quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

ADVENTO: PARA LEMBRAR QUE A LIBERDADE DEVE SER CONQUISTADA.

No advento lembramos:

O Faraó que habita dentro de nós, em nossos temores de sermos livres, em nossa vontade de que os outros se submetam a nossos desejos, em nossa dificuldade de conviver com o diferente.

Que o nosso Faraó interno não enxerga nem escuta, que é ignorante porque pensa que sabe tudo, e substitui o poder do sentimento pelo sentimento do poder.

E que os opressores externos podem ser derrotados, mas o opressor interno deve ser enfrentado durante toda nossa vida.

Como conta a Bíblia: foi curto o confronto com o Faraó, mas foram necessários quarenta anos de travessia no deserto para aprender a viver em liberdade.

Por isso não saímos do Egito se somos escravos do dinheiro e do poder.

Nem quando  dominamos por ressentimentos e ódios.

Ou quando oprimimos outros indivíduos e povos.

E demonizamos os que discordam de nossas posições.

Gritando em vez de conversar, falando sem escutar e procurando a perfeição e não o melhor possível.

Porque não saímos de Egito quando humilhamos e ofendemos.

E permitimos que que nossa a vontade de omnipotência nos retire a capacidade de ouvir, compreender e aceitar nossas limitações e as dos outros.

E a capacidade de rir de nossas limitações e dificuldades.

Não tratando nossos seres queridos como possessões, no lugar de apoia-los para que construam suas próprias identidades e caminhos, cada um com sua forma de ser.

Porque deixar de ser escravo não significa liberdade e autonomia.

Que depende de nossa capacidade de enfrentar adversidades e imprevistos.

E de não agir guiados pelo primeiro impulso de nossas emoções, sem refletir antes de falar ou fazer.

Porque o tamanho de nossa humanidade é dado pela capacidade de compreender as adversidades vividas pelos outros.

Não permitindo que a arrogância ocupe o lugar de nossas inseguranças.

Nem a vontade de controlar nosso entorno se transforme numa camisa de força que não nos permite respirar e tira o oxigênio dos outros.

Não deixando que nossos sofrimentos passados controlem nosso presente, pois quem vive em tempos mortos está morto em tempos vivos.

Por isso festejamos cada ano o Advento, para lembrar que a liberdade não é dada, nem nunca totalmente conquistada. Ela dever ser construída a cada momento, por cada povo, por cada geração, e por cada indivíduo. E assim agradecemos: Que vivemos, que existimos, que chegamos a este momento.

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