terça-feira, 29 de janeiro de 2019

ARMAS: MAIS VIOLÊNCIA. MAIS MORTES.

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Cerca de 70% dos brasileiros não aprovam as medidas do presidente Jair Bolsonaro, em especial a liberação de armas. Diante desse dado, detectado em pesquisa do Datafolha, surge automaticamente a pergunta: e como é que ele foi eleito? A pesquisa não responde a essa pergunta, mas a sua resposta não é muito difícil: ele foi eleito graças a dois fatores principais – a combinação da campanha da mídia de criminalização de Lula e do PT com a indústria de fakenews do ex-capitão, que deixou grande parte dos eleitores imbecilizados e vulneráveis às promessas de salvação da Pátria; e à prisão de Lula, que o afastou das eleições deixando o campo livre para Bolsonaro. E agora, passada a euforia inicial dos eleitores que acreditaram em mudanças com o novo presidente, a realidade do equívoco cai com todo o seu peso sobre a população, menos de um mês após a posse do novo governo. Até hoje não houve uma só medida, executada ou anunciada, que beneficie o povo. Muito pelo contrário, todos os atos só trazem prejuízos, inclusive o decreto que permite a posse de pelo menos quatro armas por maiores de 25 anos, prenunciando mais violência e mais mortes. Esse decreto, aliás, é a cara do novo governo que, segundo o teólogo Leonardo Boff, é "o triunfo da ignorância e da estupidez".

Para justificar o decreto o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, não titubeou em falar duas grandes asneiras, na verdade, escandalosas mentiras: nos países onde as armas são liberadas a violência é menor e, surpreendentemente, comparou o risco de ter uma arma em casa ao perigo representado pelo liquidificador. Piada com coisa séria. Alguém por acaso tem notícia de que alguma vez um liquidificador matou uma criança? Será esse o nível de inteligência do novo governo? Ninguém tem dúvidas de que o número de homicídios por arma de fogo vai crescer de maneira vertiginosa, especialmente no campo, onde os assassinatos por questão de terras se tornaram rotina. E, também, nas cidades, onde a criminalidade faz vítimas todos os dias, tornando o Brasil um dos países mais violentos do mundo. E quem serão os responsáveis pelas mortes? Os responsáveis serão não apenas os que acionarem os gatilhos mas, sobretudo, aqueles que facilitaram a posse de armas: o presidente Bolsonaro e o ministro Sergio Moro. Muitos dos seus eleitores vão chorar amargamente, arrependidos, quando tiverem um parente entre as vítimas. E pensarão: "Meu Deus, não foi para isso que eu votei nesse homem!" Tarde demais.

Isso, porém, é apenas o começo pois vem mais coisa por aí. O novo secretário de Assuntos Fundiários, o ex-presidente da Associação de Ruralistas Nabhan Garcia, já está anunciando o fechamento das centenas de escolas do MST, com mais de quatro mil professores e frequentadas por 200 mil crianças, e a criminalização desse movimento, considerando-o terrorista, o que pretende justificar as possíveis chacinas dos trabalhadores sem terra, pois os ruralistas, agora fortalecidos pelo governo Bolsonaro e bem armados, entendem que estão autorizados para matar. Como acreditar num governo que tem como slogan "Deus acima de tudo" e autoriza todos a matar, facilitando a posse de armas? Como acreditar num governo que invoca Deus e viola a sua lei que, entre outras coisas, determina "não matarás"? O decreto, nem bem foi assinado, e já excitou até a desembargadora Marilia Castro Neves, do Rio de Janeiro, que, através das redes sociais, comemorou a iniciativa e incitou ao assassinato do presidenciável e líder do MTST, Guilherme Boulos. "Agora, depois do decreto, você será recebido a bala", ela disse. Boulos decidiu processá-la, o que, no entanto, não deve preocupa-la, porque o Conselho Nacional de Justiça se comporta como um órgão corporativista.

O fato é que, além do incremento da violência, com a liberação das armas, as perspectivas para o futuro são muito sombrias. Por mais boa vontade que se tenha, não se consegue vislumbrar, na linha do horizonte, nenhuma luz de esperança de que alguma coisa boa irá acontecer. E o pessimismo já começa a crescer inclusive entre aqueles que contribuíram para a eleição do ex-capitão. Até a esperança de que o novo Congresso pudesse atuar verdadeiramente em favor do povo, contendo os excessos do novo governo, começou a murchar com a notícia de que as esquerdas se dividiram e estão apoiando a reeleição de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara. Ou seja, nada muda, até porque a renovação foi de caras, já que em essência os novos parlamentares, com raras exceções, não diferem dos que não foram reeleitos: sua preocupação envolve interesses pessoais ou de grupos, não os do povo que os elegeu. A mediocridade continua, especialmente na Câmara. Só nos resta rezar

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

BRASIL, UM PAÍS MORALMENTE MORTO.

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Uma das frases mais ouvidas no contexto da tragédia criminosa de Brumadinho é a de que “não se aprendeu nada com a tragédia de Mariana”. Isto não se deve a um mero ato de negligência, o que já seria grave. Mas se deve a um ato deliberado de não querer aprender com os erros do passado, o que é gravíssimo. Não aprender com os erros do passado é o modo de ser e de proceder das elites econômicas e políticas do país. É por isso que naturalizamos as várias tragédias em que estamos afundados e nos mostramos um país incapaz de sair do destino desafortunado e desgraçado em que parecemos estar prisioneiros. Mas essa incapacidade é uma escolha e sempre que acontecem desastres e tragédias os atribuímos ao acaso, ao imprevisto, ao fatal. Esta é uma forma criminosa de proceder, por trás da qual estão emboscadas as elites em sua astúcia predadora, assassina, sanguinária. Esta é também a fórmula secreta da impunidade comprada a peso de ouro junto a escritórios de advocacia e postergada indefinidamente por juízes impiedosos, que não se sensibilizam com as vidas ceifadas, com a dor e com os prejuízos dos que ficam, com a devastação ambiental e com o sacrifício do futuro.

