terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

PARA MEDITAR: GANHOS E PERDAS...

Um rato da roça convidou um seu amigo, que morava na cidade, a 
visitá-lo em sua tranquila toca em campo aberto. O rato da cidade não se sentiu muito à vontade para um jantar muito fraco: somente alguns grãos envelhecidos e algumas raízes sem muito gosto. Venha para a cidade, sugeriu o visitante: aquilo lá que é vida! Lá temos um grande estoque de comidas. Aqui você sofre muito!
Dias depois estava o rato da roça em sua nova vida. O amigo não mentira. Havia uma despensa muito grande, repleta de queijos, pão de cevada, amendoim, biscoito, bombons e outros produtos que o rato do interior não conhecia, mas que deviam ser apetitosos. E a festa começou. Mal havia 
descascado o primeiro amendoim, alguém abriu a porta e os ratos tiveram de fugir em louca disparada para a toca.
Quando o silêncio retornou, os ratos voltaram para o banquete. O queijo parecia o prato mais apetitoso. Mal roída a casca, a porta voltou a se abrir e nova e desesperada corrida. Mais tarde, ouviram-se os aterradores miados de um gato... O rato não quis saber de mais nada. Agradeceu o convite e explicou: sua vida é um luxo, mas muito perigosa. Vou para minha casa, onde posso comer minha comidinha em paz.
Esta história é muito antiga e traz a marca 
de Esopo, um fabulista grego que viveu cerca de 600 anos antes de Cristo. No entanto a lição continua atual. Ela nos convida a avaliar as atitudes, o custo benefício de cada coisa. Na vida, temos ganhos e perdas. Quase sempre um ganho supõe uma perda, e uma perda pode gerar um ganho. Para ficar no universo dos ratos, nos damos conta que a vida nos apresenta muitas armadilhas, por vezes mortais.
Vivemos hoje um tempo de abundância e de consumo. Mas como o rato da fábula, nos sentimos cercados de perigos. O medo é nosso companheiro. Temos medo de tudo e de todos. É o preço que pagamos pela ganância, pelo acúmulo de bens, pelas necessidades criadas e pelas conquistas que nos escravizam. Imaginamos possuir coisas, mas são elas que mandam em nós. O que fazemos pelo dinheiro está longe daquilo que o dinheiro faz por nós. O pouco é suficiente, mas queremos sempre mais.
Jesus, ao ensinar o Pai-Nosso, nos deu um projeto de vida. É inteligente que peçamos ao Pai um pedaço de pão necessário e suficiente para um dia. Nós preferimos um celeiro. O Evangelho fala de um rico que não tem celeiros suficientes para a grande colheita e aí planeja construir mais, como reserva para muitos anos. Ele diz a si mesmo: repousa, come e bebe, regala-te. E Jesus avalia: “Insensato, nesta noite morrerás. E as coisas que acumulaste, de quem serão?” 
É possível que o rato da roça tenha razão. Teresa de Calcutá, Mahatma Gandhi e São Francisco pensaram assim. Avaliaram ganhos e perdas e escolheram muito bem. Não escolheram os bens materiais, mas os irmãos 
e, com a fraternidade, a paz. 

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