Apesar da especificidade própria de cada sexo, nenhum
dos dois constitui uma autonomia fechada; ambos são energias voltadas para a
alteridade. “Deus os criou homem e mulher” para serem juntos a sua imagem no
mundo. Ambos levam a marca da relação, que se traduz em nossa linguagem com
expressões como estas: a) o sexo oposto, indicando os sexos como polaridades
contrárias que se atraem; b) a complementaridade, indicando a insuficiência de
cada parte e a ajuda mútua que podem se prestar; c) a reciprocidade, indicando
que são duas dignidades de igual grandeza e constituídos em condição de se
olharem nos olhos, sem se sentir acima nem abaixo um do outro.
C. G. Jung
expressa numa imagem esta relação. Todo homem, diz ele, carrega dentro de si uma
anima (alma), figura da mulher; e toda mulher carrega dentro de si um animus
(masculino de alma), figura do homem. Cada um, cada uma, tem a tarefa de
integrar harmonicamente dentro de si a imagem do sexo oposto. “O homem tem
dentro de si a ‘mulher’ e a mulher tem dentro de si o ‘homem’. O relacionamento
mulher-homem não se estabelece primeiramente de fora para dentro, mas de dentro
para fora. O homem se relaciona com a mulher já dentro dele e a partir daí com a
mulher concreta que encontra diante de si. É nela que encontra um traço da
própria profundidade. Da mesma forma, a mulher”. Os
preconceitos, os “grilos” que afloram nas relações entre homens e mulheres podem
significar que esta integração não aconteceu a contento. Em todo caso, é
importante a cada um, cada uma, sentir-se membro da espécie humana que é
constituída radicalmente pelos dois sexos. O antropólogo A. Jeannière diz a
mesma coisa num enunciado dinâmico: “O homem se torna homem sob o olhar da
mulher; e a mulher se torna mulher sob o olhar do homem”. Portanto, sempre na
reciprocidade, não na oposição hostil ou no desconhecimento.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário