sábado, 9 de fevereiro de 2013

A LEI DA VIDA...

Uma lenda chinesa conta a história de um príncipe que conseguira vencer todos os inimigos, menos a velhice. Diante do impasse, decidiu instituir o Reino Juvenil, onde a juventude e a força prevaleceriam. Para isso, baixou uma lei condenando à morte todos os súditos quando começassem a apresentar sinais de velhice. Porém, depois que a lei entrou em vigor, o príncipe não mais se sentiu feliz.
Disfarçado, visitou as aldeias de seu reino em busca de um rosto onde pudesse estar estampada a vida e a felicidade. Encontrou rostos bonitos, mas que denotavam sinais de tristeza e tédio. Finalmente o príncipe encontrou, numa cabana da montanha, um rosto enrugado pelo tempo, onde estavam estampadas a paz e a felicidade. Um pastor não cumprira a ordem e escondeu sua velha mãe. Ao contemplar esse rosto, o príncipe reencontrou a paz perdida, reconhecendo que seu reino precisava tanto da força juvenil como da experiência e serenidade dos velhos.
O conflito de gerações sempre existiu e sempre existirá. É a lei da vida e do tempo que passa. A história não é um museu de coisas abandonadas, mas um contínuo caminhar. E esta caminhada reclama o ímpeto dos jovens e a experiência dos velhos. Sem os velhos, este mundo seria inexperiente; sem os jovens, a caminhada seria monótona e triste.
Entre jovens e velhos sempre haverá diferenças. E essas diferenças cresceram hoje. O que no passado acontecia em meio século, hoje acontece em seis meses. Entre pais e filhos existe diferença de vinte ou trinta anos. A história humana se acelerou e os jovens são os que mais facilmente percebem essas mudanças. Os velhos falam do “meu tempo”. Para os jovens, o meu tempo é agora. São os jovens os sismógrafos que percebem, com antecedência, as grandes rupturas.
A modernidade que estamos vivendo – alguns preferem pós-modernidade – é contra a tradição e tenta desautorizar as três maiores forças tradicionais: a Igreja, a família e a escola. E sobre a Igreja recaem as maiores suspeitas do jovem. Depositária de verdades eternas, a Igreja tem a tentação de institucionalizar costumes eternos. Queiramos ou não, a Igreja é conduzida por idosos. E isso que o seu fundador morreu aos 33 anos.
A Igreja que está no Brasil, neste ano, volta seu olhar para os jovens. Não é a primeira vez. Em 1992, a Campanha da Fraternidade teve como lema: Juventude - Caminhos Abertos. A impressão é que já se passaram duzentos anos e os caminhos permanecem abertos, mas pouco trilhados. E os jovens não são o futuro, mas o presente. Nada menos de 53 milhões de brasileiros têm entre 15 e 29 anos.
Esta na hora de passar da teoria para a prática e abrir espaço para os jovens, acolhendo seu dinamismo e ajudando-os em suas ambiguidades. Está na hora de deixar de falar em diálogo e dialogar. E dialogar é, sobretudo, ouvir. É procurar a verdade juntos. Com amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário