sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A MORTE É...

A morte é condição da vida humana. Já do nascimento o ser humano caminha para sua morte. Uma realidade materializada em cada segundo de vida. Ninguém foge desta regra. É inevitável itinerário. Por ser esse o estado natural do homem, é necessário percorrer com discernimento e sabedoria o itinerário da vida.

A morte por estar estreitamente relacionada com a vida, é tema de rodas de conversas e estudo das ciências humanas. Com efeito, por mais que se explique o acontecimento morte, do mais culto ao menos sábio a morte ronda sentimentos e preocupações. Dessa maneira, pode-se verificar que em toda história da civilização o ser humano tem buscado compreender o sentido da morte. Inicialmente, por um lado, é de observar que já na mitologia grega existia um deus denominado Thánatos que literalmente significava morte. Além disso Thánatos ou Tânato, deus da morte, aparece em inúmeros mitos e lendas, inclusive é mencionado nos poemas épicos de Ilíadas e Odisséia do grande poeta Homero da Grécia Antiga, no século VIII a.C. De outro lado, posteriormente, o filósofo grego Sócrates (399 a.C.) pensava na imortalidade da alma. Seus discípulos como Platão, Xenofonte e outros, disseminaram esta crença com a máxima: “conhece-te a ti mesmo”. Isto, afinal, significava entender a realidade do ser humano, entregue à condição de morte. Por conseguinte, para Sócrates, a conclusão era exatamente conhecer o verdadeiro sentido da vida humana. Porém para um cristão esse assunto possui uma maior amplitude.

Para um cristão pensar no sentido da vida exige ver nela algo de oculto. O ainda não revelado pela sabedoria humana. Ao contrário do que se pensava na concepção cristã, a finitude da vida não é algo angustiante como afirmam os racionalistas. Como diria o filósofo Schopenhauer “viver é sofrer”. E assim se encontra no filósofo Heidegger a relação entre a existência inautêntica e a autêntica. Isto é, o ser está para a morte. Para Heidegger, por ser mortal o ser humano precisa tornar-se livre para suas escolhas. Por isso, a vida não tem grande sentido com sua finitude. Quando se trata de analisar a vida esta pode ser assumida de muitas formas. Aos racionalistas a vida está determinada no sentido da reprodução para manter a espécie. Aos existencialistas a vida pode simplificar-se na experiência do amor, doação, do consumo diário. Aos cristãos a vida abre-se ao pleno sentido, realizado pela graça da eternidade. Por isso, a compreensão da morte não é reduzida à condição de sofrimento. A vida humana transcende ao plano humano, material, histórico. É nisso que nós, mortais, só podemos encontrar a verdadeira realidade do ser humano vivendo como Jesus viveu. Então, como para o cristão é lógico acreditar na eternidade da alma, a morte torna-se um complemento da vida. Nesta crença e sentido, a morte é condição da natureza humana. Mais concretamente, só por ela chega-se à vida plena. É crendo em Cristo que a morte colabora na perfeição da vida

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

HOSPEDAR OS PEREGRINOS.

Dar ou não dar hospedagem aos peregrinos, responde a um dos critérios para nosso juízo final. “Então o Rei dirá aos da direita: ‘Venham benditos do meu Pai!... Pois era estrangeiro e me acolheram!”. Aos que estiverem à esquerda dirá: “Afastem-se de mim!... Pois eu era estrangeiro e vocês não me acolheram” (Mt 25,34-35; 41,43). Na experiência histórica do povo de Israel o peregrinar e o sentir-se estrangeiro faz parte de uma realidade vivida, marcada por escravidões, inseguranças, amarguras e exílio. O Deus da Aliança é sempre acolhedor e misericordioso. Nós humanos, nem sempre! Nossas contradições também tramam exclusões, exílios e abandonos.

Nas prescrições morais, culturais e éticas registradas no livro do Levítico, confirmando a santidade de Javé que suscita o amor solidário entre as pessoas, pede-se: “Se um estrangeiro habita convosco na vossa terra, não o molestareis. O estrangeiro que habita convosco será para vós como um compatriota, e tu o amarás como a ti mesmo, pois fostes estrangeiros na terra do Egito. Eu sou Javé o vosso Deus”.

Não só a própria experiência angustiante da brevidade da vida e seus sofrimentos, mas também por lembrar suas raízes e sua história, o salmista lança a Deus um grande desafio: “Ouve a minha prece. Javé, dá ouvido aos meus gritos, não fiques surdo ao meu pranto! Pois eu sou um forasteiro junto a ti, um inquilino como todos os meus pais. Afasta de mim o teu olhar, e eu me alegrarei, antes que eu me vá e não exista mais” (Sl 39,13).

Ser peregrino ou ser migrante é uma situação humana que estremece todas as seguranças da pessoa e a coloca suspensa e sem chão, sem terra e sem aconchego. Uma vida assim é uma vida exposta a todo o tipo de indigência que clama por misericórdia. Se, para uma pessoa, esta experiência causa uma dramática sensação de estar perdida, imaginemos o que significa para uma família, onde não só adultos, mas também crianças se sentem no mesmo abandono.

O Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, assim se expressa: “Os migrantes representam um desafio especial para mim, por ser Pastor de uma Igreja sem fronteiras que se sente mãe de todos. Por isso, exorto os países a uma abertura generosa, que, em vez de temer a destruição da identidade local, seja capaz de criar novas sínteses culturais. Como são belas as cidades que superam a desconfiança doentia e integram os que são diferentes, fazendo desta integração um novo fator de progresso! Como são encantadoras as cidades que, já no seu projeto arquitetônico, estão cheias de espaços que unem, relacionam, favorecem o reconhecimento do outro".

Na tradição cristã, a acolhida aos peregrinos sempre foi uma preocupação decorrente do compromisso da fé. Por ser Cristo o fundamento de nossa fé e a razão de nossa esperança, Ele também é o argumento de nossas obras de misericórdia. O Cristo do Evangelho, da Eucaristia e da comunidade reunida, é também o Cristo que se apresenta a nós como forasteiro, peregrino e tantas vezes andarilho e morador de rua.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

SER CIDADÃO MUNDIAL

Ninguém poderia viver fora do planeta Terra por um tempo prolongado. A razão da impossibilidade deve-se à Terra ser o único planeta com vida. Apropriar-se da Terra como algo meu ou nosso soa estranho já que nenhum ser humano foi o seu criador. Estabelecer fronteiras, divisas e territórios é algo da cultura humana. Diante de milhões de pessoas que cruzam as fronteiras é desafio pensar a existência do ser humano como um cidadão mundial, menos imigrante ou estrangeiro, mais pertencente à humanidade, com direitos e deveres não apenas em seu país de origem.

O planeta Terra, segundo estudos da ciência da astronomia, é o único que possui água na forma líquida e tem o ar rico em nitrogênio e oxigênio. Isto é, possui os elementos suficientes para constituir e garantir vida. Os demais planetas não possuem essas substâncias ou elementos vitais. Quanto à astronomia como ciência natural, tem como foco estudar os corpos celestes como estrelas, planetas, cometas, galáxias, sua formação, o desenvolvimento do Universo e os fenômenos cósmicos.

Considerada como ramo da astronomia, a cosmologia estuda as estruturas e dinâmicas do Universo a partir de métodos científicos. Em boa parte da história da humanidade a cosmologia foi um ramo da metafísica e da religião. Passou a ser considerada como ciência a partir do princípio copernicano, do monge Nicolau Copérnico que em 1514 defendeu a ideia de que a Terra não era o centro do Universo, mas sim o Sol. O grande salto da cosmologia deu-se com o físico Albert Einstein, no século XX, com o desenvolvimento da sua Teoria da Relatividade.

