quarta-feira, 1 de abril de 2020

COMO SERÁ O MUNDO DEPOIS DO VÍRUS?


De Volta para o Futuro' de novo: saiba como será o mundo daqui a ...

A primeira questão é se alguma coisa vai mudar. Ou seja, a civilização passa a ter o marco de referência “pré Covid” e “pós Covid”? Há quem ache que não vai mudar nada – passado o susto, secas as lágrimas, o mundo volta à sua habitual maneira de estar, construída ao longo de séculos, e daqui a alguns anos a pandemia será apenas um episódio desagradável que só os velhos se lembram. Pode mesmo imaginar-se que, nos primeiros tempos pós confinamento, as pessoas vão a correr às lojas, restaurantes e cabeleireiros, para consumir desabridamente e compensar os tempos em que só podiam comprar alimentos básicos e medicamentos indispensáveis.

À medida que o tempo passa, confinados nos nossos espaços privados, ficamos a pensar como será depois. E quanto mais tempo passa, mais nos convencemos que mudanças são inevitáveis. (Nós, os seres humanos de todas as condições, desde os milionários de Beverly Hills aos salários mínimos das favelas do Rio.)

Há uma variante que parece lógica; quanto mais tempo a crise durar, aumenta a probabilidade de que haja mudanças – sociais, econômicas, políticas, científicas. Se for só, digamos, um ano, e o número de mortos for relativamente pequeno (relativamente, por exemplo, aos 50 milhões da gripe espanhola de 1918-20) duas temporadas de praia depois já ninguém se quer lembrar, e o establishment continuará a funcionar, a poluir, a consumir e a enganar, mantendo as desigualdades e as injustiças de sempre.

Mas não vai ser só um ano. Até a pandemia ser contida em toda a parte (uma vez que não acontece ao mesmo tempo em cada país), serem descobertos medicamentos definitivamente eficientes e chegarem a toda a gente vacinas eficientes, vão uns dois anos. A crise econômica que a pandemia já disparou, só estabilizarão as economias de todos e cada um dos países em cinco, talvez dez anos. Muita coisa terá de mudar.

O quê, essa é a pergunta de um zilhão de dólares. As respostas dividem-se. Podem classificar-de várias maneiras, mas vamos separá-las apenas entre metafísicas e tecnocráticas, para não nos perdermos num emaranhado de teorias. Em tempos de aflição, não faltam pitonizas e doutores a procurar causas e avançar soluções.

Deixemos de parte as teorias da conspiração, tipo, foram os chineses que fizeram de propósito, sacrificando milhares dos seus para depois conquistar o mundo enfraquecido, ou então foram os norte-americanos que andaram a experimentar a guerra bactereológica e o tiro saiu-lhes pela culatra.

As metafísicas podem ir desde “a vontade de Deus” à uma conjugação astral específica, passando pela “natureza a repor o equilíbrio”.

Sobre a vontade de Deus, geralmente acompanhada da afirmação que “ninguém sabe os Seus desígnios”, não há nada a dizer, uma vez que se pode aplicar a tudo de bom e mau que acontece neste mundo pecador. Mas há outras correntes espirituais – isto é, baseadas no intangível – que encontram sinais de mudança em forças diversas. E há a astrologia. Não é uma ciência, mas é uma observação empírica que tem cinco mil anos de experiência. Se a astrologia diz que uma determinada posição dos astros corresponde a uma mudança profunda de paradigma, é porque nesses cinco mil anos a mesma posição ocorreu quando houve uma mudança dessa magnitude.

É fácil não levar a sério estas elucubrações, mas não deixa de ser arrepiante verificar que algumas fazem sentido. E não se trata de prognósticos depois do jogo: há anos que os astrólogos andam a falar numa nova Era de Aquário que começaria precisamente por esta altura. Ou seja, uma ruptura entre a Era de Peixes, dominada pelo cristianismo, outra dominada por valores diferentes.

Depois há as previsões dos tecnocratas – sobretudo sociólogos e economistas. Aí é que as opiniões se dividem radicalmente. Basta ver a disputa entre dois acadêmicos europeus, Gerd Leonhard e Thomas Frey. Leonhard, surrealmente, prevê que a Europa irá emergir como nova líder global, enquanto Frey fala de uma "pandemia econômica" que eliminará todos os “players” atuais.

Uma situação que ninguém duvida, uma vez que já está ocorrendo neste momento, é o enorme aumento de importância da Internet. As igrejas, normalmente rígidas, estão fazendo as suas cerimônias no YouTube; as universidades dão aulas com aplicações que permitem juntar centenas de participantes; as empresas, que já usavam esses programas, e mesmo as que se recusavam a usá-los, aderiram ao tele-trabalho; a comunicação social completou a sua adaptação ao digital (até porque as pessoas têm dificuldade em comprar as publicações impressas); as redes sociais são agora o contato entre familiares e amigos; e até a medicina tem consultas virtuais e receituário enviado para o celular. Os espetáculos, teatro e música, estão passando em streaming; e os sites de filmes, séries e documentários não estão conseguindo suprir a procura (a Netflix aconselha a ver com uma resolução mais baixa, para não sobrecarregar os servidores).

Além da Internet, é claro que a televisão e a rádio são mais vistas do que nunca.

Estes hábitos, criados à força pelo confinamento – que vai durar meses – continuarão depois, não só pelo hábito que se formou, como também porque até os mais renitentes perceberam que funcionam bem.

Até o crime vai ser mais cyber do que físico...

Portanto já estamos vendo como será uma parte do novo mundo saído desta crise. A outra parte, a política de cada país e as relações de poder entre os países, também deverá ser afetada. Há quem diga que as preocupações – e as políticas redutoras– com a poluição e o aquecimento global também serão mais fortes, se bem que neste aspecto somos bastante cépticos.

Quer acreditemos no mágico, quer nos fiquemos pelo científico, não há dúvidas que muita coisa vai mudar no mundo. Só pode ser para melhor, porque pior é difícil... Mas, seja o que for, que venha o mais depressa possível!

Nenhum comentário:

Postar um comentário