sábado, 28 de setembro de 2019

UM PUCO DE HISTÓRIA

Resultado de imagem para ditadura de 1964 a 1985

“Um povo que não conhece os erros cometidos na sua História está condenado a repeti-los”
Edmund Burke

Em 1960 era eleito presidente do Brasil o senhor Jânio da Silva Quadros, graças a uma campanha cujo símbolo era uma vassoura com a qual iria “varrer a corrupção do Brasil”. Ô sina...

Sete meses depois Jânio renuncia à presidência, num episódio nebuloso e, até hoje, mal explicado.

Negociações com os militares que não aceitavam o vice, João Goulart, ligado aos movimentos de esquerda oriundos do Trabalhismo, resultaram num curto período parlamentarista, que tirava poder do presidente. O primeiro ministro foi Tancredo Neves, que ficou pouco tempo no cargo.

Após um plebiscito (1963), o Brasil voltou ao presidencialismo com Jango exercendo os plenos poderes da função, o que desagradou os podres poderes de sempre.

Veio, então, o golpe de 1964 que gerou um movimento de esvaziamento do mundo civil da política, representado pelas casas legislativas, transferindo o poder para os quarteis.

Num primeiro momento, sob o bastão do marechal Castelo Branco, o regime militar até tentou se apresentar como uma espécie de freio de arrumação destinado a salvar o Brasil da ameaça comunista e recolocá-lo no rumo da democracia. Durou pouco.

Nas eleições estaduais de 1965, realizadas com expressivos nomes da oposição cassados ou exilados, o governo foi derrotado na Guanabara e em Minas Gerais. A derrota desagradou os militares que responderam com a edição do Ato Institucional n° 2 (o AI-2), que extinguiu os partidos existentes e transformou as eleições em indiretas.

Ou seja, ‘bateram’ o título de eleitor de uma geração inteira que deixou de se formar num ambiente de democracia e participação, gerando a atual falta de lideranças que leva o cidadão de hoje a se perguntar: “em quem vou votar?”

E Olha que os meus leitores, hoje, votam para presidente com 16 anos. Eu só tive esse direito aos 36.

O AI-2 teve outros efeitos práticos. Com a extinção dos partidos, para não dizer que não havia ‘liberdade’, os generais autorizaram a organização de duas frentes políticas, uma a favor e outra contra o governo. Nascem, então a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Um certo José Sarney é um dos primeiros a ingressar na ARENA, presidindo a legenda onde ficaria por quase vinte anos. Pulou fora quando percebeu que a vaca do regime estava indo pru brejo e ingressou no PMDB em 1984, quando se tornou candidato a vice-presidente na chapa de Tancredo Neves para a eleição presidencial indireta de 1985. O resto é História.

Por falar nela, fazendo uma pesquisa genético-histórica da referida ARENA, com seu nome e imagem desgastados pelo fim da censura e a revelação dos bastidores da ditadura, seus membros acharam por bem camuflar-se em outra sigla, o Partido Democrático Social (PDS). Uma parte desse PDS evoluiu (?) para o Partido da Frente Liberal (PFL), que se transformou, hoje, no DEM.

Outros dissidentes fundaram o Partido Progressista Renovador (PPR), e depois o Partido Progressista Brasileiro (PPB), que hoje se chama Partido Progressista (PP) e tem como símbolo e destaque o senhor Paulo Maluf.

As siglas são confusas, mas a genética é precisa e infalível.

O MDB, no seu início, era o espaço legal possível de aglutinação das forças contrárias ao golpe. Uma parcela da oposição optou pela luta na clandestinidade, gerando os movimentos de resistência armada que acabaram desmantelados pelos militares, numa guerra suja (se é que há guerra limpa) e cruel, onde as armas eram a tortura, a censura e a eliminação física, pura e simples, de líderes oposicionistas.

Há dois casos emblemáticos:

Em 1971, o deputado federal Rubens Paiva foi preso em sua casa e dado como desaparecido. Mais de 40 anos depois, após depoimentos de ex-militares envolvidos no caso à Comissão Nacional da Verdade, revelou-se que ele fora torturado e assassinado nas dependências de um quartel militar entre 20 e 22 de janeiro daquele ano, seu corpo foi enterrado e desenterrado várias vezes por agentes da repressão, até ter seus restos jogados ao mar.

Em 1975, Vladimir Herzog, jornalista, professor e dramaturgo, nascido na Iugoslávia e naturalizado brasileiro, era diretor do departamento de telejornalismo da TV Cultura.

Sabendo que estava sendo investigado pelos militares sobre possíveis "ligações e atividades criminosas", apresentou-se espontaneamente para depor no quartel-general do II Exército, em São Paulo.

No dia seguinte apareceu morto, enforcado numa cela, numa tentativa grotesca e canhestra de forjar um suicídio, quando eram evidentes os sinais de que fora torturado e assassinado pelos seus interrogadores.

Nesses tempos trágicos e heroicos, o MDB se destacava graças à liderança de nomes como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, o primeiro de postura aguerrida, quase suicida, e o segundo com posições mais conciliadoras.


Um dia continuarei. Aguardem.

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