Ainda que as ciências da astronomia e da cosmologia permitam conhecimento do Universo com mais exatidão, para o ser humano torna-se impossível gerar e manter vida fora do planeta Terra. Então, por não ter sido criado pela ação humana, o planeta pertence a todos. Sendo assim, este mundo deveria ser a casa comum e de responsabilidade de todos como propõe a reflexão do Papa Francisco na Encíclica Laudato Si' (2015). Já bem antes do atual papa propor este debate, o jovem Francisco de Assis experimentou a utopia de viver neste mundo sem nada de próprio. Muitos séculos antes de Francisco, Jesus Cristo dizia que não tinha lugar para repousar a cabeça de tão desapegado das coisas deste mundo. Os primeiros cristãos, enamorados de tal projeto, vendiam tudo e colocavam em comum como forma de vida nova.

Atualmente, muitos jovens missionários das igrejas cristãs vão a outros continentes levando fé, paz e solidariedade sem nada de posses. Outros jovens, cansados do consumismo, abandonam as coisas materiais em busca de um estilo de vida que traga mais felicidade. Nessas pessoas e experiências é possível ver que o mundo pode ser a casa de todos. Elas superaram as barreiras culturais e construíram um mundo sem fronteiras e divisas. Nas últimas décadas a economia tomou a iniciativa de globalizar sua prática. Por conseguinte, o mercado luta pela queda das barreiras internacionais. Assim, como a economia e o mercado neoliberal querem livremente ir além-fronteiras, é necessário conceber um cidadão mundial. Ademais, conforme o direito humano de ir e vir ninguém deveria ser impedido de entrar e sair de uma nação. O cidadão mundial é da paz!

terça-feira, 27 de setembro de 2016

O DIFERENCIAL DA VIDA

Na presente realidade a capacidade de amar é o diferencial da vida humana. Por sua própria natureza a pessoa é um ser de sentimentos, podendo manifestá-los bons ou maus. Os atos humanos comprovam essa impressionante relação e coerência. O crescente aumento da violência, criminalidade, terrorismo e intolerância é simplesmente resultado de um comportamento humano, um sentimento nada exemplar.

Numa sociedade e num mundo no qual diariamente crescem e explodem fatos de barbárie a solução não é tão simples e imediata. Os acontecimentos mencionados possuem maior complexidade. Demanda longo tempo educacional, mudança de consciência e de aprimoramento de políticas públicas preventivas de combate a questões relativas à exclusão social, pobreza, exploração humana, discriminação racial, étnica. Para tanto, um grande passo neste processo de combate cabe à mídia em apresentar outro tipo de telejornais. O modelo vigente de comunicação é um desserviço aos corretos cidadãos. Pior, acaba sendo estímulo a que atos mais violentos e bestiais ganhem prestígio e status de manchetes. Lógico que a solução do problema não advém exclusivamente dos grandes grupos midiáticos. Contudo, ajudariam se divulgassem projetos e medidas de combate a tais distúrbios sociais de amplitude mundiais.

Assim, considerando-se um cenário mundial de insegurança social, para a sua superação será preciso promover um conjunto de medidas que abranjam envolvimento pessoal, comunitário e global. Seria um desafio superar o homem como um animal selvagem. É do dramaturgo romano Tito Mácio Plauto, do latim Titus Maccius Plautus (230 a.C. - 180 a.C.), a frase que poderia funcionar como alerta: Homo homini lúpus, que traduzida do latim significa "o homem é o lobo do homem". Porém, a frase ficou célebre com o filósofo inglês Thomas Hobbes (1651) incluída em sua obra Leviatã. Em suas peças teatrais Plautus demonstrava ser o homem capaz de grandes atrocidades e barbaridades contra sua própria espécie. No entanto, Hobbes faz uso da frase de Plautus para argumentar que a paz civil só pode ser alcançada por um contrato social centralizado em autoridade absoluta, criando uma comunidade civilizada.

Ao se apresentar tal realidade, por demais complexa, nos primórdios do século XXI, vê-se que o homem é um grande potencial tanto para o bem como para o mal. Com essa máxima desconcertante, o ser humano em defesa dos interesses puramente pessoais procura usar meios que destroem a paz da humanidade. Nisto, valores comuns e coletivos, fundamentais para a pacificação da sociedade e do mundo, são destruídos e renegados por atos bárbaros. Para superar o “homem, o lobo do homem” é preciso um conjunto de medidas mundiais que considerem investimentos na educação dos cidadãos. Diante da assombrosa realidade, sem empenho dos estados, das nações e de órgãos competentes e internacionais, só resta como solução despertar nas pessoas a capacidade de amar ao próximo como a si mesmo.
 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O COLORIDO DOS MESES

Um dos meus sonhos, no tempo de criança, era ter uma caixa de lápis de cor. Recordo da primeira, toda colorida, que ganhei no início do ano letivo. As aulas de educação artística eram simples, mas repletas de tonalidades. Desde aquele longínquo tempo, as cores ocupam minha atenção. Achei muito interessante a ideia, que é recente, de colorir os meses: o outubro é rosa, o novembro é azul e setembro é amarelo. Em cada mês uma ação é intensificada. A prevenção ao câncer de mama, torna o outubro rosa. A atenção ao câncer de próstata pintou de anil o penúltimo mês do ano. Na medida em que setembro recebe a tonalidade amarela, a atenção se volta à triste realidade do suicídio, que necessita de urgente prevenção. Dependendo da campanha, no entanto, poderá assumir outras cores.

Cuidar da vida passa a ser uma prioridade para além da velocidade de um tempo, que tem incontáveis acertos e avanços, mas que negligencia a atenção para com a interioridade humana. A fragilidade tem roubado a melhor parte da vida. Chegar antes das doenças e do desânimo é possível e não supõe tantos recursos. O amor à vida é o ponto de partida. O equilíbrio afetivo inspira pensamentos e sentimentos construtivos. A corrida em busca de acréscimos materiais pode colocar em risco o essencial. São necessárias algumas coisas, apenas. Porém, ninguém vive plenamente sem uma experiência profunda de espiritualidade, que tece a transcendência, aquece a esperança e desencadeia o cuidado.

O vazio existencial tem visitado muitos corações. As dores são advindas de diversas causas, as lágrimas expressam desespero, as decepções são acumuladas. Num determinado momento torna-se quase impossível seguir adiante. O pensamento mais imediato é a desistência. Desistir de viver não deveria ser uma opção. A vida depende das incontáveis tentativas, da esperança que não cansa, do amor que torna a existência sagrada. Se a vida é um dom, a ninguém cabe a interrupção. Viver o fluxo natural é como elevar aos céus um hino de louvor ao Criador.

Nada se iguala à vida. Ela é simplesmente maravilhosa. Que não faltem meios e nem tonalidades para pintar de amarelo todos os dias do mês de setembro. Não ficará nenhum espaço sem ser colorido. O amor é capaz de preencher o vazio que tenta chegar, a ilusão que deseja se instalar. Longe do coração tudo o que pode ser tentação. Saudades da caixa de lápis de cor. Saudades de um tempo onde a tonalidade da simplicidade era tão evidente!