O Brasil está moralmente morto. A vasta corrupção que destruiu as instituições, a impunidade dos corruptores e de muitos corruptos notórios, os privilégios dos políticos e do alto funcionalismo, a incapacidade do Estado e dos políticos em resolver os problemas fundamentais do país e do povo, a vandalização da Constituição pelo Judiciário, a devastadora destruição de Mariana, as chamas que queimaram a nossa história no Museu Nacional, a vitória de Bolsonaro e a tragédia de Brumadinho são eventos de um único ambiente que provocou a morte moral do Brasil.


Não há limites para os nossos retrocessos. O Brasil está entregue ao grotesco, ao tenebroso, ao assombroso. Os maiores invocadores da pátria não são patriotas. Os maiores invocadores de Deus são sócios do demônio. Em nome do moralismo tosco, criminoso, anti-humano, contrário aos direitos civis, apunhala-se a própria moral, busca-se legitimar a violência como método de solução de conflitos, deixa-se de querer e de fazer o bem comum. Em nome desse moralismo muitas igrejas transformaram-se em templos do cinismo, onde os falsos profetas pregam o retrocesso civilizacional, o conservadorismo enlouquecido, sedento de dinheiro, de poder e de sacrifícios humanos.

O Brasil está moralmente morto porque somos um povo incapaz de acreditar no Brasil e em nós mesmos. Temos o pior índice de confiabilidade interpessoal. Por isso somos dominados pela ausência de um sentido comum e não somos capazes de construir uma comunidade de destino. No Brasil, o senso ético do bem comum foi assassinado, seu corpo foi arrastado pelas ruas das nossas cidades e crucificado nas praças públicas para advertir e impor o medo àqueles que lutam por direitos, justiça e igualdade. Querem que nos curvemos à descrença e que só acreditemos em que nada vale a pena, visando gerar o imobilismo social e político, a impotência para a luta, a incapacidade para a virtude e a descrença do futuro. A morte das vontades e dos desejos de mudança é a morte moral do Brasil e de seu povo.

Um país que tem 106 milhões de pessoas que ganham até um salário mínimo, que tem 54 milhões de pessoas pobres, mais de 15 milhões que vivem abaixo da linha da pobreza e que ocupa a nona posição entre os mais desiguais do mundo não pode ser um país moralmente vivo. Um país que mata 64 mil pessoas por ano pela violência, que destroça milhares de pessoas no trânsito, que ocupa o sétimo lugar entre aqueles países que mais matam jovens e o quinto lugar entre aqueles que mais matam mulheres é um país moralmente morto.

Precisamos de líderes e de movimentos que sejam capazes de fazer convergir as múltiplas lutas, as dispersas iniciativas, as fracas vontades. Se o momento é de debilidade, de fraqueza e de desorientação, precisamos pressionar pela unidade, pois é dela que podem ser forjadas novas lutas e novos líderes. Os males provenientes das atuais condições sociais e políticas não podem nos calar e nos matar. Se a razão tem motivos de sobra para ser pessimista, a vontade precisa nos animar, restaurar as nossas virtudes cívicas para as lutas e combates, pois só neles reside a esperança. Somente a restauração das nossas qualidades e virtudes internas, dos nossos desejos e paixões por mudanças e por justiça podem criar novas condições políticas e morais, primeiro, para estancar a decadência e o retrocesso que estão em marcha e, segundo, para criar um movimento comum, transformador, inovador, de sentido universalizante. Somente a nossa vontade militante e atuante poderá restituir a vida a um país que está moralmente morto. Precisamos de líderes e de movimentos que sejam capazes de fazer convergir as múltiplas lutas, as dispersas iniciativas, as fracas vontades. Se o momento é de debilidade, de fraqueza e de desorientação, precisamos pressionar pela unidade, pois é dela que podem ser forjadas novas lutas e novos líderes. Os males provenientes das atuais condições sociais e políticas não podem nos calar e nos matar. Se a razão tem motivos de sobra para ser pessimista, a vontade precisa nos animar, restaurar as nossas virtudes cívicas para as lutas e combates, pois só neles reside a esperança. Somente a restauração das nossas qualidades e virtudes internas, dos nossos desejos e paixões por mudanças e por justiça podem criar novas condições políticas e morais, primeiro, para estancar a decadência e o retrocesso que estão em marcha e, segundo, para criar um movimento comum, transformador, inovador, de sentido universalizante. Somente a nossa vontade militante e atuante poderá restituir a vida a um país que está moralmente morto.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

COMO FUBA NO FEIJÃO

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Italo Calvino usa a metáfora da alcachofra para explicar o trabalho de desfolhar as camadas do texto em busca dos seus sentidos. No miolo das alcachofras, as pétalas assumem uma forma cada vez mais semelhante à dos pistilos, deixando supor que aqueles inúmeros fiozinhos delicados abrem outra metáfora: a do infinito. Para Italo Calvino as possíveis leituras de um texto são ilimitadas. Mas o escritor referia-se à literatura: à capacidade de diálogo que a arte possui ao longo do tempo e das culturas. A infinitude da arte corresponde à sua universalidade e à sua capacidade de ter sentido e de adquirir novos sentidos para leitores pertencentes a gerações nascidas depois ou bem depois da sua criação.

