Somente ingênuos ou
otimistas exagerados poderiam esperar que a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, fosse o marco para a adoção de um modelo
que associe crescimento econômico com preservação ambiental. Uma mudança tão
profunda como esta não se dá em uma conferência, por maior abrangência e
representatividade que ela alcance.
O bom senso induzia a expectativas
moderadas, quem sabe um acordo que priorizasse o social, considerando o drama de
centenas de milhões de famintos e sedentos, e o cuidado com os recursos naturais
do planeta.
Nada disso ocorreu. O evento que reuniu cerca de 45 mil pessoas e
negociadores de 193 países encerrou apenas com a perspectiva de que temas voltem
a ser analisados em reuniões futuras, como se a vida na Terra fosse um assunto
adiável. A falta de ambição foi denunciada por ambientalistas, especialistas e,
estranhamente, até por governantes cujos representantes aprovaram o texto. Não
foi dado nenhum passo significativo para unir expansão econômica com defesa da
natureza, duas variantes que deveriam estar sempre em consonância, mas que
seguem em total desarmonia.
Nem o teórico saldo de que o desenvolvimento
sustentável se transforme em paradigma nos aspectos social, ambiental e
econômico pode ser festejado. Pelo menos na Rio+20 não houve retrocessos, mas
isso é muito pouco.
Projeções indicam que em 2030 haverá 9 bilhões de
habitantes no planeta e, para atender a demanda, se o atual nível de consumo for
mantido, serão necessárias duas Terras. Como disse o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, nesse ritmo não é a Terra que vai acabar, mas sim a
humanidade. A Rio+20 é mais uma oportunidade histórica de mudar desperdiçada
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