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

ESCOLHA AS SEMENTES

Na vida, todos somos aprendizes. O aprendizado não é igual para todos. Muitos são repetentes. Nossa felicidade, nossas realizações, nosso sucesso passam pelo dia a dia. Ou seja, pelas pequenas coisas. Aposte nestas pequenas coisas.

Domine sua língua. Diga sempre menos do que pensa. Não fale nos momentos de irritação e não diga coisas amargas. Os antigos aconselhavam contar até 100, antes de falar na hora da irritação. Sendo possível, deixe a resposta para o dia seguinte.

Não economize palavras agradáveis. Não deixe passar qualquer oportunidade para elogiar ou apoiar o ponto de vista do seu interlocutor. Não guarde o carinho e a ternura para as grandes ocasiões. Elas são poucas. O amor se revela nos pequenos gestos.

Interesse-se pelos outros. Mostre interesse pelas suas ocupações, pelo seu bem-estar, pela sua família. Evite começar a frase com o pronome pessoal eu. Nem despeje toneladas de informações sobre o que você faz ou pensa.

Mantenha o bom humor. Mesmo nas situações críticas e tensas, a alegre tranquilidade abre o caminho para a solução. O coração é seu e, por vezes, sente vontade de chorar, mas o rosto é dos outros e você deve sorrir. Quando errar, com toda a tranquilidade admita que estava equivocado. Afinal, você é humano.

Conserve a mente aberta. Nem tudo o que se fazia no passado é definitivo. Diante de uma nova proposta, abra um crédito de credibilidade: talvez ele tenha razão. Existem sempre alternativas novas e a mesma coisa pode ser feita de diferentes maneiras.

Recuse a apontar falhas. Reais ou aparentes, as falhas não se constituem num bom início de diálogo. Procure falar das coisas boas dos outros e da vida. A abelha e a vespa sugam a mesma flor, mas somente a abelha produz mel. Melhor que críticas, sugestões.

Respeite os sentimentos dos outros. Gracejos, ironias e críticas podem magoar. Não diga e não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem com você. Cada um carrega uma sensibilidade especial e marcas negativas deixam cicatrizes.

Não leve a sério demais as críticas. Quando acontecerem, não deixe que elas o derrotem. Examine-as com critério e, quem sabe, possa utilizar em proveito próprio as observações negativas. Tudo tem seu termo ideal. A vida é curta demais para ser alimentada com amarguras.

Escolha as sementes. Isto está ao seu alcance. Temos a possibilidade de escolher as sementes, a colheita é obrigatória. Quem semeia flores, colherá flores; quem semeia espinhos, colherá espinhos; que nada semeia, nada colherá.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

DOMINGOS E DELTAN: DOIS HOMENS DOIS DESTINOS

Tão jovens e tão fugazes, Deltan Dallagnol e Domingos Montagner, belezas ou feiuras distintas. Os dois saíram de suas vidas e entraram para a história num piscar de olhos. Um pelo espetáculo da cena que criou, e o outro pela cena espetacular que foi criada.

Deltan, um jovem procurador federal que buscava os holofotes a toda hora e Domingos, um homem maduro e jovem ator, cujos holofotes o buscavam o tempo todo. Duas pessoas completamente diferentes, dois destinos completamente iguais: as manchetes de jornais, revistas e sites. Assim como as chamadas urgentes em rádios e televisões...

Muitas são as semelhanças entre eles – a saber – que os dois têm os primeiros nomes que começam com a letra "d". Por conseguinte, eles também têm um sobrenome italiano formado pelas consoantes "gn", que falado em português formam "nh", produzindo o mesmo som "nhol e "nher".

Dallagnol usou o ímpeto da sua juventude para espetacularizar uma "convicção" torpe, cruel e sem provas contra o ex-Presidente Lula – que repercutiu mal – indignando até os seus mais convictos opositores.

Montagner foi usado pelo ímpeto das águas do Rio São Francisco para espetacularizar uma cena triste e chocante de afogamento, contrariando os autores da novela "Velho Chico", que nunca previriam o seu desaparecimento real. Cena essa que repercutiu muito, comovendo a todos no País inteiro.

Acusar sem provas é crime, morrer no fim da novela também o é. Afinal, quem de verdade é o herói da vida real, aquele que aponta o dedo ou o que os dedos são apontados? Aquele que obra em destruir a reputação de um ser humano, ou aquele que tem a imagem perpetuada pelas boas obras realizadas em vida?

Quem será o Juiz máximo para julga-los com coerência e sabedoria? Nós todos, ou aquele ser todo poderoso que chamamos de Deus?

Um entrou para a história como total protagonista da dor e sofrimento de muita gente que admira o Luís Inácio Lula da Silva e o seu legado político honesto. O outro saiu da vida como mero coadjuvante da fúria, de um rio misterioso, para brilhar como uma estrela no céu e trazer na lembrança a felicidade do seu sorriso, marca registrada em sua vida e obra, para todos aqueles que o amavam?

Domingos e Deltan, dois homens e dois destinos... Um estará sempre no coração das pessoas, pelo caráter, pela simplicidade e pela história de vida. O outro terá que responder pelos erros, pelo conjunto de sua obra mal-acabada e sem provas, pela injúria, pela calúnia e pela difamação cometidas covardemente, a quem não merecia.

Todos dois serão eternamente lembrados pelo povo. Um pela sua atuação brilhante na novela das oito e o vazio que ficará depois que ela terminar. Já o outro, ah o outro será pelo excesso que a presença física e sem brilho lhe causou, em sua última atuação, cheio de ódio e rancor no coração, em busca de pseudo heroísmo desenfreado e disfarçado de plena Justiça.

Domingos, o famoso "Santo" de "Velho Chico" agora será apenas "dos Anjos" e foi para a eternidade brilhando como uma estrela ímpar. Já o Dr. Deltan, pra alguns "o diabo em pele de gente" ficará em nossa triste realidade e a história se lembrará muito bem - ou mal – deles dois.

O desfecho maravilhoso dessas duas histórias de vida e morte dependerá do ponto de vista de cada um dos seus fãs e admiradores. Mas de uma coisa tenham certeza, aquela cena da vida do ator Montagner, vale muito a pena ver de novo. Já aquela outra ridícula de tentativa de assassinato de reputação, realizada pelo nobre procurador federal Dallagnol, felizmente não pode-se dizer o mesmo

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

LIBERDADE

Um dos casulos humanos do terceiro milênio é a liberdade. A liberdade enclausurada na subjetividade das pessoas é um largo campo para o individualismo prosperar. Associada ao livre-arbítrio e na ausência de responsabilidade esconde um risco às gerações futuras.

A liberdade penetra iniludivelmente pelo ar que se respira. Em contexto pós-moderno respira-se a liberdade de escolhas. Para qualquer pessoa é quase impossível ignorar a realidade de absoluta liberdade. No entanto, valorizá-la é desafio humano. Dessa maneira, para enaltecê-la é preciso devida consciência de seus limites e suas responsabilidades. Primeiramente, a verdadeira liberdade dá-se pelas relações de respeito ao outro. Viver nesta imprescindível condição é suporte da verdadeira liberdade. Assim, a liberdade é capaz de assegurar respeito e felicidade para as pessoas. Quando a liberdade encontra este campo de atuação pode mudar cidadãos, a comunidade e a sociedade.

Obstante, o percurso da verdadeira liberdade alcança a consciência dos próprios limites e da responsabilidade. Os antigos filósofos gregos contribuirão para a compreensão da liberdade. Platão entendia que para viver como cidadão livre era preciso aspirar ao máximo de entendimento e conhecimento. A condição de livre agir do cidadão consistia em conhecer seus próprios limites humanos. Por conseguinte, para um cidadão chegar ao conhecimento precisava superar o mundo sensível, do prazer e dos sentidos para alcançar o mundo inteligível. Já Aristóteles, seu conterrâneo, valorizava o mundo sensível quando contribuiu no conhecimento e na formação das ideias. Em suma, para ambos o valor da vida humana está no mundo inteligível. Logo, somente no conhecimento chega-se à ideia plena da liberdade. Dessa forma, a vida humana deve voltar-se para a verdade, pois é nela que a pessoa supera a ignorância, obstáculo para a liberdade.

Sendo assim, em tempo de livre-arbítrio todo indivíduo consciente pode escolher livremente e legislar para o bem coletivo. Portanto, o legislador tem a responsabilidade dos seus atos diante do outro. Ademais, na ausência da liberdade de escolha não há responsabilidade. Por isso se compreende que o necessário para o indivíduo agir com responsabilidade é a compreensão de sua liberdade. E por isso mesmo, a medida das escolhas é de responsabilidade do ser humano, fazendo da liberdade o melhor comportamento possível. Então, para a superação dos casulos do tempo pós-moderno como o individualismo, a indiferença, a intolerância, a discriminação e o racismo, espera-se pelo agir mais significativo da liberdade. Mas há mais que isso, a felicidade pessoal e a dos outros passa pelo bom entendimento da liberdade.

sábado, 17 de setembro de 2016

LIVRE-ARBÍTRIO

Um dos casulos humanos do terceiro milênio é a liberdade. A liberdade enclausurada na subjetividade das pessoas é um largo campo para o individualismo prosperar. Associada ao livre-arbítrio e na ausência de responsabilidade esconde um risco às gerações futuras.

A liberdade penetra iniludivelmente pelo ar que se respira. Em contexto pós-moderno respira-se a liberdade de escolhas. Para qualquer pessoa é quase impossível ignorar a realidade de absoluta liberdade. No entanto, valorizá-la é desafio humano. Dessa maneira, para enaltecê-la é preciso devida consciência de seus limites e suas responsabilidades. Primeiramente, a verdadeira liberdade dá-se pelas relações de respeito ao outro. Viver nesta imprescindível condição é suporte da verdadeira liberdade. Assim, a liberdade é capaz de assegurar respeito e felicidade para as pessoas. Quando a liberdade encontra este campo de atuação pode mudar cidadãos, a comunidade e a sociedade.

Obstante, o percurso da verdadeira liberdade alcança a consciência dos próprios limites e da responsabilidade. Os antigos filósofos gregos contribuirão para a compreensão da liberdade. Platão entendia que para viver como cidadão livre era preciso aspirar ao máximo de entendimento e conhecimento. A condição de livre agir do cidadão consistia em conhecer seus próprios limites humanos. Por conseguinte, para um cidadão chegar ao conhecimento precisava superar o mundo sensível, do prazer e dos sentidos para alcançar o mundo inteligível. Já Aristóteles, seu conterrâneo, valorizava o mundo sensível quando contribuiu no conhecimento e na formação das ideias. Em suma, para ambos o valor da vida humana está no mundo inteligível. Logo, somente no conhecimento chega-se à ideia plena da liberdade. Dessa forma, a vida humana deve voltar-se para a verdade, pois é nela que a pessoa supera a ignorância, obstáculo para a liberdade.

Sendo assim, em tempo de livre-arbítrio todo indivíduo consciente pode escolher livremente e legislar para o bem coletivo. Portanto, o legislador tem a responsabilidade dos seus atos diante do outro. Ademais, na ausência da liberdade de escolha não há responsabilidade. Por isso se compreende que o necessário para o indivíduo agir com responsabilidade é a compreensão de sua liberdade. E por isso mesmo, a medida das escolhas é de responsabilidade do ser humano, fazendo da liberdade o melhor comportamento possível. Então, para a superação dos casulos do tempo pós-moderno como o individualismo, a indiferença, a intolerância, a discriminação e o racismo, espera-se pelo agir mais significativo da liberdade. Mas há mais que isso, a felicidade pessoal e a dos outros passa pelo bom entendimento da liberdade.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

CAMPANHAS DO AGASALHO.

Em nome da obra de misericórdia “Vestir os nus”, como vemos as campanhas de agasalho? Poderão ser uma modalidade para efetivar uma autêntica resposta a esse apelo do Evangelho? Uma pesquisa de opinião popular, com as respostas obtidas, revelou um significativo número de votos favoráveis e outros tantos desfavoráveis. Na pesquisa, indagaram-se quais as razões da favorabilidade ou da desaprovação.

Os que se manifestaram favoráveis às campanhas de agasalho davam as suas razões e diziam concordar porque, antes de nada fazer, ao menos se faz alguma coisa. Para muitos, as campanhas de agasalho podem sensibilizar, ajudando a superar a indiferença em relação aos que passam frio. Para outros uma mobilização filantrópica pode levar as pessoas a revisar seus guarda-roupas entulhados, como resultado do ceder à tentação do acúmulo. Alguns, mas muito raros, lembraram a terceira obra de misericórdia: “Vestir os nus”.

O grupo dos que afirmaram ser contrários às campanhas de agasalho argumentavam que, geralmente, são promovidas por pessoas que querem se promover e aparecer, mas não têm nenhum compromisso social. Alguns, mais ousados, logo ridicularizavam atitudes de “primeiras damas” municipais, estaduais etc. A crítica maior, e até acredito ser a mais séria, é que, em geral imagina-se fazer o bem, sem saber a quem. Esses afirmavam que a verdadeira obra de misericórdia é aquela que consegue abraçar, acolher e criar relações com as pessoas em estado de miserabilidade.

Seja como for, acredito que toda a boa obra tenha o seu valor, independente do nível de consciência e das motivações de quem a faz acontecer. Porém, nós cristãos, temos sempre o compromisso de evangelizar. E evangelizar é sempre partir dos acontecimentos, para ir iluminando e incentivando com os critérios do Evangelho o que está bem, ajudando a superar as motivações perigosas ou contraditórias.

Evidentemente, há muitas campanhas de agasalho que são resultados de motivações simplesmente humanas e até eleitoreiras. Porém, temos obrigação de ajudar e indicar motivações de fé e possibilitar a compreensão de que se pode fazer um caminho de aprimoramento cristão com a motivação das obras de misericórdia.

Numa perspectiva evangelizadora, não nos cabe o papel de juízes. O “não julgueis para não serdes julgados” também precisa chegar a este chão de nossas relações mais simples e primárias. O otimismo cristão sabe tirar o bem do mal. Dizem que há dois modos de andar pelo mundo: o modo da mosca que só procura o pior, mesmo no meio do melhor; e o modo da abelha que, sempre procura o melhor, mesmo no meio do pior.

Com a chave da misericórdia acreditamos ser sempre possível aprimorar a intencionalidade das campanhas de agasalho, chegando mesmo a indicar o que é confirmado como um dos critérios do juízo final: “Estava nu e vocês me vestiram! Venham benditos de meu Pai! Recebam por herança o Reino preparado para vocês!”

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

ONDE NASCEM AS CRISES

Recente pesquisa nos meios de comunicação social apontou a palavra mais repetida nos noticiários e que reflete sua presença no pensar e agir dos cidadãos. A palavra é crise. Parece não ser novidade. A Bíblia, em suas primeiras páginas, fala da primeira crise já no Jardim Terreal. Envolveu Caim e Abel e, naturalmente, seus pais Adão e Eva. A partir daí, a palavra crise jamais foi abandonada e deverá ser a última a ser proferida no capítulo final de nossa história.