Por isso, tragédias gregas têm sentido ainda hoje: porque apresentam situações verossímeis, capazes de estimular a reflexão do homem contemporâneo. Que sejam baseadas em fatos ou em mitos, os textos literários não são fatos nem são mitos. Especialmente, um texto literário não nos explica os fatos do passado, mas pode ajudar a entender como provavelmente aqueles fatos eram e podem ser abordados.

Para explicar a dinâmica entre ficção e fatos da realidade, é preciso passar pelos complexos mecanismos da interpretação, muitas vezes mediada pelo uso de figuras de linguagem, que complicam ainda mais o acesso à tal alcachofra literária. A literatura treina a nossa capacidade de ir e vir às palavras e aos fatos, desafiando a nossa capacidade de discernimento e a habilidade para ler o que é dito por meio de outras palavras ou mesmo o que não foi dito para ser entendido.

Lemos muito pouco e lemos muito mal. Os criadores de fake news sabem disso e também conhecem muito bem o fio sutil que separa os fatos da ficção. O termo usado para os sentidos criados por inventores de falsidades é pós-verdade, mas seria melhor deixar a verdade fora dessa história. O problema é muito maior, pois enquanto a verdade depende de um sistema conceitual para ser postulada, a chamada pós-verdade geralmente se detém em um nível mais concreto: o da negação ou da manipulação dos fatos, sobrepondo aquilo que deveria ser matéria para a história ao que pertence à fantasia, à ficção ou à mentira pura e simplesmente.

A pós-verdade está para os fatos como o fubá para a feijoada: é uma operação de falsificação com o objetivo claro de enganar o leitor. E isso é muito diferente do papel exercido pelo escritor quando simula deliberadamente. O leitor diante da literatura compartilha os códigos do escritor. Diante de um fato manipulado, o pressuposto do êxito para o falsificador é que o leitor não tenha domínio dos códigos comunicativos que usa.

Mas por que toda essa premissa, se o título fala de fubá e feijoada? É para lembrar que somos a pátria das personagens de Lima Barreto, como o homem que falava javanês ou Numa, o deputado de grande fama graças ao discurso da mulher (e do seu amante). Somos a pátria da empulhação, que não se envergonha de mentir ao mundo, pensando ingenuamente que temos os únicos falantes de javanês nos Alpes. No mundo da pós-verdade podemos dizer tudo, como já cantavam os Novos Baianos ao falar do cuscuz e do batuque que enganava a nossa ginga. Contudo, o fubá jamais será farofa, o cuscuz sempre será cuscuz e não outra coisa. Conceitos não são peças intercambiáveis. Nessa ilusão, muita gente dança.

Fatos, por mais que comovam ou indignem, por mais que mexam com nossas vísceras e provoquem a nossa paixão, não podem prescindir do exame racional. Comidas como metáforas da leitura ajudam a entender que a interpretação às vezes passa pelo coração, às vezes pelo cérebro, às vezes pelo fígado.

Se, ao ler um texto, sentir um aperto no coração ou uma raiva incontrolável que mexe com a sua barriga, pare e pense: use o órgão central. Desconfie, pois é no coração e no fígado que os escritores tiram seus melhores efeitos. E é onde os mentirosos buscam melhor tirar proveito dos leitores despreparados. Quando a emoção prevalecer, lembre do seu cérebro. Não ponha fubá no seu feijão.


Gislaine Marins

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

A FRANQUIA DO CHOCOLATE SUÍÇO.

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Segundo uma citação bíblica, não devemos julgar para não sermos julgados. A mesma citação ainda acrescenta que, com o mesmo rigor que julgarmos aos outros, também seremos julgados. Há quem não acredite nos escritos bíblicos. Da mesma forma, que há quem acredite na existência de um salvador da pátria. Um messias não bíblico, que viria limpar a nação de todo o mal provocado pela corrupção vermelha criada pelo PT, que planejava entregar o país nas mãos da URSAL.

Entre aqueles que acreditam no conto do evangelho anti corrupção, está Dona Norma. Casada há 20 anos com um empresário do ramo da construção civil, ela é a típica madame da zona sul carioca. E muito se orgulha disso. Norminha, como é carinhosa chamada pelas dondocas que fazem parte do seu círculo social, é uma ferrenha defensora da família tradicional brasileira. Devota de Santa Damares do vestido rosa, ela está radiante com a nova era e com os novos rumos que o novo governo prometeu dar ao país.

Com muita ansiedade e expectativa, Norminha sentou-se em sua poltrona reclinável para assistir ao primeiro discurso internacional do seu novo presidente. Momento tão único, não poderia ser vivenciado sem ter alguém para dividir tamanha alegria consigo. A escolhida foi Estela. Sua melhor amiga e ex esposa de um ex bem conceituado cirurgião plástico, que perdeu sua credibilidade profissional ao ser flagrado testando em si mesmo, a eficiência da prótese peniana que havia implantado em um de seus clientes. Um escândalo que abalou o HighSociety carioca.

- Vai começar a abertura do fórum, Estela. Que Deus abençoe o nosso presidente!
- Ele vai arrasar, amiga!
- Sim. Só não entendi porque ele só vai usar 8 minutos, dos 45 que teria direito.
- Deve ser alguma estratégia para surpreender o mercado internacional....

