quarta-feira, 20 de outubro de 2021

PEDIR E CONCEDER.

Assunto de reflexão crescente, há tempos penso sobre os limites e a ausência dos mesmos em situações que envolvem concessão, ou melhor, quando se torna uma prática tóxica transigir com o que não se deve, por razões de respeito próprio, autoestima e prevenção de equívocos futuros.

Fundamental para a construção e consolidação de relações sadias, do ponto de vista afetivo e/ou profissional, é balizar o interlocutor, parceiro, contratante, colega, amigo ou quem quer que seja, na via da reciprocidade, do cuidado mútuo, do compartilhamento dos resultados e dos bons frutos.

Infelizmente, cada vez mais recorrente, sobretudo no universo do trabalho, a esperteza, a subtração, o desequilíbrio e o desnível das relações e dos ganhos auferidos.

Importante não temer, não tergiversar sobre aquilo que lhe é de direito, que lhe cabe, que lhe deve ser oferecido, negociado ou partilhado de modo justo e equânime.

Negócio bom, só se for para todos os envolvidos. No entanto, o que se constata é o princípio vigente da mão única, do interesse do outro, do usufruto do outro, da apropriação da boa fé, do trabalho, da amizade, muitas vezes tirando partido da ingenuidade, da puerilidade de um dos lados.

Posicionar-se, deixar claro, delinear o território, profissionalmente, torna-se essencial para autopreservação, poupando sofrimento e frustração de expectativa.

Aliás, “domar” as expectativas, fonte inesgotável de decepções e desapontamentos, é tarefa diária, diuturna e nada trivial.

Colocar as coisas em perspectiva, entender o movimento, o balanço, ponderar e perceber, preventivamente, que ir pelo caminho da concessão, embora, aparentemente, possa evitar obstáculos iniciais, pode significar, posteriormente, problemas mais graves em termos de perdas e prejuízos.

Ainda mais, se essa atitude significa concessão em relação à nossa própria verdade. Dependendo do tipo de concessão, o saldo é a decepção, com o gosto amargo de trava, na tentativa de acomodar o que não deve ser acomodado.

A clareza vale ouro nesse cenário, uma coisa é encontrar com o outro a meio do caminho, compreender pontos de vista diferentes e atuar para harmonizar forças contrárias, outra é render-se à pressão contrária à nossa própria verdade.

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