quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

SERVIÇO CIDADÃO OBRIGATÓRIO.

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Tenho uma alergia inata a fardas e hierarquias. Por isto, nunca entendi direito o entusiasmo que meu pai sempre demonstrava toda vez que falava de seu serviço militar - realizado nos anos 50. Um ano e meio de vida dura, subindo e descendo montanhas, carregando e aprendendo a manusear armamentos pesados a serem usados apenas contra inimigos hipotéticos (a guerra já tinha terminado há mais de 10 anos).

Até que um dia ele me explicou: foi a única oportunidade que teve, na vida, de conviver com gente de tudo quanto é tipo, pobres e ricos, cultos e ignorantes, dos quatro cantos do país.

O serviço militar obrigatório continua. Quer dizer: em termos... É o que diz a Constituição de 1988. Na prática, há mil jeitinhos para evitar os 12 meses no quartel. Só se alista hoje quem deseja seguir carreira nas Forças Armadas, quem precisa ganhar um salário mínimo mensal como recruta e os que dependem desta credencial para ter alguma chance no mercado de trabalho. Os universitários conseguem dispensa, mole. Deveríamos deixar de ser hipócritas e acabar com este lance de obrigatoriedade logo.

Obrigatório mesmo deveria ser, não só para os rapazes, mas também para as moças, dedicar pelo menos um ano de suas vidas para servir a comunidade. Poderiam até mesmo, se quisessem, se alistar nas Forças Armadas; mas também ensinar português, matemática ou informática; cuidar de crianças, doentes ou idosos; e, porque não, se arrolarem em brigadas da defesa civil.

Não existe no Brasil nenhuma estratégia que promova um entendimento real entre as classes. Não se treinam o ouvido nem a compaixão, o desprendimento ou a generosidade. Quando acontecem as tragédias, estes sentimentos afloram espontaneamente e as pessoas se mobilizam - mas tende a ser, como vimos, uma bagunça danada.

O serviço cidadão obrigatório seria uma forma diferente de defender a sociedade; não se restringiria à tutela das fronteiras externas da Nação - passaria pelo compartilhamento de valores comuns e dos fundamentos do ordenamento democrático. Seria uma oportunidade de integração, educação, disciplina; um passo importante na construção de uma sociedade mais coesa.

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