O presidente de Norminha e Estela falou por 6 longos minutos. Parecia uma eternidade, visto que o conteúdo de sua fala foi de uma prolixidade nacionalista enfadonha. Incluindo uma falsa preocupação com o meio ambiente e um convite aos habitantes do resto do mundo, para passarem férias em seu país. Os mais críticos diriam que o seu discurso foi extraído de sua bolsa de colostomia, mas, para Norminha e Estela, ele A-RRA-SOU! Que postura! Que português impecável. Quanta diferença para um tal ex presidente que mal sabia falar, mas que usava todo o tempo reservado a ele, e ainda suscitava nos presentes um desejo de bis.

- Hahaha! Viu, Estela? A esquerdalha que pensou que o nosso presidente ia fazer vergonha, se ferrou. Chora, vagabundos!
- Tem razão, amiga! Ele deu show. Quero ver agora, a Globo derrubá-lo com essas mentiras contra o filho dele.
- Também acho que ficou difícil. Ainda mais que o menino deu entrevista na Record e explicou tudo. Matou a pau! Igual ao pai.
- Rapaz honesto, trabalhador. Poderia ter enriquecido na política, mas não. Abriu uma franquia de chocolateria e fez seu patrimônio crescer 400%.
- Pois é, menina! Se ele administra tão bem uma loja, imagina o que ele pode fazer pelo país, auxiliando o pai?

Enquanto o nobel de economia, Robert Shiller, dizia em entrevista que "Ele me dá medo", referindo-se ao presidente de Norminha e Estela, e a imprensa internacional considerava como um "fiasco" o seu discurso no fórum de Davos, as duas seguiam eufóricas com a performance do chefe de estado de seu país. Tanto, que foram para as redes sociais expressarem todo o seu contentamento. Ao entrar no Twitter, Norminha levou um susto ao ver que nos trend topics daquela rede, estava uma hashtag que pedia a prisão do filho do seu presidente.

- Estela! Olha isso!
- O que foi, amiga?
- Estão pedindo a prisão do menino no Twitter. Isso deve ser coisa do Lula, que está morrendo de inveja do show que o presidente deu na Suíça.
- Que absurdo! Ele não já explicou que o seu patrimônio vem da loja de chocolates?
- Isso é perseguição da imprensa golpista.
- Olha,Norminha! Tem um vídeo dele chorando e secando as lágrimas na bandeira nacional...
- Ai, que dó! Até nesse momento de angústia, o menino não deixa de ser patriota.
- Estou até ficando nervosa com essa história
- Calma, amiga! Vou pedir para Marlene trazer uma água com açúcar para você.

Marlene era a empregada de Norminha. Moradora de Rio das Pedras, uma simpática comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro, a moça demorou para ouvir o pedido da patroa, porque estava de ouvido colado no radinho que fica em cima do armário da cozinha, onde ela acompanhava notícias sobre uma batida policial no bairro onde mora.

- Está surda, Marlene?
- Desculpa, dona Norma! É que me distrai ouvindo o rádio
- Ouvindo rádio no horário de trabalho? Não estamos mais na era do PT, mulher. Agora, aqui é trabalho.
- É que estão falando que o filho do seu presidente, é amigo de uns caras que foram presos hoje pela polícia.
- E o que você quer dizer com isso? Tá insinuando que ele tem alguma ligação com esses caras?
- Não, dona Norma! Tô apenas dando a notícia...
- Eu te pedi alguma notícia, sua petralha!
- Mas, eu não sou petralha., dona Norma. Eu também votei nele. A senhora mandou. Esqueceu? Disse que se eu votasse no outro, eu ficaria sem emprego.
- Ah é! Tinha me esquecido. É essa sua cara de pobre que me lembra a esquerda e me deixa nervosa.
- Eu também fiquei nervosa com tudo isso, amiga!
- Calma, Estela! Toma! Pega um chocolate que acalma.
- Hum! Que delicia! Recheio de laranja...É suíço?
- Sim. Da franquia do menino.
- Está explicado porque ele está rico.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

NUNCA ESTAREMOS SÓ

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No trajeto habitual, ao meu início de dia, ouço através do rádio “estou ali mesmo sem saber”. Isso me tranquiliza, o coração reflete numa paz infinita por saber que tem alguém comigo em algum lugar.

Alguém que me acolhe de onde estiver... Que me oferece um espaço de vida na sua vida. E esse espaço é de escuta, de acolhida ou simplesmente de presença. Alguém zela por mim em algum lugar, pessoas que me amam, o Deus que eu acolho. Eles são o vínculo seguro que internamente me diz “vai, você consegue”.

Com sorriso nos lábios e o coração preenchido de presença viva, inicio meu dia e faço minha entrega. Desfilam as pessoas que me acompanham nos caminhos em que me embrenho, onde me perco ou me acho pela minha mente.

Essa confiança de que tem alguém em algum lugar, que me acolhe, me ampara, me empurra para a vida, remete-me à segurança e faz-me construir um suporte e maneiras de continuar mesmo quando a vida está difícil.

Vem a certeza de que estou com todas as pessoas que vão dentro de mim e que muitos vão comigo também.

Vão guardados sem eles saberem ou sem eu me dar conta. Mas estão confirmando que de alguma maneira passaram por mim, deixaram suas marcas, e principalmente me mostram que é possível continuar e que não estou sozinho.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

PENSAMENTOS DE UM ELEITOR ARREPENDIDO



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Era manhã de domingo, e eu mal havia acordado. Como de costume, peguei meu celular no criado mudo e acessei as redes sociais. Logo de cara, me deparei com uma notícia certamente forjada pela mídia esquerdista, que dizia que o Queiroz, ex assessor do filho mais velho do meu presidente, havia movimentado 7 milhões de reais em apenas 3 anos. Confesso que levei um susto, mas ao perceber que a matéria era do jornal O Globo, fiquei mais aliviado. Ainda mais vindo da coluna do Lauro Jardim. Mais um que mama nas tetas da Lei Rouanet.

