quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

O CRESCIMENTO DO DIGITAL E SEUS PROBLEMAS

Resultado de imagem para DIGITAL

O digital está crescendo exponencialmente e sua pegada ecológica também. Com a proliferação de equipamentos e usos, isso não está prestes a parar.

Raramente uma tecnologia também oculta sua infraestrutura física. Para muitos de nós, o ato de tirar uma fotografia de uma linda paisagem com o smartphone e enviá-la às pessoas queridas por meio do grupo familiar do WhatsApp não tem consequências ambientais. Além disso, o smartphone nem perdeu 1% da carga da bateria. No entanto, qualquer ação realizada na internet mobiliza uma gigantesca infraestrutura e que consome energia.

Para chegar aos aparelhos dos seus entes queridos, o arquivo digital imaterial que transporta a bela paisagem atravessa milhares de quilômetros, através de cabos subterrâneos e submarinos que estão conectados à rede elétrica. E se você o mantiver na nuvem, o arquivo é armazenado em um centro de dados conectado e com ar-condicionado 24 horas por dia. Por fim, para alcançar outros smartphones, o arquivo deve ser enviado por uma antena de retransmissão. Tudo isso requer energia. A pegada ecológica digital é realmente significativa.

É difícil mensurá-la com toda precisão em seu conjunto (produção dos equipamentos e uso) especialmente devido à sua natureza global. “Uma simples busca pode ser executada em vários países”, especifica Laurent Lefèvre, pesquisador em informática do Inria (Instituto Nacional de Pesquisa em Informática e Automação), também vice-diretor do grupo de pesquisa do CNRS-EcoInfo. Se nos ativermos apenas à parte energética desse balanço ambiental, estima-se que o digital representa 10% do consumo global de eletricidade (ao qual devem ser adicionadas outras fontes, como hidrocarbonetos, para a fabricação de materiais). Um balanço energético que é distribuído mais ou menos igualmente entre a produção de equipamentos (45%) e seu uso (55%).

No entanto, o mix global de eletricidade ainda funciona amplamente com energias fósseis (carvão 38% e gás 23%) e, portanto, emite grandes quantidades de CO2, o principal responsável pelo aquecimento global. O resultado: as tecnologias digitais são responsáveis por 3,7% das emissões globais de gases de efeito estufa. Isso significa que esse setor emite uma quantidade de gases de efeito estufa semelhante à da aviação ou de um país como a Rússia. Mais preocupante ainda: “Nenhum setor de atividade tem crescimento equivalente ao digital”, observa Frédéric Bordage, fundador da comunidade Green IT (Tecnologia da Informação Verde).

De fato, de acordo com cálculos da associação The Shift Project, as emissões de gases de efeito estufa dadas à produção e uso da tecnologia digital estão aumentando 8% ao ano, de modo que a participação da tecnologia digital nas emissões global poderia atingir 8% em 2025. Essa participação depende obviamente da evolução do mix de eletricidade, mais ou menos carbonizado, e das emissões de outros setores. Porém, uma coisa é certa: ela está crescendo e é alimentada por todos os lados.

Porque as tecnologias digitais ainda têm seções inteiras da humanidade para conquistar e equipar. Em 2016, apenas 49% dos habitantes do mundo eram usuários da internet, mas o crescimento é exponencial; em 2010, eram apenas 28%. São principalmente os países em desenvolvimento que aumentarão enormemente as fileiras de usuários da internet. De acordo com o Banco Mundial, 1 bilhão de indianos ainda não tinham acesso à internet em 2016, por exemplo, e 755 milhões de chineses. O reservatório de novos usuários continua grande.

Mas esse crescimento também vem dos países do Norte. Se a grande maioria da população já está conectada (89% na França, 80% dos quais se conectam diariamente), nossos aparelhos digitais e nosso consumo de dados estão em constante crescimento. Smartphones, tablets, computadores, alto-falantes e televisores conectados, consoles de jogos, impressoras conectadas, etc.: o número médio de dispositivos conectados por pessoa foi de cinco em 2016 na Europa Ocidental e oito na América do Norte. Em 2022, esses números podem aumentar respectivamente para 9 e 13. Anualmente, são vendidos 1,5 bilhão de smartphones em todo o mundo, elevando para mais de 10 bilhões o número desses aparelhos que foram vendidos desde o seu surgimento, há uma década.

Continua amanhã.

Nenhum comentário:

Postar um comentário