Hoje temos crises generalizadas: na política, na economia, na segurança, na saúde... O casamento está em crise, o futebol está em crise, a agricultura está em crise. Todos estamos em crise. Parece não ser este o melhor ângulo. Não existem tantas crises assim. Os problemas, as carências, as situações difíceis não existem por acaso. Eles têm uma única fonte, uma única origem, uma única causa: a pessoa humana.

Não existe crise na política. Existem maus políticos, oportunistas, corruptos, sem o sentido do bem comum. Seu objetivo não é servir, mas servir-se. Mais atentos aos seus interesses do que aos interesses do povo, são políticos em crise.

Não existe crise no casamento. Existem pessoas que perderam o sentido do amor, da fidelidade e da comunhão de vida. São casais que esqueceram as promessas do amor eterno feitas diante do altar. Existem jovens que se preparam levianamente. Que não se preparam para este importante passo. Existem pessoas egoístas, que não entenderam o sentido do amor nos bons e maus momentos.

Não existe crise educacional. Existem pessoas que não têm condições para as novas gerações, porque eles mesmos desconhecem o caminho. Não existe crise no lar, na escola ou na universidade. Existem casais, educadores, professores em crise.

Não existe crise de gerações. Existem pessoas egoístas, autossuficientes e que não sabem dialogar. Existem jovens e a adultos em crise. É sempre o homem que está em crise.

A crise não é necessariamente um mal. Em sua origem grega, o crisol era o processo de separar o ouro das impurezas. Neste sentido, a crise é um processo purificatório que ajuda a descobrir o bem e o mal, o ouro e as impurezas. Este processo se faz na dor e na renúncia.

Seria ilusão tentar combater as crises superficialmente. Precisamos descer às raízes, às causas da crise. E essas crises não estão ar, nem nas estruturas. Elas nascem crescem e devem ser superadas no coração do homem.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

CUNHA: QUANTO MAIS BRABO MELHOR.

"Quem julga será julgado", estamparam os jornais na boca de Eduardo Cunha, na segunda, 12 de setembro.

Não importa o tom bíblico do recado do parlamentar enviado a seus pares no dia da votação de seu pedido de cassação na Câmara Federal.

Tratava-se de mais uma de suas ameaças para amedrontá-los, tentar manter seu mandato e se livrar das garras da República de Curitiba.

Ao citar palavras de um dos 12 discípulos de Cristo, Cunha quis lembrar a integridade do versículo 7:1-2 de Mateus que diz: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós."

A era da vitória da chantagem de Cunha, no entanto, acabou. Ele perdeu o mandato por 450 votos sim, dez não e nove abstenções, pesar da insistente defesa de Cunha feita durante a sessão pelo deputado Carlos Marun, do PMDB do Mato Grosso do Sul.

Silvio Costa, do PTdo B de Pernambuco, que assim como a maioria votou pela cassação de Cunha, chegou a elogiar a coragem de Marun por manter-se ao lado de Cunha mesmo contra a maré.

Costa chamou de canalhas e traidores deputados do DEM, do PMDB e do PSDB que segundo ele, "outro dia estavam na Rússia com Eduardo Cunha tomando vodca e tramando o impeachment de Dilma e hoje eles não tem a coragem nem de se aproximar para cumprimentá-lo aqui no plenário".

A história nos mostra que a saída para as grandes crises, por mais que não representem solução real, é eleger alguém para ser lançado como alimento à arena dos leões. A multidão descontente se acalma ao ver o sangue derramado.

Por um lado, assim funcionou com Dilma. O próximo passo da direita agora é incriminar Lula. Com isso esperam anular as possibilidades do PT em 2018 e talvez, para sempre.

No seio da direita o governo golpista necessitava de alguém para levar ao sacrifício, a fim de convencer à multidão de que - ao contrário do que diz a imprensa internacional e a esquerda - os golpistas não fazem corrupção mas sim lutam contra ela.

Ninguém melhor do que Cunha que já cumpriu seu papel e tem, inegavelmente, o nome sujo da praça, inclusive no exterior, em mais de um episódio de sonegação fiscal, evasão de divisas, corrupção, enriquecimento ilícito, etc.

Cunha, no entanto, nunca aceitou fazer papel de alimento. Negocia e ameaça. Ameaça e negocia. Seu último recado antes da guilhotina foi lembrar aos mais de duzentos deputados cujo financiamento de campanhas passou por suas mãos que se resolver abrir a boca eles podem acabar tendo fim semelhante ao seu.

O ex-presidente da Câmara está obviamente informado sobre a montagem e o andamento no Congresso do projeto de anistia para beneficiar deputados que fizeram uso do Caixa Dois em campanhas eleitorais.

Se tudo der certo muitos se livram por aí. Mas e os demais, aqueles que como Cunha se utilizaram de dinheiro de propina para o enriquecimento ilícito? E aqueles que fizeram uso dos dois tipos de expedientes?

A quem caberá listar a todos e separar o joio do trigo? Cunha certamente é um homem que detém importantíssimas informações para dirimir dúvidas a respeito, quando se trata de bandidos do Congresso Nacional.

Seu discurso na imprensa de que sua cassação vai representar o fortalecimento da ideia de que houve um golpe contra Dilma é uma total inversão de valores e demonstração de seu desespero.

Houve um golpe sim contra Dilma, contra a Constituição e contra o Brasil. Mas caçá-lo não fortalece nem enfraquece esta verdade.

Golpe seria não caçá-lo e permitir que ele guarde pra si o que sabe da fábula Temer, Cunha e os mais de 200 ladrões.

Para o bem do Brasil, quanto mais irritado Cunha ficar melhor, assim ele dará o mapa da mina da corrupção no Congresso Nacional.

Resultado dessa irritação, esperemos não escapem Temer e a turma de tucanos que diz não apoiar o governo golpista mas mama em suas tetas e impõe sua visão desastrada em setores estratégicos, como na nossa política externa.

Na memória de muitos de nós a figura de Cunha representou o pavor de vermos aprovadas no Congresso leis que colocariam o Brasil na contra mão da história.

O que significaria para a nossos filhos e netos a aprovação de projetos da pauta de Cunha como a redução da maioridade penal; a possibilidade de igrejas contestarem o STF; a instituição de um Estatuto da Família, cujo conceito de família perante o Estado seria formada única e exclusivamente por um homem, uma mulher e seus filhos?

Após 11 meses de processo na Câmara, o arrogante, agressivo, truculento e clientelista, Eduardo Cunha, dono de uma agenda negativa para os trabalhadores e para a sociedade em geral, já vai tarde.

Ficou mais do que provado pelo Conselho de Ética da Casa que ele mentiu na CPI e tem contas, patrimônio e bens no exterior. Para o Banco Central brasileiro os recursos são dele. Para o Banco suíço e o governo suíço também e todos os ministros do Supremo concordam com o fato.

Depois de se manter toda a sessão de costas para a mesa diretora o ex-presidente da Câmara deixou o plenário sob gritos de Fora Cunha.
Nos últimos tempos nunca me senti tão aliviado e estou certo de que os brasileiros e brasileiras vão comemorar muito a vitória de vê-lo expulso do Congresso.

O que Cunha representa, no entanto, ainda se mantém como um câncer na política brasileira.