É óbvio que isso é mais uma mentira, que faz parte da estratégia da esquerda para desestabilizar o governo do meu mito. Eles sabem que a mamata deles vai acabar e estão desesperados. Esses comunistas da Globo jogam sujo. Aquele marxista do William Bonner está com a língua coçando, para noticiar a queda do nosso presidente. Mas, nós estamos com ele até o fim. Ainda que seja verdade esses 7 milhões do Queiroz, precisamos nos unir para que o PT não volte ao poder. Não! Eu nem deveria estar pensando na hipótese de tudo isso ser verdade. Perdão, meu deus Moro! Afasta essas influências esquerdopatas de mim.

Eu não posso ter me enganado. Essa família era a minha esperança. Fiz campanha para eles de graça. Fui robô no twitter e caixa dois no Facebook. Espalhei fake news para ajudá-los a derrotar os petistas. Falei sobre o Kit Gay na escola dos meus filhos, alertei sobre os riscos da mamadeira de piroca na vizinhança e disseminei na minha Igreja, que o Haddad criou a ideologia de gênero e queria liberar o incesto. Postei foto fazendo gesto de "arminha" com a mão, rezei para ele se recuperar da facada que o Lula mandou dar nele. Briguei feio com quem dizia que a facada era fake, só porque não saiu sangue...

Realmente é estranho levar uma facada e não sair sangue. Mas, isso não me dá o direito de duvidar daquele que eu escolhi para salvar o meu país da corrupção. Ele é honesto, honrado, hétero, cristão, conservador. Preserva valores éticos e defende a família tradicional brasileira. Ainda que aquela facada tenha sido uma armação, precisamos nos unir para que o PT não volte ao poder. Mas, o que eu estou falando? Eu nem deveria estar pensando na hipótese daquela facada ter sido um blefe. Perdão, meu jesus da goiabeira! Que santa Damares me ajude a ser liberto dessa voz diabólica, que tenta afastar-me do meu messias salvador da pátria.

Vou parar de assistir a esses noticiários anti direita da Globo e do SBT. Vou parar de ler aquelas matérias chapa branca do Brasil 247, do Diário do Centro do Mundo, da Folha e da Veja. Vou bloquear todos os meus amigos do Facebook, que compartilharem essas fake news. É como o nosso guru Olavo de Carvalho falou. Essa imprensa é uma organização criminosa a serviço do PT. Estão fazendo de tudo para derrubar o Bolsonaro. Como não conseguem provar nada contra ele, querem pegar o filho para atingi-lo. Ora! Mas eu não votei no filho. Eu votei no pai. E, até agora, o pai não me deu motivos para duvidar de sua honestidade.

Teve aqueles depósitos que o Queiroz fez na conta da primeira dama, mas aquilo foi uma bobagem. Ele apenas estava pagando os 40 mil que pegou emprestado com o amigo presidente. Motorista honesto, trabalhador. Veja como a imprensa é suja. Como alguém que pede dinheiro emprestado, pode ter movimentado 7 milhões de reais em 3 anos? A conta não bate. Tá na cara que estão inventando isso tudo para atingir a imagem do meu presidente. E ainda que o Queiroz tenha movimentado essa grana toda, o que o Bolsonaro e o filho têm a ver com isso? O meu presidente até já desfez a amizade com o cara, porque descobriu que ele fazia rolo.

Eu até estranhei, o Flávio Bolsonaro ter pedido para o STF suspender a investigação contra ele. Mas depois ele explicou tudo direitinho. Ele tem direito a foro privilegiado. Se tem direito, por que não usar? Não significa que ele tenha rabo preso na história. E ainda se tivesse, o mais importante é que tiramos o PT do poder. Por que o COAF não vazou as movimentações do Lula? Vão dizer que não tinham nada de errado com ele, só porque não encontraram provas? Precisa de provas para saber que ele é corrupto? Isso é tudo fake news!

Eu confio no meu presidente e nos filhos dele. Se foram criados por ele, são iguais a ele. Honestos, cristãos, héteros, defensores da família tradicional. E ainda que não fossem, não importa. O importante é não deixar o PT voltar ao poder. Mas, por que eu sempre me questiono, “ainda que não fosse”? Não! Não pode ser! Eles têm que ser honestos. Eu não posso passar essa vergonha diante da petralhada do escritório. Eles vão me ridicularizar, vão dizer que eu fui enganado e que eu também tenho bandido de estimação.

E se rolar um pedido de impeachment do meu mito? Eles irão para as ruas pedindo “Fora Bolsonaro”. Vão fazer um bolsoleco vestido de presidiário, com uma mamadeira de piroca na boca e irão apedrejá-lo com laranjas. Será muita humilhação. Não! Ele é honesto. Todos são honestos. Eles precisam ser honestos. Mas, e se não for? Ai, meu Deus! Acho que sou capaz de pegar um liquidificador e fazer uma besteira. Deixa eu ver o que estão falando no whatssap!

Valei-me, meu São Onyx!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

VENHO DA PEDRA LASCADA.

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Cada um de nós tem a idade do universo que é de 13,7 bilhões de anos. Todos estávamos virtualmente juntos naquele pontinho, menor que a cabeça de um alfinete, mas repleto de energia e de matéria. Ocorreu a grande explosão e gerou as enormes estrelas vermelhas dentro das quais se formaram todos os elementos físico-químicos que compõem todos os seres do universo e também o nosso. Somos filhos e filhas das estrelas e do pó cósmico. Somos também a porção da Terra viva que chegou a sentir, a pensar, a amar e a venerar. Por nós a Terra e o universo sentem que formam um grande Todo. E nós podemos desenvolver a consciência desse pertencimento.

Qual é o nosso lugar dentro desse Todo? Mais imediatamente, dentro do processo de evolução? Dentro da Mãe Terra? Dentro da história humana? Não nos é dado saber ainda. Talvez será a grande revelação quando fizermos a passagem alquímica deste para o outro lado da vida. Ai, espero, tudo fica claro e nos surpreenderemos porque todos somos umbilicalmente inter-relacionados, formando a imensa cadeia dos seres e a teia da vida. Cairemos, assim creio, nos braços de Deus-Pai–e-Mãe de infinita misericórdia para quem precisa dela por causa de suas maldades e um abraço amoroso eterno para os que se orientaram pelo bem e pelo amor. Depois de passarem pela clínica de Deus-misericórdia, os outros também virão.

Eu de criança de poucos meses estava condenado a morrer. Conta minha mãe e as tias sempre o repetiam, que eu tinha “o macaquinho”, expressão popular para anemia profunda. Tudo que ingeria, vomitava. Todos diziam pobrezinho, vai morrer”.

Minha mãe, desesperada e escondida de meu pai que não acreditava em benzimentos, foi à benzedeira, à velha Alma. Ela fez as suas rezas e lhe disse: “dê um banho com essas ervas; depois de fazer o pão no forno, espere até ficar morno e coloque seu filhinho lá dentro”. Foi o que fez minha mãe. Sobre a pá de retirar o pão cozido, me colocou lá dentro. Deixou-me, aí por um bom tempo.

Eis que ocorreu uma transformação. Ao me retirar do forno, comecei a chorar, diziam, e a procurar logo o seio para sugar o leite materno. Depois, minha mãe, mastigava em sua boca as comidinhas mais fortes e me dava. Comecei a comer e a me fortalecer. Sobrevivi. Estou aqui oficialmente velho com quase 80 anos.

Passei por vários riscos que poderiam ter custado minha vida.

“venho da pedra lascada, do fundo da história, quando mal e mal tínhamos meios para a sobrevivência. escrevi bastante, enxuguei lágrimas e mantive forte esperança de gente que se frustravam com os rumos de nosso país.

Qual é o meu destino? Não sei. Tomei como lema que era do meu pai que o vivia:”quem não vive para servir, não serve para viver”. A Deus a última palavra.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

O CAPETA NA CORTE.


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Conta um velho manuscrito carolíngio que, certa feita, decidiu o diabo instalar-se em plena corte de um rei que se julgava verdadeiro messias. Dos súditos se exigia não apenas obediência, mas sobremaneira devoção.

Como sabem todos, etimologicamente diabo é antônimo de símbolo. Se este une e agrega, aquele divide e confunde. E era exatamente este o intuito do diabo, semear na corte a mais intensa confusão.

O rei se tomou de perplexidade e ódio ao ver seus propósitos reduzidos à galhofa. O que ele dizia pela manhã era desmentido à tarde por seus ministros. Se prometia aumentar impostos, logo seus acólitos se apressavam a esclarecer que ele se equivocara. Se um ministro demonstrava a intenção de vender aos barões parte do patrimônio do reino, logo Sua Majestade tratava de contradizê-lo e reafirmar que certos bens estratégicos do reino não poderiam ser alienados.

O diabo, em sua esperteza maléfica, tratou de semear uma das mais eficazes pragas: a confusão semântica. As palavras viram seus significados se esvaziar ou ser trocados, a ponto de uma princesa ousar confessar em público ser uma pessoa “terrivelmente religiosa”. Consultasse ela um dos vernaculistas do reino, saberia que o advérbio deriva de “terrível, que causa ou infunde terror”, conforme aclarou o sábio Michaelis. E o monge carolíngio copista do importante manuscrito fez esta glosa que tanto agradou o diabo: “Uma religiosidade terrível nada tem a ver com o bom Deus”.

A mesma nobre autoridade ousou decretar que, no reino, meninas deveriam trajar rosa e, meninos, azul. O diabo esfregou as mãos de satisfação. Os daltônicos, por temerem incorrer em erro, preferiram sair nus à rua, o que suscitou uma onda de escândalos. Os que haviam nascido menina e, no entanto, se sabiam menino, vestiram-se de rosa, e os meninos que se sabiam meninas trajaram o azul, o que os tornou alvo de severos castigos.

Por injunção do diabo, toda e qualquer pluralidade foi banida do reino, impondo-se a mais estrita dualidade. Quem não era amigo, era inimigo. E para que tal dualidade não sofresse a menor ameaça de ser contaminada pela dialética, baniu-se do reino o Ministério da Cultura. Pensar, antes considerado um estorvo, passou à categoria de crime. Foi extinto ainda, entre outros, o Ministério do Trabalho, já que o diabo incutiu na nobreza ser muito mais lucrativo o trabalho escravo que o assalariado, tão oneroso para as burras de marqueses e condes.

Não satisfeito em provocar tamanha confusão no reino, o diabo decidiu agir na educação dos súditos. Para o rei, todos os monarcas que o precederam haviam envenenado a educação com a famosa peste do ismo, contaminando de tal modo a visão dos educandos que enxergavam vermelho onde havia verde. Assim, Sua Majestade buscou, entre os 90 mil professores de ensino superior do reino, um capaz de extirpar tão ameaçadora doença. Não encontrou um sequer. Viu-se obrigado a importar do reino vizinho um professor tido como suficientemente capaz para velar por uma educação desprovida de qualquer senso crítico e protagonismo social. A higienização das mentes muito agradou os propósitos do diabo.

