outubro de 2021

O SILÊNCIO DO BANDONEON

 


Saindo dos prostíbulos para os salões de festa, o tango alcançou sua máxima popularização com o estrondoso sucesso do cantor Carlos Gardel. Sendo conhecido como um dos mais famosos cantores de tango, Gardel mostrou sua música nos palcos e internacionalizou sua arte com a gravação do filme “El Dia Que Me Quieras”. Ainda hoje, o tango é uma das expressões artísticas mais conhecidas na Argentina e seus espetáculos atraem turistas de todo o mundo.

Horizontina não ficou fora desta influência. Alguns bons músicos, sob a batuta de Bruno Bender, formaram uma orquestra, “Jaz e típica Quitandinha” que por anos fez grande sucesso em salões da região e na província de Missiones na Argentina.

Os bailes começavam com Aquarela do Brasil, e na sequencia os mais diversos ritmos e músicas da época, a exemplo das grandes orquestras de fama e sucesso internacional.

Passada a primeira hora de música internacional, o crooner anunciava: E agora para os casais enamorados apresentamos a Orquestra típica Quitandinha. Aos primeiros acordes do Bandoneon de Vitório Rizzi, o público aplaudia de pé. O salão era tomado pelos casais bailarinos e os mais belos Tangos, boleros, milongas, valsas e chamamé a meia luz, eram executados para o deleite dos presentes.

Todos os músicos eram de grande competência e qualidade: Dois violinos, um rabecão, uma bateria, mas a nossa homenagem hoje é para Vitorio Rizzi, considerado o melhor bandonista do Rio Grande do Sul ou quiçá do Brasil. Na argentina, terra do tango, Vitório Rizzi era convidado para apresentações mesmo depois da extinção do Quitandinha. La conheceu o maestro: Buri -Mestre de Bandoneon e música argentina e o pianista: Solano e fizeram dezenas de apresentações na Argentina e Brasil.

Vitório Rizzi era barbeiro de profissão, mas não deixava de ensaiar todos os dias. Aposentado, passou a exercer a profissão em casa, só para os amigos e clientes mais íntimos. Quando ia lá para cortar o cabelo, não deixava a gente sair antes de executar algumas músicas. Já na terceira idade, a habilidade de suas mãos mágicas, corriam pelo teclado com a mesma habilidade de sempre. Um dia, num acidente, bate a cabeça e sua vida mudou de rumo. Perdeu o domínio das mãos, tentou, voltou a tentar ninguém sabe quantas vezes e o bandoneom foi para o estojo e nunca mais saiu de lá. “FOI O SILÊNCIO DO BANDONEON” Que hoje volta a tocar em outra dimensão para a alegria dos que o antecederam, pois pelo que se sabe Deus gosta de música e o céu deve ter ficado ainda mais alegre e Vitório Rizzi, novamente feliz.

Escrito por  Rui Eloi Arend a Vitório Rizzi a pedido de Wilson Nascimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário