terça-feira, 15 de novembro de 2011

QUEM TEM QUE GARANTIR PLURALIDADE É O GOVERNO.

Porto Alegre - Se na época das ditaduras militares na América Latina um dos grandes obstáculos para a liberdade era a censura estatal e sua proibição de divulgar informações de interesse público, hoje, nos países democráticos, o déficit do direito à informação se dá via outra forma de censura: a econômica. Na opinião de jornalistas brasileiros e estrangeiros, que participaram  de um seminário realizado no auditório da Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), o chamado "quarto poder" é atualmente controlado hoje pelo poder econômico, a quem pouco ou nada interessa a construção e consolidação de sociedades democráticas.

Em sua exposição, o jornalista espanhol Pascual Serrano, fundador da publicação eletrônica Rebelión, analisou como, na democracia representativa e seu funcionamento a partir da expressão da opinião pública, os meios de comunicação privados, que formam esta opinião, acabam se tornando, na prática, interceptadores de informação. Serrano citou uma série de exemplos de como os princípios éticos do exercício jornalístico são incompatíveis na relação capital e meios de comunicação.
"Os grandes grupos de mídia se apresentam como baluartes da democracia, mas a eles não interessa a democracia ou a liberdade. Eles defenderão sempre, por exemplo, os interesses das grandes empresas e corporações que destróem o planeta, contanto que elas anunciem em suas páginas; vão promover os hospitais privados porque eles trazem mais dinheiro de publicidade do que a saúde pública, e assim por diante", descreveu.
Se este ano temos o Natal, em 2012 teremos Carnaval, Semana Santa e eleição municipal. Se formos seguir esta lógica, não haverá uma nova lei de meios no Brasil", acrescentou Amorim. "O problema é que o governo Dilma tem uma visão "temo-tecnecista" da mídia: teme a Globo e acha que a banda larga vai promover a democracia. É como acreditar que o vaso vai determinar a qualidade do vinho. Esta é a teoria que está embasando a posição do governo", acrescentou.

Na opinião do jornalista Breno Altmann, ou a questão da democratização das comunicações se resolve pela ação do Estado ou nunca vai se resolver. "Nas mãos do mercado, a tendência será sempre a da monopolização, como acontece com vários outros setores. Mas há uma enorme covardia dos governos; não se toma medidas para enfrentar o tema com medo da retaliação da mídia. Se este clima não for invertido, a mudança nunca será concretizada". Que Brasília os ouça.





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