Na alfabetização, baniram-se todos os métodos que associavam palavras e ideias, e adotou-se o método fônico, que recorta letras para formar palavras. O jogo de Palavras Cruzadas foi terminantemente proibido por favorecer a semântica em detrimento da sonoridade vocabular.

O ministro encarregado das relações com os reinos vizinhos falava javanês. Ninguém nada entendia, o que não tinha a menor importância, já que o seu interesse era se sentir cercado de admiradores e, de preferência, bajuladores. Sua diplomacia consistia no mais estrito verticalismo, que prioriza a relação com os Céus, em detrimento de todo e qualquer horizontalismo de boa vizinhança com os demais reinos.

Muitos séculos depois de encontrado este manuscrito, descobriu-se outro em um reino do Sul, saído da lavra de um descendente de escravos. Intitulava-se “A igreja do diabo”. O autor se chamava Joaquim Maria Machado de Assis. Mas isso é outra história.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

SAÚDE: PODERÁ SER UM GRANDE CAOS

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Pode-se dizer sem exagero que dentre os direitos fundamentais previstos pela Constituição Federal de 1988 está o da saúde. A saúde é tudo que uma pessoa almeja na vida, por isso é colocada como um direito imprescindível para qualquer cidadão. Portanto, é preciso que este direito previsto pela carta máxima da nação seja assegurado aos cidadãos através de políticas públicas. Isso implica em condições de acesso a médico, medicamentos, postos de pronto atendimento, criação de uma cultura preventiva, etc. Neste sentido, o Brasil teve um revés com o fim do Programa Mais Médicos.

A Constituição Federal de 1988 constituiu-se num marco histórico da proteção à saúde dos cidadãos. Anteriormente à Constituição o serviço à saúde era de acesso quase exclusivo a determinados grupos e aqueles que podiam de modo particular custear seus cuidados. O Artigo 6º da Constituição estabelece como direitos sociais fundamentais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância. No Artigo 196, reconhece a saúde como direito de todos e dever do Estado garanti-lo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução de risco de doenças e de outros agravos, e acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação das pessoas.

Então, conforme Constituição, o direito à saúde ganha suma importância dentre outros assegurados. Ao considerar que a saúde do cidadão é dever do Estado isso passa a ser prioritário a todo governo. Cabe ao Estado o dever de tornar possível e acessível à população o tratamento que garanta senão a cura da doença, uma melhor qualidade de vida. Nesta lógica, o próprio conceito de saúde evoluiu, sendo hoje não mais considerado como ausência de doença, mas como completo bem-estar físico, mental e social das pessoas.

Contudo, o debate sobre o direito à saúde segue no sentido do combate às enfermidades e consequentemente ao acesso aos medicamentos. Esta discussão tornou-se mais pertinente com o fim do Programa Mais Médicos. A crítica do presidente da república eleito, Jair Bolsonaro, levou Cuba a desistir de atuar na saúde pública do Brasil através do Programa Mais Médicos. Mais de 24 milhões de brasileiros poderiam ficar sem atendimento à saúde, e deveriam ser contratados mais de 10 mil profissionais para atendimento das pessoas espalhadas em muitas cidades do país.

Além desta dificuldade do governo em repor os profissionais da saúde depara-se com a realidade que os médicos cubanos trabalhavam em locais inóspitos e de difícil acesso. A medicina cubana é tida pela ONU (Organização das Nações Unidas) como uma das mais avançadas. A própria ONU a reconheceu como mais avançada na cura do câncer, no combate ao HIV, do vitiligo (perda da coloração da pele).

A crítica do presidente eleito ao Programa Mais Médicos acabou por gerar um grande problema para o próprio governo, assegurar o direito à saúde como prevê a Constituição. O fato é que os gestores municipais farão expressão em Brasília pela falta dos profissionais da saúde. Assim, a população que se dirige aos postos de atendimento sem os profissionais para realizar as consultas gerará um caos social. Há de se convir que não é possível garantir o direito à saúde sem profissionais nos postos de atendimento. Certamente, se não houver interesse de suprir os profissionais cubanos a saúde pública do país sofrerá grande caos.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

COMO SE COMPORTAR COM O MEIO AMBIENTE

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O Islam antes dos ambientalistas estabelecerem regras para o meio ambiente há mais de 400 anos atrás ao falar sobre o equilíbrio na criação do universo que não foi criado a toa mas todas as coisas nele criadas são criados devido a uma exata proporção, as regras estabelecidas evitam choque entre as funções de cada elemento neste universo para manter o equilíbrio. Podemos citar o exemplo da China onde os pássaros comiam 3% da safra do arroz e para impedir esse prejuízo mataram os pássaros, logo apareceu um problema maior quando as minhocas acabaram consumindo 50% da safra. O Islam para preservar o ambiente estabeleceu regras como: "impedir os danos é melhor que trazer benefícios", também não há dano singelo nem recíproco" tais regras impedem os transgressores ao meio ambiente de causar danos. Estabelece a regra de "prevenir contra a corrupção" esta regra impede o ser humano de agredir o meio ambiente, o profeta Mohamed (SAS) orienta para que as pessoas preservem as fontes hídricas de poluição quando disse: "evitem as três maldições: fazer necessidades nas fontes de água, lugares de passagem de pessoas, e na sombra" e completou "não urine na água parada" o Islam dá orientação para que se preserve a higiene nas residências, disse o profeta(SAS): "Deus é belo e aprecia tudo o que é belo e limpo, então limpem suas casas e jardins".

