terça-feira, 31 de julho de 2018

A NUDEZ

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Nascemos iguais, no choro e no medo.
Começam, então, as artes da vida que pinta sobre nós as cores do destino, em silencioso segredo...

Pobre menino...

Nessa loteria incompreensível, uns poucos metros podem ser a diferença entre a miséria e a opulência, a fartura e a carência.

No meu caso, os poucos passos entre a casa e o fundo do quintal eram distância, fronteira e abismo entre dois mundos. No muro da minha casa começava a favela da Pedreira.

Na minha infância, era precária a noção dessa distância. Tanto que, diariamente, eu saltava o muro do mundo e me misturava aos meninos da favela, na alegria comum de um campinho de terra onde reinava o futebol. Ali, éramos quase iguais...

Mas logo vieram as demãos da vida, na sua liberdade enlouquecida.

Enquanto sobre mim eram pintadas as nuances coloridas de um uniforme escolar, com direito a merenda, sapato e meia, nos meus companheiros de além muro, descalços, estropiados, despidos de qualquer beleza, espalhavam-se os traços baços do cinza da pobreza.
Vida que segue, e a aquarela também.

Das cores da família, da filiação, da escola, camadas e camadas de tinta vão cobrindo nosso eu primeiro, de nós, o mais verdadeiro, aquela pessoa, única, original, irrepetível.

O azul do diploma, o marrom da profissão, o verde dos cargos, o branco das escolhas, o multicolorido painel dos desejos, o cinza das concessões e, assim, uma grossa crosta do que deveria ser a vida vai sendo sobre nós pintada e tecida.

Rui Eloi, o filho, o irmão, o amigo. O vizinho querido. O pai, o marido. Cores e tintas sobre um menino que não respeitava os muros da vida.

Hoje, me espanto diante da figura descolorida de seres humanos, anônimos, celebridades, despidos de nomes, cargos, títulos, fortunas, reduzidos à sua pequenez original, sofrida, desprotegida.

Do lado de lá e de cá, do muro, pode ser muito cruel se ver diante da nudez irreversível da vida.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

A IMPORTÂNCIA DA MEDITAÇÃO.

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De um grupo de adolescentes que formavam um time de futebol seria normal esperar medo, pânico e agitação ao se perceberem confinados em uma caverna escura por vários dias, sem saber como fazer para sair dali e salvar-se. A insegurança, aliada à escassez de recursos alimentícios e à exiguidade do espaço seco em meio à caverna alagada, tudo contribuía para que os meninos estivessem abalados e vulneráveis.

No entanto, o que se viu foi um grupo de crianças calmas, vivendo a dificuldade pela qual passavam com um sorriso nos lábios e muita serenidade. Nenhum chorava ou tinha qualquer reação de angústia e aflição. E assim permaneceram ao longo de toda a operação de resgate com muita expectativas e adiamentos sem fim.

Qual o segredo dessa paz, desse equilíbrio? Que espírito adejava por aquela caverna a ponto de conseguir tranquilizar desta maneira doze crianças em perigo? Cremos que a resposta se encontra em algo que acompanha o ser humano desde suas origens e que ao longo da história tomou formas e configurações diversas e fascinantes: a espiritualidade. Ou seja, a capacidade do ser humano de elevar-se além do sensorial e do racional, e experimentar a transcendência.

No caso do time dos “Javalis Selvagens” que comoveu o mundo, parece que a fonte imediata daquele enfrentamento admirável de uma situação tão adversa encontra sua raiz na pessoa do treinador Ekapol Chanthawong. Foi ele quem os levou à excursão que acabaria isolando-os dentro da caverna. Mas foi igualmente ele que os liderou no processo de resistência que lhes permitiu conservar a vida e as energias, de modo que pudessem ser salvos e reconduzidos a suas famílias.

O treinador, antes de ocupar-se de times de futebol, foi monge budista e viveu desde os doze anos em um mosteiro. Dali saiu para cuidar de sua avó doente. Ali também aprendeu as técnicas e o método da meditação budista durante uma década. E quando saiu, levou consigo a espiritualidade que havia vivido no mosteiro. O mosteiro ficou gravado em seu interior e o faz até hoje manter contato com a comunidade que ali reside. Segundo o abade do mosteiro, Chanthawong continua meditando regularmente.

Parece que, ao constatar a situação de isolamento em que se encontrava junto com os meninos, passou a ensinar-lhes a meditar. O objetivo era mantê-los calmos e preservar suas energias enquanto ali estivessem. Assim se passaram duas semanas. Cada um fazia uma hora de meditação ao dia, e isso os ajudou a resistir durante todo o tempo em que estiveram na caverna até serem encontrados e resgatados.


Além de ajudar os meninos dando-lhes o que tem de melhor – sua espiritualidade – o treinador deu-lhes vida concreta retirada de sua própria vida. Jejuou e não se alimentou durante os dias de reclusão, a fim de que sobrasse mais dos poucos alimentos de que dispunha o grupo para os meninos. E foi o último a ser libertado e ver novamente a luz do sol. Certamente seus longos anos de ascese no mosteiro foram fundamentais nessa atitude e nessa prática.

Neste momento, quando ainda vivemos, juntamente com a euforia da Copa do Mundo, o alívio e a alegria de ver a todos os personagens da caverna finalmente sãos e salvos, somos levados a refletir sobre a importância da espiritualidade para nossas vidas.

A rica, admirável e milenar tradição budista pretende conduzir as pessoas em direção à iluminação e à paz de espírito. Poderia ter sido outra tradição. O importante neste caso é perceber a grandeza de nossa condição humana. Tão precária e frágil a ponto de contar com forças limitadas para sobreviver em situações difíceis. Mas tão incrivelmente bela e elevada de forma a enfrentar grandes dificuldades graças ao espírito que anima uma corporeidade finita e mortal.

O time dos Javalis Selvagens e seu treinador nos sinalizam algo da maior importância. É preciso cultivar o espírito, investir na vida espiritual, seja em que tradição religiosa for, ou mesmo fora de qualquer uma. Certamente faz a vida mais digna desse nome. E pode ajudar-nos muito quando nos virmos isolados em alguma caverna escura e inundada sem vislumbrar saídas evidentes.

UM POUCO DE DARWIN

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Meus amigos biólogos e teólogos que me corrijam se estiver falando alguma asneresia (cruzamento de asneira com heresia), mas a ideia básica da chamada teoria da evolução, em oposição ao criacionismo, é que a vida, em todas as suas manifestações, vem mudando ao longo de um tempo que vai muito além dos seis dias bíblicos de labuta criativa que culminaram com a aposentadoria do Senhor no sétimo dia.

Se o Temer souber disso...

O naturalista britânico Charles Darwin, para horror dos religiosos fundamentalistas do seu tempo e de hoje, foi além, afirmando que todos os seres vivos podem ter sua descendência rastreada a um ancestral comum que, no caso de nós, humanos, não seria exatamente o doutor Adão e sua senhora, Eva.

Darwin também defendeu a tese da seleção natural, segundo a qual características herdáveis que contribuem para a sobrevivência se tornam mais comuns em uma população ao longo do tempo.

