terça-feira, 7 de abril de 2020

A PALAVRA MAIS FALADA DA NOSSA HISTÓRIA: CRISE!



A pior crise ainda está por vir

No rádio, no jornal e na TV a palavra da hora, mais onipresente que Deus e placa da Coca Cola: CRISE!


Um irado jornalista diz: “nunca vi CRISE tão grande, nunca dei tanta notícia de vírus, corrupção e bandalheira”.

Na dúvida se estou em CRISE com o tempo ou em tempo de CRISE me pergunto: será que vivemos, mesmo, os piores tempos de todos os tempos?

Nasci em 1942. Meu parto, segundo minha mãe, foi uma CRISE. Logo depois, nasceu a Petrobrás. Acho que, hoje, estou melhor que ela.

O presidente era Getúlio Vargas, que havia sido ditador, depois foi eleito no voto, mas deu um tiro no peito em meio a uma CRISE chamada na imprensa da época de “mar de lama”.

Morto Getúlio, assumiu o vice, Café Filho, que se afastou em meio a uma CRISE de saúde.
O terceiro na linha de sucessão, o presidente da Câmara, Carlos Luz, (o Eduardo Cunha daqueles dias) tomou posse e foi logo deposto (CRISE!) por tentar impedir a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek, um mineiro seresteiro e pé de valsa. A coisa, agora, parecia que ia tomar rumo.

O problema é que JK resolveu construir uma cidade no meio do nada e levar a capital pra lá, com dança e tudo. Mas Brasília tinha muita poeira e ficava muito longe do Brasil. Logo entrou em CRISE.

De JK fomos para o JQ (Jânio Quadros) que falava esquisito e tinha mania de vassoura, não sei se por causa da poeira ou da sujeira da nova capital. Nem bem começou, renunciou. CRISE!

Os militares não queriam o vice, mas ele acabou assumindo, disfarçado de parlamentarista. Começou a ter umas ideias e, CRISE!: foi derrubado pelos militares, que botaram um general na presidência, aliás, um não, vários, um atrás do outro. 21 anos de ditadura, a pior das CRISES...

Teve um marechal baixinho, que não tinha pescoço nem paciência, depois aquele outro que teve uma CRISE (AVC) e, no lugar dele, assumiu uma junta militar. Era uma farda e uma CRISE atrás da outra.
Em sequência, vieram mais três generais, que pareciam não gostar muito de ser presidentes; um bravo, que escutava futebol num radinho enquanto pendurava adversários no pau de arara, um alemão, que não ria de jeito nenhum e queria fazer uma bomba atômica pra jogar na Argentina, e um João, que era meio burro e gostava de cheiro de cavalos.

A CRISE ficou braba e ninguém aguentava mais nem cheiro de generais. E eles não tiveram outro recurso a não ser deixar entrar um civil, sem eleição, claro.

Veio outro mineiro, que tinha sido ministro do que deu um tiro no peito. Mas ele também teve um treco, um dia antes da posse (CRISE de diverticulite, disseram) e acabou morrendo no dia de Tiradentes, aquele que entrou em CRISE contra o imposto de renda, que no tempo dele cobrava 20%. Bons tempos...

Então entrou o vice, tinha um bigode de morsa e havia apoiado os generais. Até ganhou um fardão, parece que pra ser imortal. Ô sina...
E o desgoverno do vice que virou titular foi uma CRISE só. Ele fez uma lei proibindo os preços de subir, correu atrás de boi no pasto, deu calote dentro e fora do país, distribuiu televisão e rádio prus amigos em troca de mais um ano pra ser presidente, disparou a inflação e deu com os burros n’água.

Quando ninguém aguentava mais a CRISE, voltou a eleição direta que o pessoal de farda não gostava e não deixava, mas não tinha como impedir. E apareceu um monte de candidatos, entre eles um sapo barbudo, peão, de língua presa, que deu um susto em todo mundo e quase ganhou. Seria uma CRISE...
Perdeu no segundo turno pra um almofadinha que tinha aquilo roxo, olhos esbugalhados (talvez os olhos estivessem esbugalhados porque aquilo tava roxo) e chamava todo mundo de minha gente.
Ele gostava de correr, andar de moto e fazer discurso pra gente dele. Deu um tiro na inflação que o do fardão tinha deixado, errou feio, garfou a poupança do povo, distribuiu entre outra gente, essa dele, de verdade, construiu uma cascata em casa e, por causa de uma briga com o irmão, quase foi pra cadeia junto com o tesoureiro, que depois morreu, parece que numa CRISE com mulher. Parece...
Roxo de raiva, o almofadinha foi escorraçado do palácio e saiu com o rabo entre as pernas, pela porta dos fundos.

 Pra resolver a CRISE, entrou de novo um vice, que gostava de pão de queijo e desfile de carnaval. Todo mundo dizia pra ele sair, mas, mineiro teimoso e topetudo, resolveu ficar e encarar a CRISE.
Relançou o fusca e inventou um novo dinheiro, bolado por um ministro, que deu certo, o dinheiro e o ministro, ora vejam só...
E o ministro FHC virou presidente, e gostou tanto que repetiu a dose. Terminou o governo em CRISE de apagão.

Depois dele, eis que o tal peão de língua presa e um dedo a menos, enfim, chegou lá. Lula lá. Na CRISE!
Mas não é que, no começo, o cara até que fez muita coisa boa? Comprou um avião, viajou pra todo lado, deu palpite na cozinha de todo mundo e até ensinou gringo a transformar tsunami em marola.
Apesar de uma CRISE chamada Mensalão, o povão elegeu o cara de novo e depois uma senhora que ele inventou, que nunca tinha sido candidata nem a síndica do prédio em que morava. E ela foi reeleita também, gerando a CRISE do Petrolão, num mar de corrupção, que está aí, ou que, na verdade, nunca nos deixou...

Outra vez assumiu o vice que nada mais fez do que aumentar a CRISE. Na eleição seguinte ganhou um carioca chamado de mito e messias, e desde a posse até agora arruma uma CRISE cada vez que abre a boca

É isso, meninos e meninas desse tempo chamado hoje. Não se desesperem, nem se iludam. A CRISE não vai passar. Nós é que temos que aprender a sobreviver.
Eu aprendi que se correr a CRISE pega, se ficar a CRISE come, se enfrentar a CRISE some!
Amém...

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