O Islam estimula as pessoas a plantarem e embelezarem o meio ambiente, disse o profeta (SAS): "todo muçulmano que plante uma planta ou uma muda e vem se alimentar dela uma ave, ser humano ou um animal é considerado uma caridade para ele, e disse também "se vier a acontecer o fim do mundo e na mão de um de vocês tiver uma muda , que a plante se puder". Existem três fundamentos básicos nos Islam para a preservação do meio ambiente:

1- o muçulmano deve ser justo e não deve transgredir os limites, deve observar a Deus em qualquer ação seguindo Sua orientação e por tal razão não deve corromper nenhum dos alimentos da natureza, portanto não deve poluir a água, extrapolando no seu consumo, matar um animal sem razão, proteger a terra;

2-o Alcorão veio para organizar os aspectos geria da vida e entre esses aspectos está o meio ambiente, proibindo assim exagero nas medidas para que não haja desequilíbrio;

3- buscar o equilíbrio e respeitar os limites estabelecidos por Deus e não causar danos, disse Deus no Alcorão:
(não espalhem na terra a corrupção".

Na Assunnah profética há ênfase sobre o meio ambiente, podemos dividila em três grupos:

1-ditos que estimulam a plantação e preservação de árvores, considerando que o plantio é uma obrigação coletiva e para preservar a plantação e as sementes o profeta (SAS) proibiu a coleta antes da época, além de estabelecer garantias financeiras contra danos causados às plantações por animais.

2-Regras relacionadas à caça, onde é proibido a prática a não ser para alimentação, disse o profeta(SAS): "não tome algo vivo como alvo e quem matar um pássaro por brincadeira irá testemunhar contra ele no dia do julgamento final".

3-Regras que estabelecem a quarentena e reservas ambientais, disse o profeta (SAS): "não deve-se apresentar uma pessoa doente a outra sã" sabe-se também que o Islam havia estabelecido determinados período do ano onde proíbe matar e assustar animais e cortar e queimar plantações em determinados lugares.

domingo, 13 de janeiro de 2019

SER IMORTAL É MORRER DUAS VEZES.

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A imortalidade não anula o percurso humano. Pelo contrário, quanto mais humano é o percurso de uma pessoa, mais a sua memória se impregna de elementos indeléveis. A imortalidade é um acúmulo de humanidade.

Assim foi com um professor nascido na Bahia, há mais de um século. Filho de uma família abastada, recebeu as melhores oportunidades que um jovem gostaria de ter: conhecer a Europa, estudar nas melhores universidades americanas, conquistar reputação profissional. O professor foi precursor, no Brasil, de um modelo de escola pública, laica e integral, inspirado no modelo norte-americano que conheceu e admirava.

Nos anos 30, o professor achava que a educação era um fator fundamental para o nosso país: não bastava alfabetizar, era preciso educar intelectual, tecnologica e socialmente. Suas ideias não foram muito bem recebidas pelo poder federal. O professor resolveu então voltar para seu Estado, onde foi acolhido e pôde fundar uma escola. Admirado no exterior, o professor acabou indo para a Unesco. Reabilitado politicamente, no início dos anos 50, ele ocupou cargos importantes em nível nacional, que permitiram dar início às reflexões sobre uma lei nacional para o ensino público. Com o golpe militar de 64, o professor recebeu aposentadoria compulsória, um modo sutil para mandar recados aos que já não são bem vindos. Passou a lecionar em universidades americanas. Retornou ao país alguns anos mais tarde, com uma reputação cada vez maior. Seu nome passou a ser cogitado para a Academia Brasileira de Letras.

Foi aí que ocorreu a sua primeira morte. O professor tinha um encontro marcado com Aurélio Buarque de Holanda, um dos mais célebres lexicógrafos do nosso país. Tendo concordado em concorrer a uma vaga para a Academia, iria conversar sobre isso com Aurélio, que era acadêmico. Mas o encontro não ocorreu. O professor, segundo os primeiros laudos, caiu no poço do elevador do prédio onde haveria o encontro e morreu.

Há uma outra morte que paira no ar e até hoje não pôde ser demonstrada por falta de provas. Tal morte entraria no rol dos casos que ainda pedem esclarecimento para uma completa conciliação com a nossa história. É estranho que um país democrático não queira fornecer todos os elementos para eliminar dúvidas. Mas há uma morte intelectual do professor, incontestável: seu modelo de educação foi enterrado pela reforma que privilegiou a formação profissionalizante, reduzindo o ensino à instrução e não à educação.

Com a redemocratização, seria um amigo do professor a propor no Congresso Nacional uma nova lei para a educação brasileira, que retomava em parte os seus ideais. Foi um momento de grandes esperanças e participação, ainda embalado pela recente aprovação da nova Constituição: o projeto foi amplamente debatido pela comunidade escolar e universitária antes da aprovação definitiva no Congresso. Ideias podem ser enterradas, mas renascem.

O professor é um dos patronos da educação brasileira. O professor era um liberal. Jamais alimentou ideais comunistas. O seu nome era Anísio Teixeira. Suas ideias escaparam ao poço do elevador da história. Hoje, diante de mais uma reforma que ameaça a educação das nossas crianças e dos nossos jovens, diante das ameaças aos profissionais da educação, convém lembrar: Anísio vive em cada professor que honra o código ético da profissão, que acredita que a educação é a mais importante oportunidade para reduzir desigualdades sociais e promover o progresso humano. Anísio é imortal.