Esta batalha não chegou ao fim. Ocuparemos ruas e praças deste país até que o STF julgue Cunha, e todos os outros que se lambuzaram com ele na corrupção, condene-os e determine que devolvam aos cofres públicos os resultados de seus atos ilícitos.

Fora Temer e seu governo golpista!

domingo, 11 de setembro de 2016

O TATO É DIVINO.

O tato é divino. É divino porque procede de Deus e é divino porque nos conduz a Deus. É de Deus porque é graça sua. Nos conduz a Deus, pois é através dele, da pele, do con-tato que acessamos o outro que, de outro em outro, nos conduz à transcendência, ao totalmente Outro. O tato nos põe em contato com Deus, através do contato com o outro.

O tato é o primeiro e mais remoto dos sentidos. Antes de vermos, ouvirmos, saborearmos e cheirarmos, tocamos e somos tocados. É pelo tato, pela pele que, já no ventre materno, entramos em relação com o mundo dos corpos e suas fronteiras. O tato é, exatamente, o encontro das fronteiras dos corpos.

O tato é o sentido da relação, do convívio, da amizade e do amor. Sem ele, essas dimensões antropológicas permanecem abstratas, pobres, vazias. Dá para imaginar uma relação de amizade sem o toque, sem a carícia, sem o contato? Pobre seria! E o amor? O mais íntimo do mais íntimo entre pessoas que se amam é, precisamente, a experiência da pele a pele, no beijo e na relação sexual. Haverá algo mais divino do que isso?

O tato é o sentido do conforto, reconforto, do consolo e da cura. Nas horas mais alegres ou nas mais tristes, um abraço, e pronto! O tato é o contato físico que, pelo toque, proporciona a pacificação e a harmonização necessárias para a segurança afetiva e efetiva de indivíduos em falta ontológica como é o ser humano. No contato, no encontro de corpos, a impressão que fica é de completude e restauração de uma perda, de uma falta constitutiva de todos os corpos separados que somos, com vida individualizada, mas em permanentes encontros, dos quais, o corpóreo é o mais intenso. Além disso, o toque é curativo e milagroso, pois restaura separações, exclusões, doenças sociais e corporais, como exaustivamente aparece na ação de Jesus. Jesus toca, toca-nos e não só na pele, toca também o coração....

A solidão, a ausência, a falta e a separação são experiências da singularidade dos corpos que provocam saudade de uma possível unidade primordial. Os materialistas pensam essa unidade primordial na partícula elementar de onde tudo passou a ser, pelo Big Bang. Os cristãos pensam a unidade primordial no seio do criador, donde tudo saiu pela ação do Espírito de amor.

Agora vivemos separados, em falta, em carência, vivendo experiências em corpos separados (dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo), mas no desejo e na saudade do futuro que, em enfim, na morte, nos reconduzirá ao aconchego da mãe Terra ou nos braços acolhedores de Deus. O céu só pode ser um abraço bem apertado de Deus em cada um dos seus filhos e filhas, humanos e animais não humanos. Até lá, viveremos tateando....

sábado, 10 de setembro de 2016

A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE.

Um interiorano deslocou-se para a capital por compromissos profissionais. Resolvido o problema, teve de sujeitar-se a um longo período de espera na rodoviária. Para encher o tempo, entrou num majestoso templo, sem altar e no lugar dos tradicionais bancos, confortáveis poltronas. Calculou que o local poderia acolher, confortavelmente, mil pessoas

O culto já estava em andamento e um pastor, terno e gravata, explicava à plateia que Deus tem riquezas infinitas e não precisa do nosso dinheiro, mas as obras de Deus, essas sim precisam. Ele esclareceu aos fiéis: de tudo o que vocês ganham 10% é de Deus. E provocava: vocês querem roubar o dinheiro de Deus? Em seguida, quis testar o grupo: quem de vocês tem 100 reais para as obras de Deus? Um dos presentes levantou o braço. O pastor pediu que ele levasse a verdinha ao altar.

Mostrando-se bom estrategista, fez outra proposta: Quem tem 50 reais para as obras de Deu? Alguns tinham. E quem daria 50 reais se pudesse? A maioria levantou as mãos. Ele continuou: quem tem 10 reais para as obras de Deus? Muitos tinham. Depois veio a cartada final: quem de vocês está guardando dinheiro para comprar remédios? E proclamou: deem a Deus este dinheiro e Ele curará sem remédios.

Essa é uma amostra da teologia da prosperidade. Encontramos suas raízes históricas em João Calvino (1509-1564), discípulo dissidente de Martinho Lutero. Ele elaborou sua “teologia” a partir de alguns princípios: todos nascemos predestinados, ou para o céu ou para o inferno. A riqueza é sinal de bênção e salvação e a pobreza sinal de condenação. É a teologia da riqueza, contrapondo-se à opção preferencial pelos pobres da Igreja católica.

A maioria das religiões evangélicas históricas, espantadas, perguntam-se: onde Calvino e seus seguidores atuais foram buscar os fundamentos evangélicos para estas absurdas afirmações? Pelo contrário, o evangelista Mateus resume os sinais do Reino: os cegos enxergam, os surdos ouvem, os mudos falam, os leprosos são curados e a Boa Nova é anunciada aos pobres (Mt 11,4). E a pobre viúva do Evangelho que superou os que possuíam moedas de ouro com duas pequeninas moedas de cobre?

Deus não quer a pobreza, mas ama os pobres e os desafia, nas bem-aventuranças: avante, vós pobres, avante vós que estais a caminho. Prevalecendo a teologia da prosperidade, o próprio Jesus poderia ser considerado maldito e condenado por não possuir riquezas e por condená-las. Deus não é um negociante e define-se como Amor
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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

SISTEMA FORA DO AR.

Na sociedade atual tornou-se impossível viver sem depender de um sistema computadorizado. Em tudo ele se faz necessário. Seja no atendimento às pessoas ou no gerenciamento dos empreendimentos tudo passa pelo sistema. Porém, por não ser 100% seguro, é ainda um desafio superar as quedas do sistema. Tem-se frequentemente esperado em filas por sua causa. Todos dizem “o sistema caiu”, ou “o sistema está fora do ar”.

Objetivamente a superação deste problema implica em obter mais avanços na tecnologia de computadores. Mas, é verdade que o sistema computadorizado representa um avançado esforço e conhecimento do ser humano em função de agilizar serviços e informações e reduzir sacrifícios. Por detrás de um computador há toda uma estrutura que abrange pessoas, máquinas, métodos e ciências com a capacidade de coletar, processar e transmitir informações, dados. Nas últimas décadas são louváveis e relevantes os êxitos nesta área tecnológica. Graças ao computador é possível pensar uma nova ordem das coisas, dos serviços, do tempo e do espaço. O mundo hoje sem o recurso da computação seria completamente outro.

Contudo, para ser funcional e seguro o computador depende de programas e sistemas. Quanto ao termo sistema, em latim se escreve systema e em grego sýstema. Sy quer dizer “junto”, e sta significa “permanecer”. No grego clássico, o verbo histanai significava “fazer ficar em pé”. Já o termo sistema do grego synístanai, significa “colocar junto ao mesmo tempo”. Sistema passou a designar “reunião de diversas partes diferentes”. Isto é, capacidade de permanecer junto. Traduz-se por capacidade de coletar, processar, transmitir, manipular informações, dados.

Devido à importância dos sistemas de computação o Ministério da Educação, através das instituições pedagógicas, oferece cursos de especialização na área, como Ciência da Computação, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Sistemas de Informação, Licenciatura em Computação, Engenharia da Computação, Engenharia de Software e outros. Embora cada curso tenha um foco, no geral o objetivo é preparar e qualificar pessoas e profissionais para que o sistema informacional computadorizado avance em tecnologia e que esteja a serviço da vida e do trabalho das pessoas. Pelo computador trabalha-se melhor e amplia-se saberes. Mas ainda não estão sob controle do saber humano as tais quedas de sistema que seguidamente têm irritado as pessoas
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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

ISSO TAMBÉM VAI PASSAR

Depois de incontáveis ensaios, o momento surgiu: recolher os numerosos papeizinhos, rever as anotações, promover uma arrumação. Há tempo não fazia isso: dar uma ajeitada na minha mesa. A cobrança era diária. Mas sempre ficava para um outro amanhã. Ainda falta a etapa final da seleção. Acontece que sempre guardei muitas anotações. No entanto, o primeiro passo foi dado. Um certo alívio já é sentido. Como faz bem a sensação de ordenamento. Em meio aos rabiscos e escritos, uma frase prendeu a atenção: ‘O que passou, passou, mas nunca sabemos como vai passar.’ Um intervalo à reflexão, aconteceu espontaneamente. O pensamento foi longe, sem permissão. Surgiu naquele instante uma vontade enorme de escrever, explanar uma humilde interpretação.

Não é de hoje que adotei uma certeza. Ela entra em cena quando as exigências se multiplicam e as dificuldades se aglomeram. Acabo afirmando com convicção: vai passar. O interessante é que passa mesmo. Porém, é impossível saber quanto tempo levará para passar. O fato de ter consciência de que tudo passa não diminui, no entanto, o sofrimento. Talvez demore um longo período, provocando alguns estragos, testando a paciência. Outras vezes poderá ser rápido. O certo é que tudo precisa de um determinado tempo até que a passagem ocorra. Saber esperar o tempo certo requer maturidade e sabedoria. O autodomínio não pode faltar. Caso contrário, outros contratempos poderão ocorrer.

Ninguém sabe precisamente como tudo vai passar. Talvez seja rápido ou bem demorado. Ainda bem que existe uma convicção: vai passar. Com essa certeza, a vida experimenta um certo alívio, a esperança reúne outros motivos, a serenidade torna os momentos mais leves. A ansiedade em nada ajuda para que o processo emplaque uma contínua evolução. Não são poucos os que deixam a pressa fazer alguns estragos. Controlar-se não é uma imposição, mas uma necessidade que se estabelece.

A vida pertence àqueles que sabem lidar com as muitas incertezas, que surgem ao longo do caminho. Cada etapa da vida tem lá suas exigências. Não convém viver distraído. As consequências podem provocar contradições. Arrumar a mesa pode ser mais do que uma tarefa. Sempre haverá algo inspirador. Nunca sabemos como cada situação vai passar. Ainda bem que é possível saber o essencial: vai passar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

ÁGUA...

Muito se tem trabalhado pela “fome zero”. Avanços e retrocessos aconteceram e estão acontecendo no Brasil e no mundo. Porém o clamor de quem se vê ameaçado pela fome parece aumentar. Ao lado desse drama, por incrível que pareça, temos dificuldade de acordar para efetivar um grande mutirão mundial da “sede zero”. A Igreja no Brasil em 2004, com a Campanha da Fraternidade, decidiu “conscientizar a sociedade de que a água é fonte de vida, uma necessidade de todos os seres vivos e um direito da pessoa humana e mobilizá-la para que esse direito à água, com qualidade, seja efetivado para a geração presente e futura”.

A obra de misericórdia corporal “Dar de beber a quem tem sede” vai desde um copo de água que alcançamos a uma pessoa sedenta até o cuidado de todo o sistema de vida no planeta que se vê ameaçado. E a água se torna o bem mais precioso em risco. Uma comprovação científica afirma que nosso organismo consegue ficar muito tempo sem nenhum alimento, entretanto não consegue viver por três ou cinco dias sem água. São Vicente de Paulo que rezava sete horas por dia, diz: “Deixa a tua oração, se teu irmão te pede um copo de água!”.

A ação misericordiosa de Deus conta com nossas ações misericordiosas também. Quando pensamos na sede, de imediato somos chamados a uma nova sensibilidade ecológica e espiritual. Estamos, hoje, envolvidos numa crise decorrente de um modelo civilizatório, marcado pela cultura da morte que entra direto pela porta da indiferença. Não negamos aqui o empenho dos diversos fóruns internacionais dedicados à água.

Já é significativo o fato de se comprovar que, no mundo, de cada duas pessoas, uma vive em casa sem esgotos e não conta com água potável a menos de um quilômetro. A cada ano, seis milhões de pobres, dentre os quais quatro milhões de crianças, morrem de enfermidades ligadas a águas contaminadas.

O mundo tem água suficiente para suprir todos os seres humanos. O problema é que a humanidade tem dilapidado os bens hídricos de tal forma que a quantidade de água disponível se tem revelado insuficiente e tende a diminuir cada vez mais. O Brasil é um dos países do mundo mais rico em água. Tem vinte grandes bacias hidrográficas que contém 12% da água doce existente no mundo. Mais, ou menos, é o único país onde chove em todo o território. No entanto a situação de nossas águas confirma que 70% dos rios brasileiros estão contaminados, seja por esgoto industrial, doméstico, metais pesados, agrotóxicos etc... 20% da população não tem acesso a água potável.

A Campanha da Fraternidade de 2004 nos lembrava a multiplicidade do uso da água: consumo humano, irrigação, energia, navegação, pesca, uso industrial, uso medicinal e lazer, mas salienta também seu valor espiritual e simbólico. Pense nisso e onde e como
poderemos contribuir.

domingo, 4 de setembro de 2016

ENCANTOS DA NATUREZA

Se não fosse a pressa, os detalhes seriam mais celebrados. Ainda bem que há intervalos que desfazem o esquecimento e embalam os acontecimentos. As preocupações têm atingido a visão, a ansiedade tem afastado os melhores momentos. Foi quase por acaso: num dia desses, o ouvido, creio eu, estava mais afinado. O horário conventual propiciou uma breve e, ao mesmo tempo, infinita alegria: um sabiá ensaiando algumas melodias. Depois de dias seguidos de baixa temperatura, a primavera se faz promessa. A maravilhosa ave arquiteta um novo ninho, enquanto enche de alegria a audição de cada novo dia.

O trânsito exige muita atenção. Qualquer distração, fica sem perdão. Mesmo assim, enquanto aguardava o sinal, o olhar captou o desabrochar de uma amarela flor de ipê. Talvez estivesse fora de época. A temperatura um pouco mais elevada deve ter provocado uma certa antecipação. A natureza não tem se atrelado ao calendário. Os ciclos vão se sucedendo, as estações são verdadeiros acontecimentos. A interação deveria ser natural. Afinal, a casa é comum, a interdependência é muito mais do que uma sequência: é condição de sobrevivência.

As flores vão desabrochar, os sabiás vão cantar. Tais manifestações deveriam tocar o coração e apontar para outras direções. A vida também prova as mudanças de outras estações. Há um momento para recolher-se, outro para a expansão. Tudo seria diferente se os humanos expressassem melodias, demonstrassem tonalidades. As pessoas já não cantam como em outros tempos. As vozes que inspiravam a bondade estão hibernando. Há muitos ruídos mesclando desconforto, silenciando alguns sonhos. Os ipês são desobedientes, insistem em florescer. Tomara que não se apressem tanto.