Resumindo: gaviões comem ratos. Ratos brancos são mais visíveis numa paisagem verde, ratos cinzentos se camuflam melhor. Gaviões comem mais ratos brancos. Ratos cinzentos tem mais chance de transmitir seus genes à próxima geração. CQD!

Darwin desenvolveu suas teses ao longo de uma viagem de 1831 a 1836, ao redor do mundo, a bordo do navio HMS Beagle. Foi-lhe especialmente útil a parada nas ilhas Galápagos, um arquipélago isolado, localizado no Oceano Pacífico a cerca de mil quilômetros da costa da América do Sul e que faz parte do território do Equador. Ali, entre tentilhões e iguanas, ele deu forma à teoria que seria publicada no livro “A origem das espécies”.

Desculpem a viagem, mas adoro História.

O britânico mostrou que sobrevivem melhor não exatamente os mais fortes, mas os mais adaptáveis. Dinossauros eram imensos e fortíssimos, mas não se adaptaram às mudanças no clima provocadas, provavelmente, pelo impacto de um meteoro gigante contra a Terra há cerca de 65 milhões de anos.

Mais próximos de nós, mamutes, tigres de dentes de sabre, preguiças e tatus gigantes foram extintos há pouco mais de cinco mil anos. Eram pesos pesados que reinavam nos cinco continentes mas viraram esqueletos fósseis em museus.

Já o bicho homem, a espécie mais adaptável da natureza, começou sua trajetória como hominídeo, uma família que incluiria o gênero australopithecus e também o gênero humano, que teria vivido de 4,2 a 3,9 milhões de anos atrás. Em seguida veio o australopithecus afarensis, que possivelmente habitava a Terra de 3,9 a 3 milhões de anos.

Eis que, senão, quando, para grande espanto malafáico, aparece o homo habilis, que viveu há 2,4 a 1,5 milhões de anos, fabricando instrumentos grosseiros de pedra e madeira, além de desenvolver uma linguagem rudimentar.

Desse homo habilis teria descendido o homo erectus que, como diz o nome, caminhava definitivamente sobre dois pés, habitando a África e depois alcançando a Europa, a Ásia e a Oceania, por volta de 1,8 milhões e 300 mil anos atrás. Esse nosso parente mais que habilidoso dominou o fogo, passou a cobrir o corpo para se proteger do clima, fabricava e utilizava ferramentas e instrumentos mais precisos e sofisticados. Elaborou melhor sua linguagem, organizou-se em tribos, criou rituais religiosos, funerários inclusive, aludindo à crença numa vida após a morte, arriscou-se nas artes rupestres e seguiu em frente, em sua caminhada evolucionista.

Enfim, há 300 mil anos surge o homo neanderthalensis, que conviveu com o homem moderno, o homo sapiens, que se consolida, segundo pesquisadores, há 120 mil anos.

Hoje, homo sapiens, sapiens; o homem que sabe que sabe... Somos nós!

Será?

quarta-feira, 25 de julho de 2018

NÃO CREIO.

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É estranho pensar que a morte possa ajudar a humanidade a ampliar as fronteiras da vida.

Não deveria ser estranho, pelo menos para nós, cristãos. É disso que trata o mistério da nossa fé.

Mas, já vou avisando. Não me coloque na lista daqueles que acreditam que Jesus já nasceu com um carimbo de ‘condenado’ na testa, que veio para morrer crucificado cumprindo a vontade do Pai. Não creio num pai que planeje isso para o seu filho.

O Cristianismo nasce no ambiente judaico, que é uma Religião, como outras, de imolação, holocausto e sacrifício. Herdou e ampliou essa ideia, através da qual Jesus é o Cordeiro de Deus que assume sobre si os pecados e culpas do mundo.

Perdoem se cheira a heresia, mas acredito que Jesus veio nos dar sua vida, não sua morte. “Eu vim para que tenham vida... para que a minha alegria esteja em vocês...”.
A minha fé é alegre, apesar de tanta tristeza que nos assola e sufoca.

A prisão de Lula sem provas e a libertação de bandidos confessos, no final podem até ser bom:

Pode fazer nascer indignação onde há conformismo e desânimo.

Fazer nascer mobilização onde há acomodação e apatia.

Fazer nascer um grito de protesto e luta onde há silêncio e medo.

Fazer nascer verdade e justiça, onde há mentira, manipulação, hipocrisia.

Fazer nascer vida onde, hoje, há tanta morte.

Pode ser um bom momento para afirmarmos uma imensa e restauradora verdade. Do túmulo aberto não renascerá um cristo-deus no qual já não creio.

Como me ensinou Frei Betto, “não creio no Deus dos magistrados, nem no Deus dos generais, ou das orações patrióticas.

Não creio no Deus dos hinos fúnebres, nem no Deus das salas de audiências, ou dos prólogos das constituições ou dos epílogos dos discursos eloquentes.

Não creio no Deus da sorte dos ricos, nem no Deus do medo dos opulentos, ou da alegria dos que roubam do povo.

Não creio no Deus da paz mentirosa, nem no Deus da justiça impopular, ou das venerandas tradições na­cionais.

Não creio no Deus dos sermões vazios, nem no Deus das saudações protocolares, ou dos matrimônios sem amor.

Não creio no Deus construído à imagem e semelhança dos poderosos, nem no Deus inventado para sedativo das misérias e sofrimentos dos pobres.

Não creio no Deus que dorme nas paredes ou se esconde no cofre das igrejas. Não creio no Deus dos natais comerciais nem no Deus das propagandas coloridas. Não creio no Deus feito de mentiras, tão frágil como o barro, nem no Deus da ordem estabelecida sobre a desordem consentida.

O Deus da minha fé nasceu numa gruta. Era judeu, foi perseguido por um rei estrangeiro, e caminhava errante pela Palestina. Fazia-se acompanhar por gente do povo; dava pão aos que tinham fome; luz aos que viviam nas trevas; liberdade aos que jaziam acorrentados; paz aos que suplicavam por justiça.

O Deus da minha fé punha o homem acima da lei e o amor no lugar das velhas tradições.

Ele não tinha uma pedra onde recostar a cabeça e confundia-se entre os pobres...

O Deus da minha fé não é outro senão o Filho de Maria, Jesus de Nazaré.

Todos os dias ele morre crucificado pelo nosso egoísmo.

Todos os dias ele ressuscita pela força do nosso amor.

Tentaram silenciar sua voz.

Mas sua vida vive, em nós!

terça-feira, 24 de julho de 2018

EU.


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Desde menino, tenho com as palavras uma relação de amor e, às vezes, ódio.
Paixão é sempre assim...

Cedo, me encantava com aqueles rabiscos que meu pai lia num caderno grande que ele chamava de Correio do Povo. Atento, percebendo meu interesse, seu Alcides Arend me deu, como primeiro presente, um Dicionário!

Com o tempo, fui percebendo que aquela barafunda de riscos ganhava sentido, desenho e estilo. Tinha uma sonoridade, virava sílabas que iam se encadeando, construindo no papel a imagem de um lugar, de um objeto, de um bicho, de uma pessoa. Eu! Eu, inteiro, cabia em duas letras!

Nada é capaz de fazer síntese maior do que possa ser um ser humano.