Talvez não seja difícil afinar o ouvido novamente. Passos mais compassados poderão proporcionar novas audições e outras visões. O sabiá continuará cantando e o ipê teimará em florescer. Um pouco de tempo de arquibancada e novos cenários serão aplaudidos. Há tantas maravilhas acontecendo, não deveriam ficar no relento. Impossível mudar o ritmo do mundo, mas seria de bom tamanho uma simples alteração: restaurar o coração para respirar com mais emoção. Nada é mais empolgante do que a vida. Ainda bem que existem ipês florescendo e mais sabiás cantando. A natureza simplesmente encanta.

sábado, 3 de setembro de 2016

POUCO RESOLVE

Há coisas na vida que pouco ou quase nada resolvem. Por vezes o que é proposto como solução para uma determinada problemática acaba por se tornar inútil. No país, seguidamente os cidadãos ou a população em geral são submetidos a situações que não trazem sequer benefícios. Criam-se leis e decretos completamente inviáveis. Para observar esta realidade basta analisar algumas propostas ou projetos de lei.

Os brasileiros já foram obrigados ao porte de itens de primeiros socorros em seus veículos. A resolução do CONTRAN nº 42 de 21/05/1998 tornava obrigatório, sob pena de multa, o porte de kit de primeiros socorros em veículos automotores. O kit era composto por dois rolos de ataduras de crepe, um rolo pequeno de esparadrapo, dois pacotes de gaze, dois pares de luvas descartáveis e uma tesoura de ponta romba. Em 14/04/1999, por completa inoperância, a lei foi revogada após um ano de sua promulgação.

Outra situação idêntica foi a obrigatoriedade da presença do extintor de incêndio do tipo ABC em carros. A obrigatoriedade a partir de janeiro de 2015 gerou superfaturamento dos extintores e pior, sumiram das lojas e o condutor ficou vulnerável a multas. Meses após o Conselho Nacional de Trânsito decidiu que o extintor de incêndio em carros seria opcional, não mais obrigatório, sem ocorrer pena de multa.

Após ter sido aprovada pelo Senado, o presidente, Michel Temer, sancionou recentemente a lei 13.290, de 23 de maio de 2016, que obriga o condutor a manter acesos os faróis do veículo utilizando luz baixa durante o dia nas rodovias e nos túneis providos de iluminação pública, além é claro de ligá-los à noite. No descumprimento da lei o condutor será autuado por infração com multa - de R$ 85,13 e quatro pontos na carteira de habilitação.

Muitas outras medidas e propostas poderiam ser citadas neste conjunto de ineficácia. É quase impossível compreender a razão para tais medidas. Logo, se fossem submetidas à consulta popular ou a um debate sério com a participação da população certamente não seriam aceitas. Se não bastasse, a população nem sequer recebeu a devida informação dos benefícios de tais medidas. O que mais sabe é que no descumprimento das leis é lesada econômica.

Em contrapartida, o povo brasileiro nunca foi avesso às leis, às obrigações e aos deveres cívicos. Sempre preservou a ordem social. Com efeito, como sabemos, quem paga a conta final é o povo.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

POR UMA SOCIEDADE MAIS UNIDA EM FAVOR DA PAZ

A violência no Brasil é uma realidade visível aos nossos olhos. Muitos dizem que há fatores que influenciam para o aumento da criminalidade. Uns afirmam que a homossexualidade, a intolerância religião, a cor da pele, a etnia, o consumismo e outros inúmeros rótulos estão associados ao acrescente mundo de pessoas violentas.

Penso que a violência é falta de conhecimento. Por outro lado, muitas pessoas são julgadas apenas pela aparência. Mas, francamente, esse ódio é totalmente desnecessário. Vamos refletir um pouco sobre a nossa sociedade que esta se autodestruindo aos poucos. Ela está “provando o próprio veneno”. Cada vez que se vê alguém na rua pedindo comida, ou até mesmo sendo roubado ou agredido, muitas vezes ignoramos. Sabe por quê? Estamos acostumados com esses fatos do “cotidiano”. Esse é o problema, pois estamos achando normais fatos que deveriam ser evitadas.

Não sei quanto a você, mas eu acho que tem realmente algo errado na sociedade. Deveríamos ser mais fraternos com esse tipo de coisa. Não podemos aceitar que maltratem alguém ou algo. Se você pode fazer algo para mudar, faça, não tenha medo de enfrentar nada. Eu sei que não é fácil mudar tudo isso de um dia para o outro, e é por isso que precisam fazer sua parte para ajudar a manter a paz.

Enfim, precisamos nos unir contra as guerras, brigas, agressões físicas e psicológicas. A capacidade para mudar passa pelo agir, ser contra a violência e a favor da paz.

Aluna: Victoria Gabrielle Thomaz Pires, Ano: 7ºB, do Colégio Santa Dorotéia de Porto Alegre (RS)

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O PREÇO DE NOSSAS CONQUISTAS

Misto de caudilho, herói e facínora, o espanhol Hernan Cortés deixou seu nome gravado nas lendárias conquistas europeias em terras da América. Nascido em 1485, foi o primeiro espanhol a chegar em terras mexicanas. Diante dele estavam as florestas misteriosas, cortadas por pantanais, febres de todo o tipo e perigos inimagináveis. Atrás de tudo, os índios, donos da terra. Seus homens estavam preocupados e o desânimo podia acontecer.

Diante disso, Cortés reuniu o grupo e quis saber se eles estavam dispostos a enfrentar tudo o que estava pela frente. Diante da resposta afirmativa, Cortés mandou queimar seus navios que estavam ancorados na baia próxima. A queima dos navios significava que não havia possibilidade de desistir ou de recuar. Eles só podiam avançar. Era vencer ou vencer. A luta não foi fácil e o sonhado Eldorado, a custo de muito sangue, foi conquistado 16 anos após.

Um pai superprotetor tratou de conseguir um emprego para seu filho, muito acomodado. Ele foi informado que o emprego desejado exigia anos de estudo, diplomas e conhecimentos que o filho estava longe de possuir. Aí entrou em jogo o esquema do jeitinho brasileiro. O pai quis saber se não havia um caminho mais curto, um atalho, com menor exigência. A resposta não deixou dúvidas: depende do que você quer fazer com seu filho. Quando Deus quer fazer um carvalho leva 90 anos, mas quando quiser fazer uma abóbora, dois meses são suficientes.

A vida é uma conquista. Cada um estabelece o que pretende conquistar e cada um estabelece também o preço que está disposto a pagar para realizar seu sonho. Cada um decide o que quer ser: carvalho ou abóbora. Tomada a decisão em favor do carvalho, resta queimar os navios. É perigoso ter um Plano B.

Diante de seus generais que apontavam os perigos na travessia dos Alpes, Napoleão proclamou: os Alpes não existem. As dificuldades devem servir como desafios e os insucessos desafiam a recomeçar com mais inteligência e determinação. A vida dos grandes homens está cheia de desafios e insucessos. Eles souberam recomeçar. Thomas Edison fez duas mil tentativas antes de inventar a lâmpada elétrica, Giuseppe Verdi foi reprovado duas vezes em escolas de música e Winston Churchill foi reprovado três vezes no segundo ano do primário. Por outro lado, não sabemos o nome daqueles que não aceitaram queimar os navios ou se contentaram com abóboras.

Mesmo quando o sucesso não vem, nem por isso os esforços são inúteis. O pior naufrágio é o do navio que recusou sair do porto.