Palavras eram, para mim, entidades mágicas e algumas logo ganharam vida própria.

A primeira experiência de palavra escrita, de minha autoria, que me ficou na memória é bem longínqua. Eu, criança arteira, achei sobre a cama da minha mãe um batom. Já sabem, né? Em quinze minutos a cama, as paredes, a porta, estavam transformadas em páginas dos meus primeiros passos na literatura. Fiquei surpreso pela falta de incentivo dos adultos.

Logo nos primeiros dias do Grupo Escolar Santos Dumond percebi que aquelas minhocas que eu rabiscara com o batom podiam ter um significado.

Dona Terezinha, com muita paciência, ia guiando minha mão e logo, logo, agora sim, para orgulho dos meus pais, avós e muitas tias, eu era capaz de desenhar o que eles chamavam de ‘nome’.

O tal de nome era grande, cheio de dobrinhas e curvas, e eu me perguntava porque não me chamava ‘Eu’. Ou então, Zé, como meu vizinho.

Mal sabia que ainda me esperava a terrível “ficha”, na qual seria obrigado a reproduzir o nome completo, meu e da minha mãe, o da minha cidade e uma tal de data, que mudava todo dia.

Meu nome não era dos maiores:

RUI ELOI AREND

O da minha mãe era estranho:

LEONIDA SCHUMANN AREND.

Minha cidade, ao invés de se chamar TAQUARA, como a do Zé, chamava-se GRAMADO.

E tinha a DATA, que não adiantava treinar porque mudava todo dia...

Continuo depois para não cansar vocês...

(madrugada de insônia...)

segunda-feira, 23 de julho de 2018

VOCÊ CONFIA NA JUSTIÇA?

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Todos os brasileiros deveriam ter o mesmo tratamento perante a lei e o direito, é o que assegura a Constituição Federal. O mínimo que se poderia esperar da Justiça é que os cidadãos sejam tratados de igual forma na aplicação das leis e nos direitos. No entanto, segundo pesquisas de opinião pública, isto está longe de acontecer no Brasil. Muitas são as razões desta diferença na aplicação da lei e do direito.

Conforme resultados da pesquisa CNT/MDA, divulgada em 14 de maio, para 90,3% da população brasileira a Justiça não age de forma igual para todos; e 52,8% consideram o Poder Judiciário pouco confiável. A avaliação da Justiça é considerada ruim ou péssima para 55,7% dos brasileiros. Já na pesquisa da Datafolha, divulgada no início de junho, 82% confiam muito pouco ou absolutamente nada no Poder Judiciário. A pesquisa da CNT/MDA foi encomendada para mensurar a opinião pública sobre a atuação da justiça brasileira após um ano do lançamento do filme A Lei é para Todos. A pesquisa da Datafolha foi realizada após a paralisação dos caminhoneiros, no mês de maio.

Diante do descrédito do Poder Judiciário, cabe perguntar-se: qual a sua origem? O descrédito é recente ou faz parte de um processo histórico? Por que a aplicação da lei não acontece de forma equitativa? Por que alguns cidadãos são privilegiados na aplicação da lei? Sem dúvida alguma, por um lado, os resultados da pesquisa levam a muitas interrogações sobre as práticas do Poder Judiciário brasileiro. Por outro lado, exercer o direito e fazer valer a lei justa e igual entre os brasileiros ainda é algo a ser alcançado.

Há algumas explicações sobre a desconfiança pública no Poder Judiciário. No intuito de entendimento da situação, é preciso buscar em primeiro lugar por um conceito de justiça. Para tanto, recorremos ao renomado estudioso do direito, o jurista romano Eneu Domício Ulpiano (150-223), cujas ideias influenciam a reflexão por muitos séculos. Ulpiano entendia a Justiça como Justitia est constans et perpeptua voluntas jus suum cuique tribuendi, que traduzindo do latim significa: “Justiça é a constante e firme vontade de dar a cada um o que é seu”. Este conceito acabou sendo incorporado no Corpus Juris Civilis ou O Corpo Júris. Então, como explicação primeira, a justiça é dar a cada um o que é seu. Em outras palavras, a justiça é o que deve ser atribuído a cada cidadão.

No entanto, ao dar a cada cidadão o que lhe é atribuído, na prática podem ocorrer injustiças na aplicação da justiça. Nota-se, num mundo capitalista, de divisão da população em classes sociais, que apenas distribuir justiça e dar a cada cidadão o que é seu, reduz sua compreensão e aplicação. Em outras palavras, num sistema que promove desigualdade social, ao dar a cada um o que lhe pertence, aplica-se a justiça conforme as condições sociais. No fundo, esta é uma das causas do descrédito do Poder Judiciário constatado na pesquisa de opinião pública.

Outra explicação é que há razões históricas para a desconfiança quanto à atuação do judiciário porque os atuais mandatários representam justamente os beneficiados do sistema. E o sistema capitalista é por natureza desigual com os cidadãos. Como se sabe, no Brasil a riqueza, o poder econômico e político têm historicamente conduzido à ação da Justiça. A própria promulgação das leis e do direito foram feitas pelos representantes da classe social abastada. Ademais, os mandatários da mesma são indivíduos que representam a casta abastada. Melhor dizendo, a maioria dos magistrados nunca veio das baixas classes sociais.

Enfim, o descrédito do Poder Judiciário está associado à prática da Justiça que está empenhada a dar a cada um que lhe pertence. Isto é, mantém a lógica do sistema social desigual, e, não com base nos valores sociais. Somente a compreensão com base em valores sociais como de uma sociedade igualitária, para que a lei e o direito sejam equitativos. Para concluir as explicações, recorremos ao renomado jurista brasileiro Rui Barbosa, que ensinou: “a regra da igualdade não consiste senão em aquinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade".

domingo, 22 de julho de 2018

O CORAÇÃO DA ÉTICA

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A meu ver dois fatores atingiram o coração da ética: o processo de globalização e a mercantilização da sociedade.

A globalização mostrou os vários tipos de ética, consoante as diferenças culturais. Relativizou-se a ética ocidental, uma entre tantas. As grandes culturas do Oriente e as dos povos originários revelaram que podemos ser éticos de forma muito diferente.

Por exemplo, a cultura maia coloca tudo centrado no coração, ja que todas as coisas nasceram do amor de dois grandes corações, do Céu e da Terra. O ideal ético é criar em todas as pessoas corações sensíveis, justos, transparentes e verdadeiros. Ou a ética do “bien vivir y convivir” dos andinos assentada no equilíbrio com todas as coisas, entre os humanos, com a natureza e com o universo.

Tal pluralidade de caminhos éticos teve como consequência uma relativização generalidade. Sabemos que a lei e a ordem, valores da prática ética fundamental, são os pre-requisitos para qualquer cvilização em qualquer parte do mundo. O que observamos é que a humanidade está cedendo diante da barbárie rumo a uma verdadeira idade das trevas mundial, tal é o descalabro ético que estamos vendo.

Pouco antes de morrer em 2017 advertia o pensador Sigmund Bauman:”ou a humanidade se dá as mãos para juntos nos salvarmos ou então engrossaremos o cortejo daqueles que caminham rumo ao abismo”. Qual é a ética que nos poderá orientar como humanidade vivendo na mesma Casa Comum?

O segundo grande empecilho à ética é mercantilização da sociedade, aquilo que Karl Polaniy chamava já em 1944 de “A Grande Transformação”. É o fenômeno da passagem de uma economia de mercado para uma sociedade puramente de mercado. Tudo se transforma em mercadoria, coisa já prevista por Karl Marx em seu texto A miséria da Filosofia de 1848, quando se referia ao tempo em que as coisas mais sagradas como a verdade e a consciência seriam levadas ao mercado; seria “tempo da grande corrupção e da venalidade universal”. Pois vivemos este tempo. A economia especialmente a especulativa dita os rumos da política e da sociedade como um todo. A competição é sua marca registrada e a solidariedade praticamente desapareceu.

O que é o ideal ético deste tipo de sociedade? É a capacidade de acumulação ilimitada e de consumo sem peias, gerando uma grande divisão entre um pequeníssimo grupo que controla grande parte da economia mundial e as maiorias excluidas e mergulhadas na fome e na miséria. Aqui se revelam traços de barbárie e de crueldade como poucas vezes na história.

Precusamos refundar uma ética que se enraize naqulo que é específico nosso, enquanto humanos e que, por isso, seja universal e possa ser assumida por todos.

Estimo que que em primeiríssimo lugar é a ética do cuidado que segundo a fabula 220 do escravo Higino e bem interpretada por Martin Heidegger em Ser e Tempo constitui o substrato ontológico do ser humano, aquele conjunto de fatores sem os quais jamais surgiria o ser humano e outros seres vivos. Pelo fato de o cuidado ser da essência do humano, todos podem vive-lo e dar-lhe formas concretas, consoante suas culturas.. O cuidado pressupõe uma relação amigável e amorosa para com a realidade, da mão estendida para a solidariedade e não do punho cerrado para a dominação. No centro do cuidado está a vida. A civilização deverá ser biocentrada.

Outro dado de nossa essência humana é solidariedade e a ética que daí se deriva. Sabemos hoje pelo bioantropologia que foi a solidariedade de nossos ancestrais antropóides que permitiu dar o salto da animalidade para a humanidade. Buscavam os alimentos e os consumiam solidariamente. Todos vivemos porque existiu e existe um mínimo de solidariedade, começando pela família. O que foi fundador ontem, continua sendo-o ainda hoje.

Outro caminho ético, ligado à nossa estrita humanidade, é a ética da responsabilidade universal, Ou assumimos juntos responsavelmente o destino de nossa Casa Comum ou então percorreremos um caminho sem retorno. Somos responsáveis pela sustentabilidade de Gaia e de seus ecossistemas para que possamos continuar a viver junto com toda a comunidade de vida.

O filosofo Hans Jonas que,por primeiro, elaborou “O Princípio Responsabilidade”, agregou a ele a importância do medo coletivo. Quando este surge e os humanos começam a dar-se conta de que podem conhecer um fim trágico e até de desaparecer como espécie, irrompe um medo ancestral que os leva a uma ética de sobrevivência. O pressuposto inconsciente é que o valor da vida está acima de qualquer outro valor cultural, religioso ou econômico.

Por fim. importa resgatar a ética da justiça para todos. A justiça é o direito mínimo que tributamos ao outro, de que possa continuar a existir e dando-lhe o que lhe cabe como pessoa. Especialmente as instituições devem ser Justas e equitativas para evitar os privilégios e as exclusões sociais que tantas vítimas produzem, particularmente em nosso país, um dos mais desiguais, vale dizer, mais injutos do mundo. Daí se explica o ódio e as discriminações que dilaceram a sociedade, vindos não do povo mas daquelas elites endinheiradas que sempre viverm do privilégio e não aceitam que os pobres possam subir um degrau na escala social. Atualmente vivemos sob um regime de exceção, no qual tanto a Constituição e as leis são pisoteadas ou mediante o Lawfare (a interpretação distorcida da lei que o juiz pratica para prejudicar o acusado).

A justiça não vale apenas entre os humanos mas também para com a natureza e a Terra que são portadores de direitos e por isso devem ser incluidos em nosso conceito de democracia sócio-ecológica.

Estes são alguns parâmetros mínimos para uma ética, válida para cada povo e para a humanidade, reunida na Casa Comum. Devemos incorporar uma ética da sobriedade compartida para lograr o que dizia Xi Jinping, chefe supremo da China “uma sociedade moderadamente abastecida”.Isto significa um ideal mínimo e alcancável. Caso contrario poderemos conhecer um armagedon social e ecológico.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

EM QUESTÃO DE MINUTOS

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A instantaneidade perpassa e invade os recantos do mundo. O que aconteceu em nossa rua, em questão de minutos, todos ficam sabendo. As redes sociais são ágeis, rápidas e práticas. Nestes dias, procurei ficar atento ao desenrolar dos fatos do grupo de meninos, com seu treinador, presos, por causa de uma enchente, numa caverna na Tailândia. O desfecho aliviou o coração de todos. As manifestações de solidariedade surgiram de todos os lados. Pensei comigo mesmo: o mundo não está perdido, ainda bem. A dor alheia consegue, independente da distância, tocar na sensibilidade de todos aqueles que ainda se importam com o valor e o sentido da vida. Um dia depois do resgate, recebi uma síntese, em forma de mapa conceitual, que trazia presente o aprendizado que o resgate daqueles meninos proporcionou. O enredo dos fatos que envolveram o salvamento daquele grupo é, sem dúvida, iluminador. Sou da opinião de que não basta tomar conhecimento dos detalhes de uma informação, mas estar aberto para aprender algo novo ou confirmar o que já era de conhecimento pessoal ou público.

Em pouco tempo, especialistas em mergulho e socorristas dos Estados Unidos e do Reino Unido se juntaram à equipe tailandesa de resgate, tendo como meta encontrar aquele time de futebol com seu treinador. A solidariedade ainda é capaz de derrubar barreiras e salvar o que existe de mais precioso, a vida. Não importa onde estamos, só precisamos de vontade e disponibilidade para ajudar quem necessita. Após nove dias, o grupo foi encontrado com vida, apesar de não terem consigo nenhum alimento. Água e comida são fundamentais, mas o que nos mantém mesmo é a vontade de viver. O mergulhador e triatleta Samam Kunan, levou mantimentos ao grupo. Porém, ao retornar acabou falecendo. Provavelmente o socorrista sabia dos riscos, mesmo assim foi em frente pelos meninos, queria ajudar, fez a sua parte, doou a própria vida. Gastar os dias, as energias e a criatividade em prol da existência dos outros é mais do que altruísmo, é um ato divino.

As horas iam passando, os dias também. No lugar do desespero, os meninos e seu técnico enviaram cartas de otimismo, em tom descontraído, para suas famílias. Calma e entusiasmo serão sempre grandes aliados frente à realidade desesperadora. O próprio técnico, numa das cartas, pediu desculpas aos pais por estar causando tanta dor e transtornos. Por fim, todos foram salvos. A recuperação se deu num processo ascendente e veloz. Certamente surgirão livros e filmes contando essa história, que tocou profundamente o mundo. Sem dúvidas, o episódio da Tailândia jamais será esquecido. O amor é capaz de salvar, independentemente das condições e obstáculos. Diariamente, no anonimato, muitos continuam salvando vidas, através de um olhar terno, de um abraço aconchegante, da partilha do alimento, da cura das feridas do corpo e alma. Problemas, tragédias e infortúnios podem bater à porta de todos, sem nenhum aviso prévio. O importante é saber amar e estar pronto a estender a mão àqueles que necessitam. Os meninos da Tailândia, juntamente com o jovem técnico, venceram a maior competição da história e mostraram ao mundo a taça da solidariedade.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

QUE BRASIL VOCÊ QUER PARA O FUTURO?

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Em ano de eleição presidencial mais importante do que discutir qual o melhor candidato é debater que projeto queremos para o Brasil superar a atual crise agravada pelo desastrado governo Temer, que fez o país voltar 20 anos em dois.

Não acredito em saídas para a crise de olho apenas nos índices do mercado financeiro. Como falar em melhoras na economia se o PIB recua, o desemprego aumenta, a dívida pública e a inflação sobem e o dólar vai às alturas?

Para o Brasil sair do buraco, ou seja, livrar toda a sua população dos apertos atuais, é preciso isentar de impostos todos que ganham até 10 salários mínimos por mês, de modo a aquecer a demanda interna. E taxar o imposto de renda em 10% para quem recebe de 10 a 20 salários mínimos por mês; 20 para quem ganha de 20 a 30; 30 para os remunerados de 30 a 40 salários mínimos; e 40% de taxação para todos que embolsam mais de 40 salários mínimos por mês.

Há que imprimir progressividade também no pagamento do IPTU. Quem aluga imóvel ficaria livre de IPTU. Quem possui até três imóveis, com menos de 150 m2 cada um, deveria merecer um acréscimo de 20%. Acima desta área, 30%. Para quem tem até cinco imóveis, 40%. E para quem é dono de mais cinco, seja qual for o tamanho, acréscimo de 60%.

Isso reduziria a especulação imobiliária. O Brasil tem um déficit de 6,2 milhões de moradias. E há 7 milhões de imóveis vazios, incluídos os que são ocupados por breve espaço de tempo ao longo do ano, como os situados em beira de praias.

As propriedades agrícolas não produtivas deveriam merecer 50% de aumento no imposto rural. Este imposto seria progressivo em mais 10% a cada ano. Ao atingir 100%, e comprovada a improdutividade, o imóvel rural seria confiscado para efeito de reforma agrária.

Todos os recursos privados remetidos ao exterior deveriam ser taxados em 40%, bem como as fortunas acima de R$ 2 milhões. Quem possui dois veículos de transporte individual pagaria 50% a mais no IPVA. Em contrapartida, as passagens de transportes coletivos seriam reduzidas pela metade.

Cobrança imediata de todas as dívidas com o INSS e a Receita Federal. Auditoria das dívidas pública e externa. Todas as empresas privadas envolvidas em corrupção passariam a ter 49% de seu controle acionário em mãos do poder público.

Fim do foro privilegiado em todas as instâncias; do auxílio moradia para quem possui imóvel no município em que trabalha; do auxílio “salsicha” (refeições e lanches) em todas as instâncias da administração pública; e de uso de veículos oficiais, exceto para os presidentes dos três poderes republicanos.

Com tais medidas, o Brasil teria recursos suficientes para aprimorar seus sistemas de saúde e educação e reimplantar políticas sociais que assegurem inclusão social da população empobrecida.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

OUVI O ECO.



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Ouvi o eco de tudo que vive dentro de mim. Ouvi o eco da transmutação. De tudo que fica e plenifica meus sentidos. Ouvi o eco que me fez mudar, alterar meu caminho e me questionar.

Ouvi o eco do meu próprio sintonizar, do amparo a se reacomodar, tudo isso a se juntar.

Hoje parei para ouvir o que o meu interior dizia... Ele queria se expressar.

Revisitei momentos raros, engolida pela vida. Me vi plena nas recordações que vinham me aconchegar. Me vi rolando pela areia da praia deserta como uma célula do universo num sereno e tranquilo ali estar. Me enxerguei em outro momento intenso, no ir e vir pelas estradas da vida, com a música me invadindo, numa suave melodia que vinha me encontrar e outras lembranças resgatar.

Por vezes, os cantos escuros do meu ser cansado buscavam a leveza daqueles momentos, acordando e recordando o eco do amor, reacendendo o brilho da minha alma que cintila. Luz dos olhos a iluminar.

A fé translúcida se mostrava agora e mais uma vez acreditei que o meu mundo ia ser melhor. Tirei da minha mão o controle remoto que nunca tive - a não ser nas minhas ilusões - confiei e me deixei embalar. O eco repetia a ânsia por um sereno e leve andar.

terça-feira, 17 de julho de 2018

QUAL É A SUA VERSÃO?

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Tipificar, caracterizar e distinguir é uma mania dos filósofos e pensadores que primam pela clareza e evitam confusões. Confundir é colocar tudo no mesmo fundo, fundindo, misturando e embaralhando aquilo que, bem pensado, são coisas diferentes. Com a Ética acontece o mesmo fenômeno. Fala-se em falta de ética, de antiética, de imoral, como se a ética fosse uma coisa única, clara e transparente a todos. E não é. Nem é clara e transparente a todos e nem é uma única. Na verdade, não há isso que chamamos A ética, o que há são várias éticas.

Diga-se, de passagem, que há também uma importante distinção entre ética e moral. Moral é o conjunto das normas de certo e errado compartilhadas por uma determinada comunidade histórica. Moral é sempre histórica, situada, particular e em transformação em seus valores. A escravidão já foi moral, o machismo já foi moral, matar animais para se alimentar continua sendo moral. Moral são as normas de comportamento com caráter de bom e mau. A moral responde à pergunta: o que eu devo fazer para ser bom? As normas morais vigentes dizem o que fazer.

A ética é de outra ordem. A ética não responde o que devemos fazer, mas por que devemos fazer ou por que não devemos fazer. A ética dá as razões das normas morais, legitimando-as ou deslegitimando-as, mostrando sua consistência ou inconsistência. Na medida em que a ética, a ciência da moral, a reflexão sobre a moral, pretende dar as razões das normas, então, ela se vale de critérios que podem ser tomados como princípios norteadores das normas morais. E aí entra a pluralidade da ética. Não há uma única ética como critério universal, mas várias. E agrupadas em duas vertentes que tecnicamente nomeia-se: éticas teleológicas e éticas deontológicas. Ou se quiser, éticas consequencialistas e éticas principialistas.

Para as éticas consequencialistas importa o resultado e não a regra prévia à ação que diz o que tem que ser feito. Para as éticas deontológicas importa seguir a regra à risca, sem exceção e sem contextualização. A questão de fundo é pois de intenções e de resultados. A boa vontade de seguir a regra ou o melhor resultado, independente das consequências e dos resultados? Eis a questão.

Se a escolha recair sobre os resultados então teremos o consequencialismo em três versões. a) Se o que importa é o bom para o sujeito da ação, então temos o egoísmo ético. b) Se o que importa é a consequência boa para o outro, mesmo com o sacrifício do sujeito da ação, então temos o altruísmo ético. c) E, se o que importa é a consequência boa para o maior número de pessoas implicadas na ação, então temos o utilitarismo ético.

Na versão deontológica ou principialista, as mais famosas e importantes versões das éticas são a ética cristã e a ética kantiana. Ambas têm algo em comum, o que importa é seguir a regra e ela vale para todos. Não matar, não roubar, não violentar, não mentir. A ética religiosa cristã pressupõe a fé em Deus, razão da própria norma. Para a ética kantiana, basta a racionalidade da regra que se impõe como um dever e um imperativo categórico universalmente válido. A regra cristã diz: tu deves amar o próximo como a ti mesmo. A ética kantiana diz: o que vale para ti, que valha para o outro. Se não gostarias que o outro te trate como meio, trate o outro como fim em si mesmo também.

As cinco versões pretendem apresentar um critério que seja suficientemente forte e universal e que possa ser aplicado com validade universal. Qual a melhor das versões? E qual a tua versão? Ou será que não há a melhor e para evitar contradições haverá de sempre avaliar a versão e o contexto e seus resultados? Como somos finitos e falíveis, não há ética que seja A ética e, no cotidiano, para continuarmos merecermos usar a palavra ética, deveríamos, no mínimo, pensar, ajuizar e deliberar com coerência virtuosa.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

COMO DAR A NOTÍCIA.

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Num Seminário de futuros médicos o cenário trazia presente a relação médico e paciente, o assunto, no entanto, era incomum: como dar uma notícia triste. A importância da espiritualidade, no momento de comunicar um diagnóstico nada favorável. Situações como estas trazem presente o quanto as palavras são insuficientes, para dizer o que é profundo, pontual e, muitas vezes, irreversível. Realmente não é suficiente ter habilidade e boa comunicação. Quando a vida está em jogo ou diante de um risco, é preciso deixar o coração falar, utilizando o menor número possível de palavras. Os gestos podem expressar, com maior fidelidade, o sentimento que embarga as palavras e nos transporta, por uns instantes, para o lugar da outra pessoa. Os profissionais da saúde carregam consigo uma grande responsabilidade diante da vida e da respectiva missão do cuidado.

Ninguém está totalmente seguro em dar uma notícia e muito menos preparado para ouvir o que não gostaria jamais de ouvir. Mas a vida é feita de tudo um pouco. Momentos bons se alternam com situações difíceis, alegrias e lágrimas brincam de roubar o lugar uma da outra. Ânimo e desânimo, por vezes, ocupam o mesmo palco, apenas mudam-se os cenários. Estar realmente preparado para acolher as diversas situações da vida, não é tarefa muito fácil. Porém, ninguém foge de determinadas situações. O que parece impossível acontecer talvez alcance a realidade mais cedo do que se imagina. Acostumar-se com essa dinâmica e com o amontado de situações é uma obrigação distante da possibilidade de opção. Apesar de todas essas possibilidades, a vida segue em frente e continua sendo o mais belo dos embalos, a mais extraordinária história existencial. Viver é um ato humano com o toque divino. Com ou sem preparo, todos são desafiados a abraçar a vida, independentemente deste ou aquele diagnóstico.

Aqueles jovens, acadêmicos de medicina, permaneceram muito atentos. Todos sonham, certamente, com uma carreira brilhante. Naquele entardecer deu para ver o quanto a vida pulsa no coração daqueles que se preparam para cuidar da vida dos outros. Ao mesmo tempo, parece ter sido consenso de que não basta multiplicar palavras, é importante ter conteúdo existencial e espiritual para poder comunicar a situação de cada paciente. Contar notícias alegres e vitoriosas é muito mais fácil do que dizer para alguém que os próximos tempos serão de intensa luta, onde a boa vontade e ao auxílio químico deverão se somar. Quem tem profundo amor à vida, faz de tudo para garantir a saúde do corpo e da alma. Apesar da finitude terrena, é possível avançar mais um passo e abandonar-se totalmente nas mãos do Criador. A espiritualidade não resolve problemas, mas favorece a esperança e renova as energias. Viver alegre, mesmo sabendo que, um dia, será necessário partir, é uma das características das pessoas que professam a fé. Feliz de quem não abre mão do cultivo da espiritualidade.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

QUATRO IMPORTANTES COMPROMISSOS


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* Seja impecável com sua palavra. As palavras têm imenso poder e não devem ser usadas levianamente. Diga apenas aquilo em que acredita, usando corretamente sua energia. Fuja de mexericos e de comentários negativos:


* Não leve nada para o lado pessoal. Quando alguém fala de você, está na realidade expondo a si mesmo. Não absorva insultos e não se deixe levar por adulações. Aprenda a se tornar imune às opiniões alheias.


* Não tire conclusões. Atenha-se apenas à realidade imediata e concreta. Não imagine "coisas" sobre amigos e parceiros. Seja sempre claro e transparente e exija que os outros também o sejam, ignorando o que há de nebuloso ou mal-explicado.


* Sempre dê o melhor de si. Em qualquer circunstância, mesmo nas situações mais insignificantes, faça o melhor -- nem mais, nem menos. Rejeite sacrifícios ou esforços extenuantes: faça o que pode, da melhor maneira possível.

Ensinamentos para incorporar diretrizes ao dia-a-dia, afastando o inferno da depressão, da insegurança e da dependência e conquistando a única e verdadeira liberdade -- a que vem da alma, aquela que cada indivíduo concede a si mesmo.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

O HIPOCONDRÍACO

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Em tempos de remédios falsificados e laboratórios sedentos de lucros exorbitantes, vale lembrar deste consumidor compulsivo que faz da bula Bíblia:

o hipocondríaco. Ele padece do mal de ter mania de doenças e adora tomar remédios. Ao passar à porta da farmácia não resiste e pergunta: "O que tem de novidade?".

Nada mais ofensivo ao hipocondríaco do que erguer um brinde e desejar-lhe "saúde!" Ele só frequenta coquetel de vitaminas. Encara sempre o interlocutor com aquele olhar de quem diz "ando sentindo coisas que você nem imagina". No telefone, faz voz de vítima. Cara a cara, suplica, saliente a compaixão do outro.

Está sempre entrando ou saindo de uma gripe; já tomou todas as vacinas; sofre da coluna; padece de insônia; e trata médico como faz com motorista de táxi: "Tá livre?"

O hipocondríaco entra na Justiça exigindo mandado de prisão contra os radicais livres e duvida que alguém possa imaginar o tamanho da enxaqueca que teve ontem. Enquanto outros fazem shopping, o prazer do hipocondríaco é visitar drogarias de vitaminas importadas. Ingere pela manhã o abecedário em drágeas e nunca se deita sem antes tomar um chá de ervas. Hipocondríaco não tem plano de saúde; prefere cota de cemitério. Gosta de se separar da família para morrer de saudades. E fica doente de raiva quando alguém diz que ele aparenta boa saúde.

O autêntico hipocondríaco carrega sempre uma dorzinha de lado, uma unha encravada, uma afta na boca, uma irritação na garganta, uma dor na coluna e umas tonturas estranhas.

Para o hipocondríaco, esposo ou esposa ideal é a que banca o enfermeiro; cadeira confortável é a de rodas; e cama macia, a de hospital. O hipocondríaco é a única pessoa que, pelo som, distingue sirene de ambulância da de viatura de polícia e de bombeiro. O guru do hipocondríaco é Hipócrates, e sua filosofia se resume nesta questão metafisica: "Se a gente nasce deitado e morre deitado, por que não viver deitado?" .

terça-feira, 10 de julho de 2018

ABC...

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Cada vez que faço uma visita, meu sobrinho, entre uma brincadeira e outra, faz questão de mostrar que já sabe ler. Aprendeu cedo o som das letras e desenvolveu rapidamente a habilidade de agrupar sílabas e formar palavras. É maravilhoso acompanhar as crianças na iniciação à leitura. A impressão que fica é que elas descobrem o mundo, com uma cadência empolgante. Ler e reler é uma forma de existir, de assimilar, de desvendar o desconhecido. Algumas pessoas não ficam longe de uma leitura diária. Outros já passam longos períodos sem abrir um livro ou se deter em algum texto. A importância da leitura é indiscutível. Não é suficiente armazenar informações, nem passar rapidamente os olhos nas manchetes, muito menos fixar-se em imagens. Os horizontes se alargam a partir do contato com o conhecimento científico. Ler sobre temas substanciosos, de fontes fidedignas provoca avanços, inspira transformações, impele à construção de melhorias. Pessoas dedicadas à leitura enxergam mais longe, são capazes de protagonizar uma quantidade maior de esperança.

Saber ler é uma necessidade, uma conquista, um caminho. Por incrível que pareça, muitas pessoas ainda não tomaram contato com as letras. Sabem que existe o alfabeto, mas não conseguem movimentar-se entre o A e o Z. de um jeito ou de outro, somos responsáveis por tal situação. A educação não é prioridade porque aceitamos que ela seja tratada assim, deixando muitos à margem do conhecimento. Por outro lado, a iniciativa pessoal é determinante. É maravilhoso ver a dedicação de muitos frequentando bibliotecas, participando de debates, acessando bases de dados, sentindo saudades das salas de aula. Querer aprender, desejar saber é estar no caminho que leva à felicidade. A superficialidade e o ‘achismo’ não preenchem as buscas mais profundas dos humanos de todos os tempos. As ferramentas de acesso estão cada vez mais sofisticadas. Mas nada move aqueles que se instalaram confortavelmente na acomodação e no desejo de simplesmente aproveitar a vida, saltando de uma facilidade para outra.

Meu sobrinho ama estudar, gosta de receber livros de presente, sabe contar histórias e até inventa desfechos que roubam risos dos presentes. O amor às palavras é algo incrível. Quantos sentimentos e pensamentos são gerados através de significativas leituras. Mas a vida pede algo mais do que o simples contato com as palavras: é urgente aprender a ler o que não está escrito nas entrelinhas dos versos e parágrafos redacionais. A vida já não acontece unicamente no mundo físico. A realidade virtual atinge todos, em todos os recantos do mundo. Mesmo que uma parcela da população não tenha acesso às novas tecnologias, todos estão cadastrados em algum cadastro virtual. O mundo não piorou, apenas tornou-se mais complexo. É preciso ir um pouco mais adiante do que simplesmente juntar letrinhas e formar palavras. Quanto mais intensa for a vida, mais significativas serão as palavras. Sem esquecer que tem silêncios que falam alto. É possível ler o que não foi escrito, entender o que não foi dito. Isso supõe sabedoria. Uma pessoa sábia não abre mão do cultivo da própria interioridade. Precisamos continuar contando histórias que empolguem e que permitam a escolha de um final à altura das buscas mais profundas da existência. Além de formar palavras, que saibamos amar profundamente a vida.
   

segunda-feira, 9 de julho de 2018

CARTA ABERTA A NOVA BLOGUEIRA LILIAM

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Querida amiga Liliam.
Para os que não sabem, Liliam reside em Cascavel - PR e a partir de agora escreve e assina o Blog Mulher Sustentável, do qual fui um modesto apoiador desde que a ideia foi concebida. Recomendo-o a todos os meus leitores. 
Liliam seu post começou muito bem. Começou agradecendo. É de suma importância que saibamos agradecer as dádivas que o Senhor nos concede cada dia: 
A largueza da vida; o ar abundante; a graça da locomoção; a faculdade do raciocínio,
a fulguração da ideia; a alegria de ver; o prazer de ouvir; o tesouro da palavra;
o privilégio do trabalho; o dom de aprender; a mesa que nos serve; o pão que nos alimenta; o pano que nos veste; as mãos desconhecidas que se entrelaçam no esforço de suprir-nos a refeição e o agasalho; o aconchego do lar; o doce dever da família;
o contentamento de construir para o futuro; a renovação das próprias forças...
Muita gente está esperando lances espetaculares da “boa sorte mundana”, a fim de exprimir gratidão ao Céu.
O cristão, contudo, sabe que as bênçãos da Providência Divina nos enriquecem os ângulos mais simples de cada hora, no espaço de nossas experiências.
Nada existe insignificante na estrada que percorremos.
Todas as concessões do Pai Celeste são preciosas no campo de nossa vida.
Utilizando, pois, o patrimônio que o Senhor nos empresta, no serviço incessante ao bem, aprendamos a agradecer. 
Você pode estar pensando agora o quanto demorou para tomar a iniciativa. Então saiba que nada se realiza aos saltos e, na pauta da Lei Divina, não existe privilégio em parte alguma. 
Enche-se a espiga de grão em grão. Desenvolve-se a árvore, milímetro a milímetro.
Nasce a floresta de sementes insignificantes. Levanta-se a construção, peça por peça.
Começa o tecido nos fios. As mais famosas páginas foram produzidas, letra a letra.   A estrada mais longa é pavimentada, metro a metro.O grande rio que se despeja no mar é conjunto de filetes líquidos. Não abandones o teu grande sonho de conhecer e fazer, nos domínios superiores da inteligência e do sentimento, mas não te esqueças do trabalho pequenino, dia a dia.
A vida é processo renovador, em toda parte, e, segundo a palavra sublime de Paulo, ainda que a carne se corrompa, a individualidade imperecível se reforma, incessantemente.
Age com regularidade, de alma voltada para a meta. Há percalços, lutas e espinhos,
Prossegue mesmo assim.   Guardemos a lição e caminhemos para diante, com a melhoria de nós mesmos. Devagar, mas sempre.
Um beijo no seu coração e sucesso na nova empreitada.



sábado, 7 de julho de 2018

COMO SERÁ O DESTINO DA HUMANIDADE?

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A humanidade está sob várias ameaças: a nuclear, a escassez de água potável em vastas regiões do mundo, o aquecimento global crescente, as consequências dramáticas da Sobrecarga dos bens e serviços naturais, indispensáveis à vida (the Earth Schoot Day).

A estas ameaças se acrescenta uma outra não menos perigosa, aventada já por vários analistas mundiais como os prêmios Nobéis Paul Krugman e Joseph Stiglizt. Recentemente um economista ítalo-argentino, Robeto Savio, co-fundador e director geral da Inter Press Service (IPS), agora emérito, escreveu um artigo que nos deve fazer pensar sob o título:”Trump veio para ficar e mudar o mundo”(ALAI-America Latina en Movimiento de 20 junio de 2018).

Aí afirma que Trump não é uma causa da nova desordem mundial. Ele é um sintoma. O sintoma de tempos em que os valores civilizatórios que davam coesão a um povo e às relações internacionais, são simplesmente anulados. O que conta é o voluntarismo narcisista de um poderoso chefe de Estado, Trump, que no lugar destes valores colocou o dinheiro e os negócios pura e simplemente. São estes os que definitivamente contam. O resto são perfumarias dispensáveis para o domínio do mundo.

O “America first” deve ser interpretado como “só a América” conta e seus interesses globais. Em nome deste propósito, já pré-anunciado em sua campanha, Trump rompeu tratados comerciais com velhos aliados europeus, a Aliança do Transpacífico e abriu uma arriscada guerra comercial com seu maior rival a China, impondo sobretaxas de importação de produtos que somam bilhões de dólares, além de cobrar taxas sobre o aço e outros produtos a outros países como o Brasil.

É próprio de figuras autoritárias e narcisistas fazerem pouco das legislações. Quando lhes convem passam por cima delas sem dar maiores razões. Para Trump vale mais a invenção de “uma verdade” do que a verdade factual mesma. O “fakenews” é um recurso presente em seus twitters. Segundo Fact Schecker, desde que assumiu a presidência disse cerca de 3.000 mentiras. Verdade e mentira valem na medida que respaldam seus interesses. Curiosamente venceu os principais pleitos e tem a aprovação de 44% da opnião pública e de 82% de aprovação do Partido Republicano.

Não tolera críticas e cercou-se se assessores súcubos que lhe dizem para tudo “sim” sob o risco de serem sumariamente demitidos.

Caso seja re-eleito, o que não é improvável, o estilo de governo e a negação de toda ética poderão tornar-se irreversíveis. Não esqueçamos que Hitler e Mussolini também foram eleitos e criaram as suas mentiras vendidas como “verdades” para todo um povo. Podemos esta face a um mundo marcado pela xonofobia, pela exclusão de milhares e milhares de imigrantes e refugiado, pela afirmação excessiva dos valores nacionais em desprezo dos demais.

Tais atitudes transformadas em políticas oficiais podem ser fonte de graves conflitos, cujo “crescendo” pode até ameaçar a espécie humana. Cerca de 1300 psicanalistas e psiquiatras norte-americanas denunciaram desvios psicológicos graves na personaldade de Trump.

Como será o destino da humanidade, entregue a um narcisista deste jaez, cujo paralelo só se encontra em Nero que se divertia assistindo o incêncio de Roma, com a diferença de que agora não se trata de um incêndio qualquer mas da inteira Casa Comum. Como é imprevisível e a toda hora pode mudar de posição, assistimos, assustados e estarrecidos, quais serão os futuros passos.

Que Deus que se anunciou como “o apaixonado amante a vida”(Sabedoria 11,24) nos livre de tragédas que poderão ocorrer, dada a irracionalidade de alguém que anuncia “um só mundo e um só império”(o império norte-americano).


sexta-feira, 6 de julho de 2018

VIDA DE GADO, POVO MARCADO, POVO FELIZ.

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Meus amigos e amigas torcedor@sverde-amarel@s, não me levem a mal, mas para mim é impossível torcer pela Seleção Brasileira. Estou sofrendo demais com a realidade do mundo verdadeiro.

O petróleo do pré-sal, a maior riqueza natural do nosso país, está sendo roubado pelo capital transnacional. Na calada da noite, os traidores da pátria estão entregando esse tesouro de trilhões de dólares, bloco após bloco, a preço vil. A pilhagem mais escandalosa em toda nossa história está acontecendo justamente por estes dias, embalada pela trilha sonora das buzinas, das vuvuzelas, dos gritos eufóricos da multidão hipnotizada pela Copa.

O sonho dos governos de Lula e Dilma, de usar o pré-sal para impulsionar o nosso desenvolvimento econômico e social, está sendo sepultado sob as águas do Atlântico. De leilão em leilão, de decreto em decreto, estamos sendo condenados ao eterno atraso, sem refinarias, sem estaleiros, sem indústria nacional, sem tecnologia, sem Petrobrás, importadores de gasolina e diesel. E ninguém parece estar tomando conhecimento disso.

As nossas universidades públicas, orgulho dos governos progressistas, estão em acelerado processo de desmonte, com cortes sistemáticos de recursos. O plano dos golpistas, claramente, é asfixiar o ensino superior público, sucatear as universidades gratuitas, inviabilizar o seu funcionamento, para que elas encolham e agonizem, para que as mais frágeis delas fechem as portas e o que o restante, o que sobrar, se ajoelhe perante os bancos privados, verdadeiros donos do Brasil, em busca de umas migalhas de financiamento em troca do ensino pago.

O diploma universitário voltará a ser um privilégio dos mais ricos. Aliás, já está voltando: é o que estamos assistindo, de braços cruzados, enquanto centenas de milhares de jovens deixam o ensino superior por falta de meios de subsistência, com o corte das bolsas de estudo que garantiam sua condição de estudantes.

Os direitos dos trabalhadores, a maioria deles conquistas que remontam às lutas da primeira metade do século 20, estão sendo destruídos, sem choro nem vela, por uma burguesia voraz, predadora, perversa, que prefere o fascismo a admitir um mínimo de benefícios sociais para a massa de despossuídos. Os sindicatos, principal instrumento de defesa da classe trabalhadora, marcham silenciosamente para a extinção, exaustos, falidos, sem ânimo para a resistência, hoje mais necessária do que nunca. E a multidão indiferente, bestificada, vibrando na cadência da narrativa ufanista dos galvões buenos.

Desemprego em massa, milhões de novos desesperados no olho da rua todos os meses, em meio à maior epidemia de falências de empresas em toda a nossa história -- e ninguém diz nada.

Lula, o maior líder popular brasileiros em todos os tempos, o melhor de todos os nossos presidentes, vai completar três meses na cadeia, condenado injustamente por um bando de canalhas, e ninguém, salvo um punhado de bravos, faz qualquer coisa em sua defesa...

Mas nada disso importa diante da grande pergunta, se Neymar será capaz de recuperar o seu talento, erguer-se finalmente em campo e levar a nossa pátria idolatrada ao retumbante triunfo. Esse é o foco de todas as atenções nestes dias de tragédia e de infâmia.

Até mesmo meus companheiros mais conscientes, mais combativos, alguns dos que eu mais admiro, se deixaram seduzir pelo grande circo do futebol.

Não se fala de outra coisa, não se pensa em mais nada, o país inteiro transformado num imenso rebanho marchando passivo para o matadouro. "Vida de gado, povo marcado, povo feliz"...

Uma vitória da seleção brasileira na final da Copa do Mundo será a apoteose da insensatez.

Tô fora dessa.